domingo, 28 de fevereiro de 2021

DISTRACÇÃO!

 

DISTRACÇÃO!

Devo andar distraído porque não li, nem ouvi, uma palavra do Governo Português, sobre a expulsão da diplomata da União Europeia, da Venezuela, que por acaso até é portuguesa.

Não li, nem ouvi, uma palavra da oposição com assento parlamentar sobre o mesmo assunto.

Casualmente, ou talvez não, Portugal desempenha, neste semestre, a presidência da União Europeia e também não ouvi um reparo da Presidência da União Europeia. Já houve uma situação caricata do representante diplomático europeu com a Rússia, também durante a presidência de Portugal da União Europeia e a Presidência fica muda e queda. Não há uma reacção, nem do Governo nem dos meios de escrutínio, nomeadamente dos meios de Comunicação Social, da sociedade civil, de ninguém.

O Diário de Notícias de hoje traz uma sondagem sobre a popularidade que apresenta o Presidente da República com 68% de opiniões positivas e 56% de aprovação ao primeiro-ministro. O Povo não anda só distraído, está anestesiado.

O País vive ligado às máquinas. Está nos cuidados intensivos. Desemprego, lay-off, falências em catadupa, economia parada, milhares de cirurgias por realizar e centenas de milhares de consultas adiadas, os mortos por covid e não covid são uma enormidade, não se passa nada.

As Instituições sociais caritativas, de onde destacamos a Cáritas por entrarmos na semana que lhe é dedicada, a solicitar mais e maior empenhamento e donativos, para suprir tantas carências, inclusive, alimentares.

Os mais de sete mil sem abrigo existentes no País que, ao invés de verem o seu número reduzido a cada ano o vêem aumentado, a ponto de o responsável estatal para a problemática já ter vindo a admitir que não será possível erradicar este flagelo nacional antes de 2030, como se dez anos, para esta gente que nada tem, não fosse uma eternidade.

Em contraponto as nomeações, sem qualquer tipo de concurso para funções públicas, nos gabinetes ministeriais são um maná para os apoiantes e seguidores do partido do governo, com salários e benesses negadas aos demais portugueses. Falamos apenas das nomeações oficiais, não sabemos o número de avenças ou contratos de prestação de serviços, por ajuste directo.

Como disse atrás parece que ando distraído e, eventualmente andamos todos, mas neste último ponto, quero concretizar com exemplos factuais: O primeiro-ministro tem 2 secretários de estado a trabalhar directamente com ele. São os secretários de estado adjunto e o secretário de estado dos assuntos parlamentares. Tem 1 chefe de gabinete, 10 assessores, 7 adjuntos, 3 técnicos especialistas, 7 secretárias pessoais – porventura é uma para cada dia da semana – 2 de apoio administrativo, 11 motoristas e 2 pessoal auxiliar. Apetece-me perguntar se os conhece a todos? Isto traduzido em dinheiro é uma pipa de massa. O Chefe de Gabinete ganha qualquer coisa como 5.706,03€ mensais; cada assessor ganha 4.548,47€ mensais; cada adjunto 3.988,36€; os técnicos especialistas 3.988,36€ cada; as secretárias 2.370,82€; os do apoio administrativo 1.752,85€; os motoristas 2.127,38€ e o pessoal auxiliar 1.134,98€. A estes vencimentos mensais brutos acresce o subsídio diário de refeição e eventuais ajudas de custo e respectivos descontos, é evidente.

Mas não fica por aqui. O secretário de estado adjunto também tem um chefe de gabinete que ganha 4.786,52€ mensais, com os acréscimos, que são comuns a todos os outros funcionários; 3 adjuntos com vencimento de 3.700,39€, 2 técnico especialista a ganhar também 3.700,39€, 2 secretária pessoal com 2.370,82€, 2 motoristas com 2.127,38€, 1 pessoal auxiliar 1.134,89€.

Já o secretário de estado dos assuntos parlamentares têm 1 chefe de gabinete, 4 adjuntos, 4 técnico especialista, 2 secretária pessoal, 2 de apoio técnico administrativo e 2 motoristas com vencimentos iguais.

