sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

VOTOS PARA 2024!

 


VOTOS PARA 2024!

No último dia útil de 2023 poderia fazer um pequeno balanço do que se viveu neste ano e começar por abordar o caos que se vive no Serviço Nacional de Saúde e no desastre, de proporções incalculáveis, que se passa com a educação em Portugal, mas não quero ir por aí, porque me interessa mais o futuro do que o passado e quero pedir ao Poder, seja ele exercido porque partido ou partidos for, para o ano 2024 algumas pequenas coisas. Senhores políticos façam-me lá esse favor, porque está ao vosso alcance.

O futuro é dos novos não é dos velhos, por isso vamos lá ver se invertemos a destruição e reconstruímos todo o edifício da educação que o individuo da bengala nos deixa. Permitam-me um parêntesis: nunca percebi porque que é que um primeiro-ministro vai buscar uma pessoa cuja formação é em linguística, para um sector vital de qualquer sociedade com futuro, em vez de recrutar quem saiba, verdadeiramente, do assunto, que são as ciências da educação? O homem pode ser muito sabedor e competente na sua área, mas não deixa de ser uma nódoa na educação e os resultados comprovam-no.

Peço ao novo governo que escolha, para a Educação, uma pessoa competente, arrojada, capaz de lutar contra os idiotas que propagandeiam e exigem o facilitismo em vez da exigência, a mediocridade em vez da excelência, o amorfismo em vez da singularidade. Que autonomize e responsabilize as escolas sobre a forma como ensina os seus alunos, dando-lhe condições materiais e humanas, para que cumpra a sua função de ensinar, sem discriminar, incluir sem excluir, libertar sem castrar a criatividade e o ritmo de cada aluno.

Peço ao novo governo que olhe para o sistema nacional de saúde no sentido da prevenção, já que não tem condições para a remediação. Que aposte nos cuidados continuados para libertar os hospitais que estão vocacionados para outras funções mais urgentes e específicas. Que a cada um sejam dados o conforto e o cuidado que precisa.

Peço ao novo governo que recomende à segurança social que olhe para os mais desfavorecidos e minimize o sofrimento de quem não consegue sobreviver com um mínimo de dignidade. Que à parte que lhe cabe na responsabilidade quanto ao emprego obrigue, os que não querem trabalhar e o podem fazer, a procurar emprego seja em área ou sector de trabalho for, para não subsidiar a preguiça.

Peço ao novo governo que recomende às infra-estruturas que se deixe de socorrer empresas falidas como a TAP, a EFACEC e outras similares, porque os impostos que todos nós pagamos não podem servir para que alguns vivam à custa de todos.

Peço ao novo primeiro-ministro que se deixe de armar em rico e não aplique o pouco dinheiro que temos na reconstrução de património cultural de países estrageiros e o aplique no nosso. Não seja como o actual, que doou 34 milhões de euros a Angola para recuperar um património que foram os portugueses que construíram, mas que agora é só pertença dos angolanos.

Por fim peço aos partidos políticos, todos os partidos políticos, que sejam parcimoniosos nos gastos da campanha eleitoral. Que informem com clareza e com verdade o que pretendem e são capazes de fazer quando chegarem ao poder e não nos vendam a banha da cobra, porque já não conseguimos acreditar nessa conversa fiada.

Mesmo para terminar, não peço mais nada, mas desejo a todos os portugueses – não me venham com essa de portuguesas que agora está na moda, porque o substantivo neutro as engloba sem necessidade de as mencionar – um 2024 repleto da maior felicidade e com muita saúde. Para o mundo todo, desejo paz e prosperidade.

29/12/2023

Zé Rainho

 

 

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Muitos anos

Muitos anos 


Noutros tempos, noutras ocasiões, 

De pueris amores, outras emoções 

De grandes sonhos, várias ilusões 

Foram estas oito décadas de paixões 

Vividas com genuína sinceridade 

Desde sempre, desde tenra idade

Com profundo sentido de honestidade 

Valores vindos do berço da verdade.


Histórias de vida com muita história 

Que preenche a remota memória 

De momentos, pessoas, glória 

De lugares, sítios terra meritória 

Vivências sentidas entusiasmadas

Mesmo que às vezes atribuladas

Por preocupações por outrem gizadas

Como as guerras de poder organizadas.


Nascido em terras beirãs da raia

Com horizonte aberto de atalaia 

Mas confinado a estreita visão 

E a meninice com carência de pão 

Ao pai audacioso, aventureiro 

Deve o rasgo de um virar primeiro 

De rumo, objectivos e possibilidade 

De outros voos desde a puberdade 



Assim, por terras amplas de lonjuras 

Descobrindo novas árias, partituras 

Que compõem mais diversas melodias 

Foi conhecendo de tudo em seus dias 

E são o somatório desta bela idade

Que é mais do que velhice é liberdade

Gratidão imensa a Deus e seus maiores

Por tudo e pelos demais pormenores 


Neste dia dos oitenta, ditoso de alegria 

Com a família, amigos em porfia

No velho rincão de terra abençoado

De paisagem exuberante em todo o lado

Quero continuar a sentir o vosso amor

Que senti no dia-a-dia mesmo na dor 

Da separação física diversa e diferente 

De cada um e de muito outro ente.


