sábado, 27 de junho de 2020

TRAIÇÃO


TRAIÇÃO!
Nada me causa mais repugnância que a traição. É um comportamento execrável e demonstra a baixeza de carácter de quem trai. Pior é, ainda, a reincidência. Neste caso é o vómito asqueroso, nojento, insuportável.
Isto é válido para todas as situações da vida. No trabalho, na relação conjugal, na relação social, na política, na religião, na amizade.
Há momentos em que a traição se manifesta com mais frequência e os caracteres mesquinhos e cobardes vêm ao de cima. Talvez por serem mais propícios ou mais perigosos, na óptica do traidor, já se vê. Em situação de guerra, por exemplo. O traidor, se em perigo, não se coíbe de denunciar companheiros, segredos, para salvar a putrefacta pele.
Outras situações são, igualmente, aproveitadas pelo traidor para consumar a sua traição. Quando a boa-fé de outrem os leve a julgar presa fácil, é outro bom exemplo. Mas há muitos mais.
Em comum há sempre duas condições basilares. A primeira é a falta de carácter, de princípios e de valores. A segunda é a cobardia e o desrespeito pelo outro ou por outrem.
Em época de pré-campanha eleitoral é frequente aparecerem os traidores, camaleões, desonestos com promessas de que desta vez é que vai ser. Que se estão a sacrificar em proveito do povo e por muita insistência e pressão das gentes a quem querem servir.
O traido/a cai na conversa porque, na sua boa-fé, julga que todo o ser humano tem direito a arrepender-se e a ser perdoado. Não há maior cego do que aquele que não quer ver e isso acontece com muito mais frequência do que seria desejável.
Neste desgraçado país destroçado pelos incêndios, pelo roubo de armas, pelo roubo do erário público, com condeções ou impunidades, os traidores, larápios e criminosos de toda a índole aproveitam esta época estival para lançarem as suas garras de ave de rapina para se sentarem à mesa do orçamento e continuarem a roubar o que é nosso. A falta de escrúpulos é tal que nem sequer têm em conta a memória dos seus concidadãos.
E não se diga que que tal é apanágio deste ou daquele partido, desta ou daquela organização, deste ou daquele dissidente, deste ou daquele independente.
Tenho para mim que quem se habitua a trair não olha a meios e aproveita todas as oportunidades para o fazer de novo, aos mesmos a ou outros, não importa. Está-lhe no sangue. Trai por índole. Por princípio e a todos sem olhar a quem. Os amigos, correlegionários, adversários e até cúmplices.
Se olharmos à nossa volta não precisamos de muita atenção para vermos, aqui e ali, os traidores a surgirem como cogumelos em época húmida.
Os traídos deixam-se ir e confiam, uma e outra vez, nestes abutres, escroques, cobardes, ladrões.
Assim é.
Zé Rainho

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Inconsciência


Inconsciência!!!

Não se conhecem os pormenores mas sabe-se, oficialmente, que há dois casos de covid-19 no concelho de Penamacor. Sabe-se, com um grau muito elevado de certeza que esses casos são da Meimoa. Especula-se que tais casos são de uns pais infectados pela filha, enfermeira, que veio de Lisboa depois de ter sido encerrado o serviço do IPO onde foram detectados vários casos positivos entre doentes e profissionais, local onde esta trabalha.
A mãe de família infectada é cancerosa ainda que não tenha muita idade. Anda na casa dos cinquenta anos. Certamente estará mais debilitada do que uma pessoa da sua idade cheia de saúde. A filha, enfermeira, não tem consciência desta fragilidade?
Para todos é muito difícil o período que estamos a viver. Nesta terra toda a gente mais nova teve de procurar outras geografias para fazer vida, já que aqui não há forma de se ganhar a vida ficando apenas os mais velhos. Logo, a ausência prolongada, de filhos e netos é extremamente dolorosa para todos. Para os próprios filhos e netos e, porventura, por menos capacidade de ultrapassar a saudade, para os pais e avós. É compreensível a ânsia de estar com os que mais amamos. A emoção dir-nos-ia que devíamos correr para os braços uns dos outros. A razão, o conhecimento científico impedem-nos de o fazermos porque o vírus é mortal, é muito contagioso e a ciência médica ainda não encontrou respostas mais adequadas do que aquelas que se traduzem no isolamento social.
Por tudo isto a atitude da jovem enfermeira só pode ser considerada irresponsável.
Oxalá não traga consequências, para já, inimagináveis, porque já trouxe algumas bastante preocupantes. Deixou de haver Missas em todo o concelho porque a senhora infectada almoçou com dois padres do nosso concelho no dia em que veio o resultado do teste e deu positivo. Os padres, de forma muito assisada, decidiram não celebrar missas no domingo já que o almoço decorreu no sábado.
A nossa população é extremamente envelhecida logo, muito vulnerável. Esperemos que a inconsciência de uma pessoa não se transforme numa tragédia para muitos.
Meimoa, 22 de Junho de 2020