sexta-feira, 30 de julho de 2010

Civilização

 A Politica é anterior à cidadania e esta define-se, essencialmente, como um processo permanente de aquisição e exercício de competências: O primeiro indicador da política como recurso da capacidade humana para enfrentar desafios fundamentais para a sobrevivência humana. O aparecimento dos Estados. A política insere-se, assim, na realidade omnipresente do Estado. Se não pode haver cidadania sem Estado já a inversa não é verdadeira. Pode haver Estado sem cidadania.
Daqui se pode intuir que a política é mais antiga que a cidadania. É também verdade que houve, ao longo dos séculos, o aparecimento de cidadania que conviveu com longos eclipses periódicos da mesma.
Se a cidadania já vem da Grécia Antiga, no sentido moderno do termo esta só apareceu há cerca de dois séculos, mais concretamente com as revoluções americana e francesa nos finais do século XVIII.
Estas revoluções vieram demonstrar que não há cidadania permanente nem espontânea. Esta precisa e exige um enorme esforço de experiência e aprendizagem, colectivo e individual, consoante e permanente.
Nascemos seres humanos e tornamo-nos cidadãos. Para tal tal é preciso um enorme investimento na educação e na aquisição de competências. Por exemplo é preciso educar cidadãos capazes de compreender as Leis, de equilibrar direitos e deveres, de pagar impostos, de cumprir serviço militar, de eleger e ser eleito e, para que estas vicissitudes fossem alcançadas a Europa (excepção feita a Portugal) investiu, desde o século XIX, na alfabetização e instrução pública. Com erros e omissões, é certo, mas fê-lo com denodo e empenho.
Criou, desta forma, uma civilização diferenciada com características únicas na História. Permitiu a ascensão social de todos os homens/mulheres - salvaguardando-se a discriminação de que estas ainda hoje são objecto - mas, mesmo com defeitos, ainda se não conhecem condições melhores. Como diria Churchil "a democracia é o pior regime político do mundo, só que ainda não consegui descobrir nenhum melhor do que ele".
Mas a verdade é que nem a democracia nem a cidadania são dados adquiridos para todo o sempre e, consequentemente, estar atentos é indispensável.
Analisemos algumas situações recorrentes na vida social.
1. Se, por acaso, ou infortúnio se se assistir a um acidente de automóvel com intervenção de dois veículos, apesar de vários mirones que dão palpites sobre o que se passou, se os intervenientes não se entenderem e quiserem testemunhas para levar o caso à Justiça, o que nós vemos: com álibis mais ou menos esfarrapados todos, salvo raras e honrosas excepções, todos negarão. Sabemos que a Justiça é lenta e incomoda o cidadão por várias vezes e com total desprezo pelo cidadão. Mas será isto o suficiente para esta recusa?
2. Se são visíveis sinais de violência doméstica na casa ao lado da nossa o que fazemos? Usamos o velho e obtuso ditado popular: "entre marido e mulher não metas a colher" e, frequentemente, esta negligência e comodismo dá origem a mortes, violações e episódios do mais degradante que o Ser Humano é capaz de suportar;
3.Num Prédio de uma pequena cidade de pouco mais de 30.000 habitantes, com prédios de 4 ou 5 andares o que é que assistimos: o vizinho do 1º andar não conhece, não cumprimenta, não fala com o do 3º, este com o do 2º e por aí adiante. Onde pára o conceito de família alargada sentida e vivida no meio rural da 1ª metade do século XX, onde qualquer vizinho, parente afastado ou próximo, se encarregava de proteger as crianças enquanto os pais labutavam para obter uma côdea de pão?
4. Onde pára o sentido de responsabilidade de todos e de cada um pelo outro conhecido ou desconhecido, mas que é um nosso semelhante, com os mesmos problemas, as mesmas limitações, os mesmos condicionamentos? Evaporou-se. Apareceram conceitos novos. Ter, passou a ser mais importante do que Ser. Eu é sempre mais importante do que Nós.
5. Será o fim desta civilização? Talvez. Uns dizem que se deve à miscegenação proveniente da imigração. Eu não vou por aí. A história mostrou-nos que foi essa mesma capacidade de fazer mulatos que nos impôs, em toda a África, durante séculos.
Face às premissas apresentadas e a muitas outras que poderíamos continuar a descrever, alguma coisa tem que mudar e, muito rapidamente, se não acabamos com tanto sacrifício e tanta doação dos nossos avoengos para que fossemos todos cidadãos. Então não me parece que haja outra solução que não seja a de cada um, à medida das suas possibilidades, ir denunciando situações perversas, imorais e sem ética. Venham elas de onde vierem. Dos mais ilustres representantes da Nação ou de simples e anónimos cidadãos.
Usar do direito de cidadania e respeitar o dever que tal implica está na Ordem do Dia é preciso que cada um cumpra a sua parte.
Parece-me que é o que estou a fazer, de forma abstracta, mas voltarei com casos mais concretos, Reformas abstrusas, face oculta, freeport, submarinos e etc., etc., etc.





