Não percebo nada de política e nem quero perceber, mas
gostaria de entender a visão dos políticos para o presente e para o futuro
deste país, porque o passado já o vivi e senti e muitas coisas não foram por aí
além.
Ontem debateu-se o estado da Nação – quando escrevo estado da
Nação vem-me logo à memória a célebre frase de Salgueiro Maia onde, entre
outras coisas disse, o estado a que isto chegou! – e no muito pouco que vi
pareceu-me existirem três países, todos diferente e todos iguais. O País do Costa;
o país da oposição, toda, e o meu país.
Para o Costa, este é o País das maravilhas onde toda a gente
vive muito bem e vamos no rumo certo para o enriquecimento.
Para a oposição está tudo mal e vamos a caminho do desastre e
da tragédia.
Para mim vivemos no país do caos, do desleixo, da impunidade,
do empobrecimento acelerado, individual e colectivo, para o definhamento dos
valores humanos e patrióticos que, mais cedo do que tarde, se vão revelar
catastróficos.
Porventura, nenhum deles é o retrato fiel da realidade, mas
tenho a presunção de que o meu é o que mais se aproxima. Atentemos:
O número de pobres está constante e inexoravelmente a
aumentar. Se precisássemos de exemplos bastava ver os números do INE, da
PORDATA e ouvir os gritos do Banco Alimentar, da Cáritas, da Cruz Vermelha, dos
Párocos nas Igrejas e os constantes apelos à boa vontade da população para ajudar
a mitigar a fome que grassa pelo país fora;
A tragédia dos incêndios, apesar dos milhões gastos no seu
combate, que deixa os pobres, mais pobres, sem o pouco que tinham;
As grávidas, que têm de andar de Hospital em Hospital para
terem as suas crianças e, depois deste sufoco, ansiedade e risco de vidas, se
verem tratadas pelo primeiro-ministro como números sem importância (0,3%) na
sua, dele, opinião;
O número de mortes, sem explicação científica, com desculpas
esfarrapadas como onda de calor, covid ou outras, quando se conhecem casos de
cancro que não foram diagnosticados por falta de resposta do serviço nacional
de saúde, com espera superior a dois anos;
A inflação, que já comeu um mês de salário, a quem já tinha
imensas dificuldades em gerir um orçamento para chegar ao fim do mês;
Os combustíveis, mais caros da Europa Comunitária e os
salários mais baixos desta comunidade de países;
A violência sobre idosos e mulheres, praticada por bandidos
que, às vezes, até são familiares das vítimas, por falta de recursos humanos de
segurança nos Organismos policiais;
Os aeroportos, atulhados de gente e malas abandonadas, com
manifesta responsabilidade da TAP, empresa onde metemos dinheiro às pazadas;
Alunos sem professores meses e, nalguns casos, um ano lectivo
inteiro, um currículo desajustado e com entorses ao ensino verdadeiramente
democrático;
Avisos do Tribunal de Contas de que há vários casos de má
aplicação dos dinheiros públicos sem que haja a competente responsabilização e
penalização;
Da Justiça, sua morosidade e injustiça perante os mais
desfavorecidos e os que não podem pagar os Trutas dos Advogados, nem vale a
pena falar;
As portas giratórias por onde os responsáveis políticos se
pavoneiam depois de saírem da governação, para não falar na promiscuidade e no
conflito de interesses que os mesmos nem se preocupam em esconder, o último
caso conhecido é o do Presidente do IEFP;
Os apoios dados a empresários amigos do regime e dos
detentores de cargos políticos relevantes, com referência ao último escândalo com
o dono da TVI, quando a maioria das empresas não tem acesso a pequenas ajudas
para a retoma da sua economia empresarial;
Podíamos continuar, mas acho que já basta para analisarem estes
três países diferentes, mas que queremos que continue a ser o nosso, o de todos
nós, nem do Costa e seus muchachos, nem da oposição e seus demagogos.
21/07/2022
Zé Rainho
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