quarta-feira, 28 de outubro de 2020

LISBOA!

 

A Lisboa das vielas,

Onde a brejeira rapariga,

Entoa uma cantiga,

Trinada à luz das velas.

 

Rapariga cantadeira,

Com a sua voz de encantar,

Deixa uma auréola ao passar,

Para os lados da Ribeira.

 

Logo o Chico do Cachené,

Se acerca da cantadeira,

Com a sua brincadeira,

Não a deixa nem larga o pé.

 

A rapariga com seu ar magoado,

Não lhe dá troco nem resposta,

Porque sabe que a sua aposta,

É, apenas, para cantar o fado.

 

Não há amor nem paixão,

Na abordagem do Chico,

Apenas um namorico,

Sem compromisso do coração.

 

Assim aparece o fado,

Cantado ao gemer da guitarra,

Com melodia, mas sem garra,

Porque é um fado triste, magoado.

 

Um fado da desgraçadinha,

Que se deixou enganar,

Pelo ar gingão do bem falar,

Deste típico alfacinha.

 

Chora, amargurada, a cantadeira,

Por ter deixado que o malvado,

A levasse a cantar o fado,

Triste, que não é a sua maneira.

 

 

 

COISAS DO FACE...

 

O Face ficou louco,

Anda a dizer, um pouco

Por todo o lado e gente,

Que este ano foi refulgente.

 

Mesmo espectacular,

Tal é de espantar,

Se a crise continua forte,

As carências sem norte.

 

Então, em que foi espectacular?

Se necessidades basilares,

Foram cada vez mais e maiores,

 

Para muitos portugueses menores,

Que não são elites nem malabares,

Da política da Banca e do lupanar.

 

 

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

O POETA

 


O poeta é taciturno e humorista.

É sensível, inquieto, um artista

Que joga co’ a palavra, malabarista,

Dos sentidos, não há quem resista,

A um poema como a uma pintura,

Como a um retrato ou escultura,

Natureza morta ou, apenas, madura,

Paisagem álacre ou mesmo escura.

 

O poeta olha para o papel como o pintor,

Olha para a tela e para a tinta de cor,

Para o desbaste que faz o escultor,

Em pedra bruta sem qualquer valor,

Que depois de tirado o material sobrante

Aparece aos olhos de todo o visitante,

Como pérola esculpida, estonteante,

Com brilho próprio, esvoaçante.

 

O poeta trabalha a palavra com doçura.

Retrata sentimentos como a loucura,

Como se fossem delírios de brandura,

De quem quer demonstrar candura,

Na abordagem de amor, ódio, desespero

De momento tão vibrante como o medo,

Dum suplício imerecido tão duro e quedo,

Que mais valia ficar sempre no segredo.

 

O poeta quer dar voz ao sentimento,

A toda hora e a todo o momento,

Para que não haja forma de lamento,

Que ele não traduza seu sofrimento.

Leva o leitor ao pavor do sortilégio

Como se tivesse poder, mesmo régio

De tudo decidir, com seu privilégio

De um deus menor mas um génio.

 

O poeta vive o seu momento instado,

A escrever para quem está abalado,

Pela dor de sofrer em silêncio, calado,

As agruras de uma vida de desbragado.

Para suavizar toda a árdua tensão,

Que sofre qualquer simples coração

Abandonado, à sua mísera solidão

De não ter quem lhe estenda a mão.

 

Estado de alma!

 


 

 

Sinto o peito a arder de ansiedade.

Almejo, no amanhã, serenidade,

Já que hoje a luta contra o inevitável,

É dia pr'a esquecer, tal a crueldade.

 

Armadilha do destino, ou apenas, sobressalto?

Que me tornará mais forte pr'a enfrentar,

Os escolhos de uma vida inolvidável,

Que fará mais firme meu caminhar. 

 

Vamos lá ter esperança em dias melhores,

Em momentos de crença e bonança.

Porque a dor, o sofrimento, reforça,

A postura de um homem de confiança.

 

Se a vida é feita de contratempos,

Precisa de ser olhada de frente,

Vivendo, com coragem, os momentos,

 

Felizes e, também, os dolorosos, da mente,

Para que os dias não sejam tormentos,

E possam ser de Fé, vividos alegremente. 

 

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

EDUCAÇÃO!

 


Num mundo dinâmico, em movimento, uma sociedade que não avança recua. É dos livros e da experiência vivida. Os exemplos históricos estão aí para provar uma coisa que toda a gente vê.

