segunda-feira, 19 de julho de 2021

Mudança!

 

Mudança!

Nem sempre mudança é evolução, mas eu gosto da mudança, porque perspectivo sempre a evolução.

Mudar faz bem à alma, faz bem ao corpo. Noutros tempos até a medicina prescrevia a “mudança de ares” para a cura de determinadas enfermidades. Se lhe acrescentarmos irreverência, vontade de aprender, curiosidade, temos ingredientes bastantes para que a mudança contribua para que tudo melhore.

Feita esta declaração de princípios já não me podem acusar de ser contra a mudança.

Vem isto a propósito das mudanças que um senhor, que se diz historiador e é cronista habitual do Público, tem feito ao longo dos tempos.

Lembram-se dele no Parlamento Europeu, eleito pelo Bloco de Esquerda, que depois mandou às malvas e continuou com o tacho até ao fim do mandato?

Sim, é esse que depois, porque quer ser presidente de qualquer coisa, nem que seja do clube de sueca lá do bairro, criou o Partido Livre, que se aproveitou da onda narrativa do momento e escolheu para cabeça de lista uma negra, com síndrome de Disfenia, popularmente conhecida por gaguez, porque, perante um povo sensível, era mais fácil captar votos e a afirmar o Partido. Não teve coragem, ele mesmo, de se submeter ao escrutínio porque é um perdedor. Faltar à presença já é perder. E, para culminar, num golpe de teatro manhoso e canastrão, retirou a confiança política à deputada eleita e esta, porque tinha aprendido bem a lição, fez como o seu mestre, não abandonou o cargo de deputada e mantem-se a ganhar o dela, que não é pouco.

O Partido Livre ficou sem representação parlamentar e, pior do que isso, caiu no esquecimento. Em política não há maior desaire do que o esquecimento. Lembram-se daquele adágio “falem bem ou falem mal, mas falem” é a teoria que importa a quem quer ser lembrado, independentemente das razões pelas quais apareça.

Portanto, se o Livre sempre foi irrelevante no panorama político nacional, mesmo quando elegeu uma deputada, passou a não existir a partir da altura em que deixou de ter representação parlamentar e de aparecer nas televisões.

Mas o senhor, de vez em quando, estrebucha e sacode-se para mostrar que está vivo. Começou por ter um arroubo de valentia e declarou candidatar-se à presidência da Câmara Municipal de Lisboa, mas foi Sol de pouca dura, em menos de meia dúzia de dias declarou que, afinal, já não era candidato a presidente, mas ia a votos em coligação com o candidato do PS, o mais bem posicionado para a corrida autárquica.

Se eu não sou nada, se sou invisível, pelo menos ponho-me aos ombros do gigante para ver se alguém me vê, se alguém nota que existo.

Mas há mais. O caricato da situação é que o gigante não precisa nada do anão para a sua visibilidade local e o seu hipotético triunfo. Então porque é que o gigante se presta a este papel ridículo de levar às costas um pigmeu? Aqui a coisa pode ter outros contornos. Desde logo porque se pagam favores. Favores que o dito historiador faz constantemente na sua coluna do Jornal Público a elogiar o Partido e o Governo a que pertence o gigante. Mas, também, porque convém ter mais um amestrado na comunicação social que faça a propaganda e a publicidade enganosa, com que somos bombardeados, sem que isso possa ser apontado ao núcleo propagandístico do Partido do Poder.

Por fim e porque o objectivo é cavalgar a onda vamos ter, um dia destes, mais um Partido político que desaparece, mas que o seu presidente vai ser qualquer coisa que se sente à mesa do Orçamento do Estado, pela mão do Partido que vai fazer desaparecer o Livre.

Eu gosto muito de mudanças, mas não gosto nada de troca-tintas.

19/07/2021

Zé Rainho

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