Noutros tempos noutras eras
Um certo padre Cura
Na sua compostura
Um certo padre Cura
Na sua compostura
Que era velhaco deveras
Impunha a sua vontade ao povo
Em nome do Senhor
Mas sempre, sempre a seu favor
Tal era a alarvidade
De um ser mesquinho de verdade.
Em tempos de ditadura
O padre era, também, um ditador
Sempre em nome do Senhor
Este nosso, singular, padre Cura
Tinha o poder de um vilão
Que sugava o povo até ao tostão
Enriquecendo com a miséria do povo
Que sem ânimo e ter um simples ovo
Enchia a pança de tão reles criatura.
Um dia de exaltada cupidez
Quis, com seu poder sacerdotal
Desonrar uma ingénua vestal
Que nua sua boa fé e candura
Se deixava seduzir pela criatura
Acreditava nas boas intenções
De quem tinha estritas obrigações
Ser exemplo e ter melhor postura
Do que a malvadez deste padre cura.
Na aldeia pacata e boa de gente decente
O pai da moça assediada, seduzida
Quis pôr termo à investida
Do predador atrevido e poderoso
Convida-o para um jantar faustoso
Manda a filha encher um púcaro de mijo
Para servir ao cura como vinho novo e rijo
Que sem saber do que se tratava
Pôs aos beiços a mistela tramada
Ficando deveras agoniado
Deixando o pai extremoso espantado
Com uma careta que induzia rir
Disse o pai ao cura malvado
Beba senhor padre que esse vinho
É da pipa que o senhor queria abrir.
Mas o cura malvado não se ficava pelas donzelas
Queria por a seus pés toa a gente de ruas e vielas
Para tal metia-se na política e acusava às autoridades
Quem lhe fizesse frente e não aturasse arbitrariedades
Como sendo revolucionários e delinquentes
O suficiente para os infelizes serem bem quentes
No posto da autoridade policial
Sem direito ao contraditório ou aval
De inocência pura e que, por vingança
O tal senho de grande pança
Acusava sem vergonha e temor a Deus
Mentindo mais que todos os fariseus.
(Continua…)
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