sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

NOVO ANO, vida nova!!!???

As sociedades modernas estão reguladas por convenções, rituais, normas. Por isso, como num passe de mágica, um segundo passa a valer um ano. Sim, quando amanhã, chegarmos às 23H59M59S, damos um salto de um ano, passamos de 2011 para o ano de 2012. Afinal, apenas, há um contínuum que não é possível medir com esta ordem de grandeza.
Para não parecermos "aves raras" temos que alinhar nesta e noutras convenções. Recusamos, todavia, os excessos de barulho, excentricidades, bebidas e outras, mais ou menos comuns.
Dependemos de decisões políticas que se regem por medidas diferenciadas de ano para ano e, assim, somos obrigados a aceitar situações para as quais não contribuímos.
Dependemos de circunstâncias várias, ao longo do ano, que nos tornam mais ou menos felizes. Nestas contingências nada podemos fazer.
Vamos então suplicar a QUEM tudo pode que nos dê saúde, paz, amor, afectos e muitos, muitos e verdadeiros amigos. Se conseguirmos estes desideratos teremos um ano de 2012 BOM PARA TODOS. É isto que desejo a todos.
Um abraço muito fraterno.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

NATAL 2011

Imagem da Net

NATAL, dizem, é quando o Homem quiser. Poderá ser ou, talvez não. Porém, um Natal a sério, que comemora um aniversário de uma Personalidade que mudou o Mundo, tem uma data própria e um ritual único. Falamos de Jesus, o Cristo, o Ungido de Deus que, para além dos méritos que a História lhe atribui, consubstanciada numa diferenciação de épocas, a.C. e d. C. (antes de Cristo e Depois de Cristo), a cultura Ocidental foi e continua a ser muita influenciada pelos Valores que Jesus deu às gerações que lhe sucederam.
Acredite-se, ou não, mas o Natal só o será se não for redutor. Se não se limitar a reunir a família e a distribuir prendas, sem se pensar num Menino que nasceu para dar ao Mundo uma nova esperança. Nos dias que atravessamos, numa sociedade em que o Ter é mais importante que o Ser, comemoremos um Natal sem esquecer o protagonista principal: JESUS.
Santo Natal para todos os que por aqui passarem, crentes, ou nem tanto. Com um grande abraço muito fraterno e amigo para todos, independentemente de concordantes ou discordantes do que aqui se disse.

domingo, 11 de dezembro de 2011

O insondável sentimental

Imagem retirada da Net

Há sempre uma visão, um sentido do ver, que vai para além do olhar. Há sempre um amanhã para além do Hoje. Há sempre uma inquietação que vai para além do espírito, aparentemente, calmo. Há sempre uma história que vai para além da História mas, tão ou mais importante, que esta. Há sempre um Mistério para além do horizonte. Há sempre uma mística que vai para além do imanente e passa para o transcendente sem que a vontade humana interfira.
Tudo pode ser explicável através das neurocências. Tudo! Não. Quase tudo. O resto entra no domínio da Fé.
Em tempo de Advento, tempo de preparativos para a comemoração do aniversário do nascimento de Jesus, não fará mal meditar sobre tal acontecimento, sob o ponto de vista histórico e, sobretudo, sob o ponto de vista espiritual e sociológico. Talvez aprendamos alguma coisa.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Será que descendemos desta estirpe?

"A história de uma Nação será grandiosa quando a instrução for o lema de seus filhos"
Alexandre Herculano

Como é que, perante Homens desta Estatura Cultural e Moral, nos sentiremos, nos dias de hoje?
Será que gigantes deram origem a pigmeus?
Obs: carregar na imagem para ampliar

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A História Repete-se

"Isto é que vai uma crise". Esta frase era falada e cantada pela saudosa Ivone Silva numa rábula que fazia com o Camilo de Oliveira, já lá vão mais de 30 anos.
Parece ser o nosso fado. O nosso destino. Viver sempre em crise.
A crise é de dinheiro? É. A crise é de Valores materiais? É. A crise é culpa da Europa? É. A crise é culpa dos Governantes e dos políticos em geral? É. Mas a crise é bem mais do que isso. A crise é a acomodação. A crise é o esquecimento. A crise somos nós. Povo sem garra, desleixado. A crise é não aprender com os erros. 
Começo por mim. Por que será que há quase dois meses que não escrevo uma linha por aqui? falta de tempo? Vontade? Lembrança? Não. Desleixo, puro e duro.
E isto é extensivo à generalidade das pessoas porque em vez de se indignarem acomodam-se. Vejam só agora o Soares a encabeçar um movimento de protesto, em véspera de Greve Geral, para que se crie um Novo Paradigma de desenvolvimento. Então não foi este Senhor que me roubou o meu subsídio de Natal de 1981, quando era PM? Então não foi este Senhor tudo o que poderia ser em termos de Poder neste País? Foi M. dos Negócios Estrangeiros, P.M. Presidente da República e não terá culpa do paradigma errado? Então não tem este Senhor uma Fundação paga por todos nós? Pergunte-se à Câmara de Leiria quando paga por mês para ele ter um "Palácio" nas Cortes. Então não tem este Senhor Carro, motorista, secretário(a) e Gabinete para ir ler os jornais e escrever algumas parvoíces que os Jornais ainda publicam?
Meus amigos a crise sou eu, és tu, somos todos porque não temos coragem de correr com esta escumalha que se aninhou debaixo do chapéu do Poder para enriquecer a si próprio e aos seus amigos. A escumalha que chegou ao Terreiro do Paço com uma mão atrás outra à frente e agora tem tudo o que é luxuoso e tem, sobretudo, falta de carácter, de vergonha na cara.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Escritos sem história!

Quando não se tem o que fazer, dizer, conversar, falar com o outro, não se tem interlocutor e é preciso ocupar o tempo disponível, um papel e uma caneta poderão ser boas ferramentas para evitar o tédio.
Ah! mas porque não usar o computador, dirão? É mais prático, mais actual, dá um ar de conhecimento e domínio das TIC - o que não é despiciente nos tempos que correm - e até se solicita a correcção automática, não vá o Diabo tecê-las  e deixar escapar um ou outro erro ortográfico, o que é sempre muito constrangedor.
Tudo isto tem razão de ser, mas... Há sempre um mas!
Falta o intimismo. Este deslizar do aparo da caneta sobre o papel, que mais parece ser um contacto pele com pele, uma aproximação sensual entre os dois, como se tratasse de um tango dançado por dois corpos que se entrelaçam, ora se aproximando, ora se afastando; ora se enroscando, ora se dobrando um sobre o outro, numa simbiose de sentimentos, que vai do ritmo até à luxúria, dos odores e suores de um homem e uma mulher, numa espécie de cortejamento antenupcial, que vai muito para além da dança e do acto de rodopiar a dois.
E assim se passa um bom bocado de tempo onde a imaginação ultrapassa barreiras de solidão ou de isolamento.  

sábado, 24 de setembro de 2011

Justiça

Porque as palavras também se gastam vamos ao étimo: "Aequitas" que quer dizer equidade; o mesmo que "virtude d'aquele que dá a cada um o que é seu, Justitia".
No dia a dia "vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar", como dizia o poeta, esta palavra Justiça, a propósito de tudo e de nada, classificam-na de acordo com os interesses de cada um, dos pedófilos aos ladrões "pilha galinhas", dos criminosos armados até aos dentes, que assaltam e matam sem dó nem piedade, até aos ladrões de colarinho branco que, que vivem à tripa forra, não se importando de deixar o seu semelhante morrer de fome.
Nos últimos dias sobressai a notícia de um PGR que mandou instaurar um inquérito a um mau gestor dos dinheiros públicos. É de aplaudir. Só não se compreende a dualidade de critérios quando há meses ou anos atrás o mesmo senhor não teve coragem de fazer a outro gestor que nos colocou no fundo do poço, nos deixou de mão estendida para podermos comer e agora vive em Paris sem trabalhar e sem que se lhe conheçam rendimentos. Já alguém se perguntou de que vive? Será que é um sem abrigo? Será que sabe tocar algum instrumento e faz das estações do Metro o seu ganha pão, com as esmolas dos turistas ou dos passantes, para pagar as propinas na Faculdade? Será que a Universidade onde estuda trabalha ininterruptamente e lhe dá aulas ao Domingo e, quiçá, o diploma daqui a algum tempo? Será que isto é Justiça? É Equidade?
Como é possível esta degradação de valores de Ética e de Moral? Como é que este "P"ortuguês, "G"endarme,  "R"esponsável, republicano, respeitável, não tem vergonha dos actos que pratica?
Um aplauso para os Partidos Políticos que tiveram a coragem de propor e aprovar uma Lei de criminalização do enriquecimento ilícito. Oxalá consigam que tal Lei se aplique, com efeitos retroactivos, e se apanhem todos aqueles que não consigam justificar o que possuem cá dentro e lá fora. Em Portugal ou noutros Países com Leis. Em Património legal ou em paraísos fiscais onde tudo é nubloso.
Se assim for, talvez possamos respirar um ar mais puro e mais sadio. Oxalá. 

domingo, 18 de setembro de 2011

Gaudí


Acabado de regressar estou exausto. Venho prenhe de Gaudí. Oito dias em Barcelona, só eu e a minha mulher, longe dos problemas quotidianos foram preciosos. Cansativos, é certo, mas muitíssimo gratificantes. Apesar da utilização dos magníficos e bem coordenados transportes públicos, foi preciso calcorrear quilómetros a pé e a idade não perdoa. Valeu a pena. Estou feliz. Aprendi como se deve preservar o património edificado, cultural e mesmo imaterial. Quero o meu País assim.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

1/09/2011

Ainda deveria ser Verão, sol brilhante e calor,
Não se pode andar na Rua porque chove a potes.
Pela janela só se avista um céu plúmbeo de horror,
Os figos de, pé torcido, atapetando o chão aos magotes.

