EM TEMPOS DE DITADURA!
Noutros tempos noutras
eras,
Um certo padre Cura,
Na sua compostura
Que era bera, deveras
Impunha a sua vontade ao
povo
Em nome do Senhor
Mas sempre, sempre a seu
favor
Tal era a alarvidade
De um ser mesquinho de
verdade.
Em tempos de ditadura
O padre era, também, um
ditador
Sempre em nome do Senhor
Este nosso, singular, padre
Cura
Tinha o poder de um vilão
Que sugava o povo até ao
tostão
Enriquecendo com a miséria
do povo
Que sem ânimo e ter um simples
ovo
Enchia a pança de tão reles
criatura.
Em jovem tentava as
inocentes donzelas
Que seduzia com palavras
belas
Ou com ameaças de um Deus
castigador
Na expectativa de um dia
receber amor
De quem é ingénuo e puro
Sem cuidar de isso as fazia
cair do muro
Por isso um dia um pai mais
audaz
Convidou o meliante para um
cabaz
Com um jarro de vinho com
urina da moça
Instou para que provasse o
vinho
Que era bom e puro da pipa
Que ele queria ser o
primeiro a abrir
E noutro povoado
escondeu-se numa dorna
Com feixes de palha ao
monte
Para escapar com o físico à
tareia
Bem merecida porque a sua
veia
É abusar das jovens
ingénuas, mas de fé
Num Deus que que ele
pregava com ardor
Mas que não praticava com o
amor
Com que foi abençoado pelo
ministério
Sacerdotal tão elevado e
sobrenatural
Que o deveria tornar um ser
mais normal.
Homem
de triste figura,
É
este padre cura,
Que
sem remorso ou temor
Ofende
a Cristo nosso Senhor
No
seu ministério maior
E
aproveita a sinecura
Do
patamar ao altar
Para
ofender e perorar
Sobre
os fiéis cristãos mais puros
Que
se sentem inseguros
Na
sua humilde condição
Perante
um cura vilão
Que
na sua grande obsessão
De a
todos submeter e dominar
Usa o
nome de Deus em vão
Como
um Deus tirano castigador
Alterando
a visão de um Deus de amor
Que é
a Misericórdia infinita
Só
para seu conforto e prazer
Que
de pobretana quer enriquecer
Se
não fosses um sacerdote
Já
tinhas levado com um archote
Pela
cornadura abaixo
Pois,
tuas aleivosias eu acho
Merecem
castigo maior
Que
te tirassem o ministério
Que
ofendes e maltratas a sério
Com
tua forma de ser, tua postura
Seu
medíocre padre cura
Que
usas o sacerdócio
Para
praticares o pecado e o ócio
De
nada fazer nem cuidar
Quando
tua obrigação é tratar
Das
almas e dos corpos das gentes
Que,
humildes e quais indigentes
Se
acercam de ti para aumentar a fé
E tu
em vez de ajudares tratas com o pé.
Mas
tens direito ao contraditório
Por
isso venha de lá o relambório
E diz
de tua justiça
Tu
que és perito na trafulhice
Como
é que consegues viver
Com
tanta altivez e arrogância
Num
pedestal de pulhice
Dominando
a ignorância
Do
povo humilde de saber
De
trabalho e miséria sem liça
De
qualquer tipo de poder.
Zé
Rainho
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