Falar de violência é, em si, um acto violento e por isso, muito delicado para quem tenha alguma sensibilidade humana.
A vítima de violência, seja de que género for, merece o maior respeito, o máximo de carinho e compreensão, o maior e melhor apoio, no sentido de minimizar a dor, a angústia, o sofrimento.
O predador, o criminoso, o promotor de violência deve ser, exemplarmente punido, seja ele quem for, independentemente da profissão ou estatuto social de que usufrua.
A Comunicação Social tem a rigorosa obrigação de dar ênfase a todos os casos de violência para que o mundo saiba quem são os criminosos e, independentemente da condenação, que venham a ter, das autoridades judiciais tenham, também, o repúdio da sociedade.
As autoridades tudo devem fazer para que punir o prevaricador e, publicamente denunciar as atrocidades cometidas.
Postos estes pontos prévios importa agora separar as águas e dar conta de todas as situações e não só de algumas.
Todo o bicho careta e até as mais altas individualidades têm feito eco dos abusos sexuais levados a cabo por alguns elementos da Igreja Católica e fizeram muito bem. A própria Igreja e os seus dirigentes máximos devem exigir o apuramento de todos os casos e, no imediato, expulsar do seu seio, os indignos de fazerem parte da sua comunidade.
Porém, a sociedade não deve ser manipulada com um só assunto até à exaustão para, porventura, se esquecerem todas as formas de violência praticada por outras instituições, serviços, o próprio Estado.
Há violência grave quando se deixa morrer um bebé porque o hospital da zona de residência da parturiente não tem condições para realizar a função nobilíssima de ajudar a nascer.
Há violência quando se calam os casos denunciados de alunas e alunos da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e da Universidade de Aveiro, quem sabe de outras Universidades, e passados meses não acontece nada.
Há violência quando crianças ou idosos desaparecem do seio das suas famílias ou comunidades e passam, dias, semanas e meses sem notícias e, quiçá, sem o empenhamento necessário e indispensável para a sua descoberta e razão do seu desaparecimento.
Há violência quando se vê uma vida destruída por calamidades, naturais ou provocadas e o Estado não providencia, a tempo e horas, prevenindo e antecipando a possibilidade da sua existência.
Há violência quando a Lei não acautela o direito das pessoas não serem enganadas pelos burlões individuais ou colectivos, como é, por exemplo, o caso de empréstimos bancários que depois transformam em créditos vendidos a fundos de investimento abutres que, mais tarde, se apropriam de bens de pessoas humildes que deixam na miséria e, muitas vezes, sem abrigo.
Há violência quando uma pessoa trabalha e não aufere o suficiente para suprir as despesas mais básicas como é o caso da própria alimentação.
Há violência quando o Estado lucra com a miséria da sua população para, depois, malbaratar dinheiro público em ajustes directos a amigos e correligionários.
Há violência quando um governo se vangloria de apoiar um milhão de portugueses para terem alimentação. Então o governo não deveria trabalhar para acabar com a pobreza extrema e não se colocar numa atitude meramente caritativa, suprindo o seu direito à alimentação, como necessidade básica que é?
Há tanta violência que é preciso tudo fazer para a erradicar, da Igreja Católica, mas também de todos os demais sectores da vida nacional.
7/08/2022
Zé Rainho
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