quinta-feira, 21 de abril de 2011

Como a ignorância pode ser tão atrevida!???

Parece estranho, ou talvez não, que em certas alturas e, principalmente em épocas pré-eleitorais, apareça aqui e além, em diversos discursos ou na comunicação social, a referência a figuras, personagens, ou metáforas Camonianas, proferidas por qualquer néscio que, da Obra ou do poeta conhecem, apenas, os lugares comuns, as frases feitas, as personagens conotadas, com o intuito de confundirem os menos atentos, os mais ingénuos ou, quiçá, ofenderem os adversários políticos concorrentes.
O nosso Épico, com a visão que vai para além do tempo, já previa isso. Outrora, como hoje, a política esteve sempre infiltrada de oportunistas e inescrupulosos, que uma mente luminosa e perspicaz, como era a de Camões, vislumbrava à distância, conhecia-lhes as manhas e as ambições. Por isso, quando se dirigia aos seus contemporâneos dizia:

"podereis roubar-me tudo:
as ideias, as palavras, as imagens,
e também as metáforas, os temas, os motivos,
os símbolos, e a primazia
nas dores sofridas de uma língua nova,
no entendimento de outros, na coragem
de combater, julgar, de penetrar
em recessos de amor para que sois castrados.
E podereis depois não me citar,
suprimir-me, ignorar-me, aclamar até
outros ladrões mais felizes.
Não importa nada: que o castigo
será terrível...(Jorge de Sena).

Quando escreveu a epopeia, conhecia Camões, por experiência própria, a grave crise moral, social e política que afectava profundamente o corpo e alma da Nação Portuguesa e, como tal, não quis fechar os olhos à desoladora realidade que em cada dia lhe mostrava  a pátria "metida / no gosto da cobiça e na rudeza / duma austera, apagada e vil tristeza". A evidência e os sinais de decadência de um presente cada vez mais atreito às baixesas de comportamento cívico da sociedade eram coisas que o indignavam. Camões tenta, com o seu canto épico das glórias portuguesas, dar uma lição de verdade cívica para os seus compatriotas de todos os tempos, tentando assim superar a tristeza e a inveja colectiva da época e, porque não dizê-lo, dos nossos dias.
A Obra de Camões, tida como paradigma e até como padrão e estilo cimeiro da história da produção literária portuguesa, não se compadece assim, com remoques e tiradas de sendeiro, de um qualquer idiota útil. A Obra Camoniana deve ser entendida como alerta para realidades que, por serem complexas, apenas estão ao alcance dos mais disponíveis, dos mais esclarecidos, dos mais prudentes, dos mais patrióticos e não está, obviamente, ao alcance dos que, por serem limitados de inteligência, lhes escapa a sageza do Génio. Os Lusíadas, como bem refere Oliveira Martins, são uma obra catalisadora da alma portuguesa, principalmente em época de crise. Ora, sendo esta uma época de crise profunda seria bom nos (con)centrarmos nalguns ensinamentos da História, para evitarmos erros do passado longínquo e/ou recente.
A sabedoria popular eximiamente representada pelos anciãos, assente em muitos dos aforismos prenhes do senso comum esclarecido, mostra-nos que é grande atrevimento "o sapateiro tocar rabecão", que não se deve dar "o passo maior que a perna". Que não é prudente "meter foice em seara alheia". Que a metacognição é privilégio de alguns, poucos, e falar só por falar é comparável ao zurrar dos burros, sem ofensa para os ditos.
Assim sendo, importa reflectir e conceder que ser ignorante pode não ser pecado, se for fruto de dotes débeis de intelecto ou de impossibilidades diversas de cognição. Ser atrevido já será sacrilégio pois tal atitude provém e está associada à arrogância, à intolerância, à má educação, ao despudor. Um pouco de humildade, de recolhimento, de ponderação, de prudência, de tento na língua seria atitude avisada, para se deixar de ser ignorante e, mais ainda, atrevido.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Indignidade

