IMPUNIDADES!
A Ordem pública é um dos mais importantes princípios de
qualquer sociedade democrática. Sem Ordem não há paz social, não há equidade,
não há respeito pelo outro, numa palavra sem Ordem prolifera o caos. Ninguém se
entende, ninguém se respeita, não há Lei, nem quem a faça cumprir. É um país
sem rei nem roque e um país assim não se recomenda.
Ainda não há muito tempo que os deputados, já depois do
Presidente da República ter anunciado a dissolução do Parlamento, apressaram-se
a aprovar a Lei que regula a Eutanásia, como se fosse a coisa mais importante deste
mundo, porém, não tiveram tempo para se debruçarem sobre a Lei eleitoral que é,
como toda a gente já percebeu, um conjunto de incongruências, de regras
obsoletas e inaceitáveis.
Quase setecentos mil votos, reais, obtidos nas últimas
eleições legislativas não serviram para nada. Estes votos são de eleitores que
não contam para nada, eleitores sem voz e quem são e onde se situam? No
Interior de um Portugal que se diz inclusivo, mas é mais exclusivo. Mas se os
setecentos mil votos não elegeram ninguém há deputados que foram eleitos com
menos do que vinte mil votos cada. Como se entende esta disparidade? Entende-se
na preguiça e no laxismo vigente.
Outro exemplo é o dos votos dos nossos emigrantes que
continuam a interessar-se sobre o que se passa no País. A vergonha do que
aconteceu foi tão estrondosa, que teve a intervenção do Tribunal Constitucional,
que ordenou a repetição das eleições. Como estas estão decididas e o resultado
da repetição da eleição do círculo da Europa, seja ele qual for, não altera em nada
a maioria absoluta do Partido Socialista, só têm uma consequência, por acaso
muito gravosa, que é o atraso de mais de um mês no restabelecimento da Ordem implícita
na posse do Governo e do Parlamento. E esse atraso traz milhões de euros de prejuízo
à economia nacional e à respectiva recuperação da catástrofe que tem sido a
Pandemia e as opções governativas e ao espanto ou mesmo escárnio da Comunidade
Internacional.
Como não há Ordem não há responsáveis nem a respectiva responsabilização.
Os culpados disto acontecer pavoneiam-se pelos corredores do poder como se nada
se tivesse passado.
No crime económico a Justiça ora arresta ora anula o arresto,
quer por juízes do mesmo nível, quer através de instâncias superiores. Acontece
alguma coisa? Nada. Não tem importância.
Um povo vê-se compelido, interiormente, a cumprir a Lei e a
Ordem pelo exemplo que lhe vem de cima ou, coercivamente, através das sanções
que lhe são aplicadas, sendo que o primeiro é muito mais eficaz do que o
segundo.
Tenho pouca fé que o novo parlamento altere alguma coisa
deste laxismo que nos governa há décadas, mas, já agora, queria ter esperança
de que tal pudesse acontecer. Alguém novo nos corredores, independentemente do
Partido a que pertença, se propusesse a dignificar a casa da democracia e
apresentasse propostas de Lei que acabasse com este sentimento de impunidade
que este povo ordeiro, manso, abúlico sente, de tão espezinhado e desrespeitado,
por quem tinha o imperativo dever de o defender.
16/02/2022
Zé Rainho
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