Mudança!
Nem sempre mudança é evolução, mas eu gosto da mudança,
porque perspectivo sempre a evolução.
Mudar faz bem à alma, faz bem ao corpo. Noutros tempos até a
medicina prescrevia a “mudança de ares” para a cura de determinadas enfermidades.
Se lhe acrescentarmos irreverência, vontade de aprender, curiosidade, temos
ingredientes bastantes para que a mudança contribua para que tudo melhore.
Feita esta declaração de princípios já não me podem acusar de
ser contra a mudança.
Vem isto a propósito das mudanças que um senhor, que se diz
historiador e é cronista habitual do Público, tem feito ao longo dos tempos.
Lembram-se dele no Parlamento Europeu, eleito pelo Bloco de
Esquerda, que depois mandou às malvas e continuou com o tacho até ao fim do
mandato?
Sim, é esse que depois, porque quer ser presidente de
qualquer coisa, nem que seja do clube de sueca lá do bairro, criou o Partido
Livre, que se aproveitou da onda narrativa do momento e escolheu para cabeça de
lista uma negra, com síndrome de Disfenia, popularmente conhecida por gaguez,
porque, perante um povo sensível, era mais fácil captar votos e a afirmar o
Partido. Não teve coragem, ele mesmo, de se submeter ao escrutínio porque é um
perdedor. Faltar à presença já é perder. E, para culminar, num golpe de teatro
manhoso e canastrão, retirou a confiança política à deputada eleita e esta,
porque tinha aprendido bem a lição, fez como o seu mestre, não abandonou o
cargo de deputada e mantem-se a ganhar o dela, que não é pouco.
O Partido Livre ficou sem representação parlamentar e, pior
do que isso, caiu no esquecimento. Em política não há maior desaire do que o
esquecimento. Lembram-se daquele adágio “falem bem ou falem mal, mas falem” é a
teoria que importa a quem quer ser lembrado, independentemente das razões pelas
quais apareça.
Portanto, se o Livre sempre foi irrelevante no panorama
político nacional, mesmo quando elegeu uma deputada, passou a não existir a
partir da altura em que deixou de ter representação parlamentar e de aparecer nas
televisões.
Mas o senhor, de vez em quando, estrebucha e sacode-se para
mostrar que está vivo. Começou por ter um arroubo de valentia e declarou
candidatar-se à presidência da Câmara Municipal de Lisboa, mas foi Sol de pouca
dura, em menos de meia dúzia de dias declarou que, afinal, já não era candidato
a presidente, mas ia a votos em coligação com o candidato do PS, o mais bem
posicionado para a corrida autárquica.
Se eu não sou nada, se sou invisível, pelo menos ponho-me aos
ombros do gigante para ver se alguém me vê, se alguém nota que existo.
Mas há mais. O caricato da situação é que o gigante não
precisa nada do anão para a sua visibilidade local e o seu hipotético triunfo.
Então porque é que o gigante se presta a este papel ridículo de levar às costas
um pigmeu? Aqui a coisa pode ter outros contornos. Desde logo porque se pagam
favores. Favores que o dito historiador faz constantemente na sua coluna do
Jornal Público a elogiar o Partido e o Governo a que pertence o gigante. Mas,
também, porque convém ter mais um amestrado na comunicação social que faça a
propaganda e a publicidade enganosa, com que somos bombardeados, sem que isso
possa ser apontado ao núcleo propagandístico do Partido do Poder.
Por fim e porque o objectivo é cavalgar a onda vamos ter, um
dia destes, mais um Partido político que desaparece, mas que o seu presidente
vai ser qualquer coisa que se sente à mesa do Orçamento do Estado, pela mão do
Partido que vai fazer desaparecer o Livre.
Eu gosto muito de mudanças, mas não gosto nada de
troca-tintas.
19/07/2021
Zé Rainho
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