Se a felicidade é feita de momentos 

De alegria, júbilo, de sentimentos 

Então hoje hoje é um dia abençoado 

Por ter a família e os amigos ao meu lado 

A celebrar esta importante dádiva divina 

De aos oitenta anos ainda fazer rima 

Com palavras prenhes de sentido 

Ainda que sem brilho dum poema…


Impõe-se, para terminar um agradecimento 

A todos vós aqui presentes neste momento 

Mas também àqueles que são ausentes

Mas que De coração estão sempre presentes 

Nas nossas vidas e no nosso pensamento 

A toda a hora e no necessário o momento 

Em que um ombro amigo é o melhor amparo 

Para suavizar a dor que precisa de reparo 


Então que fique na nossa colectiva memória 

Este dia de resumo da vida com história 

Que começou nesta que da beira é princesa 

Passou por muitos lados mas com certeza 

Foi raiz do mais puro e sedutor amor

Juvenil, maduro, velho e já com torpor

Que deu origem à mais lídima maravilhosa 

Família que um homem pode criar, preciosa.



16/09/2023


Zé Rainho 



Coragem

Coragem!


O penúltimo domingo do ano litúrgico lança-nos o desafio de viver sob o desígnio do medo ou da coragem, da cobardia ou do medo, da aventura ou do comodismo. E, para suportar esta opção, Jesus deixou-nos a parábola dos talentos. 

É evidente que para os não crentes a palavra de Jesus não diz nada, não representa coisa nenhuma, não tem valor algum. Não sabem o que perdem, mas isso é problema deles, não temos nada a ver com isso. O que não invalida que ela encerre lições para a vida de todos e de cada um de nós. 

Basta atentarmos no que vemos por aí, no domínio individual, mas também nos negócios, na política, na governação da (res)pública. Quem tem coragem, quem arrisca, em regra tem sucesso. Quem se acomoda não passa da cepa torta. Isto é visível nas empresas, nas autarquias, no Estado central. 

O exemplo deste último é flagrante no caso do aeroporto de Lisboa, que há mais de cinquenta anos e depois de muitos milhões gastos em estudos, não se vislumbra nenhuma decisão. 

Nas autarquias assiste-se ao desenvolvimento sustentado de diversos concelhos e a estagnação de outros, muitas vezes vizinhos. 

Nas empresas, não é diferente. Aquelas que apostam na inovação, nos seus colaboradores, prosperam a olhos vistos as outras que se agarram ao estereótipo de que basta ser empresário para ter um estatuto superior e explorar os seus trabalhadores na ânsia do maior lucro, rapidamente passa da estagnação à degradação e à falência. 

Mas as palavras de Jesus também apontam os erros e as virtudes de quem coloca os seus talentos ao serviço do bem comum e, a Sua própria Igreja, é interpelada sobre a forma como desempenha a sua missão. 

A responsabilidade partilhada, hierarquia e leigos, que raramente se põe em prática leva, também, ao sucesso ou ao desastre. 

Não sei se é uma questão cultural do nosso povo ou se são resquícios monárquicos da congregação à volta da Corte, o certo é que a tendência centralizadora dos diferentes poderes é transversal a toda a sociedade. É o centralismo do Terreiro do Paço e de certas regiões, a nível político administrativo do país e o centralismo patriarcal e diocesano ao nível da Igreja. 

Ainda ontem assisti a uma demonstração de um certo tipo de centralismo. Num grande centro urbano e numa determinada igreja há, nos fins-de-semana missa ao sábado (vespertina) e duas ao domingo, uma da parte da manhã e outra ao fim do dia. Ontem, a missa vespertina tinha meia dúzia de gatos pingados como participantes e no final, o pároco avisou que a partir do primeiro domingo do próximo ano litúrgico, deixa de haver missa do final do domingo por falta de fiéis participantes. Na minha diocese há muitos lugares onde há muitos Domingos sem missa por falta de sacerdotes celebrantes e bastantes fiéis que se vêem obrigados a assistir à missa pela televisão. 

Se ouvíssemos o Santo Padre, o papa Francisco que, constantemente nos convoca para estarmos atentos às periferias, aos marginalizados, aos mais desprotegidos, aos mais frágeis, talvez o centralismo fosse minimizado, os marginalizados não se tornassem marginais, os frágeis fossem mais fortes. 

Para isto tudo será necessário perder o medo e arriscar. Não ser cobarde, mas corajoso. Ser produtivo de acordo com os talentos de cada um. Somos capazes de ter essa coragem? 

19/11/2023

Zé Rainho 

Comportamento

 Comportamento social! 


Num fórum, numa assembleia, numa escola, numa igreja ou em qualquer outro lugar de ajuntamento de pessoas, as primeiras cadeiras ficam sempre vazias. É assim ou não é? 

A pergunta tem interesse ou não? Vale a pena pensar sobre um assunto tão comezinho? 

Responda o que quiser, quem quiser, se quiser.

Para nós, não tendo um valor transcendente, somos de opinião que vale a pena reflectir sobre o assunto, por várias razões, principalmente porque não se fala da vida de ninguém, em particular, mas se procura analisar um comportamento de massas. 

Não vamos entrar por caminhos científicos que não são da nossa lavra nem acrescentavam valor sobre aquilo que queremos partilhar. 

Vamos então começar pelo princípio como é bom fazer em todas as coisas:

Já todos reparámos que quando nos dirigimos a um qualquer espaço, sem lugares marcados, para ouvirmos qualquer prelecção, a fila das cadeiras da frente ficam sempre vazias ou, pelo menos, são as últimas a ser ocupadas, se a lotação se esgotar e a pergunta impõe-se: por que será? 

Poderá dizer-se que se deveria retirar a fila de cadeiras da frente e o problema ficava resolvido. Mas não ficava sempre uma primeira fila? Por aqui não vamos lá com a explicação.

Exortar as pessoas a ocuparem desde o início a primeira fila e irem ocupando as restantes. Já experimentaram fazer isso? Qual foi o resultado? Uma ou outra pessoa lá cede e aproxima-se mas a esmagadora maioria fica lá atrás, no seu cantinho, não é? 

Vamos então ensaiar uma possível explicação, ainda que, dou de barato, haja muitas outras.

