quinta-feira, 28 de abril de 2022

SONHAR ACORDADO

 SONHAR ACORDADO!


Perscruto para lá do horizonte até ao infinito,

Vogando nas ondas do mar imenso, encapelado.

Ouvindo os uivos e o silvo do vento zangado,

Por eu querer conhecer o que me está interdito.


Mas eu quero chegar à etérea e suave Luz,

Onde a paz, a felicidade suprema, será constante,

E a eternidade não será mais que um instante,

Que me atrai, me convida, alicia e me seduz.


Voo neste sonhar acordado que me incentiva,

A encarar a vida como uma etapa a transpor,

Na bonomia de uma inigualável felicidade,


Que se quer de alegria da permanente mocidade,

Ansiosa por viver todas as aventuras de amor,

A mais sublime forma de sentido de vida vivida.


Zé Rainho

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Canonização

 CANONIZAÇÃO DOS PAPAS SANTOS.


Em domingo especial convém registar,

Duas canonizações que fazem lembrar,

Homens de muito valor de então,

Santos se transformaram, pelo coração.


João Paulo segundo e João vinte e três,

Dois Papas que à sua maneira e à sua vez,

Souberam transformar a Igreja Católica,

Numa autêntica e verdadeira Igreja apostólica.


Mais dois Santos a quem pedir, recorrer

Graças, intercessão junto do Deus Pai,

Que nos ensine a viver uma vida mais Social.


Homens a imitar, Santos a recordar,

Pois suas obras falam mais alto e do Alto,

Seu exemplo é necessário e imperioso imitar.


Zé Rainho

Pensa, logo existe

 PENSA, LOGO EXISTE!!!!


Penso e quero acreditar,

Que eu sou capaz de mudar

O mundo, se me empenhar

Na ambição de ser e sonhar.

Que querer é poder e andar,

Atrás do sonho é alcançar,

A meta que o sonho desejar.


De que vale a pessoa ser triste,

Andar no mundo de dedo em riste,

Apontando os males em xiste,

Aos outros e não resiste,

A apontar culpas, por isso desiste,

De ser autêntico e fazer o despiste,

Dos erros cometidos, quando partiste.


Vou, pois, arrepiar caminhos, 

Mudar comportamentos com espinhos,

Que me destroem e retiram miminhos,

Que necessito para viver com risinhos

De alegria, cantando para os vizinhos,

O amor que me ajuda com seus carinhos,

A mudar o mundo em favor dos pobrezinhos.


Zé Rainho

domingo, 24 de abril de 2022

Abrilada

Há quarenta anos, faz hoje, precisamente,

Vivia num fulgor de juventude, contente.

Com projecto de futuro onde docemente,

Com calor físico e humano pungente,

De uma terra promissora para toda a gente.


Hoje estou na Guarda a tratar dos ossos,

Com frio na alma e o coração em destroços.

Neste contraste com que a vida nos contempla,

Sem que fossemos ouvidos ou achados,

Mas no qual há, com toda a certeza, culpados.


Que vivem impunes, sem castigo, abastados

De coisas e haveres materiais mal arranjados,

Com a consciência pesada de bastardos,

Se ainda lhes restar alguma lucidez de javardos,

Ao recordarem atitudes e actos malfadados.


Alguns já morreram, que Deus lhes perdoe

Outros vegetarão na sua senilidade e demência

Esperando, porventura, dos outros benevolência

Para tanta tirania e maldade da qual foram mentores,

Em toda a sua ignóbil e miserável existência.


Deus todo Misericordioso os julgará e punirá

Já que os homens com poder não o fizeram.

Então talvez tenham tempo na agonia de cá,

De olhar para trás e terem vergonha do que disseram.

Das atitudes e actos que protagonizaram por cá.


Por nós estamos de consciência em paz

Porque fomos e somos portugueses de honra

De trabalho, de solidariedade, amizade capaz

De tornar esta Nação exemplo e nunca,

Perante outros povos se envergonha.


