"Quem não tem que fazer, faz bonecos." Este é um ditado popular cá do meu burgo. Ora, eu tenho muito que fazer, mas não me apetece. Birra de velho.
Tenho azeitona para colher mas, feitas as contas, para a apanhar tenho que por "linhas do bolso" e, já se vê, não estou disposto. Fica para os passarinhos, que também precisam, e assim se cumpre uma das profecias da Sagrada Escritura: "olhai as aves do céu que não semeiam, mas nem por isso lhes falta o alimento - não é ipsis verbis - mas é a ideia".
Neste compasso, decidi que deveria pesquisar o que faz o Ministério da Agricultura para que possa haver produção em Portugal e assim, tornar menos dependente do Exterior a nossa população e, vai daí, escrevi "DRE" no motor de busca e apareceu-me o Diário da República Electrónico. Então comecei a pesquisa e fui vendo o que andava a fazer o Ministério da Agricultura e Pescas. Comecei por ver tanta referência a zonas de caça, que resolvi fazer uma tabela com quatro colunas, para colocar na primeira o nº do D. R., na circunstância foi o 173/2010, na segunda a data, no caso o dia 6/09/2010, na terceira o diploma legislativo, agora foi a Portaria nº 843 de 2010 e na última uma síntese do Diploma que, era mais ou menos isto: "Renova a concessão da zona de caça de Almeirim".
Fui pesquisando e quando dou por mim estava no D.R. 206 de 22/10/2010 e a Portaria 1099 e, ao fim e ao resto conclui, não sei se certo ou errado que, afinal, não necessitamos de um Ministério da Agricultura e Pescas mas sim, de um Ministério da Caça. É que, nos 167 Diplomas contidos nesta série de Diários da República apenas vi as referências: "alteração ao montante do crédito às explorações; um reconhecimento de denominação de origem de vinhos verdes; a aplicação das energias renováveis à frota de pesca; a isenção da taxa de audiovisual para as explorações agrícolas; regulamento da pesca da pescada e do tipo de armadilha para a pesca, em geral e, por fim, o regulamento dos destiladores".
Se interpretei bem, dos tais 167 Diplomas, apenas 9, foge ao âmbito da caça, todos os demais dizem respeito a esta.
Nuns casos concessiona, noutros renova a concessão, noutros exclui terrenos, noutros anexa terrenos, sempre e mais, a zonas de caça. Umas particulares, outras associativas; umas por 6 anos; outras por doze anos, etc. etc. etc.
Se fui capaz de descodificar esta obra-prima da capacidade legislativa. Se entendi bem, numa altura em que, ainda, não estão contabilizados os milhares de hectares de floresta ardidos neste Verão, nem os prejuízos por intempéries, fora de época, que destruiu vinhedos, produtos hortícolas e frutículas, e não há uma leve referência a estes aspectos que, em minha modesta opinião, fazem parte da riqueza nacional, então para que é que precisamos de um Ministério da Agricultura. Não seria melhor termos uma Direcção-geral da caça e, assim, pouparmos, pelo menos, num Ministro, dois Secretários de Estado, uma caterva de assessores, motoristas, viaturas, telefones, fixos e móveis, rendas de instalações, etc.?
Olhem, pelo sim pelo não, viva o ministério da caça!