Por isso se assiste, nas empresas mais inovadoras, a uma constante investigação para a descoberta de coisas novas ou, pelo menos, de melhoria das ferramentas, máquinas, utensílios e acessórios que satisfaçam as exigências cada vez maiores e mais sofisticadas do mercado.

Ora, jamais haverá desenvolvimento, inovação, bem-estar, sem educação. É este o vector que muda o mundo. É a educação que promove a produtividade, que desenvolve a consciência do ser, que permite a convivência pacífica entre os povos. Se falhar este pilar social falha tudo o demais.

Pode dizer-se que houve um tempo em que não havia escola e que a vida lá se foi desenrolando porque havia família e esta transmitia valores e saberes. É verdade. Mas é apenas uma parte dessa verdade. Se tudo fosse assim tão linear não teria sido necessário inventar a escola, não acham? Porém, como a necessidade aguça o engenho, lá foi inventada a Escola para transmitir Conhecimento e, mais do que isso, para abrir horizontes para a procura de novos saberes mesmo depois da frequência da escola. Por alguma razão as empresas preferem trabalhadores abertos à inovação, disponíveis para novas aprendizagens e, por isso, recrutam os mais habilitados academicamente.

Isto tudo para dizer que o nosso País está a esquecer-se deste pilar social. Já hoje nos confrontamos com falta de professores e, para agravar a situação, não há candidatos a exercer essa profissão.

Por mais falácias que existam uma coisa é certa: sem professores não há educação, sem educação não há desenvolvimento, sem educação não há paz.

Sem professores não haverá médicos. Não haverá juízes. Não haverá engenheiros. Não haverá tudo o resto. Se não houver médicos não há hospitais e não haverá saúde. Sem juízes não haverá justiça nem equidade. Sem engenheiros não haverá pontes nem comunicações.

Concluindo, sem professores será o caos e a degradação social. O regresso à barbárie. 

Então por que não há professores? Pergunta legítima e sensata. Porque se desvalorizou a profissão. Porque se desprestigiou a pessoa do professor. Porque se ofendeu a sua integridade física e mental. Porque se lhes paga mal e lhes ofusca o futuro com colocações saltimbanco. Porque, em jovem, não pode constituir família e, sobretudo, porque se desrespeitou a profissão.

Os governantes não estão preocupados por que só governam para o limite temporário de quatro anos e querem votos. Quem vier atrás que feche a porta. Mas a factura vai ser pesada e quem a vai pagar não são os que fizeram a despesa e isso é uma imensa injustiça.

11/10/20

Zé Rainho

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

O LAMAÇAL!

 

O LAMAÇAL!

Os poucos jornalistas dignos desse nome em Portugal, que honram a profissão e não têm medo de afrontar o poder, por que foi para isso que escolheram a profissão e, tal como missionários, não medem consequências mas arriscam tudo, incluindo a vida, para estar junto da notícia e junto dos seus leitores, não se cansam de afirmar que vivemos num lamaçal onde o lodo é tão profundo que, por mais que se procure limpar aparece sempre mais e mais fundo.

O Cidadão comum que veja, não olhe apenas, veja com olhos de ver apercebe-se da podridão ao mais alto nível dos diferentes poderes existentes constitucionalmente. O compadrio, o nepotismo, o caciquismo local, regional e nacional estão de tal modo instalado no Estado que é, quase impossível distinguir onde pára a seriedade, o rigor, a justiça, a equidade.

A partidarização da vida pública é avassaladora e, igualmente, assustadora. A substituição do mérito e da competência pela filiação ou simpatia partidária é visível a olho nu em todos os Organismos públicos. As nomeações para lugares desnecessárias designados por assessorias são mais que muitas. Dizemos desnecessárias por que, quando são necessários pareceres técnicos os mesmo Organismos, em vez de exigirem aos detentores dos lugares esses pareceres cometem-nos a empresas de amigos, escritórios de advogados e outros similares pagando exorbitâncias. Por isso se vêm tanto pobretana, mesmo pelintras, que depois de entrarem no círculo dos poderosos enriquecem em pouco tempo.

 As nomeações para lugares de topo então são verdadeiras aberrações. Indivíduos suspeitos e com fortes indícios de práticas desonestas são nomeados com pompa e circunstância. Não há pudor dos nomeados e muito menos pudor de quem nomeia.