Não sei o que hei-de pensar. Melhor dizendo: - não sei se consigo compreender. Como será possível que um individuo que desempenha um alto cargo na administração pública, que ganha um balúrdio de dinheiros públicos, que é formado em Direito, que não se lhe conhecem outras competências para além da sua formação de base, que não se conhecem resultados do seu trabalho, como presidente da Agência Nacional de Negócios (ou qualquer outra designação similar, que para o caso não interessa), dizendo-se um Democrata Cristão pode descer tão rasteiramente?
Como é que este Senhor Horta - talvez se chama assim porque será a base excrementada de terra - pode, com uma desfaçatez sem igual, vir para os Órgãos de Comunicação Social dizer coisas, loas, dislates, sobre as nossas empresas, seu potencial e depois não ajuda nenhuma das empresas a criar um, sim um único posto de trabalho, que se saiba, e insultar líderes de outros partidos?
Como é que este Senhor já maduro em idade - eventualmente imaturo intelectualmente - não tem pudor de, a troco de mais uns tostões - no caso milhões - se mudar de armas e bagagens do CDS para o PS?
Diz-se que toda a gente tem o direito de mudar e que só os burros não mudam. Talvez seja verdade. Mas cambalhotas, acrobacias, malabarismos, só para se manter na crista da onda, a mim, pessoalmente, não me parece nenhuma mudança, apenas será a demonstração da falta de carácter, de dignidade, de nobreza, de honra, de um palhaço - sem ofensa para os verdadeiros palhaços - que não olha a meios para atingir os fins que, em última análise, será manter poder para se sentar à mesa do Orçamento.
Como será possível que uma pessoa possa enganar todo um povo durante mais de três décadas? Será o povo ingénuo ou o dito senhor um actor ilusionista?
A mim parece-me toda esta javardice uma indignidade, de um troca-tintas, sem escrúpulos, sem coluna vertebral. Os répteis comportam-se assim. Sibilinos, rastejantes, traiçoeiros, mesquinhos, torpes, sem honra nem frontalidade. Que País é este que tal gente tem?
A todas estas atitudes eu, apenas, posso etiquetar: INDIGNIDADE. 

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Voltar a ser Eu!!!

Tentando voltar à normalidade cá vamos andando com dores físicas, psiquicas e emocionais. Mas, tudo mais suave. Já não sangram as feridas ainda que continuem a doer.
Já começámos a ler Jornais e a ouvir as lástimas dos telejornais. As misérias próprias e do Mundo são o pão nosso de cada dia. Não ajudam mas fazem parte da vida.
Um sinal de que tudo vai melhorando é que já me consigo irritar com as aldrabices da classe política, em geral. Já me enfurecem as novidades sobre as listas de deputados, quase sempre incompetentes, inúteis, incapazes que os directórios partidários designam para me representar. Já me questiono sobre o que conhecerá do meu círculo eleitoral um açoriano por mais boa vontade e empenho que tenha. Como pode compreender as nossas necessidades e ansiedades? Como entenderá a nossa forma de estar na vida e em sociedade.
Entristece-me não ver gente de qualidade que há por cá, em abundância, assumir postos de relevo na vida política nacional.
A cidadania não se consegue impor aos aparelhos partidários e a democracia definha, a olhos vistos, pelo desprezo que merece da generalidade das pessoas.
Não vos parece que começo a voltar a ser eu próprio?

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Oração

Quero acreditar que a morte não é o fim do caminho,
Que é, antes, um trampolim para a excelsa vida.
Então porque sofrer, chorar, em vez de cantar Hossanas?
Porque não somos capazes de a encarar com alegria e júblio?

Com a morte não termina o sofrimento e a dor?
Não se alcança a bondade infinita do Senhor?
Quem compreende esta contradição?
Porque não se aceita a finita condição?

Será a cultura social que nos inculca este desespero, esta angústia?
Ou será apenas a nossa falta de Fé e de Esperança no Deus Criador?
É estultício tentar sondar e conhecer os desígnios Superiores,
Porque a mente humana é pequena em sabedoria, grande em astúcia.

Por isso suplico ao Todo Poderoso que me auxilie neste momomento,
Para ultrapassar a dor, a impotência, o sentimento,
Da perda enorme, gigantesca, insuportável.

Me dê forças e descernimento da razão, do conhecimento,
Para encarar a vivência com tranquilidade e paz no coração
Me incentive à meditação e oração.

sábado, 9 de abril de 2011

Como é difícil!

Como é difícil, voltar à normalidade, depois de se sentir o vazio de uma vida virada do avesso, de um momento para o outro!
Como é triste viver estas situações difíceis: doenças, morte, dor, sofrimento! Mas é preciso superar. Temos de conseguir. Vamos resistir. Assim Deus me ajude.
Começamos assim, devagarinho. Escrevendo apenas estas palavras ocas, vazias de sentido. Apenas para mostrar que estamos vivos e com vontade de viver. Vamos ver se conseguimos.