E sobre todos estes assuntos ninguém fala. Ninguém se preocupa. Anda tudo muito distraído ou será que a sondagem faz a pergunta apenas a quem está escorada nas pessoas com os salários que acima se mencionaram? Porventura deve ser assim mesmo e eu é que dou importância aquilo que o não tem.

28/02/2021

Zé Rainho  

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

ESTADO D EMERGÊNCIA!

 

12º ESTADO DE EMERGÊNCIA!

Os diversos Estados de Emergência têm dado, ao Governo, a possibilidade de utilizar todas as medidas consideradas necessárias para fazer face à pandemia que nos assola.

Já o disse, mais do que uma vez, que sou contra a generalização desta prerrogativa constitucional. A figura do Estado de emergência deve estar reservada a situações, verdadeiramente, excepcionais de grande catástrofe, pelo menos esse é o espírito da Constituição da República Portuguesa.

Mesmo com estas condicionantes o Senhor Presidente da República tem respaldado, com os sucessivos decretos de estado de emergência, a exigência do Governo para que os problemas resultantes da pandemia sejam obviados e resolvidos.

Nem sempre o Governo tem utilizado este instrumento da melhor forma e da forma mais correcta. Na minha opinião tem havido extrapolação, para não dizer abusos, em muitas situações, que colidem, abertamente, com os direitos liberdades e garantias dos cidadãos. Vezes houve que o Governo solicitou o respaldo do Presidente da República e da Assembleia da República e depois regulamentou como muito bem lhe apeteceu. Um pequeno e singelo exemplo: no estado de emergência anterior tinha como pressuposto base a testagem massiva da população, nomeadamente em Escolas, Construção Civil e Empresas. Em vez de se aumentar a testagem, para se tornar massiva, reduziu-se a mesma, passando dos cerca de 75.000 testes diários, para menos de 30.000. Perante esta evidência o Governo diz que está a fazer um estudo para agilizar a testagem e com isto passaram-se quinze dias. Ora, segundo os técnicos, esta pandemia só pode ser atacada se for no início, caso contrário o seu crescimento é exponencial. Qualquer atraso significa o desastre, como aliás se viu. O pior país do mundo durante cerca de um mês.

O Decreto do Presidente da República para o 12º Estado de Emergência, desta vez, traz algumas novidades. Em vez de generalidades, que permitem roda livre ao governo, aponta metas, objectivos. Desta vez afirma-se, claramente, que é preciso “que sejam aumentadas as taxas de testagem” e “planear o desconfinamento por fases, com base nas recomendações dos peritos e em dados objectivos, como a matriz de risco, com mais testes e mais rastreio”.  

Não gosto, reafirmo, de Estados de Emergência, mas subordinado a parâmetros inultrapassáveis, já os aceito com maior benevolência. Espero que os Partidos Políticos com assento na Assembleia da República o aprovem com baias bem definidas, para não permitir que o Governo nos continue a proibir de tudo e mais alguma coisa e nos continue a enganar com promessas nunca cumpridas.

Espero, ansiosamente, que seja este o último estado de excepção, porque estou farto de que me coarctem as minhas liberdades individuais.

25/02/2021

Zé Rainho

 

LIBERDADE!

 

LIBERDADE!

Fez anteontem 34 anos que faleceu Zeca Afonso. Os mais novos não têm forma de saber a importância que este homem teve na minha pessoa e na maioria da juventude da minha geração, a nível musical. Era preciso ter contactos nos espaços de venda de discos para se poder comprar um disco do Zeca.

A música do Zeca era especial. Não devido à qualidade, que essa eu não tenho competência para avaliar, mas pelas letras cantadas. Pelo significado das palavras. Pela subtileza das mesmas. Tinha ainda mais dois ou três aspectos que nos aproximavam. A sua proveniência era beirã, muito próximo aqui do nosso burgo e residiu em localidades muito próximas de nós, nomeadamente o Fundão e Belmonte. Outra era o facto de ser um conhecedor e ter vivências de África tal como nós. Viveu em Silva Porto e Coimbra, onde também vivemos e, mais importante, a ânsia e a luta pela Liberdade.

Seguimos caminhos diferentes. Ele chegou a ligar-se ao PCP e esse foi o seu maior erro, quanto a mim. Eu na JOC, Juventude Operária Católica, em contacto com a luta, no terreno, por uma vida mais digna para todos os trabalhadores. Sem radicalismos, mas com propósitos e ideais firmes e objectivos.

