quinta-feira, 8 de outubro de 2020

O LAMAÇAL!

 

O LAMAÇAL!

Os poucos jornalistas dignos desse nome em Portugal, que honram a profissão e não têm medo de afrontar o poder, por que foi para isso que escolheram a profissão e, tal como missionários, não medem consequências mas arriscam tudo, incluindo a vida, para estar junto da notícia e junto dos seus leitores, não se cansam de afirmar que vivemos num lamaçal onde o lodo é tão profundo que, por mais que se procure limpar aparece sempre mais e mais fundo.

O Cidadão comum que veja, não olhe apenas, veja com olhos de ver apercebe-se da podridão ao mais alto nível dos diferentes poderes existentes constitucionalmente. O compadrio, o nepotismo, o caciquismo local, regional e nacional estão de tal modo instalado no Estado que é, quase impossível distinguir onde pára a seriedade, o rigor, a justiça, a equidade.

A partidarização da vida pública é avassaladora e, igualmente, assustadora. A substituição do mérito e da competência pela filiação ou simpatia partidária é visível a olho nu em todos os Organismos públicos. As nomeações para lugares desnecessárias designados por assessorias são mais que muitas. Dizemos desnecessárias por que, quando são necessários pareceres técnicos os mesmo Organismos, em vez de exigirem aos detentores dos lugares esses pareceres cometem-nos a empresas de amigos, escritórios de advogados e outros similares pagando exorbitâncias. Por isso se vêm tanto pobretana, mesmo pelintras, que depois de entrarem no círculo dos poderosos enriquecem em pouco tempo.

 As nomeações para lugares de topo então são verdadeiras aberrações. Indivíduos suspeitos e com fortes indícios de práticas desonestas são nomeados com pompa e circunstância. Não há pudor dos nomeados e muito menos pudor de quem nomeia.

O dinheiro corre sem qualquer transparência e muito menos fiscalização. Os contratos, quando existem são, na maioria feitos por ajuste directo, não respeitando a Lei. Como se começaram a levantar vozes contra este tipo de situações que, na maioria dos casos, só beneficia os amigos, altera-se a Lei. É o que propõe o Governo. A oposição não se opõe. O Presidente, como vai sendo hábito, promulgará.

Esperam-se muitos milhões da União Europeia o Presidente da República deixou o recado que não pode ser sempre para os mesmos. O que quererá dizer isto? É que há mais de trinta anos que vem dinheiro da União Europeia para desenvolver e modernizar o país mas que este dinheiro foi canalizado para os bolsos de alguns e, na circunstância, sempre para os mesmos. O País continua pobre e subdesenvolvido.  

Temos algumas, muito poucas vozes que clamam contra estas situações mas nunca são ouvidas.

Entretanto o povo morre ao abandono. Com a desculpa esfarrapada da pandemia já morreram mais de seis mil pessoas do que no período homólogo do ano passado. Não venham com histórias de ondas de calor ou de frio ou do raio que os parta. Morreram por falta de assistência médica. Atrasaram-se consultas, cirurgias, diagnósticos para resolver o surto pandémico e o que é que aconteceu? Eliminaram ou estancaram o surto do vírus, não. Evitaram algumas mortes devido ao Covid-19! Eventualmente. Mas isso justificará tantas outras mortes? Não.

Cá no concelho o aumento do número de contágios é exponencial. Ontem já íamos nos dezasseis casos activos. Ouve-se uma palavra ao Responsável Administrativo, o Presidente da Câmara? Não. Ao responsável pela saúde local, Delegado de Saúde? Não. O que sabemos é pela responsável distrital.

Para satisfazer e alargar o caciquismo local, o Governo apresta-se para criar mais 600 freguesias, sem competências e sem recursos, para fazerem o quê? Vigiar e controlar os incautos.

Se tudo isto não é um lamaçal digam-me lá o que é!

 

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