sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Angústia!

A estupefacção não nos liberta o espírito. Assistimos, quase que, como anestesiados, à perda de soberania e não se passa nada. Bruxelas é que diz o que devemos fazer no OE de 2011. Não será o replay do Conde Andeiro?
Desde há anos (muitos) que consigo distinguir entre opinião pública e opinião publicada. O mesmo é dizer que sou capaz de sentir o pulsar de povo anónimo, das notícias que os media nos impingem diária e sistematicamente.
E o que sinto é um misto de incapacidade e de revolta.
Vamos por partes:
Sinto a revolta dos pais que não querem os seus filhos em escolas distantes e, de melhoria duvidosa, porque têm de percorrer,  pelo menos,  40 Km diários. Outros, que não querem, legitimamente, a meu ver, as suas meninas de doze anos junto de jovens adultos, com vícios e experiências de vida, nem sempre dignas das melhores referências, no que à Escola diz respeito, que frequentam o Ensino Profissional. Não se põe em causa este tipo de Ensino, apenas se questiona a coabitação de discentes tão diferenciados. Por oposição vemos um vídeo de uma Responsável da Educação Nacional que, não tendo a noção do ridículo, ou porque se julga engraçadinha, a dizer umas piadas para criancinhas pretensamente, com atraso mental acentuado, e se presta à farsa de ser actriz - em linguagem teatral - um canastrão, que pretende ser didáctica e não passa de uma mulher palhaço, sem ofensa para esta digna profissão.
Poderíamos continuar neste tema até porque ainda hoje me escreveu uma colega onde me diz que, há mais ou menos seis anos deixou de ter vida própria, tal a papelada em que está enredada. Mas mudemos de área e passemos à Saúde:
O Conselho de Ministros aprovou um Decreto-Lei que, no essencial, diz que os medicamentos vão ficar mais baratos e o Estado - que somos todos nós - vai poupar duzentos e tal milhões de Euros.
O Zé pagode - o mais desprotegido e com menos recursos financeiros e mais dependentes, por motivos sociais diversos - queixa-se que, afinal, os medicamentos que ia buscar á farmácia eram de borla e agora têm de pagar, nem que sejam, apenas, 1,70€.
Afinal em que ficamos? Será que esta cambada de idiotas, de ignorantes, de aldrabões nos consideram a nós, povo anónimo, bestas de carga, amorfos e incapazes de pensar e reflectir?
Dir-me-ão que foi o Povo que os lá pôs. Eu direi que não foi para isto. Ou houve mistificação e fomos todos enganados ou, mais grave ainda, houve má fé quando se apresentaram aos eleitores a dizer que vivíamos num mar de rosas.
Mas há mais áreas. O emprego é outro bom exemplo. Quando as estatísticas do IEFP em Agosto vem dizer que a taxa estacionou nos 9,8% de desempregados logo veio um pressuroso Adjunto de Ministro a dizer que o desemprego - chaga nacional - estava sob controle e era sustentável. Depois veio o Eurostat a dizer, precisamente o contrário afirmando que a taxa teria sido de 11% e com tendência para subir e  lá vem o mesmo personagem a dizer que o erro era do Eurostat. Agora vem a OCDE a confirmar os piores cenários nesta matéria. O próprio IEFP veio confirmar o que as instâncias internacionais vinham dizendo e, curiosamente, não aparece ninguém a dizer seja o que for. Ironia, não?
Já é um lugar comum dizer-se que cada Povo tem o Governo que merece. Mas será que nós merecemos tão pouco e tão mau?

10 comentários:

  1. Bem, Zé, pelo andar da carruagem parece que vais andar em angústia permanente. É que isto está tão feio!

    Abraço

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  2. Agostinho,
    Como dizes: isto está tão feio! Mas eu não consigo deixar de me preocupar com o rumo deste País, sem rei nem roque, e onde o rei vai nu, mude-se para onde mudar.
    Abraço
    Caldeira

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  3. Zé,
    Depois de o ter felicitado, cabe-me agora partilhar esta angústia que a todos diz respeito! É impossível não ver ou fazer que não se vê o rumo que o nosso país está a tomar... Acho que difícil é encontrar uma área onde algo decorra com justiça e com sentido!
    Receio que o descarrilamento se aproxime a alta velocidade...

