A HUMILDADE
Neste dia de quinta-feira santa,
dia em que Cristo nos deu a maior lição de humildade que pode haver no ser
humano ao lavar os pés aos seus discípulos temos obrigação de reflectir sobre o
assunto.
O egocêntrico tem razão de ser? É
gratificante viver sem o outro? Não é solitário? Podíamos continuar a
questionar o modo de vida nestes tempos. Mas basta pensar que temos vivido como
se fossemos pequenos deuses. Tudo podemos. Tudo decidimos. Não olhamos aos
sinais que nos têm sido dados nestes últimos tempos. Os furacões que tudo
destroem. Os incêndios que ceifam vidas e deixam outras em suspenso porque
levaram tudo o que foi construído durante décadas. Os sismos que tudo derrubam
como se de castelos de cartas se tratasse e tantas outras catástrofes a que
temos assistido impotentes e incapazes de lhes por termo.
Como a ciência humana se desenvolveu
e continua a desenvolver rapidamente muito boa gente transfere o sentido de
transcendência para a imanência científica. Temos aprendido muito pouco apesar
da ciência.
Hoje podemos constatar que um ser
não vivo desprezível, invisível mostrou, de repente que é capaz de derrubar um
paradigma civilizacional em duas penadas.
Infecta, difunde-se, multiplica-se
com a ajuda preciosa do hospedeiro e coloca o mundo da cabeça para os pés. É
resistente o suficiente para matar sem piedade e arrasa com qualquer economia
por mais poderosa que esta seja.
Dizem muitos estudiosos que
vivemos uma situação de guerra sem inimigos visíveis e todos sabemos os malefícios
de uma qualquer guerra. É a perda de vidas mas é também a carência de toda a
ordem. Carência de saúde mas também de alimentação e tudo aquilo a que nos
habituamos a chamar bens essenciais. Passamos de ima vida de luxo e desperdício
para uma vida de miséria e fome.
Vamos ver se, depois de passar
esta calamidade, cada um de nós mas também os governantes do mundo inteiro
tiram algumas ilações e lições para o futuro.
Vamos ver se sobressai a
humildade para estabelecer pontes em vez de muros. Para criar modelos de
sociedade onde ninguém fique para trás. Para que o coração se sobreponha à
razão no que respeita aos bens materiais e as sociedades passem a ser mais
solidárias, mais amigas do semelhante e da natureza.
Oxalá assim seja.
Meimoa 10 de Abril de 2020
Zé Rainho
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