quarta-feira, 30 de março de 2011

Perdi o meu Herói

Estou triste. Muito triste. Destroçado, mesmo. Tenho muitos e bons amigos que ainda não me deram tempo, nem espaço para assentar, ideias, espírito, raciocínio.
Perdi o meu Herói. O meu Guia. A minha referência. O meu Orgulho. Perdi o meu PAI.
Morreu de velhice, de cansaço da vida. Eventualmente de preocupação. Deixou-me na madrugada de ontem e foi sepultado ontem, pelas 11 horas da manhã.
O desandar da roda começou no dia 26 de Dezembro passado quando, no seu passeio matinal tropeço num paralelo da calçada, mais saliente, e estatelou-se no chão sem que a minha mulher, o conseguisse amparar.
Ah! é preciso dizer que o meu Pai ia todos os dias, pelas 8H30, mais a minha mulher, tomar o seu cafezinho ao café/pastelaria, cá da terra. Não ia comigo porque eu não posso tomar café e levanto-me, geralmente, mais tarde. Passou três semanas de dores e sofrimento físico. Mas, passadas as dores mais lancinantes, veio à tona a sua força de vontade e de viver, sem dar trabalho, e voltou a pedir para ir ao café. Tudo seguia o seu curso normal, com os achaques próprios de quem tem noventa anos.
No final de Fevereiro comecei a endereçar convites aos meus familiares e amigos para que, com antecedência, programassem as suas vidas de forma a poderem estar presentes na festinha que tinha programado para os 90 anos da minha mãe, que os completa, hoje mesmo. Tinha a confirmação de cerca de sessenta pessoas e o restaurante reservado para tal conjunto de pessoas. Tudo programado ao pormenor. Com a cumplicidade do meu pai e a ignorância da minha mãe. Era para ser surpresa para ela.
A minha mãe, no passado dia 20 deste mês (Domingo), quando calçava os sapatos para irmos almoçar desequilibrou-se e caiu desamparada fracturando o colo do Fémur. Foi nesse dia hospitalizada. Disseram-me que a cirurgia iria ter lugar na quarta-feira dia 23. Assim aconteceu. Contactei familiares, amigos e o restaurante a cancelar a festinha deixando-a em suspenso para uma melhor oportunidade.
Iniciámos uma corrida diária para Castelo Branco para visitar a minha mãe que, felizmente, tinha sempre imensas visitas. E o meu pai dizia-me: "olha filho fico cansado com estas viagens, mas eu gosto muito de ir ver a tua mãe e ela também gosta muito de me ver a mim, por isso vou todos os dias.
Na quarta-feira passada, faz hoje oito dias, a minha mãe foi operada e às 12h30 temos notícia, através da minha sobrinha Ana, Terapeuta da Fala naquele Hospital, e pela prima (minha irmã, porque foi criada comigo até aos sete anos - médica de profissão em Viseu) que a cirurgia tinha corrido muito bem e a minha mãe estava bem disposta, pelo que a visita das 14H30 poderia ser normal. Mal soube a notícia disse ao meu pai que a mãe tinha sido operada e que tudo tinha corrido bem.
Quando íamos na viagem, pelas 13H20 já íamos em viagem quando o meu pai, que falava muito pausadamente, disse-me: - "filho esta noite pedi a Nosso Senhor que hoje quando chegássemos ao Hospital já encontrássemos a tua mãe operada e bem disposta. E não é que Nosso Senhor me fez este Milagre?" Dizia estas palavras com as mãos postas em sinal de oração.
Comovido, com as lágrimas a encharcar os olhos, mostrava com muitas atitudes simples como adorava a minha mãe. Fizeram em 30 de Setembro de 2010, sessenta e oito anos de casados. Nunca lhe ouvi uma altercação para além do normal. Nunca os senti zangados a sério. Viviam um para o outro, para os filhos (chamavam a tratavam a minha mulher como filha) que, sendo eu filho único, para eles era terem dois filhos (eu e a minha mulher), para as netas, para os irmãos, sobrinhos e amigos.
Num dia, depois dos beijinhos da chegada, entre os beijinhos da despedida, o meu pai meteu a mão ao bolso e retirou uma amêndoa do pacote e meteu-a na boca da minha mãe. Passava a hora e meia de visita de mão dada com a minha mãe.
Domingo, dia 27 deste mês, fomos à visita e tivemos lá muitas visitas de familiares e amigos. Estiveram lá as minhas filhas (duas netas, únicas e muito amadas) que passaram os fim-de-semana e seguiam viagem de regresso a Lisboa, pois a sua vida é lá, logo após a visita que terminou às quatro da tarde. A minha mãe pediu às netas que quando chegassem a Lisboa informassem as enfermeiras para lhe dizerem que chegaram bem. (Viajar de carro neste País é uma aventura).
Nós regressámos a casa, jantámos, ficamos a ver um bocadinho de televisão e o meu pai disse-me: "filho vou-me deitar, mas dá-me um bocadinho porque quero ir primeiro à casa de banho". Respondi: Vá pai que eu já lá vou ter consigo ao quarto. Passados um dois minutos vou ver o que se passava e já o meu pai estava no quarto a desapertar a fivela do relógio. Ajudei-o a tirar a camisa, as calças e a prepará-lo para ir para a cama. Ele tinha uma cama ortopédica hospitalar facilitadora para o deitar e levantar, segurando no suporte que permite a ajuda das mãos. Com o meu auxílio que já era hábito ajeitou-se, embrulhei-o, aconcheguei-lhe as mantas e fiz a pergunta sacramental: "Pai está bem? Fica bem? Apaga a luz ou quer que eu a apague?" Resposta: -  estou bem filho podes ir deitar-te tranquilo e eu apago a luz.
Em função desta rotina diária subo ao primeiro andar onde com uma música de fundo dou seguimento à leitura de um dos livros que estou a ler neste momento, até fazer horas para eu adormecer, cerca da meia-noite. Adormeci e voltei a acordar cerca das 4H40 da manhã. Fui à casa de banho do 1º andar e, no regresso, vejo luz no rés-do-chão. Pensei: - O meu pai deve estar na casa de banho dele. Desci e vejo o quarto aberto, luz do candeeiro de cabeceira acesa e a luz da casa de banho, também acesa. Pensei que o meu pai estivesse a fazer alguma necessidade fisiológica. Tinha a porta entreaberta. Bati e chamei: Pai! Não obtive resposta. Tentei abrir a porta e senti alguma, pouca pressão. Entrei de lado e dei com o meu pai estendido no chão com a cabeça perto da porta. Chamei, tentei levantá-lo mas desisti logo porque o senti gelado. Chamei o INEM. Passado cerca de 20 minutos chegou a ambulância que confirmou a minha suspeita, o meu pai tinha falecido.
Foi sepultado ontem pelas 11 horas da manhã, dia 29.
Estou destroçado por dentro. A minha razão e a minha Fé dizem-me que o meu pai viveu feliz, morreu feliz. Não sofreu. O meu coração não aceita esta perda! Estou desesperado. Desconsolado. Angustiado. Nem sei qualificar o meu sentimento. Apenas sei que estou triste. Muito triste. Os olhos marejados e o coração apertado. Não que dizer. Não sei falar. Não sei o que dizer. Apenas que me perdoem o desabafo e aceitem as minhas desculpas por não acompanhar os vossos espaços, meus seguidores amigos.
Um abraço fraterno e muito amigo para todos.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Demissão do Governo

