PROFESSORES?
Cito, abaixo, uma ideia, hipoteticamente banal, deixada por
quem sabe alguma coisa, há cerca de trinta anos:
“A tarefa de educar a juventude é demasiado importante e
complexa para ser deixada … à mercê de progenitores ou estruturas informais”. (Aprender
a ensinar, Richard I. Arends, 1995).
O ensino, particularmente depois do século XX, sempre foi uma
actividade complexa, difícil, exigente e sustentada em bases científicas. Para
tal preparavam-se os professores em início de carreira a dominar conhecimentos
e a adquirir competências para os tornar profissionais competentes naquilo que
se apelida de arte de ensinar. O professor é, pretende-se que seja, um
profissional competente para que a sua acção educativa e de ensino seja eficaz.
E para isso as antigas Escolas Normais e as Universidades preparavam os
professores com conhecimentos científicos que depois eram complementados com
prática em sala de aula, através de estágios tutelados por profissionais mais
experientes, para além da formação contínua que todas as profissões requerem e
necessitam para serem eficientes, para que a docência seja uma profissão nobre,
prestigiada e indispensável à construção de sociedades mais desenvolvidas, mais
democráticas, mais solidárias, mais humanas.
Esta é uma constatação em todo o mundo civilizado e em
Portugal também foi até agora. Deixou de ser no ano lectivo 2022/2023.
Para ser professor serve qualquer pessoa que possua uma
licenciatura, na perspectiva do actual Ministério da Educação português.
Se isto não fosse uma tragédia, com consequências
inimagináveis no futuro, daria para rir. Assim dá para chorar, de pena, pelas
nossas crianças, adolescentes e jovens, que sem culpa própria, vão ser uns
analfabetos funcionais com diplomas dos vários graus de ensino.
Se valesse a pena eu aconselharia o ministro da educação a
estudar como se fazia educação em Atenas há dois mil e quinhentos anos, mas não
vale a pena, porque só aprende quem tem consciência que ainda lhe falta
conhecer muita coisa, quem sabe tudo, recusa-se a aprender, seja o que for.
De todo o modo fica a
dica: - Em Atenas preparava-se a educação dos jovens, visando atingir o
objectivo principal que era a formação de indivíduos completos. O mesmo é dizer
que se queriam indivíduos com boa preparação física, psicológica e cultural.
Para tal era necessário a existência de pedagogos - tutores
que acompanhavam o jovem em todo o tipo de aprendizagem – que eram as figuras intelectualmente
mais bem preparadas existentes nas Cidades-Estado.
Vivemos num País maravilhoso, em pleno século XXI,
retrocedendo muitos milhares de anos, mas isso não preocupa nem Primeiro-ministro,
nem governantes, nem pais, nem sociedade civil, nem, sequer, o Supremo Magistrado
da Nação porque é que eu, velho alquebrado, esclerosado, caduco, me estou a
preocupar com estas “ninharias”?
17/08/2022
Zé Rainho
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