Quando Cristo andou pelas terras da Samaria, da Judeia, da Galileia e outros lugares a que vulgarmente chamamos Terra Santa, havia, como, infelizmente, ainda hoje há, muita vaidade, espavento, orgulho, preconceito e, sobretudo, poderosos poucos e pobres e mesmo indigentes muitos, a maioria das maiorias. 

Jesus, na Sua qualidade de Deus feito homem, catequético, mestre dos mestres,  não podia deixar de admoestar os poderosos e exaltar os humildes deixando claro para todos e em todos os tempos, que todos os seres humanos são iguais, nos seus direitos e deveres e, para que toda gente entendesse a mensagem, falava em parábolas, exemplos do dia-a-dia, vivências que todos conheciam. 

Em algumas dessas parábolas dizia: “amigo, quando fores convidado para um banquete não ocupes os lugares cimeiros, porque pode o dono da casa querer atribuí-lo a outros convidados mais importantes, ocupa os lugares de trás e, quando o anfitrião te vir lá atrás te dirá, acerca-te de mim e assim serás honrado e não envergonhado”; “quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado” (citado o conteúdo e não os textos).

Como a nossa civilização se alicerça nos ensinamentos e cultura judaico-cristã, particularmente na parte ocidental, não admira, pois, que nos arquétipos de cada um de nós, prevaleça esta ideia de deixar os lugares da frente para os outros. Muitas vezes não por convicção mas, apenas, por parecer bem.

Desta forma, temos para nós, que a educação recebida dos nossos antepassados, de geração em geração, foi fazendo o seu caminho e tal conduziu-nos a ser deferentes, atenciosos, humildes, o que nos leva a deixar passar uma senhora, um idoso, um destacado semelhante que desempenha cargos públicos relevantes, à nossa frente. Ah! Se calhar não é bem assim, desculpem. É a minha vetusta idade que me leva a dizer estas parvoíces. 


17/08/23


Zé Rainho 

Riqueza

 Riqueza e pobreza! 


Li, em dias sequenciais, o jornal Público. Num desses dias uma entrevista com Eduardo Catroga, ex-ministro das Finanças de Portugal. No outro um artigo de opinião de Carmo Afonso, advogada e cronista daquele jornal. 

Na entrevista li a opinião de um homem com vida, com história, com provas dadas que se fez a si mesmo. Com algumas posses, é verdade, porque nem todos os meninos que nasceram em 1942 tiveram a possibilidade de estudar e tirar um curso superior, mas que não esbanjou o pecúlio que o pai tinha amealhado e, nos estudos foi o melhor. 

O facto de ser o melhor do seu curso abriu-lhe as portas da maior e melhor empresa portuguesa do século passado, a CUF e aí singrou pelas suas capacidades e competências profissionais. 

Foi ministro porque se podia dar ao luxo de não ganhar muito dinheiro, mas manter o património até então acumulado, sem deteriorar o nível de vida que até então tinha proporcionado à sua família. 

Seguiu o princípio consagrado na Constituição de 1822 que preconizava que seriam “absolutamente inteligíveis para o cargo de deputado, os portugueses que não tivessem com que se sustentar, renda suficiente precedida de bens de raiz, comércio, indústria ou emprego”. No tempo actual, que não dependessem da política para viver, como acontece na esmagadora maioria dos casos com eleitos e governantes. 

Ao ler a entrevista fiquei com a ideia de um homem de bem que serviu o bem público, a (rês)pública e não se serviu. 

Depois veio o artigo de opinião da advogada Carmo Afonso, pessoa que não conheço, mas que desanca na franqueza do Catroga por ele deixar implícita a ideia de que os políticos em Portugal são mal pagos. 

Como não conheço a Senhora e não lhe conheço obra -culpa minha com certeza- só sei que é figura mediática devido às suas posições de esquerda radical, não pronuncio sobre a pessoa mas, apenas sobre o que escreveu. 

A senhora acha a franqueza do Catroga um insulto aos baixos salários dos portugueses e, na minha opinião, uma coisa não tem a ver com a outra. 

Que os salários dos portugueses são baixos, demasiado baixos, já todos sabemos, mas também sabemos que os salários dos políticos também são baixos e que, eventualmente, essa será uma das causas de tanta mediocridade na nossa vida política. Porque não é atractivo para ninguém, honesto e competente, nas diferentes áreas de actividade, que se queira sujeitar à imagem cadastrada que os políticos têm no nosso país. 

A senhora também esqueceu que o país é esbulhado pela corrupção e que essa corrupção é um dos factores que faz com que os salários sejam baixos porque os impostos são demasiado elevados.

A senhora também esqueceu, ou omitiu propositadamente, o que bastante mais grave, os ordenados pornográficos das vedetas televisivas, do futebol, dos advogados, verdadeiras estrelas planetárias.

Posto isto só me cabe dizer duas ou três coisas: 

A senhora tem direito a ter a sua opinião e toda a liberdade para a expressar, já me parece mais discutível que um jornal de referência e com prestígio, como é  o Público, lhe dê palco para catequizar os incautos para uma agenda política escondida. 

Também me parece que uma pessoa sem história não devia arrogares-se o direito de se apresentar com uma superioridade moral de que, manifestamente, não deu provas. 



19/08/2023


Zé Rainho 

Gémeos!

GÉMEOS!


Os gémeos, particularmente os monozigóticos, sentem as dores e as alegrias de cada um. A experiência mostrou-me que quando um gémeo sofre qualquer contrariedade intensa o outro sente-a como sua, chora ou manifesta a sua dor como se ele próprio fosse o sujeito atingido. 

