segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Luanda

Por mão amiga chegaram-me à mão algumas fotografias da Cidade que me viu crescer e fazer homem. Tais imagens percorrem as décadas de cinquenta, sessenta e setenta do século passado. E como foi gratificante recordar! Foi como se recuasse no tempo meio século. É muito tempo. Mas mesmo assim afloraram à minha memória vivências, amizades, locais, costumes, rotinas e muitas outras coisas que formam um todo de saudade e nostalgia.
Desde o Restauração, cinema onde vi o primeiro filme da minha vida, ao Liceu salvador Correia de Sá e Benevides onde dei os primeiros passos no Conhecimento, a nível secundário, passando pelas praias de uma água cálida, cristalina e transparente, até à rua onde vivi e o edifício onde trabalhei.
Imaginem lá que impacto teve na minha mente tal conjunto de fotografias. Ainda não estou em mim. Só me vem à lembrança aquela canção do Duo Ouro Negro: "Luanda está Linda". Tenho dúvidas que ainda esteja linda, mas era uma fabulosa cidade, onde era muito gratificante viver. E eu tive o privilégio de lá crescer e viver. Graças a Deus. 

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Aos amigos

Imagem retirada da Net


Como uma torrente de águas cristalinas
Têm aparecido na minha vida, almas puras,
Corações repletos de ternuras.
Tenho recebido muito carinho, estimação,
De pessoas boas, manifestação,
Atitudes de amizade, doação,
De reconhecimento e compreensão.
A todos quero daqui endereçar,
O meu apreço a minha admiração,
O meu respeito, a minha dedicação.
Hoje, amanhã e sempre,
Estarei aqui disponível,
Para ouvir, escutar,
Mas também para fazer, actuar,
Em prol de todos e de mim,
Construindo, alimentando, assim,
Este edifício que só espíritos altruístas,
Conseguem sentir e vislumbrar,
P'ra além do umbigo pouco sensível. 
Por isso, meus seguidores, meus amigos,
Lembrem-se, em dias de perigos,
Que podem contar com um ombro,
Um abraço, um beijo, um afago, uma palavra,
Que alivie, ou minimize, quaisquer castigos.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Homenagem aos poetas

Queria eu, um dia, ser poeta.
Aprender com Gedeão,
Alegre, Sophia, Ary, Natália,
Florbela, Bocage, Camões, Pessoa,
Vinicius, Erasmo, Silviah,
Ibel, JB, AC, Arnoldo, Em@
E tantos outros,
Que com seus poemas, 
Da lei da morte se libertam.

Mas, falta-me talento e musas,
Esqueço-me da inspiração.
O saber é escasso, a palavra emperra,
Fica atravessada na garganta,
O cérebro nega a actuação,
Da mão que tecla ou escreve.

Mas se um dia conseguir
Com coerência e utilidade,
Alinhavar ideias,
Transmitir sentimentos, emoções,
Espero que possa ser um hino
Ao amor, à ternura, ao carinho,
Mas, sobretudo, à arte, à poesia e à Liberdade. 

sábado, 22 de janeiro de 2011

Reflexão

Hoje, constitucionalmente, é considerado um dia de reflexão para o dia das eleições. Estou a cumprir o preceito.
Mas vagueando pelas ruelas da minha aldeia, com calçadas manhosas, de paralelos de granito pouco apurados, geometricamente, escurecidos pelo tempo, dou por mim a olhar, inadvertidamente, para uma distância que vai para lá dos 20 metros e vejo uma coisa espantosa. Uma espécie de relvado, muito verde e miudinho, que se eleva acima das pedras.
Não era suposto que nascesse erva na calçada, penso eu. E como é dia de reflexão também dei por mim a cogitar: - Porque será que isto acontece? A calçada foi assente em terra? Olhei melhor e vi que não. Era areia a sua base. Logo, se a lógica não falha, não deveria haver erva. Aqui está um imbróglio. Então como aparece um relvado, não muito espesso, é um facto, mas um relvado. E continuo a reflectir. Se não era suposto nascer erva na calçada porque é que a rua mais parece um relvado do que uma verdadeira rua?
Depois de muito matutar cheguei lá. Eureka! Descobri. Nas ruas não passa gente. Nem a pé, nem de carro, nem animais. Está descoberto o segredo. Esta aldeia, que já teve 3.000 fogos, hoje não tem ninguém. Ninguém, não é bem verdade. Tem velhos que não podem sair de casa e jovens que passam a semana fora para estudar ou ganhar o seu sustento. 
Mas isso - dirão os sociólogos - é fruto da desertificação. Concordo, mas acrescento: - É fruto do abandono do mundo rural, que uma classe política imbecilizada, não viu ou não quis ver. Depois falam de crise, cortam nos salários dos funcionários públicos, e mantém o TGV do Poceirão ao Caia. E os campos que poderiam dar uma grande ajuda na redução das importações em produtos alimentares, enchem-se de silvas e ervas daninhas. Não se produz nada.
Talvez seja isto que eles querem e que nós merecemos! 

