DOR!
Rosseau dizia que o Homem nasce bom, mas a sociedade torna-o
mau. Não é este o conteúdo exacto da sua afirmação, mas na essência, não é
muito diferente disto. Não se pretende analisar, concordar ou discordar do
Rosseau, pretende-se, sim, olhar para o mundo de hoje e ficarmos chocados com
tanta maldade.
As atrocidades no Médio Oriente, na Ucrânia, na Síria, na
China, nas Américas, em muitos países de Africa, no próprio mundo Ocidental e
civilizado, como se costuma dizer, não podem deixar de nos chocar, ficar
inquietos, perturbados com a dor que vemos por todo o lado, em contraponto com
a maldade de quem a provoca, de forma gratuita e com total desprezo pela vida e
sofrimento humano, com proveito próprio para si e para os seus apaniguados,
particularmente, a nível material.
O que levará o Homem a ser tão malvado?
Haverá muitas razões, mas todas elas estúpidas, anacrónicas, impensadas.
Desde logo a ânsia de poder, pode ser uma bem forte e muito generalizada. Outra
será o dinheiro, o património, o ter, a ambição desmedida. Outra, não
despicienda, o meio ambiente em que o Homem foi criado. Outra ainda, a Justiça
ou a falta dela, que gera a revolta e a vontade de vingança. Para não falar de
um dos sentimentos mais mesquinhos do ser humano que é a inveja. Tudo, defeitos
bastantes, para todo o horror a que assistimos e que muitos dos seres humanos
vivem quotidianamente.
Sabemos ainda que até as religiões estão na base de muitas
dissensões e conflitos. A política tem, igualmente, a sua quota parte de
responsabilidade, porque produziu uma mentalidade de nós e os outros, ou os
nossos e eles, em que os nossos e nós somos o grupo do bons e os outros e eles
são sempre os maus.
Há muito que o egoísmo fez esmorecer o sentimento de
generosidade, de solidariedade, de amor pelo outro e isso vê-se no dia-a-dia de
todas as sociedades. A consequência, desde logo, é a desagregação da família,
que com a separação dos cônjuges, torna a vida das crianças e dos jovens num
verdadeiro inferno e num ciclópico esforço de adaptação a diferentes e diversas
pessoas e a diferentes e diversas forma e modos de vida. Com isto não advogamos a manutenção de
relações acabadas e conflituais que, em vez de dar estabilidade às crianças, as
torna irascíveis, inquietas, impiedosas, mas tão só lastimar o grau de desagregação
familiar.
Mas também a escola que promove a competição exacerbada em
vez da colaboração participativa para um bem comum. Ah! Se falarmos no mundo do
trabalho e empresarial o problema da competitividade agudiza-se porque só o
sucesso e o lucro interessam seja à custa do que for e de quem for.
Há tantos outros sectores da vida social e comunitária que necessitavam
de reflexão profunda que levaria muitas páginas a descrever. Mas, com a
enunciação de alguns dos problemas candentes é possível concluir que é uma dor
de alma tanta maldade, tanta hipocrisia, tanta sede de poder.
Que Deus nos ajude a suportar todos os malefícios e que dê ao
ser humano a capacidade de lutar por um mundo melhor nos dias de hoje e, principalmente,
no futuro.
17/11/2023
Zé Rainho
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