Conheci um caso de dois gémeos do sexo masculino, adultos, muito adultos, é um deles faleceu. O sobrevivente nunca mais se conseguiu olhar ao espelho porque, quando o fazia, não se via a si mas via o irmão falecido. Um sofrimento atroz que durou pouco tempo porque também este faleceu num curto espaço de tempo. 

Esta introdução para analisar o comportamento do Sanchez, espanhol e o Kosta português. Não sei se repararam, mas o Sanchez chegou e quer manter-se no poder sem ter ganho as eleições livre e democráticas. O Kosta, durante quatro anos fez precisamente o mesmo. 

O Kosta cedeu à esquerda radical em todos os seus casos que quiseram fazer crer que eram causas. Cedeu a todos os indiciados pela justiça alegando que “à justiça o que é da justiça e à política o que é da política”.

O Sanchez, antes de iniciar o anterior mandato, disse que se fosse governo mandava prender o Puigdemont. Nunca o fez e agora diz que o caso de Puigdemont não é de justiça mas é da política e quer amnistiá-lo para se poder manter no governo. 

Ouvindo e vendo a TVE é afirmado por vários intervenientes, que hoje em Espanha se trabalha para ser pobre. Em Portugal sente-se que se trabalha para ser paupérrimo, mas a RTP e hipotéticos interventores, dizem nada. 

Portugal e Espanha já foram muito diferentes, hoje são gémeos, porque os respectivos povos se consideram irmãos. Os principais protagonistas da política de ambos os países são gémeos nas políticas de empobrecimento e, para se manterem no poder não se importam de vender a alma ao diabo. 

Em Espanha já há três línguas faladas no parlamento local. É preciso aparelhos de tradução simultânea para que os deputados se entendam. Os socialistas mais respeitados em toda a Espanha, como nação, não concordam e apelam à desobediência dos restantes socialistas. Em Portugal o presidente do partido socialista pede ao governo mais diálogo, menos arrogância, remodelação governamental para que o governo, finalmente funcione em prol dos jovens, do povo, em geral e do desenvolvimento nacional, o Kosta faz orelhas moucas e não dá cavaco a ninguém porque ele é que sabe. 

Não nos podemos esquecer do que o Kosta fez ao Tó Zé Seguro. Não podemos esquecer o que o “Cravino” fez ao Jorge Seguro quando este quis apurar como se gastou dinheiro no ministério das tropas. 

Eu não acredito em bruxas mas que “las hai? las hai”. 


Amor!

 Amor!


Nem o nosso vate mais ilustre, quando escrevia que o “amor é fogo que arde sem se ver”, se atreveu a definir classificar, com significado objectivo, tão complexo significante. Não serei eu, portanto, humilde escrevinhador, a tentar tal proeza. Porém, o amor é, porventura, o tema mais importante da humanidade, sem o qual o homem deixa de o ser, para se tornar em besta feroz.

Quando, quotidianamente, convivemos com a bestialidade da violência doméstica que, no nosso país, durante o presente ano, já matou vinte e cinco mulheres, às mãos dos seus parceiros é fácil constatar que só pode ser a falta de amor a causa deste dislate. 

As várias guerras que alastram pelo planeta, a fome, a miséria, a descriminação entre povos, raças e género é mais uma demonstração de que a falta de amor, na espécie humana, conduz ao sofrimento inaudito daquele que, por definição e nascimento é irmão, é semelhante, é igual, é o reflexo espelhado de si próprio.

Há por aí muito boa gente que sobre a palavra amor tem uma ideia redutora do conceito. Associam-na muitas vezes ao sexo e só ao sexo, daí, frequentemente, se ouvir a frase “fazer amor”. Ora, como é bom de ver o conceito tem um âmbito muito mais vasto, porque ele engloba o afecto pelo outro, mesmo quando o outro seja um qualquer ser vivo, animal ou vegetal. Pode aparecer sob diversos aspectos como seja a amizade, a empatia, a cordialidade e a solidariedade, a irmandade. Logo o amor é local e global, simultaneamente. 

Com base nestes, despretensiosos, pressupostos fácil será concluir que carece de fundamento a necessidade de definir o amor, mas que se torna imperioso vivenciá-lo, senti-lo, praticá-lo no dia-a-dia e deixar de o rotular de acordo com a moda, com a narrativa em voga, com o interesse de grupos, mais ou menos organizados segundo interesses, muitas vezes, pouco confessáveis. 

As causas, por mais interessantes e actuais que possam parecer, nunca poderão esquecer que na base de tudo tem de estar e prevalecer o amor. Quando se defende o ambiente, os direitos humanos e dos animais, quando se prega à justiça social, quando se legisla e tomam decisões que tenham impacto na vida do outro deve estar presente o amor. 

Temos pois, o dever e a obrigação, todos nós e não só alguns, de difundir e praticar o amor, no local de trabalho, na convivência social, na relação com as pessoas, com os animais, com o planeta, em geral. Vamos a isso?

28/11/2023

Zé Rainho 

Grito!

 GRITO!


Grito com mágoa e comoção 

Ao ver deitado sobre um cartão 

Um meu irmão desvalido.

Por própria ou imposta opção 

Mas sempre na péssima condição 

De, apenas, ter sobrevivido. 


Sinto o vazio e a incapacidade 

De ver que esta minha cidade 

É uma terra madrasta. 

Para quem estende a mão a caridade 

Mesmo quando já não tem idade

Para gritar que já basta.


Vejo gente em frenético movimento 

Que, por vergonha ou sentimento 

Desvia o olhar pra não ver.

A miséria, a dor, o sofrimento 

Do semelhante que em detrimento 

Da dignidade, deixa de viver.



Paredes meias com esta desgraça 

Vive o luxo, o esbanjamento e a trapaça 

De quem a vida é bendita 

Que queriam ver nos outros a mordaça 

Da denúncia do espavento e devassa

Daquela vida restrita.



