sexta-feira, 4 de abril de 2014

ABRILADA

Anda numa inquietação a Abrilada que não deixa passar um dia sem que venha publicar as "virtudes" de uma revolução para que as novas gerações não esqueçam o que foi o Estado Novo.
Não são capazes de demonstrar à evidência, com verdade e com ciência histórica, o que foi a Abrilada de 1974. Porque, como é bom de ver, poucas virtudes teriam para mostrar e muitos malefícios que necessitariam de justificar.
Muitos dos intervenientes deixaram o espaço aberto à comunada que se aproveitou das riquezas para as desbaratar, dividindo-as entre si ficando o povo, não na miséria em que estava mas pior, mais pobre e sem trabalho porque a reforma agrária, as nacionalizações, as armas em boas mãos - como dizia o Otelo - tudo isto serviu uma classe política que ainda hoje colhe os frutos das árvores que não plantou.
É verdade que os Partidos Políticos ditos Democráticos se puseram a jeito e foram sempre eles que permitiram que os parasitas, os oportunistas, os da bandeirinha colhessem os louros que um punhado de bravos teve a coragem de arriscar a carreira militar e a própria vida no derrube de Estado obsoleto, minado por dentro e por fora, com velhinhos sem garra e sem forças para mais do que as intrigas palacianas.
O Povo oprimido julgou que vinha a salvação e deixou andar. Sempre teve um quê de sebastianismo e, como tal, espera que sejam os outros a resolver as situações enquanto ele fica descansado no sofá, como treinador de bancada em que sempre foi exímio.
Nunca recebeu mais do que migalhas caídas do prato abastado dos que se sentaram à mesa do Orçamento. A estes é vê-los com Reformas chorudas, lugares de destaque e de chefia para si e para os seus filhos enquanto que para o Povo e seus filhos sobram agruras, pobreza, trabalho duro por um ordenado mínimo miserável que nem sequer dá para educar os seus filhos para uma perspectiva de futuro melhor.
Face a isto e com o conivência de governos corruptos que dão azo ao descontentamento generalizado da população, com o apoio de uma Justiça injusta, ineficaz e diferente para os ricos e para os pobres, é claro que a costumeira abrilada encontra terreno fértil para acicatar os ânimos dos descontentes dos que foram espoliados pelo Estado Novo e continuam a sê-lo por este Estado de Sítio.
Não quero falar nos povos africanos que cobardemente abandonaram ao seu destino cruel de doença, fome, miséria e morte, mantendo no poder desses países uma oligarquia corrupta, ditatorial, da mais requintada ladroagem.
Mesmo assim nós, os seres pensantes, honestos, trabalhadores devemos estar atentos porque esta corja não desiste de arruinar o País e de submeter o Povo aos maiores vexames e às mais duras provas de vida.
Esperemos que a História venha, um dia a aclarar situações e que a Justiça seja verdadeira e faça pagar as dívidas aos ladrões e saqueadores de uma Pátria que deveria ter orgulho do Povo que tem e, por causa de uma mão cheia de cobardes, parasitas e ladrões, se vê amesquinhada internacionalmente e o povo apelidado de mandrião e pouco honesto e menos produtivo.
Viva o 25 de Abril mas morra a Abrilada.