terça-feira, 14 de maio de 2024

PARLAMENTO EUROPEU

 


O Parlamento Europeu está sedeado em Estrasburgo, França, tendo mais dois locais de trabalho. Um em Bruxelas e outro no Luxemburgo.

As reuniões mensais realizam-se em Estrasburgo, as comissões parlamentares especializadas reúnem-se em Bruxelas e os serviços administrativos ficam sedeados no Luxemburgo.

Trabalhei quase vinte anos numa instituição com serviços dispersos por vários edifícios na mesma cidade e os problemas funcionais eram mais que muitos.

Concentrados todos os serviços no mesmo edifício a optimização de recursos foi assinalável. Desde logo deixaram de ser necessários os estafetas que calcorreavam a cidade com protocolos de documentos. Uma só central telefónica com apenas duas telefonistas. Concentração de viaturas o que minimizou as despesas com transportes próprios. Mas, o principal ganho foi a facilidade de comunicação entre os diferentes departamentos e a optimização dos respectivos recursos humanos e materiais.

Devido a esta experiência profissional custa-me a compreender o porquê desta dispersão dos locais de funcionamento do Parlamento Europeu.

Quanto aos custos não será difícil imaginar a sua proporção com viagens dos deputados e funcionários, respectivas ajudas de custo, para não falar nos custos das diferentes instalações e respectiva manutenção.

Já assisti a várias eleições para o Parlamento Europeu e nunca ouvi ninguém, candidato a deputado, líder partidário ou governo que explicasse ao eleitor esta dispersão e respectivas consequências. Se calhar não é importante? Não são os contribuintes europeus que pagam a factura?

Há anos estive no local de trabalho onde passam a maior parte do tempo os deputados do Parlamento Europeu, em Bruxelas, e tive a oportunidade de falar com um funcionário que ali prestava serviço há vários anos. Questionei-o sobre vários assuntos e as respostas foram verdadeiramente interessantes. Para não maçar muito conto-vos apenas uma pequena efabulação que o dito funcionário me relatou.

Perdoem-me, mas antes de continuar, deixem-me avisar que o Parlamento Europeu não legisla, mas toma decisões.

Seguindo para a história disse-me o funcionário que qualquer decisão que requeresse voto unânime, necessitava de, pelo menos, dois anos para ser aprovada.

Qualquer diploma legislativo que requeira unanimidade só pode ir à votação após oito semanas depois do envio aos respectivos parlamentos nacionais para apreciação.

A seguir é preciso obter o consenso dos diferentes países que fazem parte da União Europeia. Depois há que conciliar pontos de vista das diferentes correntes políticas representadas no Parlamento.

Enfim, o Parlamento Europeu toma as decisões sobre a legislação da União Europeia em conjunto com o Conselho da União Europeia. Se o Parlamento e o Conselho não chegarem a acordo sobre um acto legislativo não haverá legislação. Confuso?

Talvez por isso se fale muito em desunião da União Europeia em muitos aspectos da vida dos europeus e também da política externa.

Posto isto não valeria a pena virem os Governantes, os Partidos Políticos e os candidatos a deputados elucidar as pessoas para que se motivem para as eleições e depois votem em consciência?

Não nos esquecemos de que muito do que se passa nas nossas vidas se decide em Bruxelas, Estrasburgo ou Luxemburgo.

Já agora vamos lá exercer o direito de voto que, ao mesmo tempo, é um dever cívico de qualquer europeu.

10/05/2024

Zé Rainho

 

 

 

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