segunda-feira, 4 de março de 2024

MULHER!

 MULHER! Nos dias que correm, com o patrocínio de grupos com grande influência, na política e na comunicação social é arriscado fazer-se esta distinção, entre mulher e homem, devido à moda da “discriminação de género”, porém, nós ainda nos atrevemos, por convicção, a designar o género humano pelas suas duas espécies. Não sendo dos que julgam as pessoas pelo seu nascimento, mas considerando-as pela sua conduta e mérito ou demérito, entendemos a Mulher como um Ser diferente e isso só tem enriquecido as diferentes sociedades em que se inserem. A Mulher é mais sensível, mais emoção e, porventura, menos razão. Pelo facto de ter no seu gene a capacidade de gerar vida é mais protectora e mais disponível para o outro. A cultura e a educação fazem dela um suporte indispensável ao crescimento de sociedades construtivas, prósperas, solidárias, plenas de valores humanistas. Se recuarmos no tempo vemos que o papel das mulheres se tem pautado por feitos extraordinários ainda que, quase sempre, na sombra e sem os holofotes dedicados aos homens. Lembremo-nos da Rainha Santa Isabel, que, com o seu carácter solidário, não se coibiu de desenvolver o seu sentido esmoler e de justiça, perante um marido e Rei austero. Mas também na luta por direitos como a Brites de Almeida - Padeira de Aljubarrota – ou a Maria da Fonte, na guerra da patuleia, duas mulheres do povo, que se ergueram em armas para defender a justiça e a liberdade. Mas, se estas se foram da lei da morte libertando, como diria o nosso poeta maior – Luís de Camões – houve tantas mulheres, em Portugal e no Mundo, que foram e são exemplo de abnegação, fortaleza, sabedoria e de amor que, no anonimato, são faróis de cidadania, de bondade e de excelência. Cada um ou cada uma pense na sua própria mãe e terá o retrato de um heroísmo sem igual. A História tem-nos apresentado a Mulher como um ser subalterno. A própria religião seguiu-lhe os passos, numa primeira fase, quando nos apresenta uma Eva pecadora e causa de todos os males do mundo. Porém, a mesma História e a mesma Religião, mais tarde, vem resgatar a Mulher dessa afronta. Desde logo, Nossa Senhora, mãe de Deus e nossa mãe, numa demonstração inequívoca de que não se chega ao Filho, Jesus Cristo, se ela não for mediadora, intercessora. Mas também Cleópatra, Helena de Tróia ou D. Maria I ou D. Filipa de Lencastre, para dar alguns exemplos. Mas nós sabemos e sentimos que nos nossos dias continuamos a ter enormes, gigantes, magníficas mulheres no mundo e no nosso país. Sabemos que a cultura Ocidental, onde nos inserimos, durante séculos reservou à mulher o papel, extremamente difícil e quase sempre de valor relativo, de ser boa mãe, extremosa esposa, dedicada dona de casa. Em outras culturas ainda é pior, porque a mulher nem sequer pode aparecer com a cara descoberta e o seu papel é pouco mais do que um elemento necessário à preservação da espécie, quando não, mesmo, de escrava sexual. Mas todos sabemos e sentimos que, mesmo contra todos os desígnios e toda a repressão, mais ou menos explícita, a mulher afirma-se pela positiva. Sem descurar o seu papel de mãe e de esposa apresenta-se nos diferentes palcos da vida como profissional de excelência, com capacidade, saber e resiliência capaz de se impor num mundo dominado por homens. Basta olharmos para o panorama educacional e verificamos que a maioria dos licenciados são mulheres. Mas, se na educação é assim, no mundo empresarial e organizacional e político não lhe ficam atrás. Sendo menos, em quantidade, são mais, em qualidade. Lembramo-nos do número de médicas, de enfermeiras, de gestoras, de políticas e vem-nos à memória Maria de Lurdes Pintassilgo que foi a primeira mulher a desempenhar o cargo de primeiro-ministro de Portugal. Não esquecemos Leonor Beleza que foi ministra deste país e hoje dirige uma das melhores e mais prestigiadas Fundações nacionais, a Fundação Champalimaud ou Isabel Mota, que dirige a Fundação Gulbenkian, ou a Reitora da Universidade Católica, Isabel Capelo Gil, ou as várias ministras que estão actualmente no poder, desde a ministra da presidência, Mariana Vieira da Silva, à ministra da saúde, Marta Temido, à ministra da agricultura, Maria do Céu Antunes , ou à ministra da Cultura, Graça Fonseca ou a ministra da Coesão Territorial, que até é beirã, Ana Abrunhosa, para falarmos no actual governo, mas podemos lembrar-nos de governos anteriores e de outras mulheres que desempenharam funções semelhantes mas que nos escusamos de nomear para não vos maçar. Mas, também, não podemos esquecer aquelas mulheres que fizeram e fazem a diferença na sociedade de hoje, a quantidade de professoras dos diferentes graus de ensino, que são o esteio do conhecimento de que toda a sociedade beneficia. Igualmente as investigadoras onde pontificam biólogas, químicas, virologistas, matemáticas, engenheiras, arquitectas e até uma informática portuguesa, que teve um papel relevante na odisseia da nave enviada, recentemente, para Marte com um êxito estrondoso. E estas funções todas sem prejudicar o seu papel de mãe, de mulher, de companheira, de parceira na construção de um mundo melhor. Terminamos lembrando todas aquelas mulheres que lutaram para trazer para a visibilidade, a igualdade, a liberdade e equidade nos direitos e nos deveres. Não querendo ser exaustivos lembramos apenas as mulheres de Chicago que lutaram por direitos iguais, no trabalho, salário e horário, mas também as sufragistas que lutaram pelo direito de voto, das quais destacamos a portuguesa, Carolina Beatriz Ângelo, ginecologista, natural da Guarda que, conseguiu depois de uma luta em Tribunal, adquirir o seu direito de voto para a Assembleia Constituinte de 1911. Viva a Mulher. Viva o 8 de Março o dia da Mulher.