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A Humildade do Ser!

Trás-os-Montes


As sucessivas serranias que no céu parecem tocar,
De tons de azul, mescladas, na linha do horizonte.
Trazem aos espíritos inquietos,
Paz, serena e tranquila, que mata a sede, na fonte.

Fonte de água pura, fresca, cristalina,
Qu'em tarde de canícula suarenta.
Sacia e refresca o viajante,
Incutindo-lhe que é, apenas, Ser insignifcante.

Perante a grandeza dos Montes
E a beleza do Sol-Pôr.
O Homem dono e senhor,
Não passa de pigmeu d' horizontes.

Talvez seja propositado,
Que assim o Criador,
Leve o Ser por Si criado,
A louvar e bem-dizer o seu Senhor.

Na imensidão qu'a vista alcança
A gente vive, sente, a esperança,
De atingir a plenitude,
Do ambiente em mudança.

O mar na sua força e pujança,
É, aos olhos bem abertos,
Igual aos montes desertos,
Imenso, forte, revolto e de bonança.

Assim também seja a vida do humilde ser humano,
Que apesar da pequenez,
Tem momentos de altivez,
Capaz de dominar a tormenta, de toda a sua pujança.

Se Deus foi Criador, à Sua Imagem e Semelhança,
Do Homem seu seguidor.
Deu-lhe a força e a inteligência,
P'ra na Terra ser maior, qu'os elementos, em mudança.

Por vezes o Homem esquece as suas limitações,
Contraria todo o desígnio.
Não respeita deveres, obrigações,
De manter com a Natureza, uma certa temperança.



terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Haverá remédio?

A maldicência nacional parece fazer parte do quotidiano das pessoas. Veja-se a Campanha Eleitoral para a eleição do mais Alto Magistrado da Nação. Não vamos eleger um qualquer presidente de Junta de Freguesia, por maior respeito que o cargo nos mereça, vamos eleger o representante máximo de todos os portugueses. E ao que assistimos: - ataques pessoais soezes. Campanhas difamatórias. Membros do Governo a entrar na disputa eleitoral, esquecendo que no próximo dia 24 poderão ter de lidar com a pessoa que ofenderam. O que é que esta gente pensa? Vemos um Ministro que até é inteligente e conhecedor a fazer o papel, rídiculo, de caceteiro-mor ao serviço Partidário. Mas o que é que este homem está a fazer? Ou será que não pensa e é, apenas, um lacaio? Como é que gente que, na sua profissão, até era respeitada, vai para o Parlamento e/ou para o Governo e passa a ser uma aberração de gente? É triste.  Falo deste porque o considero inteligente e tem uma profissão que exerceu bem. Porque muitos outros não merecem referência por não serem inteligentes, nem conhecedores e, muito menos, terem exercido qualquer profissão, que não a política.
Não se vê ou ouve uma ideia para o futuro de Portugal. Para dar esperança aos jovens. Nada de nada. Nem sequer se tem em conta a classe dos Nem; Nem; (nem estudam, nem trabalham). Uma classe de gente que está a perder os melhores anos da vida (entre os 20 e os 35 anos) e nos quais poderiam produzir muito do que faz falta ao País.
Não há na Política Nacional uma ideia mensurável que possa ser avaliada. Lê-se o Diário da República e vê-se plasmado um conjunto de 97 medidas para a igualdade de género, por exemplo. Não há uma referência ao tempo, à forma, ao modo como é que tais medidas vão ser postas em prática. Não é possível descortinar nada de concreto. É uma retórica sofista, de outros tempos, mas rasca. Sem o aliciante da erudição. Hoje é tudo rasteiro.
Como é que podemos ser respeitados pela Comunidade Internacional se não nos respeitamos a nós próprios, dentro da nossa própria casa?
Quem me dera que acabe depressa a Campanha Eleitoral, para desenjoar e manter a minha sanidade mental, caso contrário, ou me alheio da Comunicação Social toda, ou dou em doido.