Se houvesse ao menos um abrigo 

Mesmo amplo, ainda que colectivo 

Não seria necessário o hospital 

Ficar com doente curado, vivo

Com poucas forças mas decidido 

A voltar a uma vida normal 


Mas não há nada neste país indigente 

Para as pessoas que de forma premente 

Procuram um teto para dormir

E não conseguem assim de repente 

Trabalho e recurso permanentemente 

Para tal falta conseguir suprir 


Mas os nababos governantes e banqueiros

Montados na soberba e nos dinheiros 

Não se importam com a miséria 

De quem apenas queriam ser primeiros 

A ter trabalho, comida e companheiros

De uma vida normal e séria.


5/12/2023


Zé Rainho 


quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Alternância!

 E assim se Vota…

Sente-se, vive-se, muito profundamente,
Não se sabe o quê, o como, o estado doente,
Não se verbaliza, nem se diz ou concretiza,
O que a alma dolorida, solitária, triste, consente.
Quisera ser livre de acção, opção, movimento,
Para gritar bem alto, bom som, a raiva, a dor, o sofrimento.
Clamando contra a injustiça, o impudor, o saque, o esbulho
Que alguns, por culpa exclusivamente nossa, fazem com atrevimento.
Não sei se por ingenuidade, negligência, burrice ou comodismo,
Por hábito, costume, indiferença, desconhecimento ou clubismo,
A verdade é que não se procura a alternativa, aposta-se na alternância;
E qual o resultado, do passado próximo, ou do futuro incerto,
Mais miséria, pobreza extrema, desânimo, desalento, infortúnio certo.
Porque a corja muda de cor mas não de procedimento, na substância.
Meimoa Dezº 2012
José Rainho Caldeira

DIA FRIO!

 Dia frio de Outono!

Olho através da vidraça cristalina,
Vejo o Sol que brilha sem calor,
Que mal nasce, corre até se por,
Sem tomar altura, que ultrapasse a colina.
O frio é de enregelar os ossos,
De sufocar a garganta, sem ar.
É perigo de morte p'ros sem lar,
São dores e martírios colossos.
Sei que é preciso de tudo haver.
Mas para quê fazer tanto sofrer,
A quem já de forças tem saudade?
Se já é difícil, com conforto, viver!
Como não será o tiritar de morrer,
De quem é vítima de outros, por maldade.
Zé Rainho

domingo, 19 de novembro de 2023

Coragem

 Coragem!


O penúltimo domingo do ano litúrgico lança-nos o desafio de viver sob o desígnio do medo ou da coragem, da cobardia ou do medo, da aventura ou do comodismo. E, para suportar esta opção, Jesus deixou-nos a parábola dos talentos. 

É evidente que para os não crentes a palavra de Jesus não diz nada, não representa coisa nenhuma, não tem valor algum. Não sabem o que perdem, mas isso é problema deles, não temos nada a ver com isso. O que não invalida que ela encerre lições para a vida de todos e de cada um de nós. 

Basta atentarmos no que vemos por aí, no domínio individual, mas também nos negócios, na política, na governação da (res)pública. Quem tem coragem, quem arrisca, em regra tem sucesso. Quem se acomoda não passa da cepa torta. Isto é visível nas empresas, nas autarquias, no Estado central. 

O exemplo deste último é flagrante no caso do aeroporto de Lisboa, que há mais de cinquenta anos e depois de muitos milhões gastos em estudos, não se vislumbra nenhuma decisão. 

Nas autarquias assiste-se ao desenvolvimento sustentado de diversos concelhos e a estagnação de outros, muitas vezes vizinhos. 

Nas empresas, não é diferente. Aquelas que apostam na inovação, nos seus colaboradores, prosperam a olhos vistos as outras que se agarram ao estereótipo de que basta ser empresário para ter um estatuto superior e explorar os seus trabalhadores na ânsia do maior lucro, rapidamente passa da estagnação à degradação e à falência. 

Mas as palavras de Jesus também apontam os erros e as virtudes de quem coloca os seus talentos ao serviço do bem comum e, a Sua própria Igreja, é interpelada sobre a forma como desempenha a sua missão. 

A responsabilidade partilhada, hierarquia e leigos, que raramente se põe em prática leva, também, ao sucesso ou ao desastre. 

Não sei se é uma questão cultural do nosso povo ou se são resquícios monárquicos da congregação à volta da Corte, o certo é que a tendência centralizadora dos diferentes poderes é transversal a toda a sociedade. É o centralismo do Terreiro do Paço e de certas regiões, a nível político administrativo do país e o centralismo patriarcal e diocesano ao nível da Igreja. 

Ainda ontem assisti a uma demonstração de um certo tipo de centralismo. Num grande centro urbano e numa determinada igreja há, nos fins-de-semana missa ao sábado (vespertina) e duas ao domingo, uma da parte da manhã e outra ao fim do dia. Ontem, a missa vespertina tinha meia dúzia de gatos pingados como participantes e no final, o pároco avisou que a partir do primeiro domingo do próximo ano litúrgico, deixa de haver missa do final do domingo por falta de fiéis participantes. Na minha diocese há muitos lugares onde há muitos Domingos sem missa por falta de sacerdotes celebrantes e bastantes fiéis que se vêem obrigados a assistir à missa pela televisão. 

Se ouvíssemos o Santo Padre, o papa Francisco que, constantemente nos convoca para estarmos atentos às periferias, aos marginalizados, aos mais desprotegidos, aos mais frágeis, talvez o centralismo fosse minimizado, os marginalizados não se tornassem marginais, os frágeis fossem mais fortes. 