Mas não quero, nem me sinto com capacidade para ser biógrafo do Zeca, apenas quero repescar para aqui o seu sentido humanista, a sua luta pela liberdade, o seu desencanto e o seu desalento.

Alturas houve em que Zeca lançava um disco e era, sistematicamente, preso a seguir. Tenho, comprados clandestinamente, a maior parte dos discos em vinil que o Zeca lançou. Conheço a maioria dos temas. Tenho pena de não os saber cantar. Mas ele cantava para alertar o povo para as injustiças. “Eles comem tudo e não deixam nada” é um grito de revolta.

Com este arrazoado quero prestar homenagem ao homem, ao músico, ao português, na data em que se assinala mais um aniversário da sua morte, porque esta é uma forma de contribuirmos para que continue a viver na memória colectiva. Mas, também, para lembrar uma das suas músicas onde ele cantava “NÃO ME OBRIGUEM A IR PARA A RUA GRITAR”, num paralelismo com aquilo que se vive no Portugal de hoje, muito parecido com o garrote do antigo regime.

Um pacifista nunca advoga e, muito menos pratica, a violência, mas não pode pactuar com o silêncio da injustiça.

A Pandemia trouxe para este país um governo eleito democraticamente que governa com tiques antidemocráticos.

O que acontece nos media de condicionamento de jornalistas que afrontam o governo é disso um exemplo cabal.

Há muitas medidas governamentais que são atentatórias aos direitos dos cidadãos. Os grupos de pressão e desinformação que pululam nas redes sociais ao serviço do Partido do Governo são autênticos exércitos de intimidação.

O Confinamento retira capacidade organizativa e de intervenção por parte do cidadão não enfeudado ao partido do poder. O trabalhador, pobre e desprotegido, sente-se ameaçado e não reage com medo das consequências. As empresas que não gravitem na orla do poder sentem-se cada vez mais asfixiadas com medidas castradoras e por sobrecarga de impostos.

Os bens essenciais, como os produtos petrolíferos, gasolina, gás e gasóleo, sobem para preços proibitivos sem que se esboce um desagrado.

Os bancos não param de aumentar as taxas e, na mesma proporção, de baixar os juros dos depósitos que estão no nível zero da remuneração.

O governo decide a seu belo prazer e sem qualquer tipo de escrutínio como delapida o dinheiro dos contribuintes, como é o caso da TAP, mas também em subsídios a organizações de carácter racista como a SOS racismo, ou na feitura de um lago na zona do pinhal interior, Pedrógão Grande, que não serve para nada, enquanto as populações que perderam tudo, ainda esperam pela reconstrução de suas casas, para não se falar na opacidade que existe quanto aos donativos do povo português em 2017, quando da tragédia.

Elencar todas as trapalhadas deste governo e dos seus titulares é tarefa gigantesca e que daria um volumoso livro. Desde o lítio aos comboios, dos aviões aos hospitais, dos incêndios à caça selvagem. Mas também da nomeação do homem de mão para o grupo europeu de combate à corrupção, ao marido da ministra a quem é entregue a gestão da coisa pública no porto de Sines, e à quantidade assustadora de nomeações de membros de família dos titulares de cargos públicos, numa atitude nepotismo insuportável, para não se falar na corrupção generalizada em todo o país desde o terreiro do paço às autarquias mais singelas. Mas estas bastam para se avaliar a prestação do actual governo.

Por isso estou como o Zeca: Não me obriguem a ir para a rua gritar!

25/02/2021

Zé Rainho

 

 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

MULHER!

 

MULHER!

Nos dias que correm, com o patrocínio de grupos com grande influência, na política e na comunicação social é arriscado fazer-se esta distinção, entre mulher e homem, devido à moda da “discriminação de género”, porém, nós ainda nos atrevemos, por convicção, a designar o género humano pelas suas duas espécies.

Não sendo dos que julgam as pessoas pelo seu nascimento, mas considerando-as pela sua conduta e mérito ou demérito, entendemos a Mulher como um Ser diferente e isso só tem enriquecido as diferentes sociedades em que se inserem.