Anda tudo do avesso, das pessoas ao tempo.
Parece que o Demo se encarregou de trazer p'ra este cantinho,
E para os olhos que só querem beleza e contentamento,
O contrário do belo, da felicidade, da doçura e do carinho.

Pode ser passageiro e amanhã já seja de Sol e calor,
E se não for paciência. O tempo nem é bom nem mau.
Ou melhor pode ser as duas coisas, dependendo do humor:

De quem vê as férias estragadas por menos um dia de mar chão,
Contra quem vê as hortícolas com sede, como o agricultor.
Insatisfação humana, afinal, descontentamento sem perdão.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Aberração

Mais uma da "Esquerda Caviar", adopção de crianças por casais homossexuais. 
Os políticos são, de uma forma geral, gente oportunista, malabarista, jogador de jogos de azar. Quase sempre bem falantes mas ocos - falam, falam e não dizem nada - persuasivos, manipuladores. Este nosso Bloco de Esquerda é o expoente destas "virtudes/defeitos".
O Pais esgadanha-se para sobreviver. Esfalfa-se para não cair na miséria total e absoluta. O desemprego é uma catástrofe sem tamanho e este tipos não têm mais nada para colocar na agenda política que esta aberração.
Qualquer pessoas com um mínimo de conhecimentos de Psicologia do Desenvolvimento sabe que a criança precisa, em igual proporção, da referência paterna e materna. Precisa de viver e conviver com um casal no sentido etimológico e histórico do termo. Um casal é a união de um macho e um fêmea em todo o reino animal. Por que será que estes senhores pagos a peso de oiro por nós todos não trabalham. Não se dedicam a coisas verdadeiramente importantes e só para serem falados numa comunicação social amorfa e acrítica trazem para a ribalta assuntos que não são problema. Nem geral, nem social e muito menos patriótico. Para que se metem na escolhas e na vida íntima de cada um de nós? Se há Leis que, sendo importantes, não são aplicadas por dificuldades notórias da Justiça para quê arranjar mais um imbróglio?
Sempre pensei que esta aberração de Partido Político, porque dotado de gente inteligente, mas antagónica, fosse diferente, fosse melhor que os outros. É pior, porque tendo obrigações intelectuais utiliza as mesmas manobras para fazer politiquice em vez de se dedicar à política. 
Mais uma desilusão. Mais uma tristeza. Mais uma mágoa.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Testamento Vital "Eutanásia"

Por dever de consciência devo alertar os meus leitores que tenho muitas dúvidas sobre o tema em questão. Não costumo ser NIM mas, nesta situação, não consigo ser objectivo.
Outro alerta se impõe. Por princípio sou um céptico sobre os actuais investigadores ou cientistas, como quiserem. Admito ser injusto para com alguns ao generalizar esta posição mas, desde que conheço teses de doutoramento e pós-doutoramento plagiadas por pessoas que deveriam ser insuspeitas, obrigam-me a esta atitude.
Então vamos ao tema. Li um livro de uma cientista que se enquadra na excepção que admito existir, Maria Filomena Mónica, uma moça da minha idade, por quem tenho respeito, consideração e admiração sobre a "Morte". Acto, no politicamente correcto, considerado de justiça, estar nas mãos de cada um e ao sabor da (in)felicidade do momento, decidir sobre a própria vida ou morte. Como se não houvesse ao longo da vida atitudes e decisões de que mais tarde nos arrependemos ou nos felicitamos. Aqui entronca o meu NIM. 
Mas gostei de ouvir há dias na televisão a nossa cientista defender o seu posicionamento a favor do sim à morte medicamente assistida - forma bonita de dizer uma coisa horrível - e nem sequer me atrevo a contestar.  Disse, porém, algumas coisas que gostei de ouvir. Uma foi sobre a formação que as sociedades contemporâneas recebem das gerações mais velhas e aí apontava o dedo ao falhanço total da família sem Valores Éticos e Morais. Outra foi a afirmação categórica de que o ser humano é intrinsecamente mau e bom, simultâneamente. Mais uma foi a demonstração da parte má do ser humano com as imagens de vandalismo no Reino Unido, não aceitando tais actos como revolta contra as injustiças sociais ou com as dificuldades económicas.
Uma última que me deixou a pensar e que me apetecia propor-lhe o desafio. Ela afirmou que tinha tido uma formação cristã enquanto adolescente e jovem mas agora era ateia. Ora aqui é que a porca torce o rabo. Como é que uma pessoa tão culta, tão inteligente, tão introspectiva diz  esta atoarda, em minha modesta opinião, está bem de ver? Como é que diz não acreditar em Deus e, ao mesmo tempo, admitir que existe? Como é que é ateia e dar relevância ao facto de uma formação religiosa ser uma salvaguarda para evitar desmandos e sociedades sem Valores? Vivesse eu em Lisboa e teria muito gosto em derimir argumentos com esta Senhora com "S" grande. Até para ver se um conseguia deixar de ser NIM e passava a ser SIM ou Não.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Uma visão da Vida.


Viver a vida

Era uma vez… Qualquer “estória” que se preze, por princípio, deve começar: “era uma vez”.... Uns dirão que é normal, corriqueiro, antiquado. Outros, pensarão, apenas, que é uma forma prosaica e pouco imaginativa. Não nos ativemos a possíveis adjectivações. Apeteceu-nos e, pronto. Sabem? Às vezes, aos velhos também apetecem coisas. Que se há-de fazer? Cá vai a “estória”: Nestes, como noutros tempos, numa qualquer floresta, situada numa qualquer localidade deste planeta, gravemente enferma da globalização, obrigatoriamente consumista, exigentemente conhecedora, cerebral mas não emocional, invejosa q.b., exaustivamente competitiva, assumidamente egoísta, os animais que a habitavam já não sabiam que fazer. Andavam atarantados procurando compreender o alcance das medidas, sistematicamente anunciadas, enfaticamente repetidas e supostamente objectivas, com vista a um amanhã risonho, fraterno, plural, solidário, onde todos tivessem o direito de nascer, crescer e viver cercados de amor, ternura, tranquilidade, segurança e com um mínimo de condições que satisfizessem as necessidades básicas, secundárias e até de prestigio, às quais, um sábio lá do sítio gostava de se referir, como direitos de todos e de cada um, sem excepção e/ou exclusão. Enfim, de levar uma vida, da concepção à morte, sem sobressaltos e angústias e terminar os dias com a dignidade devida a qualquer ser vivente, sem que no final se visse “depositado” numa qualquer caverna destinada a coisas imprestáveis. Apesar das medidas, dos choques, dos sacrifícios de hoje, rotulados como receita para o gozo do amanhã, os animais andavam inquietos: desagradados uns; emproados outros; uns sem um buraco onde se abrigar e sem um trapo para se cobrir, outros rodeados de espaços abertos e cobertos, com aquecimento central, lagos artificiais, campos de diversão e outras coisas mais. Enquanto alguns se viam postergados para as margens do seu habitat transformadas em guetos, mesmo que todos os dias labutassem duramente, do romper do Sol até a noite já ir adiantada. Desde tenra idade até à adultez ou mesmo velhice, num esforço constante e persistente para ser cada vez mais útil, mais capaz, mais competente, mais contribuinte líquido para toda a sociedade, já os outros, por influência dos “padrinhos”, das “cunhas”, dos “magnatas” e dos “nomes família”, mal saíam da adolescência, com uma aprendizagem simplista, sem experiência de vida e de sobrevivência, saltavam para a ribalta da tal globalização como administradores de qualquer coisa, grandes espaços, muitos números, com direito a luxos e mordomias e desta forma, coisas que deveriam ser de todos eram só de uns poucos. Estes poucos não precisavam de suar para ter os tais espaços cobertos, luxuosamente atapetados e adornados, pagos com cartões das empresas que administravam. Às vezes até recebiam prendas, em vez de honorários, para não pagarem o contributo que era devido à manutenção da floresta. É claro que alguns animais mais reflexivos se questionavam sobre o porquê de tanta disparidade, de tanta injustiça, de tanta desigualdade, de tanta iniquidade e cogitavam sobre a forma de mudar o estado daquela sociedade. Logo pensaram: - e se ouvíssemos os entradotes na idade que de tão viajados já conheciam outros modelos sociais? Se bem o pensaram melhor o fizeram. Pediram aos sábios, conselhos. Estes defenderam teorias, elaboraram leis, apresentaram teses mas os dias e os anos passavam e os resultados quando não se mantinham pioravam. As desigualdades em vez de se esbaterem acentuaram-se. Premiava-se a mediocridade e subalternizava-se a excelência. Enfim, o caos estava instalado e a insatisfação levava constantemente a manifestações quando não, mesmo, a actos de violência, vandalismo, ou coisa pior, racismo, xenofobia, terrorismo ou mesmo fundamentalismo. Porque a necessidade era tanta, num belo dia de Sol resolveram reunir-se, em Assembleia-geral, na vã esperança de comparar competências, capacidades, esforços e verem se podiam mudar o “Status Quo” instalado. Estabeleceram critérios de avaliação para procurarem encontrar quem governasse a floresta de uma forma mais justa e equilibrada. Isto exigia de todos e cada um, uma demonstração inequívoca, quer das capacidades intrínsecas quer das competências adquiridas. Desta feita foi decidido convocar um referendo para que a todos fosse dada a possibilidade de mostrarem as tais capacidades inatas e as ditas competências adquiridas, para que depois de avaliadas se elegesse o bicho melhor preparado para governar o que já era um desgoverno. É claro que apareceram os elefantes, as baleias, as orcas, os tubarões, os rinocerontes e outros mastodontes que demonstraram que a sua força era insuperável e até se atreveram a lançar OPAS (Outras Potencialidades Assumidas e Subsidiárias) uns sobre os outros. Vieram depois os mais ágeis: felinos, gazelas e outros, que de tão velozes, em maratonas eram imbatíveis. Também não deixaram de aparecer as serpentes, venenosas ou inofensivas, mas sempre rastejantes e viscosas. As águias-reais de olhar agudo penetrante e velocidade na caça à presa. Enfim, todo o tipo de espécies que habitava a floresta e que de uma forma ou de outra mostravam ali a sua sageza, destreza, corrida, força, natação voo, nas tais coisas básicas e indispensáveis à vida e à sobrevivência de que nos falava o tal sábio do início da “estória”. Analisados os resultados obtidos em função de todos os parâmetros estabelecidos, ao fim de um escrutínio sem truques nem malabarismos, as projecções à boca das urnas falharam todas, e em toda a linha. Porque se uns apontavam o leão como Rei eleito devido ao seu urro aterrorizador, outros diziam que o leopardo ganharia pela sua astúcia e agilidade e outros ainda apostavam no elefante pela sua força descomunal. Engano puro: o leão sendo forte e inteligente, não conseguia voar. Faltavam-lhe requisitos. O leopardo até subia às árvores mas não nadava e muito menos voava, apesar de ser veloz na corrida. Do elefante nem se fala, excepto na força e resistência todos os restantes parâmetros eram prejudicados. Não haveria ninguém que satisfizesse os quesitos? É claro que havia e daí a surpresa. Quem seria? Foi o Pato Bravo. Sim, o Pato. Apesar de não preencher, eficazmente, nenhum dos quesitos conseguia ser medíocre em todos. Voava mal, mas lá dava os seus pequenos voos. Nadava mal, mas não se afogava no lago. Corria pouco, mas lá ensaiava as suas curtíssimas corridas. Conclusão: foi eleito o Pato como o mais apto e mais condizente às necessidades organizativas da floresta. Não sendo bom em nada, não tendo competências para coisa nenhuma, nem sendo excelente em nenhuma tarefa, fazia da sua mediocridade a diferença pretendida. Nesta floresta afinal, não é preciso ser forte, nem inteligente, nem competente, nem ágil, nem eficaz, nem sequer lutador, basta que se seja medíocre. Esta é a condição básica para se chegar ao poder, desfrutar de benesses, ser alguém na vida. Desta feita, ainda que nos custe, lá teremos que aprender e esforçar-nos por sermos Patos, para que um dia qualquer, não nos confrontemos com, o inevitável empurrão, para as valetas da vida.
Abril de 2006
reedição por me parecer adequada.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ao correr da pena...

