quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Riqueza

 Riqueza e pobreza! 


Li, em dias sequenciais, o jornal Público. Num desses dias uma entrevista com Eduardo Catroga, ex-ministro das Finanças de Portugal. No outro um artigo de opinião de Carmo Afonso, advogada e cronista daquele jornal. 

Na entrevista li a opinião de um homem com vida, com história, com provas dadas que se fez a si mesmo. Com algumas posses, é verdade, porque nem todos os meninos que nasceram em 1942 tiveram a possibilidade de estudar e tirar um curso superior, mas que não esbanjou o pecúlio que o pai tinha amealhado e, nos estudos foi o melhor. 

O facto de ser o melhor do seu curso abriu-lhe as portas da maior e melhor empresa portuguesa do século passado, a CUF e aí singrou pelas suas capacidades e competências profissionais. 

Foi ministro porque se podia dar ao luxo de não ganhar muito dinheiro, mas manter o património até então acumulado, sem deteriorar o nível de vida que até então tinha proporcionado à sua família. 

Seguiu o princípio consagrado na Constituição de 1822 que preconizava que seriam “absolutamente inteligíveis para o cargo de deputado, os portugueses que não tivessem com que se sustentar, renda suficiente precedida de bens de raiz, comércio, indústria ou emprego”. No tempo actual, que não dependessem da política para viver, como acontece na esmagadora maioria dos casos com eleitos e governantes. 

Ao ler a entrevista fiquei com a ideia de um homem de bem que serviu o bem público, a (rês)pública e não se serviu. 

Depois veio o artigo de opinião da advogada Carmo Afonso, pessoa que não conheço, mas que desanca na franqueza do Catroga por ele deixar implícita a ideia de que os políticos em Portugal são mal pagos. 

Como não conheço a Senhora e não lhe conheço obra -culpa minha com certeza- só sei que é figura mediática devido às suas posições de esquerda radical, não pronuncio sobre a pessoa mas, apenas sobre o que escreveu. 

A senhora acha a franqueza do Catroga um insulto aos baixos salários dos portugueses e, na minha opinião, uma coisa não tem a ver com a outra. 

Que os salários dos portugueses são baixos, demasiado baixos, já todos sabemos, mas também sabemos que os salários dos políticos também são baixos e que, eventualmente, essa será uma das causas de tanta mediocridade na nossa vida política. Porque não é atractivo para ninguém, honesto e competente, nas diferentes áreas de actividade, que se queira sujeitar à imagem cadastrada que os políticos têm no nosso país. 

A senhora também esqueceu que o país é esbulhado pela corrupção e que essa corrupção é um dos factores que faz com que os salários sejam baixos porque os impostos são demasiado elevados.

A senhora também esqueceu, ou omitiu propositadamente, o que bastante mais grave, os ordenados pornográficos das vedetas televisivas, do futebol, dos advogados, verdadeiras estrelas planetárias.

Posto isto só me cabe dizer duas ou três coisas: 

A senhora tem direito a ter a sua opinião e toda a liberdade para a expressar, já me parece mais discutível que um jornal de referência e com prestígio, como é  o Público, lhe dê palco para catequizar os incautos para uma agenda política escondida. 

Também me parece que uma pessoa sem história não devia arrogares-se o direito de se apresentar com uma superioridade moral de que, manifestamente, não deu provas. 



19/08/2023


Zé Rainho 

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