PARÁBOLA!
Hoje, na Igreja Católica, celebra-se p IV Domingo da Quaresma
e a leitura do Evangelho apresenta-nos a parábola do Filho Pródigo. Uma das
parábolas mais conhecidas e das mais belas, em minha modesta opinião, do mundo
cristão. Por ser por demais conhecida não se reproduz aqui, mas os que a
desconhecem ou aqueles que a querem conhecer melhor têm sempre a oportunidade
de consultar a Bíblia e em Lucas 15, 11-32.
Disse que era uma das mais belas e é neste ponto que me quero
focar e com os leitores reflectir, perdoem-me a imodéstia.
É bela porquê? Porque a história assenta em três personagens
fantásticos e tão fascinantes como é a história de cada ser humano.
Todos nós temos o nosso lado rebelde às convenções, às
determinações, às ordens, à regulamentação e à uniformização. Este lado está magnificamente
representado na personagem do filho que, ainda em vida do pai, lhe exige a sua
parte na herança, recebe-a, delapida-a, e depois de muito passar em luxúria e
desregramento, cai na real, na miséria, na fome e na descoberta do erro
monumental e arrepende-se amargamente. Com o arrependimento veio, sem rebuço e
sem medida, o pedido sincero de perdão.
Todos nós temos o lado de filho obediente e cumpridor das
regras que vê o pai como soberano e todo-poderoso. Mas, ao mesmo tempo, temos o
lado que nos induz à dureza de coração e de negociante. Já que cumpro quero a recompensa.
Normalmente associado ao ciúme, à inveja. Se eu sou cumpridor porque é que
tratas o teu filho rebelde melhor do que a mim? Porque lhe perdoas o desvario?
Todos nós temos este lado justicialista. Vemos o argueiro no olho do vizinho e
não vemos a tranca nos nossos olhos.
Todos nós temos, também, o lado de pai bondoso, misericordioso,
pai que se alegra com as vitórias dos filhos e, sobretudo, pai que perdoa tudo,
que ama sem medida e que quer para os seus filhos o melhor. Por isso recebe o
seu filho rebelde com beijos e abraços, com festa, com alegria, porque o filho
estava morto e voltou à vida, porque estava perdido e reencontrou-se. E não se
esquece de dizer ao outro filho enciumado: filho tudo o que eu tenho é teu, mas
tínhamos de fazer festa porque o teu irmão, frisando bem, o teu irmão, estava morto
e ressuscitou para a vida.
Assim nós fossemos capazes de reconhecer o nosso irmão, o degenerado,
o fora da caixa, o que não teve oportunidades, o que não quer aceitar as
regras, mas também aquele que, humanamente, tem razões para se sentir
injustiçado porque sempre andou na linha e, sobretudo, sermos capazes de nos
libertarmos de julgamentos apressados, de juízos de valor sem razão objectiva e
perdoarmos. Perdoarmo-nos uns aos outros para vivermos em harmonia, em paz, irmãmente.
Bom domingo para todos.
30/03/2025
Zé Rainho
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