Ao correr da pena e do pensamento,
Lá se vai criando uma ideia, um sentimento,
Para transmitir ao outro, desatento,
Que necessita de atenção e de alimento.

Volta à terra e o sofrimento,
Já não deixa espaço nem lamento
Que possa calar o desalento
De uma alma inquieta, um corpo em tormento.

Se, por uma vez ela quisesse e pudesse,
Cantar, dançar sem descanso, com alento.
Leve solta, desperta, e por fim tivesse

O resultado da criação, dum embrião de poema,
Sem estética nem métrica nem conhecimento,
Apenas um desabafo de amor e de pena.

sábado, 30 de julho de 2011

Rídículo

Certezas! Quem as terá?
Ninguém, concerteza.
A dúvida metódica prevalecerá,
Já a Filosofia nos incutiu esta incerteza.

Não acreditando em bruxas
Como dizem nossos Hermanos, haverá,
Sempre é bom prevenir e não desdenhar,
Porque pode o diabo trazê-las para cá.

A inteligência humana de tudo é capaz,
Do melhor e do mais ridículo disparate.
Basta que o bom senso caia no dislate,

Da piroseira mania da grandeza, assaz,
Doutros tempos, outras épocas, outro quilate,
Em que o homem se humilhava pela pobreza.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Electrificação da Aldeia

Já lá vão sessenta anos e parece que foi ontem, éramos ainda menino de sacola escolar às costas. Dia 29 de Julho de 1951 esta aldeia do interior profundo, raiana de nascimento geográfico, foi agraciada com um dos expoentes do desenvolvimento, ser dotada de Luz Eléctrica nas ruelas e nas casas daqueles que podiam suportar a despesa da instalação . Hoje, um bem essencial. À Época, quase um luxo. Esta aldeia teve primeiro energia do que água ao domicílio o que pode parecer e, eventualmente é, um paradoxo, porque sendo a energia importante a água não deixa de ser vital.
Vicissitudes várias contribuíram para tal feito. A localização geográfica foi, apenas, uma. Seguiu-se o interesse de quem tinha poderes para fazer passar por aqui os postes que traziam para a sede do concelho a electricidade produzida na Serra da Estrela que, por acaso, tinha adoptado esta Terra como sendo sua. Homenagem devida ao Homem que deu o empurrão decisivo. Os mais novos nem sequer lembra o seu nome. Porém foi das pessoas que mais deu a esta Terra, a tal ponto que aqui quis ser sepultado. Falamos do Dr. Mário Pires Bento que, neste dia de comemoração todos dele se lembrem e peçam ao Senhor que a sua Alma descanse em Paz.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Palavra de Deus


Porta principal fechada, Igreja deserta...
Não! talvez alguém lá dentro se esgueirasse pela porta do lado.
Reze, peça fervorosamente ou esteja, apenas, desperta,
Reflectindo, matutando, nas palavras escritas do cartaz dependurado.

Que importa se a Igreja está vazia ou cheia de fiéis?
Se o Senhor disse que todos nós somos as pedras vivas,
 Cada um pode ser pedra angular da base ou capitéis,
E que Cristo carregou na Cruz todas as nossas feridas.

A Palavra tem sentido, tem força e tem voz,
Porque sendo Palavra de Deus vai p'ra além da razão,
Entende-se, sente-se se ecoar dentro de nós,

Tal só é coerente e faz sentido se, dentro do coração
A Palavra for semente, germinar, crescer e der a noz,
De forma a que o Outro seja sempre nosso irmão.






quinta-feira, 14 de julho de 2011

A frustração da aprendizagem.

Acabei de ler os resultados dos exames do ensino básico, deste ano lectivo, e fiquei estarrecido. Em Matemática apenas 41,7% de notas positivas. Todos os resultados pioraram relativamente ao ano anterior.
Deveria estar vacinado contra estas notícias mas não me consigo habituar. Defeito meu, de certeza.
É claro que com políticas de desautorização dos professores, com sistemas de avaliação burocráticos e levados a efeito pelos pares. Com o alargamento de horário de permanência na Escola de alunos e professores onde nem uns nem outros produzem nada de útil, apenas cumprem determinações da 5 de Outubro, (leia-se Ministério da Educação), este resultado nem deveria espantar ninguém, muito menos um velho professor que, modéstia à parte, sabe destas coisas a potes, porque vividas e experienciadas.
Para quando uma revolução no ensino com a participação de todos os actores do sistema? Para quando a prometida autonomia da Escola, no papel, em 1986 (há 25 anos)? Para quando a responsabilização dos pais, dos professores, dos alunos, dos funcionários? Para quando a Escola como um corpo com cabeça, tronco e membros e não um conjunto de partes cuja soma das mesmas, jamais será um todo? Para quando acabar com a facilitismo e a aposta na estatística para Europa ver?
É evidente que nada disto nos deveria espantar, por razões diversas que, se calhar vale a pena enunciar algumas:
Tivemos nos últimos 15 anos governos de um partido cuja matriz assenta na contestação do Maio de 68 em França, cujo lema é "proibido proibir". Temos os alunos filhos dos pais do 25 de Abril de 74, cuja educação foi pautada pela arruaça, pelo desrespeito, pela liberdade sem responsabilidade. Temos professores das ESES cujo conhecimento científico deixa muito a desejar - com excepções, é claro  - e outros que sempre viram a profissão como, apenas, um emprego. Temos um percurso de experimentalismo bacoco, sem sustento e coerência. Temos Novas Oportunidades que são uma fraude onde se gastam milhões para certificar analfabetos funcionais. E não me venha o Roberto Carneiro dizer que não é bem assim por que se certificaram competências. Mas quais competências?
Se calhar a vida profissional sempre esteve e continua divorciada da vida escolar. Eu explico. Para se ser jardineiro não se elabora um concurso com questões relacionadas com plantas, seu desenvolvimento, podas, tratamentos e até geometria. Exige-se a escolaridade obrigatória. Para se concorrer a um lugar de serralheiro ou mesmo mecânico não se exige conhecimento do que é uma esquadria (aplicando o teorema de Pitágoras) mas que tenha um certificado da escolaridade obrigatória. Mas que é isto? E onde fica o saber fazer? O aprender a aprender? A metacognição?
Mas para que estou para aqui a gastar o meu latim? Um Povo que permite que um Primeiro Ministro tire uma licenciatura ao domingo, numa universidade manhosa, que os Tribunais estão a ver se conseguem punir as aldrabices e vigarices de que sempre viveu e, mesmo assim o endeusou durante seis anos, porque é um bom vendedor da banha da cobra, como é que pode esperar um ENSINO DE QUALIDADE E UMA APRENDIZAGEM A CONDIZER?
Ficamos por aqui, tristes, mas é melhor pararmos para não abrir mais a ferida.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Vida campesina.

