Por quê tanto ódio? Tanta morte, tanto sangue a jorrar pelo chão? A fuga maciça para evitar a chacina?
O petróleo que nos traz tanto conforto, a nós, justificará a miséria, a fome, a corrupção, o compadrio e o sofrimento atroz, de tantos povos?
Como pode um facínora, assassino, déspota, ser considerado e aceite pela Comunidade Civilizada? Só porque tem petróleo?
Como pode o nosso PM ser amigo desta besta desumanizada?
E antes do petróleo não vivíamos?
Eu sou do tempo em que não havia plástico. Poucos automóveis. Ruas onde as crianças brincavam à vontade, jogando com uma bola de trapos e o risco que corriam era, no máximo, um vidro do vizinho partido e uns açoites do pai ou da mãe. Nem por isso deixei de ser uma criança, um adolescente e um jovem feliz.
Eventualmente os Beduínos do meu tempo, cirandando de um lado para o outro, à procura de água e alimento, não teriam uma vida mais descansada do que a que vivem hoje em terras da Líbia?
E se fossemos como as bananas que crescem juntas, lado a lado, sem se atropelarem ou atrofiarem, para se tornarem em alimento saboroso e benéfico para o corpo?
Não terá sido para um desígnio igual ao das bananas que fomos criados. Como irmãos. Filhos do mesmo pedúnculo, sentindo o calor de cada um em vez do arrepio da morte?
Eu quero ser como a banana a crescer em cacho, aconchegado, ligado pela mesma raiz. Detesto o petróleo.