    Beijinhos! E... até já! :)
    Muito obrigada, Zé, pelas palavras que me dirigiu aqui e no meu espaço!

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  4. Zé,
    há muito que digo que temos que arregaçar mangas...mas parecem todos dormentes!
    Beijo

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  5. JB,
    Bem-Haja pela visita. Não calcula o bem que me faz a sua visita e a sua palavra. Não tenha dúvidas que o tempo nos vai demonstrar mais cedo do que a gente pensa a sua dureza. Eu, apesar de ter uma infância feliz, lembro-me do tempo do racionamento do açúcar, dos alqueires de trigo ou centeio que tinha direito uma família e não gostaria de voltar a tempos tão duros. Mas que caminhamos para lá parece-me um dado adquirido.
    Beijinhos. Gostei muito e até Já!
    Caldeira

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  6. Em@,
    O descarrilamento é inevitável. Estes parasitas e incompetentes tornaram este País ingovernável. Todos nós temos a nossa quota de responsabilidade mas, é evidente, que quem mais pode mais deve.
    De há muito que se procura ter um emprego, o que não significa ter um trabalho e essa cultura tem que mudar muito rapidamente, caso contrário sofreremos consequências que nem nos passam pela cabeça.
    Beijinho
    Caldeira

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  7. Zé,
    Os seus textos dos "44 anos" (onde já deixei algumas palavras, embora atrasadas... mas garanto-lhe que profundamente sentidas) e o das "Emoções" revelam o melhor do ser humano. Tinha de lhe dizer isto... e por isto mesmo é um prazer poder fazer parte do que escreve, lendo-o com muita admiração e carinho. ~Continuo a achar que há palavras que não florescem no silêncio.

    Beijinho!

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  8. JB,
    Concordo consigo inteiramente: "há palavras que não florescem no silêncio". Por isso é preciso deitá-las cá para fora porque, esse simples acto, faz com que se alivie o espírito e se toque alguém que com elas se identifique.
    Muito agradecido por continuar a passear-se por este meu humilde espaço que é, quase sempre, feito de desabafos ou de intimidades, mas sempre com muito sentimento.
    Muito obrigado pelo carinho demonstrado em todos os seus comentários.
    Tenho o maior respeito, consideração e carinho por si e, acredite que tenho muitas saudades da poesia da menina azul.
    Espero ansiosamente pelo regresso ainda que respeite a sua decisão de fazer uma pausa. Faz-me falta.
    Beijinhos e até Já.
    Caldeira

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  9. Zé,

    Eu estou de regresso!:)
    E no meu cantinho está um pequenina poesia à sua espera, ansiosa por ser "ouvida" por quem gosta de ler o que escrevo.

    Beijinho e obrigada do coração! A sua saudável teimosia faz "milagres"! :)

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  10. Zé há quem mereça, claro que sim. Engraçado que quem merece não sente a crise, anda na maior e a facturar. Como é possível terem lutado tanto pela independência e agora andem como cordeiros ao mando da comunidade. Cada vez estou mais convencida, estão a acabar com Portugal. Não imaginas a balburdia que reina nas escolas neste momento. A união dos agrupamentos acabou com a pouca organização que ainda por lá reinava. Como é possível ser-se competente, trabalhar-se por gosto num país onde não há o mínimo de organização. Quem precisa, há cada vez mais pessoas a serem enterradas vivas, está a ser sepultado a toda a velocidade. Os grandes aqueles que ganham milhões só porque amanheceu estão a ser protegidos. Eles querem guerra e vão tê-la não acredito que este povo seja eternamente amorfo. O que referiste em relação à junção de várias idades nas escolas é importantíssimo. Juntar inocentes com gandulos não pode dar bons resultados. Beijinhos

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