A vida de outros tempos, no mesmo lugar,
Era pacata, simples, monótona e rotineira.
Trabalho, campo, família, vizinhos, altar,
Serões animados, com cantoria à lareira.

Agora, dias sem Jornais, Internet, Televisão,
São horas infindas de bocejo, modorra e neurose,
Como se viver dependesse da tecnologia e da razão,
Esquecendo pessoas que falam, historiam, em osmose.

Hoje a vida não tem passado nem presente.
Vive-se em função do amanhã, do futuro,
Esquecendo-se que o ontem é já ausente.

O amanhã é uma incógnita permanente,
Desperdiçar os dias com o depois, inseguro,
Será, porventura, loucura e tontaria imprudente.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Que Pena!!!???

FOI ESCRITO NO DIA 7 DE MARÇO PASSADO, MAS ACHO ACTUAL E POR ISSO VOU PUBLICAR. TENHO MUITO ESPERANÇA NO NOVO MINISTRO DA EDUCAÇÃO. ELE, COMO EU ENTENDE QUE DEVEMOS ACABAR DE VEZ COM O EDUQUÊS E O BOLONHÊS QUE SÓ TRAZEM PARA A SOCIEDADE A IGNORÂNCIA CERTIFICADA.


Acabei de ver uma reportagem televisiva que me deixou abalado. Não pelos resultados que, esses, conheço-os de cor e salteado, mas pela lástima de um País, um Povo, um Sistema Educativo miserável.
Diz a reportagem, referindo-se aos Censos de 2001, que Portugal é o País da Europa com maior taxa de analfabetismo, 9% da população.
Triste realidade quando se assiste a vidas dramáticas que existem e se justificavam no Estado Novo, mas que são inadmissíveis 36 anos após o 25 de Abril de 1974.
No Estado Novo atravessámos algumas carências do pós-guerra e também desinteresse pelo Conhecimento, pelo Saber, com receio de revoltas, rebeliões. E agora, tem-se medo de quê?
Lembremo-nos de que a morte dos velhos que tinham cerca de 50 anos no 25 de Abril, foi uma forma de reduzir a taxa de analfabetismo. É uma verdade crua, mas é indesmentível. Entretanto o que fez o Ministério da Educação? E agora, o que é que faz que pessoas com 15, 22, 40, 47 e 49 anos, não saibam uma letra do tamanho de um comboio? Como é possível um miúdo de 15 anos ter frequentado o 8º ano de escolaridade e não saber quantos anos tem, em que dia nasceu e não sabe ler uma única palavra?
Como é possível que uma directora de um Agrupamento de Escolas não tenha tido a coragem de dizer que "o rei vai nu" e que a Escola se viu forçada a transitar este aluno de ano, sucessivamente, para que a Estatística funcione a favor dos ditames governamentais?
Como é possível vivermos este pesadelo e não permitirmos a concretização de sonhos que cada Ser Humano tem direito?
Como podemos dizer que pertencemos ao grupo de Países desenvolvidos?
Não quero continuar. Só me permito dizer que sinto revolta pelo que vi e muita pena de gente, como nós, que excluímos da vida em sociedade.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Novos Paradigmas

Assistimos, com preocupação, à violência, à pré-bancarrota, à corrupção e a todo um conjunto de situações impróprias de um qualquer Estado Democrático. Mais assustador é ver-se todo este estado de coisas no berço da Democracia – a Grécia – pelas consequências que tal situação pode, por arrastamento e contágio, trazer para a Europa, no seu todo, e para a União Europeia da zona Euro, em particular.

Se associarmos estes acontecimentos aqueles que vemos na Líbia, na Síria, no mundo árabe, em geral, na China, na Índia e em muitos países da América Latina, onde a exploração do homem pelo homem é o pão- nosso-de-cada-dia, a reflexão só nos pode conduzir ao medo, à insegurança e até, mesmo, ao desespero.

Conduzindo o nosso pensamento crítico para o nosso País então a desesperança só pode ser total.

Sabemos que a fuga de capitais, neste último ano é, e continua a ser, um enormidade, mais de cinco mil milhões de Euros. Uma afronta ao povo trabalhador. A falta de sentido de Estado, de sentido Patriótico do Poder político e do Poder económico, são factos que levam o Povo ao desespero. A miséria e a fome atingem valores astronómicos. Mais de 10% da população vive num estado pobreza extrema. Isto não se passa em África ou num qualquer País subdesenvolvido. Passa-se em Portugal. Nação secular com História, com Conhecimento, com pergaminhos ao nível da Ciência, das Letras, da Inovação. Com orgulho de ter dado novos mundos ao Mundo.

Vale, neste momento cruel para muitos portugueses, o sentido solidário daqueles que, em regra, até são os mais necessitados. Que tiram da sua própria pobreza, alguns cêntimos para ajudar outros que nada têm. Valem também as inúmeras IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social), as diferentes Igrejas, em particular para a Católica que, por ser maioritária, muita ajuda presta aos mais pobres dos pobres.

Enquanto assistimos a todo este descalabro, à mudança de Governo, à necessidade de cumprir, milimetricamente, os compromissos com a “TROIKA” – União Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu – a nossa Comunicação Social (o designado 4º Poder, que em muitos casos é o primeiro) anda distraída ou, pelo menos, anda a escamotear aquilo é, verdadeiramente, importante. Senão vejamos:

• Pela primeira vez na nossa História, de quase um milénio, foi eleita uma mulher para a Presidência da Assembleia da República – a segunda mais importante figura do Estado – e sobre isto as notícias são flaches televisivos ou notas de roda-pé, como se não fosse uma notícia importante para as nossas crianças, adolescentes e jovens, para servir como exemplo e modelo de Mulher, de cidadã e de alguma nobreza política;

• Toma posse o Governo, apresenta o respectivo programa e pouco ou nada se sabe de quais as implicações que isso vai ter na nossa vida, no presente e no futuro, próximo ou longínquo;

• Vemos um jovem português alcançar o patamar do mais caro, porque conceituado, treinador de futebol do Mundo e isso não é mostrado como exemplo de trabalho, preserverança, atitude, inteligência e capacidade, antes é apenas apontado como ganância;

• Faz-se um baptizado de uma criança – fizeram-se centenas no mesmo dia – só porque é filho de um craque do futebol, tem honras de directos televisivos, com multidões a acotovelarem-se para verem de perto o acontecimento. Os outros é como se não existissem.

• Houve um triste e lamentável acidente de viação que atirou para um hospital um jovem de 28 anos, que é um ídolo de uma certa adolescência e juventude mais ou menos alienada e, durante seis dias (6 dias), todos os Telejornais, de manhã, à tarde e à noite, abrem com esta notícia, mostrando a todo o País, uma quantidade de gente que não trabalha, nem estuda, às portas do Hospital, onde a vítima permaneceu internada e onde a família terá sofrido horrores, por consequência digna de toda a nossa solidariedade e compaixão e, os pseudo-jornalistas, quais abutres rodopiando à volta da presa moribunda, cirandam para dizerem, muitas vezes apenas, que não há nada a dizer. Nesses mesmos dias deram entrada nos Hospitais públicos, de acordo com as estatísticas, quinze (15) portugueses vítimas de acidentes igualmente graves e muitos deles faleceram, no imediato, sem uma palavra de alerta para os perigos da circulação rodoviária e respectiva segurança. Uns são filhos, porque mediáticos, outros enteados, porque anónimos.

Para se perceber a hermenêutica da Organização Social, na actualidade, torna-se necessário que a Família, em primeiro lugar, ajudada pela Escola, com instrução, com conhecimento, com lógica, com sentido cívico, sejam os pilares de uma Sociedade crítica esclarecida, onde o senso comum seja um bem a cultivar, onde o sentido da relativização dos acontecimentos seja um paradigma de (con)vivência social.

A Democracia é responsabilidade. A informação é um direito mas não pode ser alienação. A dimensão dos acontecimentos, das manifestações de rua, devem ter a cobertura da comunicação social contida, proporcional e educativa, para que a Sociedade assente em Valores Éticos e Morais que nos apresentem, sejam modelos a seguir, sejam referência que combata o sentimento da vida fácil, do dinheiro fácil, do endeusamento do chico esperto que, em última instância, conduz, a maior parte das vezes ao crime, mais ou menos organizado. Ao ter, não importa de que forma se obtenha. Ao estar na moda nem que isso conduza, a prazo, à degradação social e humana de que são vitimas muitas das sociedades democráticas do Mundo.

É premente mudar de Paradigmas Sociais.

Junho de 2011

José Rainho Caldeira

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Ver grego

É da usança popular
Vermo-nos gregos p'ra alcançar,
Metas, tarefas complicadas.
No dia que agora passa,
Mais se apropria a ameaça.
Do contágio emblemático,
Que só poderá ser trágico,
P'ro português nostálgico.

É o déficite, a dívida soberana,
P'ra qual não chega a derrama,
O outro qualquer imposto.
Habituado a comer fiado,
Lá vai o freguês ao comércio ali ao lado,
Pendurar mais um prego,
Que depois se vê grego,
P'ra ver o livro saldado.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Simplesmente, MULHER!!!



Mulher que é esposa e mãe,
Mãe que se desdobra em muitas mulheres.
Mulher que é simplesmente mulher,
É, p'ro Homem, companheira também.

Se a mulher tem tantos predicados,
É esforçada, valente, talentosa,
Porque será que carrega, como pecados,
Uma vida, tantas vezes, desditosa.