O mês não tem culpa mas sempre que houve,

Abrilada em séculos próximos ou remotos,

Este Pais demorou anos a erguer-se dos destroços,

Das ruínas que os traidores à pátria foram devotos,

E o povo humilde e patriótico viveu anos a pão e couve.


Zé Rainho.

USURPAÇÃO!

  USURPAÇÃO! 


Na noite de 24 de Abril, madrugada e dia 25 de Abril de 1974, um capitão honrado e patriota, Salgueiro Maia, entrou de peito feito, em Lisboa, vindo de Santarém, com a sua tropa, disposto a tudo e este tudo era dar a própria vida, pela causa em que acreditava. 

Profissional, organizado, competente, dialogante, assertivo, determinado, apostado no bem comum e não no seu umbigo, chegou ao Centro do Poder vigente e, franca, honradamente e com probidade, disse ao Primeiro-ministro que estava preso em nome do povo e da revolução que ele ali representava. Que era bom que se rendesse e entregasse o Poder para evitar derramamento de sangue.

O Primeiro-ministro de então, Professor Marcelo Caetano, com semelhante honradez, dignidade e educação disse que se rendia desde que passasse o poder para as mãos de um oficial general e não o faria a um simples capitão. Que mandasse chamar o General Spínola, um general desalinhado consigo e com o seu programa político, mas que considerava um Homem de Estado e assim entregaria o poder sem reservas. 

O capitão Salgueiro Maia, dignamente, com o mesmo sentido de responsabilidade, mandou recado a Spínola para se encontrar com Caetano e os três definiram os termos da rendição sem violência nem caos.

Por estas razões objectivas, o 25 de Abril de 1974 foi uma transição pacífica de regime e uma festa apoiada pelo povo e, por isso e só por isso, não houve revolta nem tiroteio, usual em muitos golpes de estado. 

Consequentemente, o 25 de Abril é um dia da liberdade total, sem peias ou condicionamento. A liberdade é de todos e para todos, sem restrições, mesmo para os inimigos da liberdade e, por isso mesmo, não é propriedade de ninguém, mas património de todos. 

Talvez, tenha sido esta a dimensão de liberdade que permite que, passados 48 anos, ande por aí uma tribo, diminuta mas ruidosa, a querer, ilegitimamente, apoderar-se de um património que é de toda uma pátria, uma nação, um povo, apresentando-se perante a opinião publicada com uma superioridade moral, que não possui, nem merece, por todo um historial de atitudes antidemocráticas que é a sua práxis. Até se arroga o direito de influenciar a decisão do político legitimamente eleito, sobre quem deve ou não condecorar com a Ordem da Liberdade ao reivindicar que Spínola não deve ser condecorado. Eu também não concordo com a decisão de atribuir esta Ordem a Rosa Coutinho e Vasco Gonçalves, mas sinto que não tenho o direito de mandar recado ao Presidente da República para aceitar, como bom, este meu pensamento. 

Serenidade e bom senso é uma lição do 25 de Abril, não os defraudemos. 


24 de  Abril de 2022


Zé Rainho

quarta-feira, 20 de abril de 2022

Em tempos de ditadura!

Noutros tempos noutras eras
Um certo padre Cura
Na sua compostura
Que era velhaco deveras
Impunha a sua vontade ao povo
Em nome do Senhor
Mas sempre, sempre a seu favor
Tal era a alarvidade
De um ser mesquinho de verdade.

Em tempos de ditadura 
O padre era, também, um ditador
Sempre em nome do Senhor
Este nosso, singular, padre Cura
Tinha o poder de um vilão
Que sugava o povo até ao tostão 
Enriquecendo com a miséria do povo
Que sem ânimo e ter um simples ovo
Enchia a pança de tão reles criatura. 

Um dia de exaltada cupidez
Quis, com seu poder sacerdotal
Desonrar uma ingénua vestal 
Que nua sua boa fé e candura
Se deixava seduzir pela criatura 
Acreditava nas boas intenções 
De quem tinha estritas obrigações 
Ser exemplo e ter melhor postura
Do que a malvadez deste padre cura.