Para isto tudo será necessário perder o medo e arriscar. Não ser cobarde, mas corajoso. Ser produtivo de acordo com os talentos de cada um. Somos capazes de ter essa coragem? 

19/11/2023

Zé Rainho 

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

DOR!

 

DOR!

Rosseau dizia que o Homem nasce bom, mas a sociedade torna-o mau. Não é este o conteúdo exacto da sua afirmação, mas na essência, não é muito diferente disto. Não se pretende analisar, concordar ou discordar do Rosseau, pretende-se, sim, olhar para o mundo de hoje e ficarmos chocados com tanta maldade.

As atrocidades no Médio Oriente, na Ucrânia, na Síria, na China, nas Américas, em muitos países de Africa, no próprio mundo Ocidental e civilizado, como se costuma dizer, não podem deixar de nos chocar, ficar inquietos, perturbados com a dor que vemos por todo o lado, em contraponto com a maldade de quem a provoca, de forma gratuita e com total desprezo pela vida e sofrimento humano, com proveito próprio para si e para os seus apaniguados, particularmente, a nível material.

O que levará o Homem a ser tão malvado?

Haverá muitas razões, mas todas elas estúpidas, anacrónicas, impensadas. Desde logo a ânsia de poder, pode ser uma bem forte e muito generalizada. Outra será o dinheiro, o património, o ter, a ambição desmedida. Outra, não despicienda, o meio ambiente em que o Homem foi criado. Outra ainda, a Justiça ou a falta dela, que gera a revolta e a vontade de vingança. Para não falar de um dos sentimentos mais mesquinhos do ser humano que é a inveja. Tudo, defeitos bastantes, para todo o horror a que assistimos e que muitos dos seres humanos vivem quotidianamente.

Sabemos ainda que até as religiões estão na base de muitas dissensões e conflitos. A política tem, igualmente, a sua quota parte de responsabilidade, porque produziu uma mentalidade de nós e os outros, ou os nossos e eles, em que os nossos e nós somos o grupo do bons e os outros e eles são sempre os maus.

Há muito que o egoísmo fez esmorecer o sentimento de generosidade, de solidariedade, de amor pelo outro e isso vê-se no dia-a-dia de todas as sociedades. A consequência, desde logo, é a desagregação da família, que com a separação dos cônjuges, torna a vida das crianças e dos jovens num verdadeiro inferno e num ciclópico esforço de adaptação a diferentes e diversas pessoas e a diferentes e diversas forma e modos de vida.  Com isto não advogamos a manutenção de relações acabadas e conflituais que, em vez de dar estabilidade às crianças, as torna irascíveis, inquietas, impiedosas, mas tão só lastimar o grau de desagregação familiar.  

Mas também a escola que promove a competição exacerbada em vez da colaboração participativa para um bem comum. Ah! Se falarmos no mundo do trabalho e empresarial o problema da competitividade agudiza-se porque só o sucesso e o lucro interessam seja à custa do que for e de quem for.

Há tantos outros sectores da vida social e comunitária que necessitavam de reflexão profunda que levaria muitas páginas a descrever. Mas, com a enunciação de alguns dos problemas candentes é possível concluir que é uma dor de alma tanta maldade, tanta hipocrisia, tanta sede de poder.

Que Deus nos ajude a suportar todos os malefícios e que dê ao ser humano a capacidade de lutar por um mundo melhor nos dias de hoje e, principalmente, no futuro.

17/11/2023

Zé Rainho

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Urgente!

 

URGENTE!

O mundo das correrias faz-nos acreditar na urgência constante, persistente e premente. É tudo muito urgente. É tudo para ontem. Não há tempo para nada, porque os problemas são mais que muitos e é urgente dar-lhes solução imediata.

Assim, os pais não têm tempo para os filhos e os filhos não têm tempo para os pais, nem hoje nem no futuro que é já amanhã, por isso quase que se pode dizer que se nasce nas creches e se morre nos lares.

Enquanto os filhos são pequenos, adolescentes e jovens, os pais andam num virote a levá-los e a buscá-los aos mais diferentes lugares e espaços. À escola, depois ao estudo acompanhado, ao desporto escolhido por cada um, sempre diferente um do outro, raramente à catequese, o pai para um lado, a mãe para outro, sacrificando descanso, lazer, diálogo, reflexão, para que os seus pimpolhos não se diferenciem dos outros e que pertençam ao rebanho e não se dispersem da manada. O que importa é o padrão e não a diferença.

É muito urgente dar tudo para que o menino(a) não se traumatize. Ir a pé para a escola, ginásio ou local das explicações, mesmo que não distem mais do que um quilómetro da residência, é impensável, pois pode estar sujeito a roubos, a acidentes, a bullying dos colegas ou de outros miúdos. Mantê-los numa redoma, imunes a qualquer tipo de dificuldades, de obstáculos é um dever e uma obrigação paternal, para que o menino(a) viva no melhor dos mundos, nem que para isso os pais sofram burnout, depressão ou qualquer outro tipo de distúrbio emocional.

Nunca, ninguém se questiona sobre para que serve tanta urgência e se esta é assim tão importante.

Neste estilo de vida alucinante haverá tempo para definir prioridades e sensibilidade para avaliar o que é, deveras, importante?

Se isto é inquietante ao nível das famílias não deixa de ser preocupante ao nível da sociedade.

Quando, numa comunicação ao país o senhor primeiro-ministro diz que é urgente decidir sobre investimentos avultados vem-nos à ideia esta questão comezinha: o que é mais benéfico para a sociedade, o que é urgente ou o que é importante?

A urgência na obtenção de investimentos para o desenvolvimento do país pode ultrapassar a importância da legalidade, da transparência, do cumprimento das regras iguais para todos, sem favorecimento de quem quer que seja?