Se a sua delicadeza é como flor cheirosa,
Do enorme jardim do qual brota!
Porque é violentada de forma tão briosa,
Pelo homem que tudo lhe deve, já que é sua rota.

Nossa Senhora mãe de todas as mães,
Sofreu horrores em vida na Terra,
Já que à mulher não eram permitidos amores,
Apenas deveres ao homem que sobre si impera.

Se foi assim ao longo dos tempos e sociedades,
Na era dos deveres, direitos, de igualdade
Porque são menosprezadas em todas as idades,
Na casa, no trabalho, na vida e na paridade?

Se ao menos parássemos um pouquinho,
Para pensar que duma mulher viemos.
Talvez nossa postura, nosso carinho,
Fosse para todas, o mais e o melhor que temos.

Homenageamos as mulheres,
Não por sentimentos menores,
Mas para sermos Homens, merecedores,
Tudo aquilo que delas recebemos.

domingo, 19 de junho de 2011

XX Convívio do Batalhão 361 - Luanda - Angola

Acabei de chegar de Santa Comba Dão onde tive o prazer de participar no convívio dos meus companheiros de vida Militar. Éramos cerca de trezentas pessoas. Já faleceram bastantes e essa informação dói-nos a todos. É sempre um momento arrepiante gritar "presente" ao ouvir o nome de cada um daqueles que já partiram. A maioria ainda vai acompanhado das respectivas esposas e até de filhos e netos.
Foi uma lufada de ar fresco na minha vida.
Até parece que venho revigorado. Sinto-me como se tivesse recuado no tempo, 45 anos. Fazem-me sempre bem estes Encontros. Faço votos de que possamos voltar a estar juntos a maior parte de nós, se não puder ser a totalidade, no próximo ano no Porto.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Equilíbrio mental

A intolerância é apanágio da ignorância.
A magnanimidade é fruto da transcendência.
Os atributos são de relevante importância,
É pungente, por isso, cultivar a paciência.

A harmonia é equilíbrio e mansidão,
É alegria, energia, luz, paz e comunhão,
De todos e cada um na sua imanência,
Para que a sociedade seja mais do que a ciência.

Então sublime-se a crise, a solidão,
Atenda-se ao convívio e recordação,
Doutros tempos, situações, circunstâncias,
Para alimentar as legítimas esperanças.

Venham de lá bons ventos e brisas de Verão
Que ajudem na tristeza e na desilusão,
A suportar com alegria e confiança,

A dureza do dia a dia a desesperança
De quem, apenas, tem da vida a preocupação,
A sina má e a inconstância.

domingo, 5 de junho de 2011

A sina Nacional

Acabámos de assistir a uma derrota histórica de Sócrates. Dirão muitos dos meus leitores: - já não era sem tempo. Outros poderão estar tristes. A todos o meu respeito democrático.
Falei de Sócrates e não do PS. Foi propositadamente.
Não pretendo ser uma cópia de Zandinga e, muito menos, de Maya astrológica. Mesmo assim atrevo-me a escrever, para memória futura, o  pensamento que, há algum tempo a esta parte, me tem assaltado ao espírito. Veremos se acerto. O tempo o dirá.
O meu raciocínio baseia-se em factos históricos, contemporâneos.
Assim, tenho para mim que, depois de umas férias de Luxo, o sr. Sócrates irá ser indigitado para um lugar dourado, numa instituição internacional qualquer, de que Portugal é contribuinte líquido.
Os últimos anos têm-nos demonstrado à saciedade que neste País dos Pequenitos, a incompetência, a mediocridade, a insensatez, o despudor, a aldrabice e a mistificação são sempre premiadas. Temos vários exemplos que importa reter: Guterres em fuga para a frente. Constâncio, pontapé escada acima. Durão Barroso, aposta no cavalo certo e no momento adequado. Ferro Rodrigues 5 anos na OCDE. Sampaio, depois de ter feito um grande favor a Sócrates, quando demitiu Santana, lá foi também para a ONU. Soares com a sua Fundação, paga por nós, mas que será apenas dos seus herdeiros. Etc., etc. etc.
Sócrates não tem humildade democrática e demonstrou isso plenamente, com a sua atitude, no seu discurso de demissão, mistificou, mais uma vez, a realidade e armou-se em arauto da coerência. Para mim não passa de um ditadorzeco, de meia tigela, que só sabe ser arrogante quando está na mó de cima e nunca consegue ser humilde o suficiente para ser uma Personalidade respeitável.
Temos conhecimento da fuga da Realeza em finais do século XIX. Sabemos da fuga de muitos que deveriam ficar. Conhecemos o que tem acontecido aos corajosos, lembro Sidónio Pais e Sá Carneiro, apenas como mero exemplo.
Porventura será esta a nossa sina? 

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Ex-Combatentes

Ontem, dia do concelho, cá no Burgo, foi inaugurado um memorial aos ex-combatentes do Ultramar, homenageando, assim, todos os combatentes, especialmente aqueles que deram o melhor de si, a própria vida, em prol de uma causa que o Poder Político entendeu ser um desígnio Nacional.
Foi uma festa bonita. Bastante concorrida. Com discursos importantes. Desde logo o do General João Afonso Soares, nosso conterrâneo, do Presidente da Assembleia Municipal, Dr. Jorge Seguro, do Presidente da Liga dos Combatentes, General Chito Rodrigues e, também do mentor e primeiro impulsionador desta Homenagem, Prof. Libério Lopes.
Está de parabéns a organização, não só pela justa homenagem, mas e principalmente, pela exorcisão de um complexo e preconceito contra tantos Jovens que se limitaram a darem à Pátria o melhor de si e que foram e são, os verdadeiros, os autênticos Patriotas, em contraponto como muitos dos que, tendo sido traidores ou, no mínimo, cobardes, aparecem hoje, nos aparelhos partidários, a dar lições de patriotismo a todo um povo que sempre demonstrou não carecer de tais tipos de lição de ninguém e, muito menos, desta espécie de gente.
Fez-se justiça a muitos daqueles que, por causa de um espírito mesquinho pseudo-revolucionário foram, demasiados anos, considerados como tendo "lepra". Como sendo apaniguados do antigo regime. Esquecendo que ontem, como hoje, os verdadeiros militares acatam, disciplinarmente, ordens superiores e cumprem, rigorosamente, o seu dever. Por isso, valeu ontem, vermos militares briosos defender a Pátria em Angola, Guiné, Moçambique, como vale hoje ver outros militares no Iraque, no Kosovo, no Afeganistão, na Bósnia, em Timor e em muitas outras missões que o actual Poder Político, tal como o anterior, tinham por bem determinar.
Não se pagam sofrimentos nem humilhações. Ninguém reivindica qualquer tipo de pagamento. Os ex- combatentes e aos actuais, apenas exigem, consideração e respeito.
Em tempo de eleições seria bom que todos os Partidos, sem excepção, demonstrassem aos ex-combatentes a gratidão da Nação. Só lhe ficaria bem. Porque a eles se deve a possibilidade de se candidatarem a lugares cimeiros da governação.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Como é possível?

Como é possível que passe tantos dias sem escrever? Sem desabafar? Sem debitar para este espaço ou para qualquer outro, umas palavras, umas ideias, um sentimento?
Não tenho resposta, muito menos, explicação.
Esta, que até há bem pouco tempo atrás, era a minha actividade preferida parece que, de repente, passou para segundo plano. Até as visitas habituais que fazia aos blogs da minha preferência foram preteridos e isso não tem desculpa nem perdão.
O que me está a acontecer?
Quem me conhece sabe que sou um indivíduo reflexivo e racional mas, mesmo com estas qualidades ou defeitos, segundo o ponto de vista, não consigo encontrar uma razão palpável para tal desmotivação e isso, faz-me sentir mal, por dentro.
Este é, pois, um acto de penitência.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Memorial

Quando fomos grandes tínhamos orgulho de nós, como povo, como Nação, como gente. Hoje somos tão pequeninos que já perdemos o orgulho, a identidade, a personalidade, a vergonha, a dignidade. Não temos nada a que nos agarrarmos e, pior do que isso, nem sequer temos coragem de explorar as potencialidades intrínsecas que ainda nos restam. O Mar, a Terra, o Sol as paisagens maravilhosas. A União Europeia que se pensou ser o Brasil de outras épocas tornou-se numa Entidade usurária que, para resgatar a nossa dívida, nos leva juros especulativos e incomportáveis. Dir-se-á que a culpa é, em última instância, de quem nos (des)governa e com razão. Mas que nos (des)governa está no poder com o nosso aval e, consequentemente, todos somos responsáveis.
Talvez por esta e outras razões nós ainda possamos extasiarmo-nos com Monumentos, e memoriais como o que acima se mostra. Porventura os nossos bisnetos terão algo de que se orgulhar?

terça-feira, 3 de maio de 2011

Ai que saudades!!!

Regredi, em memória, cinquenta anos. Era um jovem do meu tempo, como tantos outros da minha geração e das minhas amizades. Tinha 17 anos. Trabalhava, estudava, divertia-me. Vivia numa cidade de sonho e horizontes, onde as belezas naturais se entrelaçavam e confundiam com as pessoas que procuravam da vida o melhor que ela tem. Ser feliz.



