DISTRACÇÃO!
Devo andar distraído porque não
li, nem ouvi, uma palavra do Governo Português, sobre a expulsão da diplomata da
União Europeia, da Venezuela, que por acaso até é portuguesa.
Não li, nem ouvi, uma palavra da oposição
com assento parlamentar sobre o mesmo assunto.
Casualmente, ou talvez não,
Portugal desempenha, neste semestre, a presidência da União Europeia e também
não ouvi um reparo da Presidência da União Europeia. Já houve uma situação
caricata do representante diplomático europeu com a Rússia, também durante a
presidência de Portugal da União Europeia e a Presidência fica muda e queda. Não
há uma reacção, nem do Governo nem dos meios de escrutínio, nomeadamente dos
meios de Comunicação Social, da sociedade civil, de ninguém.
O Diário de Notícias de hoje traz
uma sondagem sobre a popularidade que apresenta o Presidente da República com
68% de opiniões positivas e 56% de aprovação ao primeiro-ministro. O Povo não
anda só distraído, está anestesiado.
O País vive ligado às máquinas.
Está nos cuidados intensivos. Desemprego, lay-off, falências em catadupa,
economia parada, milhares de cirurgias por realizar e centenas de milhares de
consultas adiadas, os mortos por covid e não covid são uma enormidade, não se
passa nada.
As Instituições sociais caritativas,
de onde destacamos a Cáritas por entrarmos na semana que lhe é dedicada, a solicitar
mais e maior empenhamento e donativos, para suprir tantas carências, inclusive,
alimentares.
Os mais de sete mil sem abrigo
existentes no País que, ao invés de verem o seu número reduzido a cada ano o vêem
aumentado, a ponto de o responsável estatal para a problemática já ter vindo a
admitir que não será possível erradicar este flagelo nacional antes de 2030,
como se dez anos, para esta gente que nada tem, não fosse uma eternidade.
Em contraponto as nomeações, sem
qualquer tipo de concurso para funções públicas, nos gabinetes ministeriais são
um maná para os apoiantes e seguidores do partido do governo, com salários e benesses
negadas aos demais portugueses. Falamos apenas das nomeações oficiais, não
sabemos o número de avenças ou contratos de prestação de serviços, por ajuste
directo.
Como disse atrás parece que ando distraído
e, eventualmente andamos todos, mas neste último ponto, quero concretizar com
exemplos factuais: O primeiro-ministro tem 2 secretários de estado a trabalhar directamente
com ele. São os secretários de estado adjunto e o secretário de estado dos
assuntos parlamentares. Tem 1 chefe de gabinete, 10 assessores, 7 adjuntos, 3
técnicos especialistas, 7 secretárias pessoais – porventura é uma para cada dia
da semana – 2 de apoio administrativo, 11 motoristas e 2 pessoal auxiliar.
Apetece-me perguntar se os conhece a todos? Isto traduzido em dinheiro é uma
pipa de massa. O Chefe de Gabinete ganha qualquer coisa como 5.706,03€ mensais;
cada assessor ganha 4.548,47€ mensais; cada adjunto 3.988,36€; os técnicos
especialistas 3.988,36€ cada; as secretárias 2.370,82€; os do apoio
administrativo 1.752,85€; os motoristas 2.127,38€ e o pessoal auxiliar 1.134,98€.
A estes vencimentos mensais brutos acresce o subsídio diário de refeição e
eventuais ajudas de custo e respectivos descontos, é evidente.
Mas não fica por aqui. O
secretário de estado adjunto também tem um chefe de gabinete que ganha 4.786,52€
mensais, com os acréscimos, que são comuns a todos os outros funcionários; 3
adjuntos com vencimento de 3.700,39€, 2 técnico especialista a ganhar também
3.700,39€, 2 secretária pessoal com 2.370,82€, 2 motoristas com 2.127,38€, 1
pessoal auxiliar 1.134,89€.
Já o secretário de estado dos
assuntos parlamentares têm 1 chefe de gabinete, 4 adjuntos, 4 técnico especialista,
2 secretária pessoal, 2 de apoio técnico administrativo e 2 motoristas com
vencimentos iguais.
E sobre todos estes assuntos
ninguém fala. Ninguém se preocupa. Anda tudo muito distraído ou será que a
sondagem faz a pergunta apenas a quem está escorada nas pessoas com os salários
que acima se mencionaram? Porventura deve ser assim mesmo e eu é que dou
importância aquilo que o não tem.
28/02/2021
Zé Rainho
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