segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Escritos sem história!

Quando não se tem o que fazer, dizer, conversar, falar com o outro, não se tem interlocutor e é preciso ocupar o tempo disponível, um papel e uma caneta poderão ser boas ferramentas para evitar o tédio.
Ah! mas porque não usar o computador, dirão? É mais prático, mais actual, dá um ar de conhecimento e domínio das TIC - o que não é despiciente nos tempos que correm - e até se solicita a correcção automática, não vá o Diabo tecê-las  e deixar escapar um ou outro erro ortográfico, o que é sempre muito constrangedor.
Tudo isto tem razão de ser, mas... Há sempre um mas!
Falta o intimismo. Este deslizar do aparo da caneta sobre o papel, que mais parece ser um contacto pele com pele, uma aproximação sensual entre os dois, como se tratasse de um tango dançado por dois corpos que se entrelaçam, ora se aproximando, ora se afastando; ora se enroscando, ora se dobrando um sobre o outro, numa simbiose de sentimentos, que vai do ritmo até à luxúria, dos odores e suores de um homem e uma mulher, numa espécie de cortejamento antenupcial, que vai muito para além da dança e do acto de rodopiar a dois.
E assim se passa um bom bocado de tempo onde a imaginação ultrapassa barreiras de solidão ou de isolamento.