O LAMAÇAL!
Os poucos jornalistas dignos
desse nome em Portugal, que honram a profissão e não têm medo de afrontar o
poder, por que foi para isso que escolheram a profissão e, tal como missionários,
não medem consequências mas arriscam tudo, incluindo a vida, para estar junto
da notícia e junto dos seus leitores, não se cansam de afirmar que vivemos num
lamaçal onde o lodo é tão profundo que, por mais que se procure limpar aparece
sempre mais e mais fundo.
O Cidadão comum que veja, não
olhe apenas, veja com olhos de ver apercebe-se da podridão ao mais alto nível
dos diferentes poderes existentes constitucionalmente. O compadrio, o
nepotismo, o caciquismo local, regional e nacional estão de tal modo instalado
no Estado que é, quase impossível distinguir onde pára a seriedade, o rigor, a
justiça, a equidade.
A partidarização da vida pública
é avassaladora e, igualmente, assustadora. A substituição do mérito e da
competência pela filiação ou simpatia partidária é visível a olho nu em todos os
Organismos públicos. As nomeações para lugares desnecessárias designados por
assessorias são mais que muitas. Dizemos desnecessárias por que, quando são
necessários pareceres técnicos os mesmo Organismos, em vez de exigirem aos
detentores dos lugares esses pareceres cometem-nos a empresas de amigos,
escritórios de advogados e outros similares pagando exorbitâncias. Por isso se
vêm tanto pobretana, mesmo pelintras, que depois de entrarem no círculo dos
poderosos enriquecem em pouco tempo.
As nomeações para lugares de topo então são
verdadeiras aberrações. Indivíduos suspeitos e com fortes indícios de práticas
desonestas são nomeados com pompa e circunstância. Não há pudor dos nomeados e
muito menos pudor de quem nomeia.
O dinheiro corre sem qualquer
transparência e muito menos fiscalização. Os contratos, quando existem são, na
maioria feitos por ajuste directo, não respeitando a Lei. Como se começaram a levantar
vozes contra este tipo de situações que, na maioria dos casos, só beneficia os
amigos, altera-se a Lei. É o que propõe o Governo. A oposição não se opõe. O
Presidente, como vai sendo hábito, promulgará.
Esperam-se muitos milhões da
União Europeia o Presidente da República deixou o recado que não pode ser sempre
para os mesmos. O que quererá dizer isto? É que há mais de trinta anos que vem
dinheiro da União Europeia para desenvolver e modernizar o país mas que este
dinheiro foi canalizado para os bolsos de alguns e, na circunstância, sempre
para os mesmos. O País continua pobre e subdesenvolvido.
Temos algumas, muito poucas vozes
que clamam contra estas situações mas nunca são ouvidas.
Entretanto o povo morre ao
abandono. Com a desculpa esfarrapada da pandemia já morreram mais de seis mil
pessoas do que no período homólogo do ano passado. Não venham com histórias de
ondas de calor ou de frio ou do raio que os parta. Morreram por falta de
assistência médica. Atrasaram-se consultas, cirurgias, diagnósticos para
resolver o surto pandémico e o que é que aconteceu? Eliminaram ou estancaram o
surto do vírus, não. Evitaram algumas mortes devido ao Covid-19! Eventualmente.
Mas isso justificará tantas outras mortes? Não.
Cá no concelho o aumento do
número de contágios é exponencial. Ontem já íamos nos dezasseis casos activos.
Ouve-se uma palavra ao Responsável Administrativo, o Presidente da Câmara? Não.
Ao responsável pela saúde local, Delegado de Saúde? Não. O que sabemos é pela
responsável distrital.
Para satisfazer e alargar o
caciquismo local, o Governo apresta-se para criar mais 600 freguesias, sem
competências e sem recursos, para fazerem o quê? Vigiar e controlar os
incautos.
Se tudo isto não é um lamaçal
digam-me lá o que é!
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