MULHER!
Nos dias que correm, com o
patrocínio de grupos com grande influência, na política e na comunicação social
é arriscado fazer-se esta distinção, entre mulher e homem, devido à moda da
“discriminação de género”, porém, nós ainda nos atrevemos, por convicção, a
designar o género humano pelas suas duas espécies.
Não sendo dos que julgam as
pessoas pelo seu nascimento, mas considerando-as pela sua conduta e mérito ou
demérito, entendemos a Mulher como um Ser diferente e isso só tem enriquecido
as diferentes sociedades em que se inserem.
A Mulher é mais sensível, mais
emoção e, porventura, menos razão. Pelo facto de ter no seu gene a capacidade
de gerar vida é mais protectora e mais disponível para o outro. A cultura e a
educação fazem dela um suporte indispensável ao crescimento de sociedades
construtivas, prósperas, solidárias, plenas de valores humanistas.
Se recuarmos no tempo vemos que o
papel das mulheres se tem pautado por feitos extraordinários ainda que, quase
sempre, na sombra e sem os holofotes dedicados aos homens. Lembremo-nos da Rainha
Santa Isabel, que, com o seu carácter solidário, não se coibiu de desenvolver o
seu sentido esmoler e de justiça, perante um marido e Rei austero. Mas também
na luta por direitos como a Brites de Almeida - Padeira de Aljubarrota – ou a
Maria da Fonte, na guerra da patuleia, duas mulheres do povo, que se ergueram
em armas para defender a justiça e a liberdade.
Mas, se estas se foram da lei da
morte libertando, como diria o nosso poeta maior – Luís de Camões – houve
tantas mulheres, em Portugal e no Mundo, que foram e são exemplo de abnegação,
fortaleza, sabedoria e de amor que, no anonimato, são faróis de cidadania, de
bondade e de excelência. Cada um ou cada uma pense na sua própria mãe e terá o
retrato de um heroísmo sem igual.
A História tem-nos apresentado a
Mulher como um ser subalterno. A própria religião seguiu-lhe os passos, numa
primeira fase, quando nos apresenta uma Eva pecadora e causa de todos os males
do mundo. Porém, a mesma História e a mesma Religião, mais tarde, vem resgatar
a Mulher dessa afronta. Desde logo, Nossa Senhora, mãe de Deus e nossa mãe,
numa demonstração inequívoca de que não se chega ao Filho, Jesus Cristo, se ela
não for mediadora, intercessora. Mas também Cleópatra, Helena de Tróia ou D.
Maria I ou D. Filipa de Lencastre, para dar alguns exemplos. Mas nós sabemos e sentimos que nos nossos
dias continuamos a ter enormes, gigantes, magníficas mulheres no mundo e no
nosso país.
Sabemos que a cultura Ocidental,
onde nos inserimos, durante séculos reservou à mulher o papel, extremamente
difícil e quase sempre de valor relativo, de ser boa mãe, extremosa esposa,
dedicada dona de casa. Em outras culturas ainda é pior, porque a mulher nem
sequer pode aparecer com a cara descoberta e o seu papel é pouco mais do que um
elemento necessário à preservação da espécie, quando não, mesmo, de escrava
sexual. Mas todos sabemos e sentimos que, mesmo contra todos os desígnios e
toda a repressão, mais ou menos explícita, a mulher afirma-se pela positiva.
Sem descurar o seu papel de mãe e de esposa apresenta-se nos diferentes palcos
da vida como profissional de excelência, com capacidade, saber e resiliência
capaz de se impor num mundo dominado por homens.
Basta olharmos para o panorama
educacional e verificamos que a maioria dos licenciados são mulheres. Mas, se
na educação é assim, no mundo empresarial e organizacional e político não lhe
ficam atrás. Sendo menos, em quantidade, são mais, em qualidade. Lembramo-nos do
número de médicas, de enfermeiras, de gestoras, de políticas e vem-nos à
memória Maria de Lurdes Pintassilgo que foi a primeira mulher a desempenhar o
cargo de primeiro-ministro de Portugal. Não esquecemos Leonor Beleza que foi ministra
deste país e hoje dirige uma das melhores e mais prestigiadas Fundações
nacionais, a Fundação Champalimaud ou Isabel Mota, que dirige a Fundação
Gulbenkian, ou a Reitora da Universidade Católica, Isabel Capelo Gil, ou as
várias ministras que estão actualmente no poder, desde a ministra da presidência,
Mariana Vieira da Silva, à ministra da saúde, Marta temido, à ministra da
agricultura, Maria do Céu Albuquerque, ou à ministra da Cultura, Graça Fonseca
ou a ministra da Coesão Territorial, que até é beirã, Ana Abrunhosa, para
falarmos no actual governo, mas podemos lembrar-nos de governos anteriores e de
outras mulheres que desempenharam funções semelhantes mas que nos escusamos de
nomear para não vos maçar.
Mas, também, não podemos esquecer
aquelas mulheres que fizeram e fazem a diferença na sociedade de hoje, a
quantidade de professoras dos diferentes graus de ensino, que são o esteio do
conhecimento de que toda a sociedade beneficia.
Igualmente as investigadoras onde
pontificam biólogas, químicas, virologistas, matemáticas, engenheiras,
arquitectas e até uma informática portuguesa, que teve um papel relevante na
odisseia da nave enviada, recentemente, para Marte com um êxito estrondoso.
E estas funções todas sem
prejudicar o seu papel de mãe, de mulher, de companheira, de parceira na
construção de um mundo melhor.
Terminamos lembrando todas
aquelas mulheres que lutaram para trazer para a visibilidade, a igualdade, a
liberdade e equidade nos direitos e nos deveres. Não querendo ser exaustivos
lembramos apenas as mulheres de Chicago que lutaram por direitos iguais, no
trabalho, salário e horário, mas também as sufragistas que lutaram pelo direito
de voto, das quais destacamos a portuguesa, Carolina Beatriz Ângelo, ginecologista,
natural da Guarda que, conseguiu depois de uma luta em Tribunal, adquirir o seu
direito de voto para a Assembleia Constituinte de 1911.
Viva a Mulher. Viva o 8 de Março
o dia da Mulher.
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