A Mulher é mais sensível, mais emoção e, porventura, menos razão. Pelo facto de ter no seu gene a capacidade de gerar vida é mais protectora e mais disponível para o outro. A cultura e a educação fazem dela um suporte indispensável ao crescimento de sociedades construtivas, prósperas, solidárias, plenas de valores humanistas.

Se recuarmos no tempo vemos que o papel das mulheres se tem pautado por feitos extraordinários ainda que, quase sempre, na sombra e sem os holofotes dedicados aos homens. Lembremo-nos da Rainha Santa Isabel, que, com o seu carácter solidário, não se coibiu de desenvolver o seu sentido esmoler e de justiça, perante um marido e Rei austero. Mas também na luta por direitos como a Brites de Almeida - Padeira de Aljubarrota – ou a Maria da Fonte, na guerra da patuleia, duas mulheres do povo, que se ergueram em armas para defender a justiça e a liberdade.

Mas, se estas se foram da lei da morte libertando, como diria o nosso poeta maior – Luís de Camões – houve tantas mulheres, em Portugal e no Mundo, que foram e são exemplo de abnegação, fortaleza, sabedoria e de amor que, no anonimato, são faróis de cidadania, de bondade e de excelência. Cada um ou cada uma pense na sua própria mãe e terá o retrato de um heroísmo sem igual.

A História tem-nos apresentado a Mulher como um ser subalterno. A própria religião seguiu-lhe os passos, numa primeira fase, quando nos apresenta uma Eva pecadora e causa de todos os males do mundo. Porém, a mesma História e a mesma Religião, mais tarde, vem resgatar a Mulher dessa afronta. Desde logo, Nossa Senhora, mãe de Deus e nossa mãe, numa demonstração inequívoca de que não se chega ao Filho, Jesus Cristo, se ela não for mediadora, intercessora. Mas também Cleópatra, Helena de Tróia ou D. Maria I ou D. Filipa de Lencastre, para dar alguns exemplos.  Mas nós sabemos e sentimos que nos nossos dias continuamos a ter enormes, gigantes, magníficas mulheres no mundo e no nosso país.

Sabemos que a cultura Ocidental, onde nos inserimos, durante séculos reservou à mulher o papel, extremamente difícil e quase sempre de valor relativo, de ser boa mãe, extremosa esposa, dedicada dona de casa. Em outras culturas ainda é pior, porque a mulher nem sequer pode aparecer com a cara descoberta e o seu papel é pouco mais do que um elemento necessário à preservação da espécie, quando não, mesmo, de escrava sexual. Mas todos sabemos e sentimos que, mesmo contra todos os desígnios e toda a repressão, mais ou menos explícita, a mulher afirma-se pela positiva. Sem descurar o seu papel de mãe e de esposa apresenta-se nos diferentes palcos da vida como profissional de excelência, com capacidade, saber e resiliência capaz de se impor num mundo dominado por homens.

Basta olharmos para o panorama educacional e verificamos que a maioria dos licenciados são mulheres. Mas, se na educação é assim, no mundo empresarial e organizacional e político não lhe ficam atrás. Sendo menos, em quantidade, são mais, em qualidade. Lembramo-nos do número de médicas, de enfermeiras, de gestoras, de políticas e vem-nos à memória Maria de Lurdes Pintassilgo que foi a primeira mulher a desempenhar o cargo de primeiro-ministro de Portugal. Não esquecemos Leonor Beleza que foi ministra deste país e hoje dirige uma das melhores e mais prestigiadas Fundações nacionais, a Fundação Champalimaud ou Isabel Mota, que dirige a Fundação Gulbenkian, ou a Reitora da Universidade Católica, Isabel Capelo Gil, ou as várias ministras que estão actualmente no poder, desde a ministra da presidência, Mariana Vieira da Silva, à ministra da saúde, Marta temido, à ministra da agricultura, Maria do Céu Albuquerque, ou à ministra da Cultura, Graça Fonseca ou a ministra da Coesão Territorial, que até é beirã, Ana Abrunhosa, para falarmos no actual governo, mas podemos lembrar-nos de governos anteriores e de outras mulheres que desempenharam funções semelhantes mas que nos escusamos de nomear para não vos maçar.