Todas as notícias de hoje se resumem, no essencial, à denominada "crise política" devido à demissão do Governo "Sócrates".
Dou por mim a pensar se a demissão de um governo de trapalhadas, de escândalos, de abusos de poder, de falta de ética perante a Assembleia da República e do próprio Presidente da República. Da negociação à surrelfa e enganando os portugueses com a Senhora Merkel, do endividamento externo, da hipoteca de Portugal ao estrangeiro, de tornar esta Nação num protectorado de Países com menos história e menos glórias do passado, merecerá ser notícia? Não teria sido uma benesse a sua inexistência desde 2004?
Um Governo autoritário, arrogante, ditatorial, mesmo, em algumas situações, esbanjador dos dinheiros públicos com inutilidades, megalómano, negligente, incompetente, ladrão, mesmo, merecerá que o País se preocupe com ele?
Não será uma bênção a sua expulsão para o quinto dos infernos, para que jamais possa vir a infernizar a vida de toda a gente?
Sinceramente, acho que a notícia só se justifica se for de júbilo, por um lado, e de péssima recordação, por outro. Para que de futuro se analisem bem as linhas programáticas dos partidos que se propõem a eleições. Se decida em conformidade e, caso não sejam cumpridas as metas a atingir, o governo eleito seja demitido, na hora, se não pelas Instituições Democráticas, pelo Povo na Rua, em força e totalmente. Que ninguém se iniba e fique em casa.
Tenho para mim que só assim se responsabilizarão os políticos charlatães, do amiguismo, do compadrio e da opacidade.
Caiu o Governo Socrático, aleluia! Há seis anos já era tarde.
Disse, em tempos, este PM que ainda estava para nascer um PM como ele. Tem razão. Com a provecta idade que tenho nunca vi um PM tão incapaz e, ao mesmo tempo, tão prepotente.
Estou feliz. Para pior já basta assim. Tenho confiança que, venha quem vier, fará, com facilidade, melhor do que este governo, em todos os sectores. Da Educação à Justiça, da Saúde às Obras Públicas, das Finanças ao Trabalho e de todos os outros ministérios que ninguém deu pela sua existência.
Que saibamos honrar os nossos antepassados Brilhantes, na sua capacidade de inovação, produção, honestidade, ética, moral, competência e servidores públicos.

