Somos e sentimo-nos europeus de
corpo inteiro. Temos por princípio pensar que em primeiro lugar somos europeus,
a seguir portugueses e por fim Beirões.
O que não invalida que sejamos acérrimos defensores da nossa Língua, Cultura e
Tradições.
Entendemos, até, que este deveria
ser o novo paradigma da União Europeia do século XXI. E, se assim fosse, todas
as reticências, desconfianças, cepticismos ficariam esbatidos, senão, mesmo
elimininados.
Gostamos dos princípios
orientadores da União de todo o Povo Europeu, nas suas diversidades e
especificidades culturais, linguísticas e tradições. Apreciamos, sobretudo, a
existência e a actuação do Tribunal Europeu na defesa dos Direitos Humanos, não
só Europeus mas de todo o Mundo.
Não sendo assim e, infelizmente
não é, temos, óbvias reticências a muitas das medidas tomadas pela União
Europeia, a saber:
·
Desde logo com uma certa indefinição de poderes
de algumas Instituições Europeias. Por exemplo, a incoerência da existência de
uma Comissária dos Negócios Estrangeiros numa Europa sem que haja uma única
política Externa Europeia, bem definida e bem delimitada. Damos exemplos:
Porque é que foram a Alemanha e a França
os interlocutores com a Rússia e a Ucrânia no, hipotético cessar-fogo, e
não foi a Comissária Europeia da Diplomacia a promover o diálogo e a levar uma ideia
de política externa única e coesa de toda a União europeia?
·
A multiplicação de Órgãos e Instituições que, em
muitos aspectos se atropelam, quando não se contradizem;
·
PARLAMENTO
EUROPEU; CONSELHO EUROPEU; CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA;
PRESIDÊNCIA
DO CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA; COMISSÃO
EUROPEIA; TRIBUNAL DE CONTAS EUROPEU; SERVIÇO EUROPEU PARA A ACÇÃO EXTERNA; COMITÉ SOCIAL E ECONÓMICO EUROPEU;
COMITÉ DAS REGIÕES; BANCO
EUROPEU DE INVESTIMENTO; PROVEDOR
DE JUSTIÇA EUROPEU; AUTORIDADE EUROPEIA PARA A PROTECÇÃO DE
DADOS; SERVIÇO EUROPEU DE
SELECÇÃO DE PESSOAL; AGÊNCIA E ÓRGÃO EURATOM; TRIBUNAL
DE JUSTIÇA DA UNIÃO EUROPEIA; SERVIÇO DAS PUBLICAÇÕES EUROPEIAS; ESCOLA EUROPEIA DA ADMINISTRAÇÃO; AGÊNCIAS
E ORGANISMOS ESPECIALIZADOS DESCENTRALIZADOS…
·
Como se podem conjugar tantos Organismos, todos
eles com competências próprias? Um exemplo: O Conselho Europeu define as
Orientações Políticas Gerais da União Europeia mas não tem poderes para adoptar
Legislação;
·
Outro exemplo de sobreposição de poderes: O
Parlamento Europeu, único Órgão Eleito, representa os cidadãos da União
Europeia; O Conselho da União Europeia representa os Governos Nacionais (então
os Governos Nacionais não são eleitos pelos respectivos Povos e não fazem parte
dos cidadãos europeus)? A comissão Europeia que vela pelos interesses da União
Europeia no seu todo. Então e o que fazem os dois Organismos anterios, não é
defender os interesses da União Europeia? Há aqui alguma confusão que bem
poderia ser repensada e poupar-se-ia dinheiro dos contribuintes Europeus, que
somos todos nós.
·
Outra questão diferente da anterior mas que
entronca na disparidade de funções dos Órgãos:
·
Porquê, sendo todos os cidadãos europeus não têm
todos, os mesmos direitos e as mesmas possibilidades? Porque é que um Português
não pode comprar um automóvel em qualquer País da União Europeia e pagar apenas
o imposto no país da aquisição?
·
Porque é que as Políticas Europeias são mais
benevolentes para com uns Países do que para outros? Isto é visível na PAC
(Política Agrícola Comum) que controlando a agricultura e a pesca da União
Europeia é sempre favorável à França, Dinamarca, Noruega, Espanha e promove, ao
mesmo tempo, o desmantelamento desses
sectores produtivos em Portugal, por exemplo?
·
Porque se permite que o Luxemburgo, Gibraltar,
por exemplo, sejam verdadeiras offshores onde se lava dinheiro da corrupção e
negócios menos transparentes.
·
Já que falámos em Gilbraltar, como se compreende
que dentro do espaço da União Europeia haja colónias de Estados Membros em
território de outros Estados membros. Gibraltar é histórica e geograficamente
Espanhol mas é administrado pelo Reino Unido.
·
Porque não há impostos únicos e iguais em todos
os países da União evitando, dessa forma, a deslocalização das sedes de grandes
empresas para pagarem menos impostos do que no País e Origem? É o caso de
algumas das maiores empresas portuguesas do PSI 20 que têm a sua sede
contributiva na Holanda, Suiça e outros Países com regime fiscal mais
favorável.
·
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Porque se sente um certo receio do
Federalismo Europeu? Não caberia às Instituições Europeias demonstrar as
virtualidades do mesmo? Isto levaria ao já referido conceito: EUROPEU PORTUGUÊS BEIRÃO PENAMACORENSE, ETC.
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·
Porque é que os Deputados Europeus e todos os
burocratas de apoio ao Parlamento e à Comissão são pagos principescamente, se
considerarmos os países de origem? Porque tantas regalias? Qual a necessidade
de o Parlamento Europeu ter duas sedes: Bruxelas e Estrasburgo?
·
Para não alongarmos, tendo em conta um novo paradigma
que gostaríamos de ver implementado, diremos que:
o
Devia haver mais igualdade entre países da União
Europeia, independentemente da sua dimensão;
o
Devia haver mais democracia na União Europeia. O
mesmo é dizer que o Parlamento Europeu devia ser o Órgão Máximo a quem todas as
restantes Instituições devem esclarecimentos e obediência, já que é o único
Órgão Eleito;
o
O Banco Europeu devia emitir moeda de acordo com
a riqueza de toda a União e ser um fiscalizador dos outros países que emitem
moeda como é o caso dos EUA, do Japão, da China e da Rússia. O Dólar não
assenta no ouro mas no petróleo, o que, em si mesmo, não é grave. Mas, a ser
assim, a desvalorização do petróleo deveria ter consequências no valor facial
do Dólar, ou não?
o
A América domina a Banca, o Mundo Financeiro e
faz dele o que bem entende. Basta atentar na crise que se abateu sobre a Europa
pela falência de Bancos Americanos, com ondas de choque em todo o Mundo,
principalmente na Europa do EURO.
o
As Instituições deveriam ser mais austeras nas
despesas mantendo a dignidade de uma Grande Potência.
o
Ter uma
estratégia de política externa que não dependa de nenhum bloco no que respeita
à energia e outros produtos básicos aos cidadãos, à defesa do Meio Ambiente, à
promoção da Paz e da Concórdia.
o
Todos os dados apontam que só de 50,3% do
Europeus que se dizem satisfeitos ou muito satisfeitos com a União Europeia, os
restantes 49,7% dizem estar muito insatisfeitos, pouco satisfeitos ou não
querem responder o que agrava o sentimento de insatisfação.
Meimoa, 27 de Fevereiro de
2015.
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