Atentem nesta imagem e digam lá se não é um bom ingrediente para se ser feliz. Uma cidade cosmopolita mas, ao mesmo tempo, muito intimista, onde toda a gente, ora aqui, ora ali, num qualquer dia, se encontra, convive, dialoga.
Esta beleza natural e edificada moldou-me a personalidade e fez de mim o homem que sou.
Por mão amiga chegou-me esta imagem que me fez recuar no tempo e atiçou a saudade que partilho convosco, meus amigos.

domingo, 1 de maio de 2011

DIA DA MÃE

A ti mulher que és mãe hoje te dedicamos o nosso amor, o nosso carinho, a nossa admiração.
Pela tua coragem. Pelo teu sacrifício. Pela tua doçura. Pela ternura que pões em tudo aquilo que fazes.
Pela injustiça que sobre ti, mulher, todos nós praticamos quando te maltratamos com palavras e atitudes.
Pela discriminação de que és vítima, ao longo dos tempos e também nos dias de hoje, no trabalho, na casa, na política, na remuneração por trabalho igual.
Pela violência doméstica de que és a principal vítima.
Pelos extenuantes dias de trabalho que não têm fim. Porque à vida profissional adicionas as tarefas de uma vida familiar que te absorve todo o tempo, do dia e da noite.
Por tudo e pelo muito que fica por dizer eu, Homem, me confesso indignado.
Pela doçura e pelo perfume que trazes à minha vida eu te agradeço, hoje e todos os dias da minha vida, o teu estoicismo e a tua capacidade de amar. Beijinhos a todas as mulheres, principalmente, à minha mãe, minha esposa, minhas filhas e minhas amigas.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Como a ignorância pode ser tão atrevida!???

Parece estranho, ou talvez não, que em certas alturas e, principalmente em épocas pré-eleitorais, apareça aqui e além, em diversos discursos ou na comunicação social, a referência a figuras, personagens, ou metáforas Camonianas, proferidas por qualquer néscio que, da Obra ou do poeta conhecem, apenas, os lugares comuns, as frases feitas, as personagens conotadas, com o intuito de confundirem os menos atentos, os mais ingénuos ou, quiçá, ofenderem os adversários políticos concorrentes.
O nosso Épico, com a visão que vai para além do tempo, já previa isso. Outrora, como hoje, a política esteve sempre infiltrada de oportunistas e inescrupulosos, que uma mente luminosa e perspicaz, como era a de Camões, vislumbrava à distância, conhecia-lhes as manhas e as ambições. Por isso, quando se dirigia aos seus contemporâneos dizia:

"podereis roubar-me tudo:
as ideias, as palavras, as imagens,
e também as metáforas, os temas, os motivos,
os símbolos, e a primazia
nas dores sofridas de uma língua nova,
no entendimento de outros, na coragem
de combater, julgar, de penetrar
em recessos de amor para que sois castrados.
E podereis depois não me citar,
suprimir-me, ignorar-me, aclamar até
outros ladrões mais felizes.
Não importa nada: que o castigo
será terrível...(Jorge de Sena).

Quando escreveu a epopeia, conhecia Camões, por experiência própria, a grave crise moral, social e política que afectava profundamente o corpo e alma da Nação Portuguesa e, como tal, não quis fechar os olhos à desoladora realidade que em cada dia lhe mostrava  a pátria "metida / no gosto da cobiça e na rudeza / duma austera, apagada e vil tristeza". A evidência e os sinais de decadência de um presente cada vez mais atreito às baixesas de comportamento cívico da sociedade eram coisas que o indignavam. Camões tenta, com o seu canto épico das glórias portuguesas, dar uma lição de verdade cívica para os seus compatriotas de todos os tempos, tentando assim superar a tristeza e a inveja colectiva da época e, porque não dizê-lo, dos nossos dias.
A Obra de Camões, tida como paradigma e até como padrão e estilo cimeiro da história da produção literária portuguesa, não se compadece assim, com remoques e tiradas de sendeiro, de um qualquer idiota útil. A Obra Camoniana deve ser entendida como alerta para realidades que, por serem complexas, apenas estão ao alcance dos mais disponíveis, dos mais esclarecidos, dos mais prudentes, dos mais patrióticos e não está, obviamente, ao alcance dos que, por serem limitados de inteligência, lhes escapa a sageza do Génio. Os Lusíadas, como bem refere Oliveira Martins, são uma obra catalisadora da alma portuguesa, principalmente em época de crise. Ora, sendo esta uma época de crise profunda seria bom nos (con)centrarmos nalguns ensinamentos da História, para evitarmos erros do passado longínquo e/ou recente.
A sabedoria popular eximiamente representada pelos anciãos, assente em muitos dos aforismos prenhes do senso comum esclarecido, mostra-nos que é grande atrevimento "o sapateiro tocar rabecão", que não se deve dar "o passo maior que a perna". Que não é prudente "meter foice em seara alheia". Que a metacognição é privilégio de alguns, poucos, e falar só por falar é comparável ao zurrar dos burros, sem ofensa para os ditos.
Assim sendo, importa reflectir e conceder que ser ignorante pode não ser pecado, se for fruto de dotes débeis de intelecto ou de impossibilidades diversas de cognição. Ser atrevido já será sacrilégio pois tal atitude provém e está associada à arrogância, à intolerância, à má educação, ao despudor. Um pouco de humildade, de recolhimento, de ponderação, de prudência, de tento na língua seria atitude avisada, para se deixar de ser ignorante e, mais ainda, atrevido.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Indignidade

Não sei o que hei-de pensar. Melhor dizendo: - não sei se consigo compreender. Como será possível que um individuo que desempenha um alto cargo na administração pública, que ganha um balúrdio de dinheiros públicos, que é formado em Direito, que não se lhe conhecem outras competências para além da sua formação de base, que não se conhecem resultados do seu trabalho, como presidente da Agência Nacional de Negócios (ou qualquer outra designação similar, que para o caso não interessa), dizendo-se um Democrata Cristão pode descer tão rasteiramente?
Como é que este Senhor Horta - talvez se chama assim porque será a base excrementada de terra - pode, com uma desfaçatez sem igual, vir para os Órgãos de Comunicação Social dizer coisas, loas, dislates, sobre as nossas empresas, seu potencial e depois não ajuda nenhuma das empresas a criar um, sim um único posto de trabalho, que se saiba, e insultar líderes de outros partidos?
Como é que este Senhor já maduro em idade - eventualmente imaturo intelectualmente - não tem pudor de, a troco de mais uns tostões - no caso milhões - se mudar de armas e bagagens do CDS para o PS?
Diz-se que toda a gente tem o direito de mudar e que só os burros não mudam. Talvez seja verdade. Mas cambalhotas, acrobacias, malabarismos, só para se manter na crista da onda, a mim, pessoalmente, não me parece nenhuma mudança, apenas será a demonstração da falta de carácter, de dignidade, de nobreza, de honra, de um palhaço - sem ofensa para os verdadeiros palhaços - que não olha a meios para atingir os fins que, em última análise, será manter poder para se sentar à mesa do Orçamento.
Como será possível que uma pessoa possa enganar todo um povo durante mais de três décadas? Será o povo ingénuo ou o dito senhor um actor ilusionista?
A mim parece-me toda esta javardice uma indignidade, de um troca-tintas, sem escrúpulos, sem coluna vertebral. Os répteis comportam-se assim. Sibilinos, rastejantes, traiçoeiros, mesquinhos, torpes, sem honra nem frontalidade. Que País é este que tal gente tem?
A todas estas atitudes eu, apenas, posso etiquetar: INDIGNIDADE. 

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Voltar a ser Eu!!!

Tentando voltar à normalidade cá vamos andando com dores físicas, psiquicas e emocionais. Mas, tudo mais suave. Já não sangram as feridas ainda que continuem a doer.
Já começámos a ler Jornais e a ouvir as lástimas dos telejornais. As misérias próprias e do Mundo são o pão nosso de cada dia. Não ajudam mas fazem parte da vida.
Um sinal de que tudo vai melhorando é que já me consigo irritar com as aldrabices da classe política, em geral. Já me enfurecem as novidades sobre as listas de deputados, quase sempre incompetentes, inúteis, incapazes que os directórios partidários designam para me representar. Já me questiono sobre o que conhecerá do meu círculo eleitoral um açoriano por mais boa vontade e empenho que tenha. Como pode compreender as nossas necessidades e ansiedades? Como entenderá a nossa forma de estar na vida e em sociedade.
Entristece-me não ver gente de qualidade que há por cá, em abundância, assumir postos de relevo na vida política nacional.
A cidadania não se consegue impor aos aparelhos partidários e a democracia definha, a olhos vistos, pelo desprezo que merece da generalidade das pessoas.
Não vos parece que começo a voltar a ser eu próprio?

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Oração

Quero acreditar que a morte não é o fim do caminho,
Que é, antes, um trampolim para a excelsa vida.
Então porque sofrer, chorar, em vez de cantar Hossanas?
Porque não somos capazes de a encarar com alegria e júblio?

Com a morte não termina o sofrimento e a dor?
Não se alcança a bondade infinita do Senhor?
Quem compreende esta contradição?
Porque não se aceita a finita condição?

Será a cultura social que nos inculca este desespero, esta angústia?
Ou será apenas a nossa falta de Fé e de Esperança no Deus Criador?
É estultício tentar sondar e conhecer os desígnios Superiores,
Porque a mente humana é pequena em sabedoria, grande em astúcia.

Por isso suplico ao Todo Poderoso que me auxilie neste momomento,
Para ultrapassar a dor, a impotência, o sentimento,
Da perda enorme, gigantesca, insuportável.

Me dê forças e descernimento da razão, do conhecimento,
Para encarar a vivência com tranquilidade e paz no coração
Me incentive à meditação e oração.

sábado, 9 de abril de 2011

Como é difícil!