terça-feira, 15 de março de 2011

Formas de ver!

Imagem tirada da Net


Nada acontece por acaso, é convicção.
Nada controlamos, por nós próprios.
Viver é uma surpresa quotidiana, constatação,
Se das coisas simples fizermos actos históricos.

A vida pode ser uma passagem pelo deserto,
Ou, ao contrário, uma estada num oásis de paragem.
Depende do estado de alma, se desperto,
P'ra ver, com humildade, a missão destinada na viagem.

Se ao outro dermos nossa atenção,
É possível receber, em troca, gratidão.
Se a forma de vida for egocêntrica, egoísta, 
Será petulância esperar mais, que triste e vil solidão.

Nunca será de mais termos presente,
Os ensinamentos do Mestre Deus,
Servir é ganhar, para sempre, lugar na frente.

Recompensa reservada lá nos Céus,
Àquele que por obras é diferente,
Do outro que viveu de olhos com véus.       

quarta-feira, 9 de março de 2011

Quaresma

Para os Cristãos Católicos, inicia-se hoje um percurso de reflexão pessoal e religioso, tendo em conta o Mundo em que vivemos e as circunstâncias da vida em Sociedade.
O tempo que decorre desta Quarta-Feira de cinzas até ao domingo de Páscoa é propício para os crentes e não crentes aprofundarem, na sua linha de pensamento e de actuação, alguns valores que resvalaram para planos inclinados de onde é difícil voltar. Mas que, apesar das dificuldades, se torna imperioso inverter se queremos, nesta vida, alcançar alguma pitada de felicidade. É que a Ética mesmo que entendida, apenas e só, na sua fenomelogia científica, também se vê confrontada com situações de injustiça, infelicidade, iniquidade, que são, ao mesmo tempo Valores Éticos e Valores Morais.
A religião, ao contrário do que muito boa pensa, não passa de um reflexo de Deus em cada um de nós, quer se acredite ou não na Sua existência. É que Deus não é um Ser, uma Coisa, que cai do Céu mas é um fenómeno interior que não tem explicação científica mas que se sente. Tal como frio, que sendo ausência de calor, nenhum Físico é capaz de enunciar de outra forma esta sensação. A escuridão, sendo ausência de Luz, nenhum Axioma consegue explicar, com mais pormenor, do que se trata.  Poderíamos continuar a dar mais exemplos mas ficamos por aqui. Quer se acredite ou não na Existência de um Deus, um Ser divino, Um Ente Superior jamais alguém foi capaz de explicar a sua inexistência. Ou se acredita ou não. Mas da mesma forma que se pode por em causa a ausência de Deus tem de se considerar a sua existência.
Poder-se-á dizer que Deus é uma realidade e outra, bem diferente, serão as religiões ou igrejas. Porém, duma coisa temos de estar certos o Homem/Mulher tem necessidade de se encontrar consigo próprio. E este é o momento para iniciarmos uma caminha de interiorização da nossa Fé e da nossa forma de estar na vida em Sociedade. Vamos a isso.

terça-feira, 8 de março de 2011

Dia da Mulher?



