LUFADA DE AR FRESCO!
Num País onde a impunidade impera ver alguém responsabilizado
pelos erros cometidos é uma lufada de ar fresco que nos alimenta a esperança
num amanhã melhor.
É que a maior parte das Instituições estão entregues à
incompetência dos lóbis partidários e dos incapazes e dos rapazes e raparigas
que não sabem dizer NÃO e, por isso, só mesmo por isso, é que chegam a lugares
de chefia e de relevância social.
Os exemplos são transversais aos Ministérios, Autarquias, Entidades
Reguladoras, Serviços diversos.
Todos os dias aparece mais um escândalo. Agora está na berra o
caso da devassa dos dados pessoais que vai para além da devassa e entra no
domínio criminal do envio desses dados a países estrangeiros, num verdadeiro
atentado aos Direitos Humanos, particularmente quando esses dados são enviados
a países com regimes ditatoriais, despóticos e que matam indiscriminadamente os
adversários políticos, que eles consideram inimigos, seus e da sua pátria. É
sempre assim com todos os ditadores desde todos os tempos e em todos os lugares
do Planeta.
Mas, se não bastasse este gravíssimo atentado à democracia
apareceu a morte de um trabalhador provocada por uma viatura oficial, onde
seguia o ministro da Administração Interna, sem que se saiba o que
verdadeiramente se passou. Mas as suspeitas são mais que muitas, desde logo a
imprecisão – para não dizer engano – na comunicação ao INEM do acidente o que
impediu um socorro célere. Bastou a informação errada do sentido em que seguia
a viatura acidentada para, numa auto-estrada, se perder imenso tempo. Para cúmulo o ministro não se dignou ir ao
funeral do trabalhador nem teve a decência de mandar um dos muitos assessores,
que nada têm para fazer e que tem ao ser serviço particular. Muito menos mandou
investigar e prestar auxílio à viúva e filhas do trabalhador que, segundo o
Correio da Manhã, viviam em total e completa dependência do trabalhador vitimado.
Isto tudo depois dos inúmeros factos demonstrativos da total falta de vergonha
do ministro, da sua exponencial incompetência e do seu habitual abuso de poder,
para não falar do tacho que conseguiu para a sua mulher que, depois de não
servir para ministra a ganhar cerca de cinco mil euros mensais, serve agora
para chefiar, uma das muitas entidades reguladoras, mas a ganhar doze mil euros
mensais. Tudo isto não é só um escândalo, nacional e internacional, seria um
caso de polícia num país onde a Democracia funcionasse em pleno.
Mas, para que nem tudo seja péssimo, lá aparece um militar,
de honra e sentido de serviço público, para dizer que há portugueses de bem,
capazes, competentes, inteligentes e com coluna vertebral, que não se verga ao
poder político, bolorento e bafiento e quase autocrático.
O Vice-Almirante Gouveia de Melo, ao ter conhecimento de
atitudes fraudulentas na vacinação da Região Norte não esteve com meias
medidas, pediu à Polícia Judiciária e à Inspecção Geral das Actividades em
Saúde para investigarem e exigiu responsabilidades e consequências. De imediato
demitiu-se uma responsável pelos actos. Só é de aplaudir. Já não suportamos
malandros, como diz o Vice-Almirante.
É de todos os tempos a ideia e o proveito, de que o esperto,
o vigarista, o oportunista é que se safa. Que a cunha e o amiguismo desenrascam
tudo não importando se isso prejudica o outro. Parece até que o Povo gosta deste
tipo de comportamento. Aplaude a vigarice. Mas nenhuma sociedade é,
verdadeiramente, civilizada se cada um dos seus elementos não praticar a
equidade, a honradez, o trabalho, o conhecimento, a competência e a justiça,
para o bem comum. Temos, no nosso seio, demasiados malandros que é preciso
educar e sancionar, para que não sintam que a malandrice vale a pena.
Temos, também, ainda homens de bem e portugueses de garra que
podem alterar este estado putrefacto de coisas. Esperamos que estes nos ajudem,
mais cedo do que tarde, a limpar a estrumeira que se alastra cada vez mais.
O Regime Político precisa de constante vigilância para que
não caia em autocracia, no abuso do poder, na apropriação da coisa pública, na
delapidação do património cultural e de valores pátrios que tanto custaram a
conquistar.
Os Partidos Políticos têm de ser, constante e continuamente,
escrutinados para não se considerarem donos da democracia, porque esta não tem
donos e pertence a todos, mesmo àqueles que não têm partido.
A Democracia e a conquista da Liberdade tiveram protagonistas,
mas não seriam conquistadas sem os actores secundários que, na circunstância,
foram todos os portugueses.
Com a atitude do Vice-Almirante renasce a esperança de que há
Homens e Mulheres capazes de contribuírem para a mudança que tanta falta faz
para que voltemos a ser um País com orgulho do seu passado, com confiança no
seu presente e com expectativa de ser melhor no futuro.
26/06/2021
Zé Rainho
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