Na aldeia pacata e boa de gente decente
O pai da moça assediada, seduzida
Quis pôr termo à investida
Do predador atrevido e poderoso 
Convida-o para um jantar faustoso
Manda a filha encher um púcaro de mijo
Para servir ao cura como vinho novo e rijo
Que sem saber do que se tratava 
Pôs aos beiços a mistela tramada
Ficando deveras agoniado
Deixando o pai extremoso espantado
Com uma careta que induzia rir 
Disse o pai ao cura malvado
Beba senhor padre que esse vinho
É da pipa que o senhor queria abrir. 

Mas o cura malvado não se ficava pelas donzelas 
Queria por a seus pés toa a gente de ruas e vielas
Para tal metia-se na política e acusava às autoridades 
Quem lhe fizesse frente e não aturasse arbitrariedades 
Como sendo revolucionários e delinquentes
O suficiente para os infelizes serem bem quentes
No posto da autoridade policial 
Sem direito ao contraditório ou aval
De inocência pura e que, por vingança 
O tal senho de grande pança 
Acusava sem vergonha e temor a Deus 
Mentindo mais que todos os fariseus.

(Continua…)




quinta-feira, 14 de abril de 2022

MEMÓRIAS!

 Diz-se cá no burgo que o tempo é um cavalo, passa a correr e, porventura, haverá alguma razão nesta apreciação. 

Parece-me, pelo menos a mim, que foi ontem e já passaram 59 anos, que num domingo de Páscoa, na circunstância, no mesmo dia do mês, pelo meio dia pus os pés no cais de Alcântara, em Lisboa, depois de ter passado dez dias em viagem pelo Atlântico vindo de Luanda. 

Desde manhã cedo se avistava a cidade, mas o navio Angola, de seu nome, estava parado entre o Bugio e Lisboa porque, segundo informações do pessoal de bordo, era necessário esperar pela maré cheia para que na sua passagem não abalroasse o cabo submarino que existia entre os alicerces dos pilares da Ponte sobre o Tejo, ponte Salazar, ou ponte 25 de Abril, como quiserem, que estava no início da sua construção.

Havia oito anos que tinha deixado Lisboa rumo a Luanda. Regressava de Férias e com uma missão muito especial, participar no Grande Encontro da Juventude, que teria lugar nos dias 21 e 23 de Abril, representando a JOC de Luanda.

Momentos que estão gravados indelevelmente na memória de um velho, enquanto essa memória se mantiver desperta. 

Pode-se dizer que foi o dia em que a minha mudou o azimute, a agulha da bússola e o rumo do que viria a ser o futuro. 

Até essa data vivia para o trabalho, para o estudo e para a militância na Juventude Operária Católica a partir do dia vinte um bati com os olhos numa jovem mulher, com olhar triste e choroso, por ter recebido a notícia da morte mulher do seu avô materno, casado em segundas núpcias, que ela considerava como sua, verdadeira avó e todo o meu mundo mudou. Enamorei-me perdidamente.

Tinha a minha vida feliz em Luanda, mas a partir daí não queria que o tempo passasse para não ter de regressar. Passados três meses começámos a namorar a sério, tão a sério, que estabelecemos logo que a minha vida militar, que iria iniciar no ano seguinte, o permitisse, casaríamos.

Felizmente, para mim, tudo correu como planeado e, no dia vinte e sete de Agosto de 1966, três anos depois do auspicioso início, atravessei a ponte sobre o Tejo, novinha em folha, sem movimento e muito menos portagens, até Almada, para ir buscar a noiva que viria a ser a minha mulher com a qual partilho a minha vida desde então.

O tempo é um cavalo e eu tenho muita alegria em poder dizer que, mesmo nesta correria, me sinto muito feliz pelo percurso de vida desde aquele longínquo dia 14 de Abril de 1963 (Domingo de Páscoa) pelo qual dou Graças a Deus por ter sido o início de uma vida de felicidade. 


