quinta-feira, 16 de novembro de 2023

DOR!

 

DOR!

Rosseau dizia que o Homem nasce bom, mas a sociedade torna-o mau. Não é este o conteúdo exacto da sua afirmação, mas na essência, não é muito diferente disto. Não se pretende analisar, concordar ou discordar do Rosseau, pretende-se, sim, olhar para o mundo de hoje e ficarmos chocados com tanta maldade.

As atrocidades no Médio Oriente, na Ucrânia, na Síria, na China, nas Américas, em muitos países de Africa, no próprio mundo Ocidental e civilizado, como se costuma dizer, não podem deixar de nos chocar, ficar inquietos, perturbados com a dor que vemos por todo o lado, em contraponto com a maldade de quem a provoca, de forma gratuita e com total desprezo pela vida e sofrimento humano, com proveito próprio para si e para os seus apaniguados, particularmente, a nível material.

O que levará o Homem a ser tão malvado?

Haverá muitas razões, mas todas elas estúpidas, anacrónicas, impensadas. Desde logo a ânsia de poder, pode ser uma bem forte e muito generalizada. Outra será o dinheiro, o património, o ter, a ambição desmedida. Outra, não despicienda, o meio ambiente em que o Homem foi criado. Outra ainda, a Justiça ou a falta dela, que gera a revolta e a vontade de vingança. Para não falar de um dos sentimentos mais mesquinhos do ser humano que é a inveja. Tudo, defeitos bastantes, para todo o horror a que assistimos e que muitos dos seres humanos vivem quotidianamente.

Sabemos ainda que até as religiões estão na base de muitas dissensões e conflitos. A política tem, igualmente, a sua quota parte de responsabilidade, porque produziu uma mentalidade de nós e os outros, ou os nossos e eles, em que os nossos e nós somos o grupo do bons e os outros e eles são sempre os maus.

Há muito que o egoísmo fez esmorecer o sentimento de generosidade, de solidariedade, de amor pelo outro e isso vê-se no dia-a-dia de todas as sociedades. A consequência, desde logo, é a desagregação da família, que com a separação dos cônjuges, torna a vida das crianças e dos jovens num verdadeiro inferno e num ciclópico esforço de adaptação a diferentes e diversas pessoas e a diferentes e diversas forma e modos de vida.  Com isto não advogamos a manutenção de relações acabadas e conflituais que, em vez de dar estabilidade às crianças, as torna irascíveis, inquietas, impiedosas, mas tão só lastimar o grau de desagregação familiar.  

Mas também a escola que promove a competição exacerbada em vez da colaboração participativa para um bem comum. Ah! Se falarmos no mundo do trabalho e empresarial o problema da competitividade agudiza-se porque só o sucesso e o lucro interessam seja à custa do que for e de quem for.

Há tantos outros sectores da vida social e comunitária que necessitavam de reflexão profunda que levaria muitas páginas a descrever. Mas, com a enunciação de alguns dos problemas candentes é possível concluir que é uma dor de alma tanta maldade, tanta hipocrisia, tanta sede de poder.

Que Deus nos ajude a suportar todos os malefícios e que dê ao ser humano a capacidade de lutar por um mundo melhor nos dias de hoje e, principalmente, no futuro.

17/11/2023

Zé Rainho

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