Mas, também, não podemos esquecer aquelas mulheres que fizeram e fazem a diferença na sociedade de hoje, a quantidade de professoras dos diferentes graus de ensino, que são o esteio do conhecimento de que toda a sociedade beneficia.

Igualmente as investigadoras onde pontificam biólogas, químicas, virologistas, matemáticas, engenheiras, arquitectas e até uma informática portuguesa, que teve um papel relevante na odisseia da nave enviada, recentemente, para Marte com um êxito estrondoso.

E estas funções todas sem prejudicar o seu papel de mãe, de mulher, de companheira, de parceira na construção de um mundo melhor.

Terminamos lembrando todas aquelas mulheres que lutaram para trazer para a visibilidade, a igualdade, a liberdade e equidade nos direitos e nos deveres. Não querendo ser exaustivos lembramos apenas as mulheres de Chicago que lutaram por direitos iguais, no trabalho, salário e horário, mas também as sufragistas que lutaram pelo direito de voto, das quais destacamos a portuguesa, Carolina Beatriz Ângelo, ginecologista, natural da Guarda que, conseguiu depois de uma luta em Tribunal, adquirir o seu direito de voto para a Assembleia Constituinte de 1911.  

Viva a Mulher. Viva o 8 de Março o dia da Mulher.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

HISTÓRIAS!

 

HISTÓRIAS!

Nos últimos dias tenho lido bastantes opiniões emitidas por “historiadores” que não me podem deixar descansado, relativamente ao conhecimento da História.

Foi um tal Loff, outro Rosas, para não falar no, inefável Tavares, do Livre, todos eles assinam artigos de opinião, auto denominando-se historiadores.

Eu não percebo nada de nada sou, apenas, um curioso de tudo, mas faz-me muita confusão que opiniões pessoais façam História. Para ser mais objectivo, não aceito, como boa, esta tese.

A disciplina de História nem sempre foi considerada ciência, aliás, como todas as ciências humanas que, durante muitos anos, foram relegadas para planos secundários por políticos, governantes e até professores. Ciência eram a matemática, a física, a química e pouco mais. Um pouco dos resquícios da Idade Média, onde pontificava o método de ensino “TRIVIUN” e “QUADRIVIUN” englobando o primeiro, o desenvolvimento da mente e o último o conhecimento das coisas. Que o mesmo é dizer que o primeiro se referia ao ensino da retórica, da gramática e da lógica e o segundo ao ensino das artes das coisas, como a aritmética, a geometria e a astrologia. Mas, pelo que tenho lido e ouvido a gente que sabe alguma coisa, a História dos dias de hoje é uma ciência reputada, faz ciência, baseia-se em dados científicos, socorre-se das demais ciências para interpretar os factos, repito, os factos, que são o fundamental da própria História. A História não tem de ser boa nem tem de ser má é o que é, ponto final.

Mas parece que para alguns pseudo-historiadores – assim se intitulam – como os acima referidos e alguns outros que têm acolhimento nos meios de comunicação social escrita ou audiovisual, a História é aquilo que eles querem que seja a sua interpretação e não a realidade factual.

Vem isto a propósito de tomadas de posição e opiniões pessoais, daqueles senhores, sobre a morte do Tenente-Coronel, Marcelino da Mata, um negro, que só foi o mais condecorado dos militares do exército português de todos os tempos. Consideram que não foi herói nenhum, mas sim criminoso de guerra. Consideram que os seus feitos heróicos, ao serviço da Pátria Portuguesa foram crimes, enquanto as sevicias e torturas a que o mesmo e muitos outros, militares e civis, foram sujeitos pelas mãos dos revolucionários cobardes da Forças Armadas, ao serviço do MRPP, do PCP, como a FP25, e de outras forças, ao serviço da União Soviética, são para enaltecer, como serviço prestado à democracia. Para estes "opinadores" a tortura é boa se for praticada por eles e é má se for praticada por outros. Para mim a tortura é tortura, é crime, venha de quem vier.

De um País, em que os próprios órgãos de escrutínio de toda a sociedade, como é o caso da comunicação social, estão ao serviço de uma esquerda estalinista-maoista, o que é que as gerações vindouras podem esperar de construtivo? Como é que os alunos de hoje, que se interessam pela história do País e do Mundo hão-de estruturar o seu pensamento, com exemplos destes? Como é que a verdadeira, a autêntica História fica com tais “historiadores” “opinadores”? Continuará a ser ciência ou passará a ser política comentada?

