segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

PRIORIDADES


Uma entrevista na RTP2, a um cientista e respectivo CEO da empresa de alta tecnologia portuguesa, sedeada em Cantanhede, veio demonstrar – como se nós não soubéssemos já? – as prioridades deste governo, para o País e para os portugueses, no seu todo.

Na circunstância está em causa o desenvolvimento de uma vacina para combater e, eventualmente, eliminar o vírus que nos destrói a vida, de diferentes formas, mas sempre, extremamente, penosas. Necessitam de um investimento de vinte milhões de euros, para que este projecto seja uma realidade, com resultados já no próximo ano. O Estado – não, o Governo – está mudo e quedo, como se nada se passasse. O que andarão a fazer os ministros da ciência e da economia? Por aí!

 Outros países e respectivos governos apoiaram o desenvolvimento da vacina que é a esperança de todos nós, que é escassa, cara – cerca de cem euros cada – e que será necessário tomar todos os anos, como a actual vacina da gripe, segundo se diz, ou dizem alguns cientistas, apesar de algumas vozes dissonantes. Também aqui não há consenso.

Na vacina portuguesa – vamos designá-la assim, com orgulho, porque o que é nacional é bom – os estudos apontam para uma única toma. Custará entre dois e dez euros cada uma. Já há um laboratório do Canadá, pronto para a fabricar e comercializar. O que é que falta ao Governo para apoiar este projecto científico? Não tem dinheiro? É falso. Dinheiro tem muito, pois já está garantido pelo ministro das finanças, que haverá mais quinhentos milhões de euros para entregar à TAP, depois de lá enterrar cerca de quatro mil milhões, outros cerca de quinhentos milhões – quatrocentos e oitenta, para ser mais exacto - para o Novo Banco. Perante esta enormidade de dinheiro enterrado em buracos negros o que são vinte milhões? São trocos.

Há escrutínio sobre estas disparidades, arbitrariedades, prioridades? Não. Nem das Instituições de controle e regulação e, muito menos, da oposição política e partidária. E vozes da sociedade civil, há alguma coisa? Não. E da Comunicação Social, do jornalismo há perguntas, levantam-se questões? Não, salvo raras e honrosas excepções.

E o povo votante! O que pensa? Pensa que está tudo bem e assim deve continuar pois as sondagens apontam para uma aprovação maioritária do partido responsável pelas várias bancarrotas e que nos vai conduzir ao abismo que os nossos filhos e netos terão de pagar com língua de palmo.

Quem se indigna? A classe média que cada vez é mais mínima, porque é ela que paga estes desvarios. Sim, porque os ricos não pagam e ainda vão buscar aquilo a que não têm direito e os pobres estão à espera que venha o subsidiozito que dê para as migas.

Que mal fizemos nós a Deus?

15/02/2021

Zé Rainho  

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