O dinheiro corre sem qualquer transparência e muito menos fiscalização. Os contratos, quando existem são, na maioria feitos por ajuste directo, não respeitando a Lei. Como se começaram a levantar vozes contra este tipo de situações que, na maioria dos casos, só beneficia os amigos, altera-se a Lei. É o que propõe o Governo. A oposição não se opõe. O Presidente, como vai sendo hábito, promulgará.

Esperam-se muitos milhões da União Europeia o Presidente da República deixou o recado que não pode ser sempre para os mesmos. O que quererá dizer isto? É que há mais de trinta anos que vem dinheiro da União Europeia para desenvolver e modernizar o país mas que este dinheiro foi canalizado para os bolsos de alguns e, na circunstância, sempre para os mesmos. O País continua pobre e subdesenvolvido.  

Temos algumas, muito poucas vozes que clamam contra estas situações mas nunca são ouvidas.

Entretanto o povo morre ao abandono. Com a desculpa esfarrapada da pandemia já morreram mais de seis mil pessoas do que no período homólogo do ano passado. Não venham com histórias de ondas de calor ou de frio ou do raio que os parta. Morreram por falta de assistência médica. Atrasaram-se consultas, cirurgias, diagnósticos para resolver o surto pandémico e o que é que aconteceu? Eliminaram ou estancaram o surto do vírus, não. Evitaram algumas mortes devido ao Covid-19! Eventualmente. Mas isso justificará tantas outras mortes? Não.

Cá no concelho o aumento do número de contágios é exponencial. Ontem já íamos nos dezasseis casos activos. Ouve-se uma palavra ao Responsável Administrativo, o Presidente da Câmara? Não. Ao responsável pela saúde local, Delegado de Saúde? Não. O que sabemos é pela responsável distrital.

Para satisfazer e alargar o caciquismo local, o Governo apresta-se para criar mais 600 freguesias, sem competências e sem recursos, para fazerem o quê? Vigiar e controlar os incautos.

Se tudo isto não é um lamaçal digam-me lá o que é!

 

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

 

O FANTOCHE

O fantoche vive através do outro. Recebe dele vida e animação. Não subsiste só, sem o empurrão, que lhe dá utilidade.

Se o outro for um exímio manipulador ainda pode ter alguma graça, algum valor, mas sem a habilidade deste, não passa de um objecto sem préstimo, que é arrumado no esconsos da casa, para não incomodar.

Fantoche é um boneco, sem valores, sem honra, sem dignidade, insignificante, viscoso, réptil, repugnante, que não se aguenta de pé por si, vive, rastejante, à espera da mão que lhe dê sentido, que o faça viver.

O fantoche é, também, muito perigoso porque, quando animado é capaz de virar tudo a seu favor para obter as palmas dos ingénuos e depois trama-os pelas costas.

É preciso cuidado com o fantoche que nos ilude permanentemente. Vivendo do faz de conta impinge-nos uma “verdade” que é só dele e que para a sociedade é a maior das mentiras.

Atentemos no que acontece neste país e analisemos a prestação de (i) responsáveis deste país. Vejamos a prestação do Merdina na Televisão que lhe dá tempo de antena e ainda por cima lhe paga. Uma lástima. Uma vergonha. Tentou passar-nos um atestado de mediocridade quando o imbecil é ele.

Ouvimos o que diz o César, que nem sequer é Augusto, aquele que mete a família toda à mesa do Orçamento, que é preciso a participação das esquerdas extremistas para dar estabilidade ao Governo esquecendo que são essas mesmas esquerdas as mentoras dos maiores abusos com festas como a da CGTP, do Avante, marchas contra o racismo e outras.

As direitas não estão melhor. Não reparam que já perdemos quase tudo, riqueza, bem-estar, respeito, valores e até a liberdade e assobiam para o lado. Até a direita mais à direita quer imitar a esquerda radical e pretende promover uma contramanifestação ao racismo. Tudo uma cambada.

Até um brasileiro que tem sugado a empresa que gere a seu belo prazer, a TAP, dando prémios a quem promove prejuízos, se dá ao desplante de convocar a união de todos os portugueses para contribuírem, com os seus impostos, para a salvar da falência enquanto os privados se abotoam com os lucros.

Para não falar de um senegalês que vive à custa do orçamento e destila, diariamente, ódio contra o povo português que o acolheu e lhe dá voz quando, eventualmente, o deveria expulsar do país.

A fantochada é generalizada e não tem remédio. Só nos resta uma solução: desprezar os fantoches e remetê-los para o seu legítimo lugar, o esconso mais esconso do sótão.