quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Amor!

 Amor!


Nem o nosso vate mais ilustre, quando escrevia que o “amor é fogo que arde sem se ver”, se atreveu a definir classificar, com significado objectivo, tão complexo significante. Não serei eu, portanto, humilde escrevinhador, a tentar tal proeza. Porém, o amor é, porventura, o tema mais importante da humanidade, sem o qual o homem deixa de o ser, para se tornar em besta feroz.

Quando, quotidianamente, convivemos com a bestialidade da violência doméstica que, no nosso país, durante o presente ano, já matou vinte e cinco mulheres, às mãos dos seus parceiros é fácil constatar que só pode ser a falta de amor a causa deste dislate. 

As várias guerras que alastram pelo planeta, a fome, a miséria, a descriminação entre povos, raças e género é mais uma demonstração de que a falta de amor, na espécie humana, conduz ao sofrimento inaudito daquele que, por definição e nascimento é irmão, é semelhante, é igual, é o reflexo espelhado de si próprio.

Há por aí muito boa gente que sobre a palavra amor tem uma ideia redutora do conceito. Associam-na muitas vezes ao sexo e só ao sexo, daí, frequentemente, se ouvir a frase “fazer amor”. Ora, como é bom de ver o conceito tem um âmbito muito mais vasto, porque ele engloba o afecto pelo outro, mesmo quando o outro seja um qualquer ser vivo, animal ou vegetal. Pode aparecer sob diversos aspectos como seja a amizade, a empatia, a cordialidade e a solidariedade, a irmandade. Logo o amor é local e global, simultaneamente. 

Com base nestes, despretensiosos, pressupostos fácil será concluir que carece de fundamento a necessidade de definir o amor, mas que se torna imperioso vivenciá-lo, senti-lo, praticá-lo no dia-a-dia e deixar de o rotular de acordo com a moda, com a narrativa em voga, com o interesse de grupos, mais ou menos organizados segundo interesses, muitas vezes, pouco confessáveis. 

As causas, por mais interessantes e actuais que possam parecer, nunca poderão esquecer que na base de tudo tem de estar e prevalecer o amor. Quando se defende o ambiente, os direitos humanos e dos animais, quando se prega à justiça social, quando se legisla e tomam decisões que tenham impacto na vida do outro deve estar presente o amor. 

Temos pois, o dever e a obrigação, todos nós e não só alguns, de difundir e praticar o amor, no local de trabalho, na convivência social, na relação com as pessoas, com os animais, com o planeta, em geral. Vamos a isso?

28/11/2023

Zé Rainho 

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