18/02/2021

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

PRIORIDADES


Uma entrevista na RTP2, a um cientista e respectivo CEO da empresa de alta tecnologia portuguesa, sedeada em Cantanhede, veio demonstrar – como se nós não soubéssemos já? – as prioridades deste governo, para o País e para os portugueses, no seu todo.

Na circunstância está em causa o desenvolvimento de uma vacina para combater e, eventualmente, eliminar o vírus que nos destrói a vida, de diferentes formas, mas sempre, extremamente, penosas. Necessitam de um investimento de vinte milhões de euros, para que este projecto seja uma realidade, com resultados já no próximo ano. O Estado – não, o Governo – está mudo e quedo, como se nada se passasse. O que andarão a fazer os ministros da ciência e da economia? Por aí!

 Outros países e respectivos governos apoiaram o desenvolvimento da vacina que é a esperança de todos nós, que é escassa, cara – cerca de cem euros cada – e que será necessário tomar todos os anos, como a actual vacina da gripe, segundo se diz, ou dizem alguns cientistas, apesar de algumas vozes dissonantes. Também aqui não há consenso.

Na vacina portuguesa – vamos designá-la assim, com orgulho, porque o que é nacional é bom – os estudos apontam para uma única toma. Custará entre dois e dez euros cada uma. Já há um laboratório do Canadá, pronto para a fabricar e comercializar. O que é que falta ao Governo para apoiar este projecto científico? Não tem dinheiro? É falso. Dinheiro tem muito, pois já está garantido pelo ministro das finanças, que haverá mais quinhentos milhões de euros para entregar à TAP, depois de lá enterrar cerca de quatro mil milhões, outros cerca de quinhentos milhões – quatrocentos e oitenta, para ser mais exacto - para o Novo Banco. Perante esta enormidade de dinheiro enterrado em buracos negros o que são vinte milhões? São trocos.

Há escrutínio sobre estas disparidades, arbitrariedades, prioridades? Não. Nem das Instituições de controle e regulação e, muito menos, da oposição política e partidária. E vozes da sociedade civil, há alguma coisa? Não. E da Comunicação Social, do jornalismo há perguntas, levantam-se questões? Não, salvo raras e honrosas excepções.

E o povo votante! O que pensa? Pensa que está tudo bem e assim deve continuar pois as sondagens apontam para uma aprovação maioritária do partido responsável pelas várias bancarrotas e que nos vai conduzir ao abismo que os nossos filhos e netos terão de pagar com língua de palmo.

Quem se indigna? A classe média que cada vez é mais mínima, porque é ela que paga estes desvarios. Sim, porque os ricos não pagam e ainda vão buscar aquilo a que não têm direito e os pobres estão à espera que venha o subsidiozito que dê para as migas.

Que mal fizemos nós a Deus?

15/02/2021

Zé Rainho  

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

DESERTIFICAÇÃO!

 

DESERTIFICAÇÃO!

Utiliza-se este termo em contexto diverso, mas, no essencial, significa degradação, erosão, aridez, pobreza, logo, situação muito grave, preocupante, que urge remediar, sob pena de aumentar a calamidade inerente.

Normalmente associa-se ao solo e, ainda que nessa circunstância, seja de extrema relevância existe noutros contextos, igualmente importantes. A desertificação humana do interior do país é um exemplo cabal.

Há fenómenos que estão na origem das diferentes formas de desertificação. Alguns são externos e outros internos, mas todos, igualmente, nefastos.

No solo a escassez de água é uma causa directa, mas também a erosão provocada por tempestades, ventos, agricultura intensiva e outras, como causa indirecta, provoca o mesmo tipo de desertificação.

Na população, as condições de vida das famílias que impedem a natalidade, a emigração e imigração, a escassez de recursos, o egoísmo, o individualismo são condições externas e internas favoráveis à desertificação humana.