sábado, 15 de janeiro de 2011

FMI

Vem aí o FMI!
Talvez sim, talvez não.
O que isto significa p'ra o comum cidadão?
O cinto mais apertado,
A pobreza a aumentar,
E o Povo alienado.

Descrente e descontente por não ter, em casa, pão,
Vendo ao redor os mandantes
A roubar, a extorquir, a viver como nababos,
Como se fossem donos e senhores,
Da terra, do mar, da vida de seres andantes,
Que labutam dia-a-dia, para viverem endividados.

Depois na Televisão,
Aparecem uns senhores, bem vestidos e fardados,
Com ar muito solene e alguma arrogância,
Apontar aos pobres seres, que devem estar calados,
Pois o saber dos senhores vale mais qu'a ignorância,
Dos que trabalham e lutam, para manter sua jactância.

Se estes aldrabões, armados em governantes,
Pensam que o Povo é jumento, esperem, chegará o tempo,
Em que por serem relevantes, os sofrimentos impostos,
Apenas aos que produzem  para a gente, alimento,
A revolta, inevitável, eminente, estará a postos,
Para derrubar tais tratantes.

Procissão



Imagem tirada daqui...

Lembrando o Vilaret saudoso,
Vem à mente a procissão,
Na aldeia, rústica, de tradição,
Sente-se que pode ser auspicioso.

As crianças que representam,
Os pastorinhos de outrora,
São aquelas que nos alentam,
E nos prometem nova aurora.

É sentida a beleza, até certa ternura
Da vida simples, singela,
De gente que na sua candura
Tem da vida muita agrura

De trabalho, luta e trela
Do Poder bruto, insensato 
Que na balança põe no prato
O número de votos grandela.

Esquece o mundo rural
De grande necessidade
Para a gente obter saciedade
De todo o fundamental.

Talvel um dia se lembrem, aqueles, cujo lema,
Se restringe à facilidade,
Dos espaços só vislumbrar,
A maior futilidade.

Na altura pode ser tarde,
E não seja muito plausível
Voltar atrás, e ver que arde
Tudo aquilo que é perecível

   




quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Notícia Bombástica!!!???

Hoje, não há jornal, panfleto, rádio, televisão e Internet que não fale do "sucesso" do leilão da dívida pública soberana. Não há Ministro ou Responsável Político, que não se congratule com o facto.
Não quero maçar os meus seguidores com o significado de DIVIDA PÚBLICA SOBERANA. Mas também não quero deixar de fazer algumas analogias.
Dou por mim a pensar: - os meus neurónios estão preguiçosos, não funcionam.
Então será sucesso vender os anéis para só ficarem os dedos?
Noutros tempos, as famílias e os Estados, só efectuavam estas operações quando estavam em agonia profunda. Em dor lancinante. Em risco de fome ou de morte  de si próprio ou de algum familiar. Numa palavra: em caso extremo. E faziam-no em sofrimento. Em desespero. Em tristeza. Envergonhados. Nunca foi considerado um sucesso, mas sim, uma perda. Um mal menor.
Parece que hoje é tudo ao contrário. Alteraram-se os Valores. Aliena-se o Património Herdado ou Conquistado com uma ligeireza que assusta. 
Quem de nós, que tem filhos e netos, não procura, com gana, esforço, trabalho, dedicação, empenhamento, inovação, deixar-lhes em herança, ou mesmo em vida, mais do que recebeu de seus progenitores?
Será que o Mundo se virou do avesso e eu não dei conta e ainda vivo no início da era Industrial?
Tenho, apenas, uma certeza Socrática Grega: "Só sei que nada sei".

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Sentimento de descrença!

