De crise em crise vai, andando, Portugal.
Nação valente e imortal, muitos séculos de História.
Com conquistas, derrotas e vitórias.
Uniões de conveniência,
Para a sobrevivência da Coroa e do Reino.
Através da sucessão do primogénito varão.
Da Europa a mais antiga, Nação
Vivia obstinada, com as regras da sucessão.
A morte prematura do desejado, D. Sebastião,
Teve de ser seu substituto, o velho tio, Cardeal,
Ainda que normal, não seria a solução.
Numa hierarquia definida, qual pirâmide invertida.
O Clero, Nobreza e o Povo.
Um a abençoar, outro a mandar o último a aceitar.
Por razões invariáveis e ainda insondáveis,
Chega sempre, um dia que, obedecer
Se torna insuportável e faz aparecer,
Raivas incontroláveis.
Quando um Filipe Castelhano,
Veio a assumir como soberano,
O reino de Portugal.
Foi assim por sessenta anos,
Com esperança e desenganos,
Até que o povo se fartou.
De ver o que já se adivinhava,
E tinha de acontecer,
Enriquecia Castela,
Portugal a empobrecer.
O País deixou de o ser,
E, a governação de Castela, aliada.
Na tarefa obstinada, de uma só penada,
Explorar, vender, património e o Ultramar.
Até ao pobre Povo, sofredor, subjugar.
Ninguém aguenta por muito tempo,
Tanto e tão grande sofrimento e daí o desalento,
Que leva ao levantamento e as armas usar.
Em vésperas de Natal, lá vão os vendidos,
Como se fossem validos,
Para a Corte vencedora,
Com mordomias recebidos.
Na regência e no comando foi ficando,
A duquesa de Mântua e seu protegido.
Foi então que quarenta patriotas, fartos dos agiotas,
Resolveram de uma vez, acabar com a altivez,
De quem se julga dono e senhor,
Doutro povo que, com fervor,
Não aceitava a aleivosia, e menos a teimosia,
De quem a desfaçatez, raiava a heresia.
O palácio assumiram, prendendo a duquesa,
Matando, o déspota, valido.
E na varanda proclamaram, no dia um de Dezembro,
De mil seiscentos e quarenta,
De novo a Independência, desse Portugal sofrido.
Tiveram de convencer um Nobre indeciso,
Seu nome D. João, descendente dos Braganças,
P'ra assumir a liderança, da Nação que se erguia,
Sobre a ruínas construía, dignidade e esperança,
De voltar a ser quem era, mesmo na sua inconstância.
O novo Rei democrata, resolve naquela data,
Pedir aos súbditos opinião, sobre os desígnios da Nação,
Perguntando coisas simples: Se queriam ser portugueses,
E à Senhora da Conceição adorada,
Prestar desde ai a vassalagem,
À mãe de Jesus, Deus, que em Vila Viçosa, morava.
E em mil seiscentos e quarenta e seis
Obedecendo aos resultados,
Do plesbicito efectuado,
Ali foi depositar a sua coroa real.
E, doravante, em Portugal,
Jamais, rei algum, teve o símbolo usual.
Ficou para sempre, a coroa,
Na cabeça imaculada,
Da Rainha imortal.
Nossa Senhora da Conceição,
De Vila Viçosa "caleada",
Padroeira de Portugal.