Tristeza

Hoje é um dia triste, para quem da cultura tem uma ideia de bem público. Finou-se um expoente do teatro nacional e do entretenimento social. Falo do António Feio. Tenho a impressão de que a morte foi uma libertação de um sofrimento atroz, mas a perda é demasiado grande para que não sintamos, na nossa fraqueza humana, uma dor íntima e profunda.
Estou triste porque o Povo perdeu um Homem Bom e que lhe faz muita falta. Espero que não seja esquecido pelos poderes e meios de Comunicação Social. Espero que os seus colegas de profissão, encenadores e actores, sigam o seu exemplo e nos continuem a mostrar uma cultura popular, que a todos agrada.
Tenho a certeza de que o Deus em que acredito o recebeu na Sua Glória e lhe dará a felicidade eterna.
Paz à sua Alma.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Primeira Grande Guerra Mundial?

O título pode ser abusivo, porque guerras houve sempre, desde os primórdios. Talvez com as características que apresentou se possa dizer que foi a primeira guerra mundial. Começou faz hoje 96 anos, se não me engano. E que consequências teve para Portugal? Gravíssimas muitos milhares de mortos e muita humilhação.
A República terá, para sempre, na consciência, esta nódoa. Sabemos que era imberbe, inconsciente, desorganizada, que dentro dela se debatiam, constantemente, lutas intestinas entre maçónicos, carbonários e monárquicos. Sabemos que o povo nunca fora chamado e menos ainda, ouvido sobre a mudança de Regime Político. Conhecemos os dramas da fome, da miséria e da doença (a espanhola) que o mesmo povo sofria. A Elite política entretinha-se com retórica, mais ou menos erudita, mas sempre inócua e ineficaz. Mas tinha necessidade de afirmação externa e, consequentemente, há que mandar para França, um contingente de jovens inexperientes, subalimentados, mal armados e sem motivação, porque forçados.
Foram apelidados de "lanzudos" devido à indumentária. Eram alimentados por soldados Franceses e Ingleses com as sobras das rações que aos mesmos chegavam e que eram mínimas. Morreram de fome, de frio, de pneumonias e com balas no peito. Sim, porque apesar de tudo, foram sempre valentes e nunca viraram as costas.
Foi desta forma displicente que as Elites deste País tratou o seu povo. Tivemos uma Monarquia com uma Corte numerosa e parasitária. Uma Primeira República inconsciente, incapaz, desastrada e correligionária. Uma Segunda República com princípios de Ordem, Paz e Progresso que se foi deteriorando ao longo dos tempos transformando-se numa espécie de ditadura mole e inconsequente - peço desculpa às vítimas objectivas, porque para essas foi violenta - para a maioria do povo. E temos um Terceira República, de todos conhecida, porque é actual. Onde os episódios como o PREC, os extremistas bombistas, de direita e de esquerda, que fizeram vítimas inocentes, a reforma agrária que, rapidamente se transformou em reforma agarra, as nacionalizações pós 11 de Março e as inevitáveis privatizações, com os custos inerentes para o Erário Público, as clientelas partidárias subsequentes propícias à corrupção, compadrio e abuso de Poder e muito mais que, não é o local nem a ocasião para escalpelizar.
Resta questionar: tirámos alguma lição destes episódios mais ou menos negros e deprimentes?
Quanto a mim parece que não, mas porque sou um homem de Esperança, quero acreditar numa, a curto prazo, nova República ou mesmo Monarquia, não me repugna tal ideia, que aprenda com os erros do passado e possa criar as condições de um futuro melhor.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Paradoxos!!!???