Quando Max Weber estudou e deu ao mundo a teoria sobre a burocracia estaria a pensar em travar as decisões ou, pelo contrário, pretenderia harmonizar as decisões com a defesa do bem comum, do interesse público?

Parece-me que é tempo de conciliar o que é urgente com o que é importante, dando, primazia ao importante e secundarizar o que é urgente para que este não se torne numa inutilidade.

Parece-me, ainda, que é preciso destrinçar muito bem o que é importante para se esbaterem urgências que, de facto, não o são.

Por fim, julgo que toda a sociedade teria muito a ganhar se se capacitasse que nem tudo o que é urgente é importante, mas que tudo o que é importante, raramente é urgente.

13/11/2023

Zé Rainho

sábado, 21 de outubro de 2023

Voluntarismo

 

VOLUNTARISMO!

Voluntarismo, pode dizer-se, que até pode ser uma ideia e uma forma bonita de olhar para os problemas, para as questões e achar que isso é o suficiente para congregar vontades, angariar recursos económicos e humanos, para que problemáticas sérias possam ser resolvidas e tudo acabar em bem.

Porém, a vida mostra-nos todos os dias, que de boas intenções está o inferno cheio e que os problemas só se resolvem se se diagnosticarem, com rigor e precisão, as causas e, a partir do diagnóstico avançar para a tarefa, quase sempre mais complicada do que parece, à primeira vista, no sentido de, com todos os intervenientes, se desenvolva um processo de resolução, que tem, necessariamente, de levar tempo, consumir recursos e alimentar vontades e esperanças para a mudança.

Tudo isto requer mais ponderação do que voluntarismo. Tudo isto necessita de análise, estratégia, planeamento, recursos, sempre na perspectiva interrogativa, o quê? como? para quê? com o quê? com quem? e para quem? entre outras variáveis. Porque quando não há estratégia nem planeamento a probabilidade de não se atingirem os objectivos previstos é exponencialmente maior e o fracasso adensar o problema em vez de o resolver.

Há anos, Sua Excelência o Senhor Presidente da República anunciou a sua missão de contribuir para a erradicação dos sem abrigo de Lisboa e do Porto até ao ano de 2023, se não me falha a memória. Temos consciência de que o Senhor Presidente não tem poder decisório nem competências executivas. Mas tem poder de influência e, se este não é suficiente, então não se comprometa, digo eu.

Estamos no final dessa meta e lemos, com muita preocupação e angústia, no jornal Expresso de hoje que, nos últimos quatro anos, a população sem abrigo aumentou 78% e atinge mais de dez mil pessoas. A mesma notícia dá conta do desespero das Instituições caritativas como a Vida e Paz e a Cáritas, entre outras, que todos os dias se vêem confrontadas com necessidades básicas para as quais já não têm respostas e, perante este drama, Sua Excelência remete para as condições de empobrecimento da população, para os malefícios da pandemia e para as crises internacionais e, com o mesmo voluntarismo, a erradicação desta chaga para finais de 2026.

Não sei se as causas referidas são as verdadeiras ou, sequer, se são as reais, mas sei que uma frustração acarreta e acrescenta sempre um problema ao problema. Sei também que quando não se produz riqueza o normal é distribuir-se miséria. Tenho a convicção que a existência de líderes e de governantes se justifica para antecipar soluções e não para constatar problemas.

Acrescenta-se uma péssima distribuição do produto nacional, uma vez que os ricos estão cada vez mais ridos e os pobres cada vez são mais numerosos e mais pobres e isto não me parece que tenha a ver com pandemias ou crises.

Enquanto isto se passa no terreno discute-se no Parlamento, durante uma semana, a redacção de um texto condenatório da violência no Médio Oriente. Uma semana! Seria necessário tanto tempo?

Enquanto isto se passa o Presidente do Parlamento e os Deputados do Chega entram numa discussão estéril, mais ao estilo de taberna do que de debate parlamentar, sem substância, sem conteúdo, apenas para tempo de antena de um e de outros. Será curial que tal aconteça?

Enquanto se avoluma o problema dos emigrantes que, legitimamente, procuram melhorar a sua condição de vida, que nos seus locais de origem não vêem como possível. Se reconhece a necessidade que o país tem de uma emigração jovem que possa desempenhar as tarefas que a população local, envelhecida, não consegue efectuar e não se cuida de recrutar, legalmente, essa emigração e se deixa entrar toda a gente sem controle e sem condições de sobrevivência nem se orienta para os locais onde há trabalho a fazer, onde há terras ao abandono, onde há casas devolutas, onde a integração seria possível porque dispersa e não acantonada, os responsáveis assobiam para o lado e esperam que tempo resolva as questões. O tempo, como a vida demonstra à saciedade, não cura nada, mas avoluma muito a dor.

Tenho para mim que este país, já há uns anos, que deixou de o ser e mais parece uma caricatura, mas se calhar, sou eu que sou um pessimista e um tolo que gosta de planeamento e de rigor de execução.

20/10/2023

Zé Rainho

   

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Geração de 40!

 

GERAÇÃO DE 1940!

 

Nascidos na Cova da Beira,

Em plena guerra mundial.

Com carência de ordem geral,

Pessoas sem eira nem beira.

Criados com amor e devoção,

Por pais, avós, tios e vizinhos,

Com liberdade e nus pezinhos,

Foi assim o início desta geração.

De meninos à adolescência escolar,

Num quotidiano responsável,

Pequeninos começaram a trabalhar

Na ajuda à família, o que é louvável.

A escola, uma sublime aprendizagem,

Mesmo com dores de adaptação,

Que visava futuro noutra paragem,

Diferente da precedente geração.

A juventude irrequieta, irreverente,

Insatisfeita com a vida apertada,

Lutou sempre em toda a frente,

Para uma adultez, próspera, folgada.