Cheias no Paquistão
Fotografia tirada da Net

Pensando na vida, no dia que passa,
Nas circunstâncias, na gente,
Na paisagem, na cor, no pássaro, que esvoaça
Na terra molhada, pela chuva insistente,
Traz-nos ao espírito um desejo ardente,
De unirmos nosso coração ao ensejo que perpassa,
Pela mente e sentir de alguém indigente,
Por falta de oportunidade e de igualdade,
Na nascença, no lugar, no espaço, na mente,
 No País, na Nação e tempo que passa.

A falta de carácter e nobreza,
De quem domina e dirige os destinos,
De pessoas, que se arrastam na pobreza,
Faz que o nosso coração, alma, intestinos,
Se revolvam, lutem, emaranhem, estranheza.
Já que o Criador nos fez iguais e irmãos,
E não carrascos ou exploradores da presteza,
De quem de si, apenas, tem a tristeza,
Da origem e a desdita de nascer,
Numa terra em que o Ter é mais que o Ser. 

Os dias passam, esvai-se a esperança,
Num futuro onde o jovem e a criança,
Vislumbre espaço, oportunidade e condição,
De vir a ser alguém, com querer, opinião.
Para que a vida seja menos madrasta,
Gravosa, triste, miserável e gasta.
Mais amantíssima e carinhosa mãe,
Não só para alguns, mas para todos,
De forma a que o homem pederasta,
Não continue a humilhar o seu irmão.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Dia de Reis

P2280013.JPG
Imagem tirada da Net


Comemora-se hoje o dia dos Sábios Magos. Não se sabe se eram, verdadeiramente, Reis, sabe-se que eram Sábios, Conhecedores e, sobretudo, Crentes.
Acreditaram no anúncio, através da Estrela, do nascimento de Alguém, que transformaria o modo de pensar e agir, de toda a humanidade.
Os seguidores desse Ser Superior, que nasceu para salvar todos os Homens, nem sempre seguiram a sua doutrina, os seus preceitos. Porém, parece-me indiscutível, que foi uma Personagem que, não só marcou a sua época, como se perpetuou ao longo dos dois últimos milénios.
Cá na terra havia uma tradição - que já não é o que era - a que se chamava as Janeiras ou o Canto dos Reis. E isso servia para unir as pessoas. Para dar visibilidade à solidariedade. Para a convivência social, harmoniosa. E cantava-se com música melodiosa e estrofes, mais ou menos, adaptadas à circunstância e à casa visitada. Aqui vão algumas dessas estrofes:

Levante-se lá Senhora
Desse seu rico assento,
Venha-nos dar as Janeiras
Que estamos aqui ao vento

Refrão...
Passarinhos que alegres cantam,
Cantam de noite e de dia,
Entoando em altas vozes
A pureza de Maria, a pureza de Maria.

De quem era o chapéu preto
Que estava dependurado
Era do Senhor Manuel (qualquer outro nome)
Que Deus o faça um cravo.

Refrão e por aí adiante...

Levante-se lá Senhora
Desse banco de cortiça,
Venha-nos dar as Janeiras,
Ou morcela ou chouriça.

Havia, um sem fim de quadras, e sempre umas dádivas que serviam para elaborar uma Ceia, entre os cantadores e cantadeiras, no fim da qual os participantes se passavam a tratar, por compadres ou comadres.
Hoje, só alguns jovens fazem o périplo pela aldeia. Com músicas totalmente diferentes e com o único objectivo: angariar dinheiro para irem, na semana da Páscoa, para Espanha divertir-se e, infelizmente, fazerem algumas asneiras trágicas. Lembremo-nos da rapaz de Lamego, o ano passado, que morreu, na flor da idade, por causa de alguns excessos.
Oxalá pudéssemos assistir de novo ao Canto das Janeiras de outros tempos!

sábado, 1 de janeiro de 2011

Ano Novo 2011

Início e fim, complementaridade,
Será sempre assim, queira-se ou não.
Começo ou final, ansiedade,
Talvez por ser assim é emoção.

Horas, dias, anos, momentos,
Têm sempre o seu início, o seu final,
Sem racionalidade nem intenção.
A vida é assim, nos sentimentos.

Anseia-se o fim do ano, do sofrimento,
Espera-se do Ano Novo, alteração.
Porque se necessita esquecer o mau momento.

O Ano Novo, diferente. Melhor, pior, salvação.
Mas, afinal, é mais um dia que passa, um instante,
P'ra no último dia se repetir o ritual.