14/04/2022


Zé Rainho 


TRÍDUO PASCAL!

Entramos no Tríduo Pascal, na Semana Maior, para os Cristãos de todo o mundo, o tempo favorável à reflexão.

Para os mais displicentes, apenas uns dias de praia, para os que, ainda, preservam o sentido de família, uma festa familiar, um convívio, afecto, carinho, o que, à falta de um sentido mais profundo de Páscoa, já é de louvar, para os Cristãos a sério é um tempo de renovação.

Sob o ponto de vista Cristão é tempo de humildade aprendida com o gesto de Cristo lavar os pés aos seus discípulos. É tempo de reviver a instituição da Eucaristia, como símbolo maior da Fé.

É tempo de Paixão e morte, mas também é tempo de ressurreição, da vitória sobre a morte, depois dum sofrimento sobre-humano.

Neste Tríduo Pascal talvez não seja despiciendo, sob o ponto de vista histórico, tentar analisar as figuras e as personagens intervenientes neste drama passado há mais de dois mil anos.

Comecemos pela figura de Jesus, um Homem bom, generoso, humilde, solidário, que esteve sempre disponível para curar os enfermos, dar de comer a quem tinha fome, disponível para aceitar as fragilidades de todo o ser humano, independentemente da sua fé, religião, posição social, sacerdote, pecador ou justo. 

A figura de Maria, mãe de Jesus a mulher de Fé inquebrantável, a mulher do Sim pleno à vontade de Deus, a mulher sofredora que esteve sempre lá para o seu Filho, para a família, para os amigos. 

A figura de Simão Pedro, homem recto, mas truculento, que não se importava de arrostar com todas as consequências para seguir Jesus, mas, num momento de fraqueza, igual a cada um de nós, nega Jesus e sofre amargamente pelo seu acto cobarde.

A figura de Judas Iscariotes que personifica, exemplarmente, o corrupto, o ladrão  e o traidor, como tantos que nós vemos por aí. 

A figura de Pilatos, pusilânime, populista, demagogo, a quem falta a coragem de julgar com equidade que, apesar das evidências de inocência, se deixa arrastar para um sentença de morte de um inocente. Quantos políticos não temos por aí, nesse mundo fora.

A figura de Herodes, um governante fantoche que não se exime ao vexame de ser uma marioneta, só para poder usufruir de luxos, luxúria e vaidade.

As figuras dos Sacerdotes, gente poderosa, que não olha a meios para atingir os fins, que em primeira e última instância, são os seus interesses mesquinhos.

As figuras de gente anónima mas com coração, altruísmo, bondade, como Nicodemos, José de Arimateia, Verónica, Lázaro, suas irmãs Marta e Maria, que não se furtaram a esforços para tentar amenizar o sofrimento de um Ser Humano que passou a vida a fazer o bem e depois é tratado pelos poderosos e pelo povo inconsequente, inconsciente, de actuação em manada, como se fosse o maior criminoso da história. 

Por fim, porque estamos a ser demasiado extensivo, ainda que não exaustivo sobre tema tão rico, referimos a figura de Maria Madalena, a mulher fora da caixa, que era erudita, falava a língua dos intelectuais, lia, escrevia, dominava a matemática, que amava profundamente Jesus e a Sua Doutrina, fiel até ao derradeiro momento, crente sem limite, difusora da Boa Nova da Ressurreição do Senhor.

Todas estas personagens e muitas outras que, porventura, deveriam ser mencionadas e por manifesta falta de espaço e para não tornar uma maçada para o leitor, merecem uma apreciação criteriosa e uma análise comparativa com os homens e mulheres de hoje. 

Façam o favor de se esforçar por ter uma Santa e Feliz Páscoa. Grande abraço fraterno a todos, todos são todos, homens e mulheres, porque eu não alinho no politicamente correto de dizer: “todas e todos”. Todos engloba. 


14/04/2022


Zé Rainho