segunda-feira, 31 de julho de 2023

PRIORIDADES!

 

PRIORIDADES!

Na vida, qualquer pessoa consciente e decente pondera, cada vez que tem de decidir. Porque decidir é assumir responsabilidades, arcar com consequências e isso é difícil, porque dá trabalho, porque têm de se correr riscos, porque não é possível ter “Sol na eira e água no nabal”, porque é muito mais cómodo deixar correr o tempo.

Porém, apesar de todas as dificuldades, é preciso decidir e priorizar.

Se na vida privada isso acontece e é preciso ter em conta as variáveis que contam, muito mais acuidade têm as decisões na vida pública, por causa das pessoas e por causa do património público, quer este seja monetário, cultural ou histórico.

Está devidamente estudado que qualquer decisão deve ter em conta algumas variáveis, a saber: O quê, para quê, com quê, para quem e com quem, entre mais algumas que poderíamos elencar, mas que nos bastam estas para agora.

Se analisarmos algumas realidades que estão à frente dos nossos olhos, pela maior parte do nosso país, vemos coisas onde é duvidosa a prioridade, senão vejamos:

Quando se morre à porta de um centro de saúde do interior, sem assistência, porque este está fechado. Quando se deixam morrer bebés porque as mães tiveram de calcorrear muitos quilómetros porque a maternidade próxima da sua residência fechou. Quando se deixam morrer, por doenças oncológicas, pessoas que não têm acesso a medicação hospitalar porque esta é cara. Quando se praticam centenas de actos médicos para mudança de sexo, gastando fortunas, porque são actos que requerem muita técnica e maior tecnologia.

Quando se deixam alunos sem aulas durante um ano lectivo por falta de professores. Quando se deixam alunos sem aulas porque, mesmo tendo professores, estes fazem greve constantes e sistemáticas, por não verem satisfeitas as suas justas reivindicações.

 Quando pessoas injustiçadas se vêem coibidas de recorrer aos tribunais porque a justiça é cara e não têm dinheiro para pagar as custas. Quando os ricos e poderosos se socorrem de advogados, altamente prestigiados, caros, para, usando os alçapões da Lei vão protelando sentenças ou mesmo a aplicação das mesmas. Quando uma pessoa não pagou uma portagem vê arrestados os seus bens, pelas Finanças, e os ricos e poderosos não pagarem impostos porque têm os seus milhões em paraísos fiscais.

 Quando a cultura, em todas as suas formas, teatro, cinema, música, museus, vê minguados os seus proventos, quando se desperdiçam milhões com artistas estrangeiros, alguns deles de duvidosa qualidade.

Quando a ciência está entregue a uma elite de duvidosa cientificidade, mas de cariz, manifesto e exposto, ideário político.

Quando os políticos decidem ordenar o território em dois ou três grande urbes e deixam o resto do país desertificado assim proporcionando a toda a população, quer das urbes quer dos territórios desertos, uma vida de cão, porque tudo falta, saúde, habitação, educação, justiça, mobilidade, miséria, empobrecimento geral.

Quando o poder central, regional e local se permite fazer obras faraónicas, eventos estapafúrdios – retiramos deste rol a Jornada Mundial da Juventude por ser um evento com especificidades e uma visibilidade do País que o justificam - promover certo tipo de empresariado, sem prestar contas e sem se submeter ao escrutínio do público. Quando muitas outras coisas “vemos, ouvimos e lemos” como dizia a Sofia, nos chocam pelo absurdo, abuso de poder, pela arbitrariedade, não podemos deixar de pensar nas prioridades de quem é detentor do poder, que foi mandatado para servir, mas, que na maioria dos casos, se serve a ele, à família, aos amigos e não resta outra solução senão estar em desacordo.

Há cá pelo burgo muitos exemplos, muitos mais por esse país fora e, particularmente, no centralismo do Terreiro do Paço.

Um pequeno, mas significativo exemplo: A maioria dos técnicos superiores da função pública não chega a ganhar três mil euros brutos, mensais, muito próximo do topo e do fim da carreira, mas o nosso Governo distribui por hipotéticos especialistas juniores, menores de 30 anos, cerca de dois milhões de euros, anuais, em boys, que coloca nos seus gabinetes, todos a ganhar mais de quatro e alguns, cinco mil euros mensais.

Prioridades.

28/07/2023

Zé Rainho