O título desta mensagem "roubei-o" - roubar é feio - pedi-o emprestado, à minha amiga E.A. num comentário que deixou neste espaço, para poder reflectir sobre a profundidade que encerra.
Nós, os portugueses, somos, em regra, pessimistas, tristonhos, queixinhas, saudosistas, sebastianistas e outros epítetos que nos empurra para o "fado da desgraçadinha". Não sei se os outros povos são assim. Para o caso pouco importa. Interessa-nos pensar em nós, mesmo que pareça egoísmo.
Não sei se se dão conta de que quando alguém, amigo ou apenas conhecido, nos encontra e pergunta: - como estás? Ou como vais? A resposta é quase sempre: - cá vamos andando. Às vezes acrescenta-se, como Deus quer.
E a vida corre bem? A resposta habitual: - vai andando. Assim, assim. E que pensas fazer? Ah!, é complicado. Não sei bem. Tenho dúvidas. Talvez faça isto, ou aquilo.
Está aqui o retrato, sucinto, do português comum. É uma personagem do assim, assim; do talvez; do mais ou menos. Raramente se vê alguém positivo, convicto, realista e, ao mesmo tempo, optimista, construtivo. É sempre um "tento não caias". Medroso. A tentar viver o amanhã, sem desfrutar o hoje. Ou, o que também é vulgar, a viver o ontem, o que já passou, para não enfrentar as situações que se lhe deparam.
Já li em vários relatórios científicos, que nos indicam como um dos povos que mais anti-depressivos consomem, per capita.
Tudo isto me leva a pensar que algo de errado se passa no "reino português". Sim, porque se nos lembrarmos que fomos capazes de dar ao Mundo novos mundos, com pouca ciência e muita valentia, com pouco dinheiro, mas muita audácia, porque nos tornamos nesta espécie de cortejo fúnebre onde nem as carpideiras faltam, para tornar mais pesado o féretro?
Acho que é preciso mudar de atitude. Eu por mim já decidi. Quando me perguntam, como vais? Respondo convicto: - Estou bem. Estou vivo.
Cada um de nós tem de fazer a sua parte. E digo-vos que vale a pena. Tenhamos uma atitude positiva. Não esperemos por ninguém que venha resolver os nossos problemas. Sejamos forcados e vamos para os cornos do touro, sem medo e com determinação. (Há, não levem à letra esta coisa dos forcados, eu até não gosto de touradas).
Sejamos, como diz a E.A. do didascália: "a mudança que queremos ver no mundo".
Zé,
ResponderEliminarA citação é de Gandhi, minha, só mesmo a lembrança.
Mas é, de facto, uma frase muito adequada. Um mote para um texto pleno de verdade e significado.
Um beijinho
Zé somos um povo parado, morto, sem ambições saudáveis, porque ambições existem, as de viver com o máximo fazendo o mínimo, conseguindo uma cunha para tudo, esperando que alguém faça. Por isto, porque pensamos assim é que só há uma resposta possível para essa pergunta:
ResponderEliminarcá vamos andando ou, ainda, como Deus quer que é o mesmo que dizer como os políticos ou poderosos querem.
Afinal que fazemos nós? Pendurarmo-nos em alguém portanto é esse alguém que fica com a nossa vida na mão, não podemos responder de outra maneira. Não será?
Beijinhos
Dias (1985) afirma: “A actividade portuguesa não tem raízes na vontade fria, mas alimenta-se da imaginação, do sonho, porque o Português é mais idealista, emotivo e imaginativo do que homem de reflexão [...] O Português tgem vivo sentimento da natureza e um fundo poético e contemplativo estático diferente do dos outros povos latinos. Falta-lhe também a exuberância e a alegria espontânea e ruidosa dos povos mediterrâneos. É mais inibido que os outros meridionais pelo grande sentimento do ridículo e medo da opinião alheia. É, como os Espanhóis, fortemente individualista, mas possui grande fundo de solidariedade humana. O Português não tem muito humor, mas um forte espírito crítico e trocista e uma ironia pungente”.
ResponderEliminarCoelho (1978) afirma: “O povo é numeroso, cronicamente mal alimentado e dominado pelo tradicional fatalismo.”
As conclusões a que estes estudiosos chegaram não estão muito fora da verdade, pois não?
