terça-feira, 21 de março de 2023

Disciplina

 

Disciplina!

Todas as sociedades têm regras que os cidadãos devem cumprir para que as relações sociais sejam cordiais, mesmo, afectuosas. A estas regras convencionou-se chamar disciplina e, quanto mais afinada esteja esta regra geral mais coesão existe entre todos os membros da sociedade. Não é plausível imaginar uma qualquer sociedade, associação, instituição ou mesmo família sem esta regra de ouro.

Talvez por isso se ouça falar, frequentemente, em disciplina orçamental porque, como é óbvio, ninguém pode gastar, mas do que o que tem, sem que a sua vida económica se torne num caos.

Também no desporto se fala muito em disciplina para a equipa funcionar como um todo, rumando ao mesmo objectivo que é, em última instância, vencer.

Na escola a disciplina é da maior relevância, não só para o ensino-aprendizagem, mas também para o normal funcionamento da instituição e, particularmente, para a harmonia entre todos os que dela fazem parte. Ninguém imagina uma escola sem disciplina porque isso seria o desrespeito total por todos os intervenientes e o conflito inerente.

Nos governos a disciplina é regra fundamental como se comprova sempre que a mesma falta. A indisciplina leva a conflitos entre os ministros, a demissões, a remodelações. Esta consequência é mais notória do que a da incompetência. Basta reavivar a memória para se concluir desta evidência.

É fácil intuir que, quanto mais responsabilidade social tem a instituição, mais disciplina e coesão terá de haver. Parece-me inequívoca esta ideia. Não se vislumbra o sucesso de um governo, de uma escola, de uma equipa desportiva sem disciplina. Acontecem casos de indisciplina em todas estas instituições, mas as consequências são sempre devastadoras. Quando um aluno não respeita um professor ou vice-versa os resultados pretendidos ficam comprometidos. Quando os alunos não se respeitam entre si o conflito extravasa da escola para as famílias e a inquietação na escola sobrepõe-se à sua intrínseca função, desviando o foco e o consequente resultado.

O que vale para a escola é válido para qualquer outro tipo de instituição, associação ou organismo.

No momento os noticiários não deixam de nos trazer preocupações acrescidas. Por um lado, é a indisciplina dos sistema bancário nos Estados Unidos e na Suíça, pelo perigo de contágio ao restante mundo financeiro. Mas também a indisciplina de um pequeno grupo de militares da Armada Portuguesa que se recusou a cumprir uma missão de vigilância, a um navio russo, que navegava próximo da zona marítima exclusiva nacional.

Ambos são motivos de muita preocupação. O primeiro porque qualquer descalabro bancário afecta toda a sociedade contribuinte e principalmente os mais desfavorecidos. Ainda está fresca a memória do último resgate financeiro que tivemos e continuamos a ter de pagar aos nossos credores, fruto de desvarios e indisciplina financeira do governo socrático. O segundo, porque, tratando-se das forças armadas, instituição onde ninguém se salva sozinho mas todos se salvam salvando-se, o risco de colapso e de morte é extremamente elevado.

Nesta última instituição prevalece sempre o companheirismo e a entreajuda sem os quais todas as “guerras” serão perdidas. Não se compreendem, pois, por mais legítimas que sejam as razões, actos de insubordinação, de recusa de missões. Esperemos que tenha sido um caso isolado e que não passe daí, mas nós que já andamos cá há muitos anos, não nos esquecemos do descalabro que foram os SUV (soldados unidos venceremos) e das suas consequências paras as Forças Armadas e para todo o País e seu povo em 1974/75.

A Disciplina não existe só porque sim. Existe por necessidade social para a convivialidade fraterna. A falta dela traz sempre consequências nefastas. Veja-se o que acontece no trânsito automóvel e no número de mortes que a indisciplina acarreta.

Disciplina precisa-se e exige-se em todos os sectores da sociedade.

18/03/2023

Zé Rainho

 

terça-feira, 7 de março de 2023

80 Anos do Elvas

 

Homenagem ao meu caríssimo compadre, colega e grande amigo, Professor FERNANDO ELVAS.

 

80 anos!

 

A bicicleta que me transporta,

Na minha vida, para lá da porta

Traz as dores dos oitenta anos,

De caminho, sucesso, desenganos.

 

Um percurso de lisura e honradez,

De trabalho, dedicação, sensatez,

Trouxe, também, alguns escolhos,

Que fizeram chorar meus olhos.

 

Mas no balanço final, necessário,

Aparece o saldo mais generoso,

Sentimento de dever cumprido,

 

Por ter sido demais perdulário,

Com a graça do Deus poderoso,

Fazer o bem, mesmo ao inimigo.

 

28/02/2023

Zé Rainho