Projectos futuristas saíram gorados,

Porque uma guerra estúpida, maldita

Transformou a todos em soldados,

Para lutar em outra terra infinita.

Comeu o pão que o diabo amassou.

Não deixou que o desânimo superasse,

Todo o sonho em que encarnou

A luta titânica, desta gente, com classe.

A juventude não compreende estes velhos

Que da vida trouxeram amargos de boca

Dizem que são antiquados e relhos

Que da vida conhecem coisa pouca.

Coitados, são jovens não pensam!

Que o que eles sabem já nós esquecemos

Os mares da sua informação não compensam

Tudo aquilo que com a vida aprendemos.

 

16/10/2023

 

Zé Rainho

 

domingo, 8 de outubro de 2023

República

 

REPUBLICANISMO!

“O pensamento e a ciência são republicanos, porque o génio criador vive de liberdade e só a República pode ser verdadeiramente livre […] O trabalho e a indústria são republicanos, porque a actividade criadora quer segurança e estabilidade e só a República […] é estável e segura […] A República é, no Estado, liberdade […] na indústria, produção; no trabalho, segurança; na nação, força e independência. Para todos, riqueza; para todos, igualdade; para todos, luz."

— Antero de QuentalRepública, 11 de Maio de 1870

 

O Antero era um visionário. Era um poeta. Era um pensador, mas era, sobretudo, um homem solidário, um homem preocupado com o seu semelhante. Quando o Antero diz as palavras citadas acima, ainda não havia república em Portugal, mas já se conheciam algumas das virtudes dos regimes republicanos, em pleno século XIX.

Estamos em véspera do aniversário da implantação da república portuguesa, por isso, talvez não seja despiciendo, analisar alguns dos últimos acontecimentos que o regime permite e que, eventualmente, não o deveria fazer. Para tal recorremos à História.

D. José I, rei de Portugal, influenciado pelo seu influenciador, como hoje se diria, Marquês de Pombal decidiu em 1759 expulsar os Jesuítas que, na época, eram, tão só, os únicos educadores dos portugueses. Eram os professores. Com a sua expulsão o país andou para trás. Apesar das ideias pedagógicas de Verney, mentor de Pombal para a Educação, a História mostra que a política educativa de Pombal foi um desastre. Passados mais de dois séculos e meio os socialistas republicanos, laicos, herdeiros – eles julgam-se donos – do Iluminismo do século XVII, estão a pôr de pantanas a Educação em Portugal. As últimas declarações ouvidas ao PM nos últimos dias sobre a recuperação do tempo de serviço dos professores, mostra isso mesmo. Não foi só a recusa da contagem, foi o tom, a irritação, o suor e o fácies que mostrou como este socialista trata a educação. Trata-a com desprezo.

Se na Educação já se deu uma nota pequenina se formos ver o que acontece na saúde então é o caos total. Não se conhecem as mortes, mas conhecem-se as dores e o sofrimento de quem está doente e tem de andar de herodes para pilatos à procura de quem resolva a sua situação de doença. As queixas dos doentes são mais que muitas e fundadas. As queixas dos bombeiros são tonitruantes, para não falar no acréscimo de despesas e esforço do pessoal com as ambulâncias a fazerem verdadeiros ralis com os doentes até os poderem deixar num hospital que os receba. Isto somado ao descontentamento dos médicos e dos demais profissionais de saúde que não tem paralelo nas últimas décadas.

Os dois sectores referidos, fundamentais numa sociedade democrática minimamente estruturada, não fiam sozinhos nesta fotografia a preto e branco totalmente desfocada e imperceptível. Vão acompanhados pelo sector da habitação, outro direito fundamental, mas que este socialismo esqueceu e que, agora, quer que sejam os outros a resolver. Esses outros são os senhorios e, em última análise, as autarquias porque o governo central se mostra totalmente incapaz de analisar o problema e definir uma estratégia para no curto, médio e longo prazos, se resolver este drama das famílias e dos jovens portugueses.

Se tudo isto é visível num governo inoperante, mas arrogante e totalitário, o parlamento não escape a este ditame. O responsável máximo do parlamento, a segunda figura do estado, numa atitude deplorável, desvaloriza a violência praticada contra os seus pares, eleitos como ele pelos eleitores portugueses e ainda deita lenha para a fogueira dizendo que os deputados agredidos foram provocadores. Dando de barato que até podem ter sido provocadores o que é o referido responsável tem a dizer de outros deputados que apoiam e proclamam que os senhorios deviam ser espoliados dos seus bens e que apoiam aqueles que partem montras de agências imobiliárias.

Podíamos ficar por aqui, porque o descrito ilustra bem aonde o socialismo republicano nos conduziu, mas ainda temos de referir aqueles meninos idiotas que não têm que fazer, não trabalham, não estudam e por isso têm tempo de interromper eventos como o lançamento de um livro, atirar ovos com tinta ao ministro do ambiente, ou pendurar-se em pontes e cortar estradas, numa total impunidade, sem que haja uma palavra de condenação e de repúdio para com este tipo de energúmenos.

Não podemos terminar sem referir a preocupação da Senhora Provedora de Justiça relativamente à degradação dos Serviços Públicos e o prejuízo que essa degradação e caos causam à população e a esta Entidade, as mais altas individualidades dizem, nada.

Amanhã deveríamos comemorar a democracia plena, o bem-estar do povo, a paz, a liberdade individual e não o podemos fazer porque a corrente socialista que sobreviveu à corrente republicana, defendida por Teófilo Braga, e domina integralmente o país, não nos permite festejar em pleno as ideias descentralizadoras e democráticas da República.

4/10/2023

 

Zé Rainho