CONSCIÊNCIA!
A palavra é simples, o conceito é complexo e abrangente. No
domínio da Psicologia leva-nos para o psíquico e respectivo saber sobre o mesmo.
Filosoficamente já entra no domínio do conhecimento próprio por distinção daquilo
que o rodeia. No campo da moral e da ética pressupõe a capacidade de o
indivíduo avaliar os próprios actos e procedimentos. Podíamos continuar para o
campo profissional, sentimental, social e por aí adiante, mas para o assunto
que queremos abordar podemos ficar por aqui.
Popularmente é comum ouvir dizer-se que, quando uma pessoa
desmaia, perdeu a consciência. Também, quando alguém está em coma, num qualquer
hospital, que está inconsciente. Ainda, que determinado indivíduo, tem a
consciência pesada e por isso não consegue dormir, ou vice-versa, tem a
consciência leve e dorme como um anjo.
Independentemente do contexto o conceito de consciência tem
variações de acordo com os interesses individuais e, também, com o seu sentido
ético, moral e da própria honestidade intelectual.
Assim, a consciência serve para, quase tudo. Por isso é
vulgar ouvir-se: tenho consciência de que cumpri, com rigor, o que me propus ou
me propuseram. Tenho consciência de que o que fiz e pratiquei foi no sentido do
bem próprio e do próximo. Tenho a consciência de que nunca pratiquei qualquer
crime ou ofensa contra o outro. Tenho a consciência do dever cumprido. Tenho a
consciência de, de, de, …
Porém, todos os dias somos confrontados com notícias de
malfeitorias praticadas em todo o mundo, no nosso país, nas grandes cidades e
até nas nossas pequenas aldeias, mas, questionados os malfeitores, dizem-se
sempre de consciência tranquila e mesmo vítima de cabala, calúnia, ou ofensa,
porque estão inocentes, mesmo que os indícios sejam consistentes de que tal
afirmação não é verdadeira.
A “consciência tranquila” passou, desta forma a ser a
panaceia de todos aqueles que, de facto, só podem estar intranquilos.
No domínio dos cargos públicos, que deveriam ser de serviço
ao público, então é a o descalabro total, nas mais diversas esferas e
circunstâncias, desde que estejam em lugares de decisão e que envolva dinheiros
públicos.
São os ajustes directos injustificáveis. São os concursos tipo
alfaiate, com fato à medida do concorrente amigo ou subornador. São as
nomeações de gente impreparada, ou mesmo desqualificada, mas que tem um cartão
partidário e é muito activo na angariação de votos, para o partido do poder.
São as fraudes constantes em empresas públicas ou do domínio público, não
escrutináveis. Para não falar nos diferentes poderes desde o autárquico, ao
regional ou ao central, onde aí é um fartar vilanagem.
Talvez por isto e por muito mais que se poderia enunciar é o
que o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça disse, publicamente, que no
país há uma corrupção generalizada e, mesmo assim, os visados vêm afirmar,
aparentemente convictos, de que estão de consciência tranquila.
A consciência passou assim a ser plástica, moldável, de
acordo com as conveniências. Tenhamos consciência disto.
28/01/2024
Zé Rainho
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