Disciplina!
Todas as sociedades têm regras que os cidadãos devem cumprir
para que as relações sociais sejam cordiais, mesmo, afectuosas. A estas regras
convencionou-se chamar disciplina e, quanto mais afinada esteja esta regra
geral mais coesão existe entre todos os membros da sociedade. Não é plausível
imaginar uma qualquer sociedade, associação, instituição ou mesmo família sem
esta regra de ouro.
Talvez por isso se ouça falar, frequentemente, em disciplina
orçamental porque, como é óbvio, ninguém pode gastar, mas do que o que tem, sem
que a sua vida económica se torne num caos.
Também no desporto se fala muito em disciplina para a equipa
funcionar como um todo, rumando ao mesmo objectivo que é, em última instância,
vencer.
Na escola a disciplina é da maior relevância, não só para o ensino-aprendizagem,
mas também para o normal funcionamento da instituição e, particularmente, para a
harmonia entre todos os que dela fazem parte. Ninguém imagina uma escola sem
disciplina porque isso seria o desrespeito total por todos os intervenientes e
o conflito inerente.
Nos governos a disciplina é regra fundamental como se
comprova sempre que a mesma falta. A indisciplina leva a conflitos entre os
ministros, a demissões, a remodelações. Esta consequência é mais notória do que
a da incompetência. Basta reavivar a memória para se concluir desta evidência.
É fácil intuir que, quanto mais responsabilidade social tem a
instituição, mais disciplina e coesão terá de haver. Parece-me inequívoca esta
ideia. Não se vislumbra o sucesso de um governo, de uma escola, de uma equipa
desportiva sem disciplina. Acontecem casos de indisciplina em todas estas instituições,
mas as consequências são sempre devastadoras. Quando um aluno não respeita um
professor ou vice-versa os resultados pretendidos ficam comprometidos. Quando
os alunos não se respeitam entre si o conflito extravasa da escola para as
famílias e a inquietação na escola sobrepõe-se à sua intrínseca função,
desviando o foco e o consequente resultado.
O que vale para a escola é válido para qualquer outro tipo de
instituição, associação ou organismo.
No momento os noticiários não deixam de nos trazer preocupações
acrescidas. Por um lado, é a indisciplina dos sistema bancário nos Estados
Unidos e na Suíça, pelo perigo de contágio ao restante mundo financeiro. Mas
também a indisciplina de um pequeno grupo de militares da Armada Portuguesa que
se recusou a cumprir uma missão de vigilância, a um navio russo, que navegava
próximo da zona marítima exclusiva nacional.
Ambos são motivos de muita preocupação. O primeiro porque
qualquer descalabro bancário afecta toda a sociedade contribuinte e
principalmente os mais desfavorecidos. Ainda está fresca a memória do último
resgate financeiro que tivemos e continuamos a ter de pagar aos nossos
credores, fruto de desvarios e indisciplina financeira do governo socrático. O
segundo, porque, tratando-se das forças armadas, instituição onde ninguém se
salva sozinho mas todos se salvam salvando-se, o risco de colapso e de morte é
extremamente elevado.
Nesta última instituição prevalece sempre o companheirismo e
a entreajuda sem os quais todas as “guerras” serão perdidas. Não se
compreendem, pois, por mais legítimas que sejam as razões, actos de
insubordinação, de recusa de missões. Esperemos que tenha sido um caso isolado
e que não passe daí, mas nós que já andamos cá há muitos anos, não nos
esquecemos do descalabro que foram os SUV (soldados unidos venceremos) e das
suas consequências paras as Forças Armadas e para todo o País e seu povo em
1974/75.
A Disciplina não existe só porque sim. Existe por necessidade
social para a convivialidade fraterna. A falta dela traz sempre consequências
nefastas. Veja-se o que acontece no trânsito automóvel e no número de mortes
que a indisciplina acarreta.
Disciplina precisa-se e exige-se em todos os sectores da
sociedade.
18/03/2023
Zé Rainho
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