REPUBLICANISMO!
“O pensamento e a ciência são
republicanos, porque o génio criador vive de liberdade e só a República pode
ser verdadeiramente livre […] O trabalho e a indústria são republicanos, porque
a actividade criadora quer segurança e estabilidade e só a República […] é
estável e segura […] A República é, no Estado, liberdade […] na indústria,
produção; no trabalho, segurança; na nação, força e independência. Para todos,
riqueza; para todos, igualdade; para todos, luz."
— Antero de Quental, República, 11 de Maio de 1870
O Antero era um visionário. Era um poeta. Era um pensador,
mas era, sobretudo, um homem solidário, um homem preocupado com o seu
semelhante. Quando o Antero diz as palavras citadas acima, ainda não havia
república em Portugal, mas já se conheciam algumas das virtudes dos regimes
republicanos, em pleno século XIX.
Estamos em véspera do aniversário da implantação da república
portuguesa, por isso, talvez não seja despiciendo, analisar alguns dos últimos
acontecimentos que o regime permite e que, eventualmente, não o deveria fazer.
Para tal recorremos à História.
D. José I, rei de Portugal, influenciado pelo seu
influenciador, como hoje se diria, Marquês de Pombal decidiu em 1759 expulsar
os Jesuítas que, na época, eram, tão só, os únicos educadores dos portugueses.
Eram os professores. Com a sua expulsão o país andou para trás. Apesar das
ideias pedagógicas de Verney, mentor de Pombal para a Educação, a História
mostra que a política educativa de Pombal foi um desastre. Passados mais de
dois séculos e meio os socialistas republicanos, laicos, herdeiros – eles
julgam-se donos – do Iluminismo do século XVII, estão a pôr de pantanas a
Educação em Portugal. As últimas declarações ouvidas ao PM nos últimos dias
sobre a recuperação do tempo de serviço dos professores, mostra isso mesmo. Não
foi só a recusa da contagem, foi o tom, a irritação, o suor e o fácies que
mostrou como este socialista trata a educação. Trata-a com desprezo.
Se na Educação já se deu uma nota pequenina se formos ver o
que acontece na saúde então é o caos total. Não se conhecem as mortes, mas
conhecem-se as dores e o sofrimento de quem está doente e tem de andar de
herodes para pilatos à procura de quem resolva a sua situação de doença. As
queixas dos doentes são mais que muitas e fundadas. As queixas dos bombeiros
são tonitruantes, para não falar no acréscimo de despesas e esforço do pessoal
com as ambulâncias a fazerem verdadeiros ralis com os doentes até os poderem
deixar num hospital que os receba. Isto somado ao descontentamento dos médicos
e dos demais profissionais de saúde que não tem paralelo nas últimas décadas.
Os dois sectores referidos, fundamentais numa sociedade
democrática minimamente estruturada, não fiam sozinhos nesta fotografia a preto
e branco totalmente desfocada e imperceptível. Vão acompanhados pelo sector da
habitação, outro direito fundamental, mas que este socialismo esqueceu e que,
agora, quer que sejam os outros a resolver. Esses outros são os senhorios e, em
última análise, as autarquias porque o governo central se mostra totalmente
incapaz de analisar o problema e definir uma estratégia para no curto, médio e
longo prazos, se resolver este drama das famílias e dos jovens portugueses.
Se tudo isto é visível num governo inoperante, mas arrogante
e totalitário, o parlamento não escape a este ditame. O responsável máximo do
parlamento, a segunda figura do estado, numa atitude deplorável, desvaloriza a
violência praticada contra os seus pares, eleitos como ele pelos eleitores
portugueses e ainda deita lenha para a fogueira dizendo que os deputados
agredidos foram provocadores. Dando de barato que até podem ter sido
provocadores o que é o referido responsável tem a dizer de outros deputados que
apoiam e proclamam que os senhorios deviam ser espoliados dos seus bens e que
apoiam aqueles que partem montras de agências imobiliárias.
Podíamos ficar por aqui, porque o descrito ilustra bem aonde
o socialismo republicano nos conduziu, mas ainda temos de referir aqueles
meninos idiotas que não têm que fazer, não trabalham, não estudam e por isso
têm tempo de interromper eventos como o lançamento de um livro, atirar ovos com
tinta ao ministro do ambiente, ou pendurar-se em pontes e cortar estradas, numa
total impunidade, sem que haja uma palavra de condenação e de repúdio para com
este tipo de energúmenos.
Não podemos terminar sem referir a preocupação da Senhora
Provedora de Justiça relativamente à degradação dos Serviços Públicos e o
prejuízo que essa degradação e caos causam à população e a esta Entidade, as
mais altas individualidades dizem, nada.
Amanhã deveríamos comemorar a democracia plena, o bem-estar
do povo, a paz, a liberdade individual e não o podemos fazer porque a corrente
socialista que sobreviveu à corrente republicana, defendida por Teófilo Braga, e
domina integralmente o país, não nos permite festejar em pleno as ideias descentralizadoras
e democráticas da República.
4/10/2023
Zé Rainho
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