PROIBIÇÕES!
Gosto de regras, não gosto de proibições. Para muitos são,
mais ou menos, a mesma coisa, mas não é bem assim. As regras definem a ordem
das coisas. As proibições castram as opções e as opiniões.
Na vida nada é simplista, é tudo complexo. Não há só preto e
branco, há uma panóplia de cores que dá beleza ao arco-íris.
Os telemóveis podem conduzir a adições perigosas. Podem
destruir pessoas de mentes frágeis ou pouco esclarecidas. Podem afectar as
relações humanas. Podem ser canais de manipulação de “verdades”. Podem causar
ansiedade e depressão. Podem estimular emoções e obsessões perigosas. Podem ser
isto tudo e muito mais e o seu contrário.
Os telemóveis podem salvar vidas. Podem aliviar aflições. Podem
ser fonte de conhecimento. Podem ser auxiliares de memória. Podem ser veículos
de aprendizagem. Podem ser promotores de desenvolvimento económico, social,
educacional. Podem ser auxiliares preciosos da saúde.
Assim, apesar destas contradições, fruto da eficiente ou
deficiente utilização do telemóvel, sou contra a proibição do uso do telemóvel
na escola, ditada pelo governo central.
Não gosto de imposições, generalizadas, a uma organização que deveria ter
autonomia responsável, que é a escola.
A Escola é o epicentro da vida do homem de amanhã. Por ser
centro de criatividade, de aprendizagem, de relações humanas, de liberdade, de
afirmação pessoal e construção da personalidade, numa palavra, modelo de
sociedade, pelo que não pode ser coarctada na sua autonomia e prejudicada na
realização da sua actividade principal, que é instruir e educar, tendo como
base o contexto sociológico em que se insere e de que faz parte integrante.
Formar é o contrário de enformar. Formar é libertar e
enformar é meter dentro de uma forma. Nenhum círculo se sente bem na forma de
um quadrado e vice-versa. A missão da escola é formar não é condicionar, nem
limitar essa formação.
Aprecio a frontalidade do actual ministro da educação porque tem
vontade de mudar alguma coisa no muito que está mal no “monstro” do ministério
da educação, mas, em minha opinião, anda mal nesta proibição de uso do
telemóvel para os alunos do primeiro e segundo ciclos.
Então os professores não são capazes de demonstrar às
crianças que, em contexto de sala de aula, o telemóvel pode ser um auxiliar de
aprendizagem e não pode, em situação alguma, ser perturbador dessa mesma
aprendizagem? Fica-lhes, apenas, reservado o ónus maléfico da proibição? Acho
esse papel muito redutor.
Para piorar a situação surge a inevitável pergunta: quem vai
fiscalizar o cumprimento desta regra governamental? E o não cumprimento implica
o quê?
Porventura este é um terreno que o ministro não necessitaria
de pisar e, pelo muito que tem que fazer, talvez devesse aventurar-se por
outros caminhos mais profícuos, para que as nossas crianças e jovens sejam
adultos mais conscientes, mais responsáveis, mais capacitados e melhores seres
humanos.
1/07/2025
Zé Rainho
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