Admiro o positivismo dos americanos: “Como está? Estou muito bem, obrigada.” E prometem mundo e fundos. Quando alguém conta algo que não lhe correu bem, o seu interlocutor responderá: “Prometo que tudo te vai correr bem.”
E.A.,
ResponderEliminarDesconhecia a autoria mas a lembrança é suficiente e, para mim passou a ser sua. Foi através de si que construí o texto. A si o devo.
Ainda bem que gostou.
Beijinhos
Caldeira
Brown Eyes,
ResponderEliminarÉ comum ver as pessoas penduradas nas cunhas para subir na vida, ultrapassar as regras, utlizar esquemas para furar o sistema. Isso é verdade. Mas será isso que as pessoas de bem desejam?
Adorei a afirmação "somos um povo parado, morto, sem ambições saudáveis, porque ambições existem, as de viver com o máximo fazendo o mínimo". É o retrato fiel da maioria das pessoas.
Beijinhos
Caldeira
Catarina,
ResponderEliminarA realidade está espelhada nos textos citados.
Mas, o que efectivamente precisamos é de pragamatismo. De sermos capazes de ir à luta. De sermos construtivos. Deixarmos de ser lamechas.
Começamos por nós. Vamos a isso, está bem?
Abraço
Caldeira
Zé,
ResponderEliminarfelizmente já consigo comentar e postar...
quanto ao teu post inspirado na citação de Gandhi que a EA muito bem trouxe à baila, resta-me só acrescentar o seguinte:
- todas as características que realçaste não passam de marcas genéticas...
- a mim, que sou uma pessoa positiva e lutadora (embora tenha os meus dias menos bons), sabes o que me aflige mais, mas muito mais? é verificar que quando as pessoas perguntam "como estás?" ou "estás bom/boa", não querem, a maioria das vezes, saber se estamos ou não bem...usam aquilo por uma questão de educação e já têm as frases tão mecanizadas que já assisti a situações (algumas comigo mesma) em que as pessoas fazem a pergunta e respondem "estou bem, obrigada." sem terem esperado pela resposta e pergunta da pessoa a quem se dirigiram... prefiro mil vezes o pessimismo da pessoas à frase feita e à indiferença.
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eu que não sou, nem nunca fui, choramingas, prefiro responder: Hoje sinto-me bem, obrigada.
beijinho e boa noite.
Pois!!! Mas está difícil... porque nós deixámos o nosso destino entregue sabe-se lá bem a quem: em Lisboa? Em Bruxelas? Em Paris? Em Berlim? Será que ainda nos deixam ser GENTE?
ResponderEliminarEm@,
ResponderEliminarÓptimo que tens tudo resolvido. Eu consegui entrar e comentar os problemas que tinhas no teu espaço.
Quanto ao assunto do meu post eu tenho que concordar contigo. Por vezes utilizam-se frases feitas, macanizadas, sem sentimento nem conteúdo. Mas é como dizes: Precisamos de ser positivos. Principalmente nós que nos habituámos, de crianças, a ver o Mundo colorido e a convivências solidárias.
Beijinho
Caldeira
Amigo Serrano,
ResponderEliminarSe calhar não nos deixam ser gente. Mas nós não podemos permitir que Berlim, Bruxelas, Paris ou qualquer outra parte do Mundo nos roube a Pátria ainda que possam roubar o País. Lembremo-nos dos conjurados que ontem celebrámos. Poucos, mas bons, conseguiram a independência em 1640.
Temos de fazer o mesmo, nem que tenhamos que importar novos políticos de Países mais sérios.
Abraço amigo
Caldeira
Zé,
ResponderEliminarQue posso acrescentar ao tanto já aqui dito!? É como se este texto reforçasse ainda mais o seu poema anterior e se lermos os dois títulos juntos "Povo infeliz..." "Sê a mudança que queres ver no mundo!"...
Como gosto de ler o que escreve!
Beijinho
JB,
ResponderEliminarBem-Haja por passar por aqui. Ainda bem que gostou dos dois textos. Fico muito feliz. Dá-me coragem para continuar a escrever e a dizer o que penso. A expôr a minha alma e os meus sentimentos.
Mais uma vez muito obrigado.
Beijinhos
Caldeira