Como é difícil, voltar à normalidade, depois de se sentir o vazio de uma vida virada do avesso, de um momento para o outro!
Como é triste viver estas situações difíceis: doenças, morte, dor, sofrimento! Mas é preciso superar. Temos de conseguir. Vamos resistir. Assim Deus me ajude.
Começamos assim, devagarinho. Escrevendo apenas estas palavras ocas, vazias de sentido. Apenas para mostrar que estamos vivos e com vontade de viver. Vamos ver se conseguimos.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Perdi o meu Herói

Estou triste. Muito triste. Destroçado, mesmo. Tenho muitos e bons amigos que ainda não me deram tempo, nem espaço para assentar, ideias, espírito, raciocínio.
Perdi o meu Herói. O meu Guia. A minha referência. O meu Orgulho. Perdi o meu PAI.
Morreu de velhice, de cansaço da vida. Eventualmente de preocupação. Deixou-me na madrugada de ontem e foi sepultado ontem, pelas 11 horas da manhã.
O desandar da roda começou no dia 26 de Dezembro passado quando, no seu passeio matinal tropeço num paralelo da calçada, mais saliente, e estatelou-se no chão sem que a minha mulher, o conseguisse amparar.
Ah! é preciso dizer que o meu Pai ia todos os dias, pelas 8H30, mais a minha mulher, tomar o seu cafezinho ao café/pastelaria, cá da terra. Não ia comigo porque eu não posso tomar café e levanto-me, geralmente, mais tarde. Passou três semanas de dores e sofrimento físico. Mas, passadas as dores mais lancinantes, veio à tona a sua força de vontade e de viver, sem dar trabalho, e voltou a pedir para ir ao café. Tudo seguia o seu curso normal, com os achaques próprios de quem tem noventa anos.
No final de Fevereiro comecei a endereçar convites aos meus familiares e amigos para que, com antecedência, programassem as suas vidas de forma a poderem estar presentes na festinha que tinha programado para os 90 anos da minha mãe, que os completa, hoje mesmo. Tinha a confirmação de cerca de sessenta pessoas e o restaurante reservado para tal conjunto de pessoas. Tudo programado ao pormenor. Com a cumplicidade do meu pai e a ignorância da minha mãe. Era para ser surpresa para ela.
A minha mãe, no passado dia 20 deste mês (Domingo), quando calçava os sapatos para irmos almoçar desequilibrou-se e caiu desamparada fracturando o colo do Fémur. Foi nesse dia hospitalizada. Disseram-me que a cirurgia iria ter lugar na quarta-feira dia 23. Assim aconteceu. Contactei familiares, amigos e o restaurante a cancelar a festinha deixando-a em suspenso para uma melhor oportunidade.
Iniciámos uma corrida diária para Castelo Branco para visitar a minha mãe que, felizmente, tinha sempre imensas visitas. E o meu pai dizia-me: "olha filho fico cansado com estas viagens, mas eu gosto muito de ir ver a tua mãe e ela também gosta muito de me ver a mim, por isso vou todos os dias.
Na quarta-feira passada, faz hoje oito dias, a minha mãe foi operada e às 12h30 temos notícia, através da minha sobrinha Ana, Terapeuta da Fala naquele Hospital, e pela prima (minha irmã, porque foi criada comigo até aos sete anos - médica de profissão em Viseu) que a cirurgia tinha corrido muito bem e a minha mãe estava bem disposta, pelo que a visita das 14H30 poderia ser normal. Mal soube a notícia disse ao meu pai que a mãe tinha sido operada e que tudo tinha corrido bem.
Quando íamos na viagem, pelas 13H20 já íamos em viagem quando o meu pai, que falava muito pausadamente, disse-me: - "filho esta noite pedi a Nosso Senhor que hoje quando chegássemos ao Hospital já encontrássemos a tua mãe operada e bem disposta. E não é que Nosso Senhor me fez este Milagre?" Dizia estas palavras com as mãos postas em sinal de oração.
Comovido, com as lágrimas a encharcar os olhos, mostrava com muitas atitudes simples como adorava a minha mãe. Fizeram em 30 de Setembro de 2010, sessenta e oito anos de casados. Nunca lhe ouvi uma altercação para além do normal. Nunca os senti zangados a sério. Viviam um para o outro, para os filhos (chamavam a tratavam a minha mulher como filha) que, sendo eu filho único, para eles era terem dois filhos (eu e a minha mulher), para as netas, para os irmãos, sobrinhos e amigos.
Num dia, depois dos beijinhos da chegada, entre os beijinhos da despedida, o meu pai meteu a mão ao bolso e retirou uma amêndoa do pacote e meteu-a na boca da minha mãe. Passava a hora e meia de visita de mão dada com a minha mãe.
Domingo, dia 27 deste mês, fomos à visita e tivemos lá muitas visitas de familiares e amigos. Estiveram lá as minhas filhas (duas netas, únicas e muito amadas) que passaram os fim-de-semana e seguiam viagem de regresso a Lisboa, pois a sua vida é lá, logo após a visita que terminou às quatro da tarde. A minha mãe pediu às netas que quando chegassem a Lisboa informassem as enfermeiras para lhe dizerem que chegaram bem. (Viajar de carro neste País é uma aventura).
Nós regressámos a casa, jantámos, ficamos a ver um bocadinho de televisão e o meu pai disse-me: "filho vou-me deitar, mas dá-me um bocadinho porque quero ir primeiro à casa de banho". Respondi: Vá pai que eu já lá vou ter consigo ao quarto. Passados um dois minutos vou ver o que se passava e já o meu pai estava no quarto a desapertar a fivela do relógio. Ajudei-o a tirar a camisa, as calças e a prepará-lo para ir para a cama. Ele tinha uma cama ortopédica hospitalar facilitadora para o deitar e levantar, segurando no suporte que permite a ajuda das mãos. Com o meu auxílio que já era hábito ajeitou-se, embrulhei-o, aconcheguei-lhe as mantas e fiz a pergunta sacramental: "Pai está bem? Fica bem? Apaga a luz ou quer que eu a apague?" Resposta: -  estou bem filho podes ir deitar-te tranquilo e eu apago a luz.
Em função desta rotina diária subo ao primeiro andar onde com uma música de fundo dou seguimento à leitura de um dos livros que estou a ler neste momento, até fazer horas para eu adormecer, cerca da meia-noite. Adormeci e voltei a acordar cerca das 4H40 da manhã. Fui à casa de banho do 1º andar e, no regresso, vejo luz no rés-do-chão. Pensei: - O meu pai deve estar na casa de banho dele. Desci e vejo o quarto aberto, luz do candeeiro de cabeceira acesa e a luz da casa de banho, também acesa. Pensei que o meu pai estivesse a fazer alguma necessidade fisiológica. Tinha a porta entreaberta. Bati e chamei: Pai! Não obtive resposta. Tentei abrir a porta e senti alguma, pouca pressão. Entrei de lado e dei com o meu pai estendido no chão com a cabeça perto da porta. Chamei, tentei levantá-lo mas desisti logo porque o senti gelado. Chamei o INEM. Passado cerca de 20 minutos chegou a ambulância que confirmou a minha suspeita, o meu pai tinha falecido.
Foi sepultado ontem pelas 11 horas da manhã, dia 29.
Estou destroçado por dentro. A minha razão e a minha Fé dizem-me que o meu pai viveu feliz, morreu feliz. Não sofreu. O meu coração não aceita esta perda! Estou desesperado. Desconsolado. Angustiado. Nem sei qualificar o meu sentimento. Apenas sei que estou triste. Muito triste. Os olhos marejados e o coração apertado. Não que dizer. Não sei falar. Não sei o que dizer. Apenas que me perdoem o desabafo e aceitem as minhas desculpas por não acompanhar os vossos espaços, meus seguidores amigos.
Um abraço fraterno e muito amigo para todos.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Demissão do Governo

Todas as notícias de hoje se resumem, no essencial, à denominada "crise política" devido à demissão do Governo "Sócrates".
Dou por mim a pensar se a demissão de um governo de trapalhadas, de escândalos, de abusos de poder, de falta de ética perante a Assembleia da República e do próprio Presidente da República. Da negociação à surrelfa e enganando os portugueses com a Senhora Merkel, do endividamento externo, da hipoteca de Portugal ao estrangeiro, de tornar esta Nação num protectorado de Países com menos história e menos glórias do passado, merecerá ser notícia? Não teria sido uma benesse a sua inexistência desde 2004?
Um Governo autoritário, arrogante, ditatorial, mesmo, em algumas situações, esbanjador dos dinheiros públicos com inutilidades, megalómano, negligente, incompetente, ladrão, mesmo, merecerá que o País se preocupe com ele?
Não será uma bênção a sua expulsão para o quinto dos infernos, para que jamais possa vir a infernizar a vida de toda a gente?
Sinceramente, acho que a notícia só se justifica se for de júbilo, por um lado, e de péssima recordação, por outro. Para que de futuro se analisem bem as linhas programáticas dos partidos que se propõem a eleições. Se decida em conformidade e, caso não sejam cumpridas as metas a atingir, o governo eleito seja demitido, na hora, se não pelas Instituições Democráticas, pelo Povo na Rua, em força e totalmente. Que ninguém se iniba e fique em casa.
Tenho para mim que só assim se responsabilizarão os políticos charlatães, do amiguismo, do compadrio e da opacidade.
Caiu o Governo Socrático, aleluia! Há seis anos já era tarde.
Disse, em tempos, este PM que ainda estava para nascer um PM como ele. Tem razão. Com a provecta idade que tenho nunca vi um PM tão incapaz e, ao mesmo tempo, tão prepotente.
Estou feliz. Para pior já basta assim. Tenho confiança que, venha quem vier, fará, com facilidade, melhor do que este governo, em todos os sectores. Da Educação à Justiça, da Saúde às Obras Públicas, das Finanças ao Trabalho e de todos os outros ministérios que ninguém deu pela sua existência.
Que saibamos honrar os nossos antepassados Brilhantes, na sua capacidade de inovação, produção, honestidade, ética, moral, competência e servidores públicos.

terça-feira, 15 de março de 2011

Formas de ver!