A imprensa de hoje traz duas notícias, no mínimo, preocupantes, no máximo, revoltantes.
Vamos por partes: Segundo o CM o Ministério Público vai levar a Julgamento, porque acusa, os hipotéticos corruptores do caso Freeport. E apenas estes. Não será caso para perguntar aos doutos Magistrados: então há corruptores e não há corruptos? Pode haver uns sem os outros? Paradoxo.
Outra notícia que me chamou a atenção. Uma adolescente deu à luz uma criança, numa sanita, em Gaia. Depois de tantas campanhas de educação sexual nas escolas, nos meios de Comunicação Social, nos Centros de Saúde será que uma mãe, independentemente da idade, não é capaz de ter um pingo de amor por um ser indefeso que carregou durante nove meses na sua própria barriga? Será que a adolescente não teve uma avó, uma mãe, uma assistente social, uma médica, que a ajudasse a não cometer este crime horrendo.
Numa época que o País se debate como um enorme problema demográfico não seria possível, o Estado, apoiar estas mães e, já agora, também os pais, para criarem mais uma criança?
Paradoxo.

domingo, 25 de julho de 2010

Verdade(s)

Há uma tendência natural, de cada ser Humano, de assumir para si a sua verdade. Numa qualquer sociedade, principalmente naquela em que vivemos, a Nossa verdade é sempre mais verdadeira do que a verdade do Outro. Por isso tanto desentendimento, tanto ressentimento, tanta inveja, tanta maldicência.
Em Sociedades abertas e mesmo que democraticamente pobres e limitadas, como aquela em que vivemos, assistimos constantemente, a pretensas verdades que não são mais do que mentiras.
Atentemos nalgumas situações que percorrem o nosso dia a dia:
Temos um Ministro das Finanças que, com todo o desplante do mundo, veio a apresentar, publicamente a sua verdade sobre a derrapagem das Contas do Orçamento Geral do Estado, no primeiro semestre deste ano, que se aproximam dos 500 milhões de Euros. Diz mais: "já esperávamos isso porque restituímos o IRS mais cedo".
Será que o Sr. Ministro julga que todos os portugueses são atrasados mentais? Será que a verdade dele é mais verdadeira do que a verdade da maioria dos portugueses?
Vejamos: O Déficite Público foi sendo apresentado como resultado do elevado valor do salário dos funcionários públicos e, como forma de obviar este handicap, congelam-se os salários. Por cada 3 funcionários que se aposentem, apenas entra um. Agora parece que o rácio passou de cinco para um. Então se os salários não aumentaram, se o número de funcionários diminuiu, como é que aumentaram as despesas? Esta é uma pergunta legítima e pertinente. Até porque o álibi esfarrapado do reembolso do IRS não cola porque, se houve direito a reembolsos é porque houve retenções a mais e, eventualmente, indevidas.
A resposta pode ter várias nuances mas uma coisa é incontornável: - a verdade do Ministro é diferente e oposta à nossa verdade. Sendo assim importa reflectir: é possível acreditarmos na governação? É verosímil que aceitemos com benignidade os sacrifícios que nos estão, todos os dias, a ser pedidos?
Que não há almoços grátis já todos nós percebemos. O que ainda não entendemos é porque se pedem aos pobres esforços, sacrifícios, sentido patriótico e aos políticos, governantes incluídos, não se lhe vê qualquer tipo de austeridade. E não nos venham com a ideia bizarra de reduzir os seus vencimentos em 5% porque essa é uma manobra dilatória, populista e, apenas, tem o objectivo de atirar terra para os olhos dos eleitores.
Sim, não se admirem do que estou a dizer. Esta semana apareceu uma comitiva, alargada, com o PM à cabeça para inaugurar uma mini-hídrica energética, aqui numa aldeia vizinha. Obra que já deveria estar pronta e está há meses. Interessou inaugurar com pompa e circunstância. Com almoços, televisões, fotógrafos, imprensa tudo subjugado a um"Show" previamente planeado para que os telejornais abrissem com esta notícia. A energia produzida não dá para mais do que duas mil famílias.
Não sei se já viram este filme. Um fontanário público numa aldeia perdida entre os montes, tinha honras de inauguração com placa dourada comemorativa, com alusão do membro do Governo que ali se deslocara. Quanto custa esta viagem? Helicóptero até ao heliporto mais próximo. Automóveis de alta gama para trazer e levar suas excelências até ao local da descarga da água que produz energia. Almoço para os convivas. Ajudas de custo para motoristas e funcionários de topo. Será que isto não custa dinheiro? E se estamos em contenção e as IPSS, Associações humanitárias, e as diferentes Igrejas e Religiões são chamadas a responder às necessidades alimentares de muitos milhares de pobres, não poderiam os governantes ter um pingo de dignidade e de vergonha na cara para se coibirem deste novo-riquismo provinciano e bacoco mais primário?
A minha verdade é oposta à verdade governamental logo, pretensamente, a minha é verdadeira e a deles é mentirosa. Cada leitor tire as suas ilações.

