PRIORIDADES!
Na vida, qualquer pessoa consciente e decente pondera, cada
vez que tem de decidir. Porque decidir é assumir responsabilidades, arcar com
consequências e isso é difícil, porque dá trabalho, porque têm de se correr
riscos, porque não é possível ter “Sol na eira e água no nabal”, porque é muito
mais cómodo deixar correr o tempo.
Porém, apesar de todas as dificuldades, é preciso decidir e
priorizar.
Se na vida privada isso acontece e é preciso ter em conta as
variáveis que contam, muito mais acuidade têm as decisões na vida pública, por
causa das pessoas e por causa do património público, quer este seja monetário,
cultural ou histórico.
Está devidamente estudado que qualquer decisão deve ter em
conta algumas variáveis, a saber: O quê, para quê, com quê, para quem e com
quem, entre mais algumas que poderíamos elencar, mas que nos bastam estas para
agora.
Se analisarmos algumas realidades que estão à frente dos
nossos olhos, pela maior parte do nosso país, vemos coisas onde é duvidosa a
prioridade, senão vejamos:
Quando se morre à porta de um centro de saúde do interior,
sem assistência, porque este está fechado. Quando se deixam morrer bebés porque
as mães tiveram de calcorrear muitos quilómetros porque a maternidade próxima
da sua residência fechou. Quando se deixam morrer, por doenças oncológicas,
pessoas que não têm acesso a medicação hospitalar porque esta é cara. Quando se
praticam centenas de actos médicos para mudança de sexo, gastando fortunas,
porque são actos que requerem muita técnica e maior tecnologia.
Quando se deixam alunos sem aulas durante um ano lectivo por
falta de professores. Quando se deixam alunos sem aulas porque, mesmo tendo
professores, estes fazem greve constantes e sistemáticas, por não verem
satisfeitas as suas justas reivindicações.
Quando pessoas
injustiçadas se vêem coibidas de recorrer aos tribunais porque a justiça é cara
e não têm dinheiro para pagar as custas. Quando os ricos e poderosos se
socorrem de advogados, altamente prestigiados, caros, para, usando os alçapões
da Lei vão protelando sentenças ou mesmo a aplicação das mesmas. Quando uma
pessoa não pagou uma portagem vê arrestados os seus bens, pelas Finanças, e os
ricos e poderosos não pagarem impostos porque têm os seus milhões em paraísos
fiscais.
Quando a cultura, em
todas as suas formas, teatro, cinema, música, museus, vê minguados os seus
proventos, quando se desperdiçam milhões com artistas estrangeiros, alguns
deles de duvidosa qualidade.
Quando a ciência está entregue a uma elite de duvidosa cientificidade,
mas de cariz, manifesto e exposto, ideário político.
Quando os políticos decidem ordenar o território em dois ou
três grande urbes e deixam o resto do país desertificado assim proporcionando a
toda a população, quer das urbes quer dos territórios desertos, uma vida de
cão, porque tudo falta, saúde, habitação, educação, justiça, mobilidade,
miséria, empobrecimento geral.
Quando o poder central, regional e local se permite fazer
obras faraónicas, eventos estapafúrdios – retiramos deste rol a Jornada Mundial
da Juventude por ser um evento com especificidades e uma visibilidade do País
que o justificam - promover certo tipo de empresariado, sem prestar contas e
sem se submeter ao escrutínio do público. Quando muitas outras coisas “vemos,
ouvimos e lemos” como dizia a Sofia, nos chocam pelo absurdo, abuso de poder, pela
arbitrariedade, não podemos deixar de pensar nas prioridades de quem é detentor
do poder, que foi mandatado para servir, mas, que na maioria dos casos, se
serve a ele, à família, aos amigos e não resta outra solução senão estar em
desacordo.
Há cá pelo burgo muitos exemplos, muitos mais por esse país
fora e, particularmente, no centralismo do Terreiro do Paço.
Um pequeno, mas significativo exemplo: A maioria dos técnicos
superiores da função pública não chega a ganhar três mil euros brutos, mensais,
muito próximo do topo e do fim da carreira, mas o nosso Governo distribui por
hipotéticos especialistas juniores, menores de 30 anos, cerca de dois milhões
de euros, anuais, em boys, que coloca nos seus gabinetes, todos a ganhar mais
de quatro e alguns, cinco mil euros mensais.
Prioridades.
28/07/2023
Zé Rainho
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