Na política, a aridez de ideias, a prepotência partidária, a confusão entre Estado e Partido, quando este se apropria, indevidamente, daquele, pondo ao serviço de uns, poucos, o que deveria ser de todos. A escassez de alternativa de governação, o monolitismo, o nepotismo, o compadrio, o silenciamento de vozes discordantes, o uso e abuso do que é público em proveito do grupo de apaniguados, o encarceramento da Justiça, que deixa de o ser, para passar a veículo de sustentação tentacular do poder. O aprisionamento da educação e da cultura a modelos monocolores de via única. A criação de batalhões de cães de fila, como tropa de combate à diferença e à insubmissão, a troco de benesses individuais, quase sempre traduzidas em pouco mais do que um prato de lentilhas, dados aos esfomeados. A promoção do caciquismo, como forma de perpetuação no poder, com recurso a estratégias de intimidação e coacção. O uso e abuso de terminologia cara ao populacho, como liberdade, igualdade, para enaltecer alguns e fascismo, nazismo, racismo, xenofobia para denegrir os outros, os que não pertencem ao clube.

Atente-se na verificação de absorção ávida, de qualquer pequena gota de orvalho, pelos terrenos sequiosos e desertificados. Faça-se o paralelismo para com as pessoas que se encontram nas periferias sociais, carenciadas de tudo. Também estas absorvem as migalhas que o poder lhes dá, em forma de esmola, em vez de reivindicaram uma vida com decência que, por direito humanitário, lhes deveria ser reconhecido.

Em Portugal vivemos um tempo de desertificação. Vivemos um tempo de uma democracia amputada onde o Direito é a lei do mais forte e o mais forte é o poder. O poder do Estado sobre o cidadão e o poder do dinheiro sobre toda a sociedade. Estão suspensas as liberdades fundamentais. Está silenciada a palavra do jornalista, do escritor, do crítico independente. Sobra a opinião do seguidista, da voz do dono, do bajulador, do sabujo, do rafeiro que se queda à espera da migalha que caia da mesa do opíparo banquete do senhor.

O País vive da propaganda e da desinformação. Do aproveitamento, indevido, de todos os recursos sem qualquer tipo de escrutínio. Perdeu Instituições de contrapoder. Desapareceram os defensores dos pobres e dos desprotegidos. Não há regulação nem fiscalização sobre a forma como se administra a coisa pública, porque se colocam os cúmplices em lugares-chave de decisão.

Temos um parlamento concentrado em casos e não em causas, com gente medíocre, sem valores, sem ética e sem moral, que se serve a si e não serve quem o elegeu. Que se entretém a discutir o sexo dos anjos em vez de ser Órgão de Fiscalização governativa.

Temos tribunais sem meios e sem condições de aplicarem, em tempo útil, a justiça que se impõe aos crimes de lesa pátria, deixando muitos dos crimes prescrever. Temos uma democracia assente em Partidos que secam tudo à sua volta, para que não haja alternância nem alternativa. Os beneficiários são sempre os mesmos e, assim, o país regride em vez de avançar.

Comprova-se tudo o que aqui se reitera com a última Lei que regulamenta as candidaturas independentes às autarquias que, em vez de facilitar a participação cívica dos cidadãos, lhes causa dificuldades com a burocracia acrescida.

Revela-se, na sanha raivosa, como elementos do partido do poder se atiraram à Presidente de uma Câmara do Norte do País que se atreveu a fazer críticas à forma como se está a desenvolver a vacinação no seu concelho.

A desertificação do solo, da política, da democracia, demográfica é palpável e não há quem deite a mão a isto. É pena. Nós, por aqui, procuraremos que as escassas gotas de orvalho sejam absorvidas antes de evaporarem.

10/02/2021

Zé Rainho

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

A LUA...

A LUA...


A lua quase cheia,

Prenhe de luminosidade,

Deixa um rasto na ameia,

De uma brilhante claridade.


O frio não lhe retira o brilho,

Já que o céu não está nublado,

E deixa antever um trilho,

Num amanhã muito molhado.


A sua luz é muito intensa,

Não nos deixa indiferente,

À beleza e à crença,

Deste quarto crescente.


Fora uma noite de Verão,

E espiaria os namorados,

Com o frio de um nevão,

Só se admira aos bocados.


A Lua lá nas alturas,

Tenta abraçar o Planeta,

Mas para as suas agruras,

Diz que tal seria uma treta.


Zé Rainho