sábado, 24 de julho de 2010

Ausência forçada

Ausência forçada devido a umas "maleitas" que se poderiam dizer próprias da idade, mas não é bem assim, já que sofro desta moléstia há quase 40 anos. Um malfadado cálculo num rim deu-me que fazer, toda a semana.
Mas a ciência é uma coisa espantosa quando posta ao Serviço do Outro. A tecnologia já construiu uma máquina, que de forma pouco invasiva, lá destruiu o cálculo de quase dois centímetros e o estilhaçou. Agora estou a expelir os minúsculos pedacinhos de forma indolor.
Deixando o meu problema passemos à ciência. Que bom é investigar. Conhecer. Descobrir. Evoluir, nos conceitos e na substância. Se este percurso for feito no sentido mais nobre do termo, poucas coisas sobram para o melhor que a vida nos pode proporcionar. Mas! Há sempre um desgraçado de um "mas". Quando a Ciência se torna proletária, que o mesmo é dizer que dita aos investigadores o que têm de fazer e não aquilo que lhes dá prazer, os realiza profissionalmente e com utilidade pública, então este Dom Supremo da Humanidade fica empobrecido, na essência e no conteúdo. Serve o interesse deste ou daquele Laboratório, Grupo Económico e pouco sobra para a população, em geral.
De qualquer modo viva a Ciência e os Homens/Mulheres que a fazem, com profissionalismo, dedicação e doação total. Pondo neste trabalho afecto e emoção.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Confrangedor!!!???

Para quem teve oportunidade de ver ou ouvir o debate do estado da Nação no Parlamento - eu só ouvi, aos poucos, no rádio do carro - e esteve atento, certamente, tal como eu, deve ter achado confrangedor. Pelo conteúdo e, sobretudo, pelo coro de palmas a interromper discursos ocos.
A cada meia dúzia de palavras gastas, de tanto uso nos últimos tempos, lá estava a plateia a aplaudir ou a vaiar, segundo o quadrante político que defendem.
Para que serve este gente? Não passam de figurantes como os de um qualquer "talk Shaw" reles, feito por canastrões. E o orador até se dá ao luxo de efectuar pausas e olhar para a bancada para que alguém comece a bater palmas para arrastar os restantes. Deprimente. E paga o povo, a peso de ouro, a esta gentinha, sem qualidade e sem substância. A mediocridade no seu melhor. Como é que os nossos jovens não hão-de preferir um concerto à beira-mar, a ouvirem tantas patacoadas? É claro que eles, com este desinteresse, é que vão pagar as favas. Vão endividar-se, para tirar cursos superiores e, depois vão direitinhos para os Centros de Emprego, de onde nunca vem coisa nenhuma que valha.
Quem me lê poderá pensar que estou aqui numa luta contra a política e o sistema partidário. Puro engano. Estou preocupado, sim, com a política que se faz e o sistema partidário que temos, coisa bem diferente.
Transformar um Parlamento numa espécie de "comédias" (designação dada há anos, nas aldeias, ao circo ambulante) não deixa de ser triste e preocupante. Mas a culpa não é da Ciência Política porque essa é Nobre e faz parte integrante das Sociedades avançadas. A culpa é desta classe acomodada, acrítica e apalermada, que se vem alapando ao Poder de há trinta e tal anos a esta parte. E são sempre os mesmos, não sei se já repararam, pelo menos os das primeiras filas.
É assim que vão as Instituições. A propósito, no jornal Sol de hoje, vem uma notícia que o professor do PM - aquele que lhe ministrou as quatro cadeiras para ser licenciado em engenharia civil - candidatou-se pela terceira vez à nomeação definitiva na Faculdade de Arquitectura e, como seria de esperar, pôs em pé de guerra todo o corpo docente, porque fora reprovado nas duas vezes anteriores, tendo os Catedráticos de então, alegado que o mesmo detinha "competência pedagógica fortemente duvidosa". "De uma banalidade confrangedora". "Sem qualquer valor científico". "Investigação desprovida de valor" e não teve qualquer alteração no seu currículo, desde então.
E assim vamos deixando afundar este País. Agora até há quem defenda o voto em branco. Coisa que eu compreendo mas não aceito. Compreendo porque as pessoas não vêem alternativa credível, mas não aceito por essa é uma forma de demissão das populações. Deve-se votar naquele que se entenda como menos mau, porque medíocres são todos.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

