Não seria necessário lembrar que temos, pela primeira vez, uma mulher na Presidência da Procuradoria Geral da República. Não seria necessário se não fosse, precisamente, a primeira vez. O Sistema de Justiça é tão vetusto que deveria ser normal a substituição de uma personalidade por outra sem que o sexo fosse uma novidade. Mas não é assim. Infelizmente, só agora temos uma Senhora aos comandos da PGR.
Não sei se é bom ou se é mau. Sei que é diferente e, só por isso, merece o meu respeito e a minha esperança num mandato que dignifique a Justiça para todos. As minhas felicitações à Senhora Procuradora Geral da República e a quem teve a coragem de a indicar e nomear. É destes exemplos que Portugal precisa para se erguer, para ter horizontes, para ser audaz.
O tempo fará história do que nos próximos seis anos se passar no Ministério Público, mas eu acredito que será uma história edificante. Espero que o tempo me dê razão. É bom para mim, é bom para ti, é bom para todos, excepto para os criminosos. Melhor, até para os criminosos será bom, pois ver-se-ão confrontados com os seus erros e com a possibilidade de os corrigirem para seu bem e de toda a sociedade.
Do PGR cessante ainda não é o tempo de se fazer uma avaliação exaustiva mas fica a ideia de que muita coisa se passou que não abona a seu favor. Dizia que se sentia a rainha de Inglaterra e, porventura, até podia ser verdade mas, o que passa para a opinião pública, é um certo laxismo, uma certa protecção aos poderosos, uma certa desinformação, fazendo crer que há muitos e escabrosos casos mas que, no fim de muitos anos, tudo ficou na mesma. Pode-se ser injusto com esta apreciação mas é o que parece.
Veremos agora se a nova PGR tem outra postura e não se sente nem mais nem menos do que verdadeiramente é e leva adiante todos os casos por mais incómodos que sejam, por mais tubarões que envolvam, e faça com que a Justiça seja um pilar no qual se acredite sem reservas. Oxalá.