É de todos conhecida a minha aversão a dias convencionais. Porém, como ainda há muita discriminação relativamente à mulher, hoje permito-me uma excepção para demonstrar, aqui e agora, a minha admiração, respeito e consideração pela MULHER.
Mulher que é mãe e, quantas vezes, pai, por ausência ou omissão deste.
Mulher que é irmã. Que é esposa. É namorada, amante, amiga. É ombro amigo e regaço largo que encola e faz adormecer. É médica e enfermeira que cura e alivia sofrimento. É professora que ensina e educa. É missionária e benfeitora. É Santa e pecadora. É sofredora mas uma fortaleza na sua, aparente, fragilidade. É juíza que faz justiça. É política. Só não pode ser sacerdotisa por que a Igreja é um feudo do homem.
É mais vítima do que carrasco. Sofre, muitas vezes em silêncio, para suavizar as dores do homem que  é marido, filho, aluno, doente, etc.
Trabalha a dobrar. Na profissão, nas lides domésticas, na criação e educação dos filhos.
Mulher é ser humano mas, sem mulheres os homens no seu pseudo-poder, seria um zé ninguém. Por isso admiro e gosto tanto das mulheres, do meu País e do Mundo inteiro.
Vivam as Mulheres e os Homens que as respeitam e amam.

sábado, 5 de março de 2011

Entrudo!

A tradição já não é o que era. Hoje fala-se em Carnaval. Gastam-se milhões com o Carnaval. Fazem-se cortejos com carros alegóricos. Aparecem umas meninas meio vestidas, ou meio despidas, depende da perspectiva, a bambolear-se ao som de um qualquer samba. Aviso já, para que não me acusem de xenofobia, de que gosto muito de samba e do seu País de Origem (O Brasil). Porém vejo este tipo de Carnaval, não como uma inovação ou evolução, mas um retrocesso. Uma aculturação veiculada pelas Câmara Municipais e ampliada pelos Órgãos de Comunicação Social - a RTP vai cobrir o desfile da Figueira da Foz -, tudo pago com o nosso dinheirinho, sugado por políticos medíocres, sem visão estratégica de desenvolvimento sustentado e com uma táctica, que se baseia no enviar terra para os olhos, do pobre Povo.
Ora em Carnaval andamos nós há anos a mais. A fazer de conta. A viver anestesiados, por uma máquina trituradora, de intoxicação intelectual. A viver em roubalheiras e trafulhices. Em burlas e farsas à custa de todos os que pagam impostos.
Por isso tenho saudade de um entrudo familiar onde se reunia a família e os amigos. Se comiam as carnes de porco tiradas directamente da salgadeira. Se distribuíam alguns enchidos pelas pessoas que, por azar ou carência, não tiveram porco para matar no final do ano anterior. Se faziam uns bailaricos, onde apareciam uns rapazes vestidos de rapariga e vice-versa. Um ou outro embrulhado em mantas de trapos a quem chamavam "entrudo". E tudo acabava na quarta feira de cinzas, dia em que o homem era confrontado com a sua realidade metafísica - "és pó e ao pó hás-de voltar".
Não me venham com ideias feitas de que é bom para o Turismo, façam-me esse favor. Eu não acredito que as receitas sejam superiores às despesas. E se não há saldos positivos melhor seria que se estivesse quieto. Mais vale parado do que em queda livre.
A tradição já não é o que era, mas se esta não se sobrepõe às pseudo inovações, então que se acabe ela.
Deixem o Carnaval para o Brasil e para os Países Tropicais que o sabem fazer, bem feito, e deixem-nos com o nosso Entrudo que também não nos deixava ficar mal.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Reflexão...


Quisera eu entender,
A profundidade do Ser.
Ter, da essência, o Saber
Que me levasse a conhecer,
A grandeza do amor.
Da felicidade o sabor,
Do ontem sonhador,
Do amanhã a esperança,
Do hoje a confiança,
Que está ao alcance do Senhor.

Mas porquê esta inquietude,
De levar a vida na virtude,
Se o Mundo é o contrário.
É feliz o salafrário,
Que goza co'a desgraça alheia,
 Rouba a serenidade e a ceia.
Sofre o Ser solidário,
Que ao outro dedica sua afeição,
Tentando aliviar a dor,
Da impiedosa provação.

Porque não sou como a ave,
Que cansada de voar,
Volta sempre ao seu lugar,
No ramo de qualquer árvore.
Vivendo ao sabor do tempo,
Sem angústia ou sofrimento.
Num remanso solitário,
Longe de qualquer calvário,
Porque do Além vem o necessário,
E que pr'amanhã traz a chave.