Tenho passado a minha vida, e olhem
que já vai longa, a ouvir falar em igualdade, a propósito de tudo e do seu
contrário.
É a igualdade de direitos. A
igualdade entre o homem e a mulher. Igualdade na justiça (a justiça é igual
para todos!!!!! Só para rir!). Igualdade dos povos. Igualdade das nações. Igualdade
no nascer. Igualdade no morrer. Igualdade, igualdade, igualdade é o mote para
todos os discursos, da esquerda à direita, com uma acentuação pronunciada na
esquerda nacional. Isto arrepia-me. Porque não se pode tratar igual o que é
diferente.
Vejamos:- se houver uma
obrigatoriedade legal de percorrer cem metros em dois minutos onde está a
igualdade entre um indivíduo de porte atlético, com tudo no sítio e aquele
raquítico, cheio de fome, a quem, ainda por cima, falta um pé?
Onde está a igualdade, na
existência de um serviço público indispensável a todos, onde é preciso subir 15
degraus, sem alternativa, entre um indivíduo com todas as suas capacidades
locomotoras e outro que se vê confinado a uma cadeira de rodas?
Onde está a igualdade, num passeio
de um grande centro urbano, abusivamente lotado de automóveis, que tem de ser
percorrido por um indivíduo com capacidade visual e um cego?
Onde está a igualdade, entre uma
criança que tem de se levantar às sete da manhã para ir para a escola que
começa às nove e outra que mora a cinquenta metros do edifício escolar?
Onde está a igualdade, entre duas
famílias que têm necessidade de colocar os seus filhos na Universidade sedeada
num grande centro urbano onde uma reside na cidade e a outra numa qualquer
aldeia que dista a duzentos quilómetros?
Onde está a igualdade, entre um
banqueiro e um bancário quando os dois têm que fazer face às despesas de
formação dos seus filhos?
Os exemplos seriam infindos como
poderão calcular. Não vale a pena continuar a enumerar.
Por esta razão eu prefiro pensar em
equidade. A cada um segundo as suas necessidades e de acordo com as suas
potencialidades.
Por que equidade é ter respeito
pela diferença. Respeitar tempos. Respeitar condições. Respeitar indivíduos,
sejam eles homens ou mulheres. Sejam paraplégicos ou atléticos. Tenham olhos de
lince ou, simplesmente, invisuais. Sejam altos ou baixos, gordos ou magros.
Que tal, então, exigir do
legislador mais atenção à equidade e menos à igualdade?
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