Imagem tirada da Net


Nada acontece por acaso, é convicção.
Nada controlamos, por nós próprios.
Viver é uma surpresa quotidiana, constatação,
Se das coisas simples fizermos actos históricos.

A vida pode ser uma passagem pelo deserto,
Ou, ao contrário, uma estada num oásis de paragem.
Depende do estado de alma, se desperto,
P'ra ver, com humildade, a missão destinada na viagem.

Se ao outro dermos nossa atenção,
É possível receber, em troca, gratidão.
Se a forma de vida for egocêntrica, egoísta, 
Será petulância esperar mais, que triste e vil solidão.

Nunca será de mais termos presente,
Os ensinamentos do Mestre Deus,
Servir é ganhar, para sempre, lugar na frente.

Recompensa reservada lá nos Céus,
Àquele que por obras é diferente,
Do outro que viveu de olhos com véus.       

quarta-feira, 9 de março de 2011

Quaresma

Para os Cristãos Católicos, inicia-se hoje um percurso de reflexão pessoal e religioso, tendo em conta o Mundo em que vivemos e as circunstâncias da vida em Sociedade.
O tempo que decorre desta Quarta-Feira de cinzas até ao domingo de Páscoa é propício para os crentes e não crentes aprofundarem, na sua linha de pensamento e de actuação, alguns valores que resvalaram para planos inclinados de onde é difícil voltar. Mas que, apesar das dificuldades, se torna imperioso inverter se queremos, nesta vida, alcançar alguma pitada de felicidade. É que a Ética mesmo que entendida, apenas e só, na sua fenomelogia científica, também se vê confrontada com situações de injustiça, infelicidade, iniquidade, que são, ao mesmo tempo Valores Éticos e Valores Morais.
A religião, ao contrário do que muito boa pensa, não passa de um reflexo de Deus em cada um de nós, quer se acredite ou não na Sua existência. É que Deus não é um Ser, uma Coisa, que cai do Céu mas é um fenómeno interior que não tem explicação científica mas que se sente. Tal como frio, que sendo ausência de calor, nenhum Físico é capaz de enunciar de outra forma esta sensação. A escuridão, sendo ausência de Luz, nenhum Axioma consegue explicar, com mais pormenor, do que se trata.  Poderíamos continuar a dar mais exemplos mas ficamos por aqui. Quer se acredite ou não na Existência de um Deus, um Ser divino, Um Ente Superior jamais alguém foi capaz de explicar a sua inexistência. Ou se acredita ou não. Mas da mesma forma que se pode por em causa a ausência de Deus tem de se considerar a sua existência.
Poder-se-á dizer que Deus é uma realidade e outra, bem diferente, serão as religiões ou igrejas. Porém, duma coisa temos de estar certos o Homem/Mulher tem necessidade de se encontrar consigo próprio. E este é o momento para iniciarmos uma caminha de interiorização da nossa Fé e da nossa forma de estar na vida em Sociedade. Vamos a isso.

terça-feira, 8 de março de 2011

Dia da Mulher?



É de todos conhecida a minha aversão a dias convencionais. Porém, como ainda há muita discriminação relativamente à mulher, hoje permito-me uma excepção para demonstrar, aqui e agora, a minha admiração, respeito e consideração pela MULHER.
Mulher que é mãe e, quantas vezes, pai, por ausência ou omissão deste.
Mulher que é irmã. Que é esposa. É namorada, amante, amiga. É ombro amigo e regaço largo que encola e faz adormecer. É médica e enfermeira que cura e alivia sofrimento. É professora que ensina e educa. É missionária e benfeitora. É Santa e pecadora. É sofredora mas uma fortaleza na sua, aparente, fragilidade. É juíza que faz justiça. É política. Só não pode ser sacerdotisa por que a Igreja é um feudo do homem.
É mais vítima do que carrasco. Sofre, muitas vezes em silêncio, para suavizar as dores do homem que  é marido, filho, aluno, doente, etc.
Trabalha a dobrar. Na profissão, nas lides domésticas, na criação e educação dos filhos.
Mulher é ser humano mas, sem mulheres os homens no seu pseudo-poder, seria um zé ninguém. Por isso admiro e gosto tanto das mulheres, do meu País e do Mundo inteiro.
Vivam as Mulheres e os Homens que as respeitam e amam.

sábado, 5 de março de 2011

Entrudo!

A tradição já não é o que era. Hoje fala-se em Carnaval. Gastam-se milhões com o Carnaval. Fazem-se cortejos com carros alegóricos. Aparecem umas meninas meio vestidas, ou meio despidas, depende da perspectiva, a bambolear-se ao som de um qualquer samba. Aviso já, para que não me acusem de xenofobia, de que gosto muito de samba e do seu País de Origem (O Brasil). Porém vejo este tipo de Carnaval, não como uma inovação ou evolução, mas um retrocesso. Uma aculturação veiculada pelas Câmara Municipais e ampliada pelos Órgãos de Comunicação Social - a RTP vai cobrir o desfile da Figueira da Foz -, tudo pago com o nosso dinheirinho, sugado por políticos medíocres, sem visão estratégica de desenvolvimento sustentado e com uma táctica, que se baseia no enviar terra para os olhos, do pobre Povo.
Ora em Carnaval andamos nós há anos a mais. A fazer de conta. A viver anestesiados, por uma máquina trituradora, de intoxicação intelectual. A viver em roubalheiras e trafulhices. Em burlas e farsas à custa de todos os que pagam impostos.
Por isso tenho saudade de um entrudo familiar onde se reunia a família e os amigos. Se comiam as carnes de porco tiradas directamente da salgadeira. Se distribuíam alguns enchidos pelas pessoas que, por azar ou carência, não tiveram porco para matar no final do ano anterior. Se faziam uns bailaricos, onde apareciam uns rapazes vestidos de rapariga e vice-versa. Um ou outro embrulhado em mantas de trapos a quem chamavam "entrudo". E tudo acabava na quarta feira de cinzas, dia em que o homem era confrontado com a sua realidade metafísica - "és pó e ao pó hás-de voltar".
Não me venham com ideias feitas de que é bom para o Turismo, façam-me esse favor. Eu não acredito que as receitas sejam superiores às despesas. E se não há saldos positivos melhor seria que se estivesse quieto. Mais vale parado do que em queda livre.
A tradição já não é o que era, mas se esta não se sobrepõe às pseudo inovações, então que se acabe ela.
Deixem o Carnaval para o Brasil e para os Países Tropicais que o sabem fazer, bem feito, e deixem-nos com o nosso Entrudo que também não nos deixava ficar mal.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Reflexão...


Quisera eu entender,
A profundidade do Ser.
Ter, da essência, o Saber
Que me levasse a conhecer,
A grandeza do amor.
Da felicidade o sabor,
Do ontem sonhador,
Do amanhã a esperança,
Do hoje a confiança,
Que está ao alcance do Senhor.

Mas porquê esta inquietude,
De levar a vida na virtude,
Se o Mundo é o contrário.
É feliz o salafrário,
Que goza co'a desgraça alheia,
 Rouba a serenidade e a ceia.
Sofre o Ser solidário,
Que ao outro dedica sua afeição,
Tentando aliviar a dor,
Da impiedosa provação.

Porque não sou como a ave,
Que cansada de voar,
Volta sempre ao seu lugar,
No ramo de qualquer árvore.
Vivendo ao sabor do tempo,
Sem angústia ou sofrimento.
Num remanso solitário,
Longe de qualquer calvário,
Porque do Além vem o necessário,
E que pr'amanhã traz a chave.

 


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Como o Cacho de Bananas...




Por quê tanto ódio? Tanta morte, tanto sangue a jorrar pelo chão? A fuga maciça para evitar a chacina?
O petróleo que nos traz tanto conforto, a nós, justificará a miséria, a fome, a corrupção, o compadrio e o sofrimento atroz, de tantos povos?
Como pode um facínora, assassino, déspota, ser considerado e aceite pela Comunidade Civilizada? Só porque tem petróleo?
Como pode o nosso PM ser amigo desta besta desumanizada?
E antes do petróleo não vivíamos?
Eu sou do tempo em que não havia plástico. Poucos automóveis. Ruas onde as crianças brincavam à vontade, jogando com uma bola de trapos e o risco que corriam era, no máximo, um vidro do vizinho partido e uns açoites do pai ou da mãe. Nem por isso deixei de ser uma criança, um adolescente e um jovem feliz.
Eventualmente os Beduínos do meu tempo, cirandando de um lado para o outro, à procura de água e alimento, não teriam uma vida mais descansada do que a que vivem hoje em terras da Líbia?
E se fossemos como as bananas que crescem juntas, lado a lado, sem se atropelarem ou atrofiarem, para se tornarem em alimento saboroso e benéfico para o corpo?
Não terá sido para um desígnio igual ao das bananas que fomos criados. Como irmãos. Filhos do mesmo pedúnculo, sentindo o calor de cada um em vez do arrepio da morte?
Eu quero ser como a banana a crescer em cacho, aconchegado, ligado pela mesma raiz. Detesto o petróleo.