O estado da Nação

De há uns dias a esta parte discute-se, na Assembleia da República em particular, e na Comunicação Social em geral, o ESTADO DA NAÇÃO. Uma falácia. Uma diversão parlamentar e jornalística.
Atentemos no conceito de "Nação" e, facilmente, chegaremos às conclusões acima aduzidas. Nação é muito mais do que fronteiras geográficas. É um Povo, uma Cultura, Tradicões, Costumes, Arte, Gastronomia, Folclore e muito mais, que faz dos habitantes de um certo espaço uma população única e inimitável. País é outra coisa e não se pode confundir com Nação. Poderíamos teorizar sobre as diferenças mas não vale a pena. Não é este o objectivo desta reflexão.
Partindo da permissa de que Nação é uma realidade e o País outra, bem diferente, fará sentido estarmos a debater ou a colocar na Ordem do Dia o debate sobre o tema em epígrafe? Parece-me claro e evidente, que não. Porque é estéril, inconsequente e não altera em nada o estado da Nação. As características desta não se alteram com as variáveis em discussão, porque o que se debate é o estado das finanças públicas, da dívida externa, do déficite interno, dos impostos e outras minudências que, afectando directamente a vida das pessoas, não altera em nada a especificidade de um Povo com, quase, nove Séculos de História.
Perguntarão, com toda a razão e legitimidade, porque se "perde" tanto tempo e se empenham tantos especialistas em fazer o diagnóstico subjacente ao título? Correndo o risco de ser superficial digo que, uns de boa fé e outros, nem tanto, querem o Povo distraído. "Pão e Circo" de outros tempos.
Daí não se darem ao trabalho de informar as pessoas da diferença, substancial, entre País e Nação.
O País está pelas ruas da amargura. Está em risco de insolvência por inaptidão, incapacidade, incompetência, e com fins bastante obscuros. Está inseguro. É injusto. Cheira a podre. A Nação está bem e recomenda-se. Mantém o seu sentido patriótico. Preserva a herança avoenga que recebeu. A Língua mantém-se viva e actuante. Que mais se pode desejar para o estado da Nação?
Então vamos lá dizer aos nossos parlamentares, governantes e jornalistas que mudem o azimute e alterem as parangonas do debate. Discuta-se com verdade e profundidade o estado do País, que esse sim, precisa de diagnóstico e, mais do que isso, de terapêutica adequada. Deixem a Nação em Paz porque enquanto as nossas crianças aprenderem a Língua Materna, o Hino Nacional, conhecerem a Bandeira Nacional e os símbolos que ela contém e, já agora um pouco da sua História, tudo irá bem com a Nação.

terça-feira, 13 de julho de 2010

A Blogosfera

Sou um novato nestas coisas da blogosfera. Percebo muito pouco disto e, todos os dias, aprendo alguma coisa. Nesta vigência, embrionária, tenho tido a ventura de receber comentários que me encantam e me incentivam a continuar. A todos os meus visitantes quero deixar aqui os meus sinceros agradecimentos.
Mas quero confessar-vos que me estou a divertir imenso e, mais do que isso, a fazer aprendizagens de forma tão interessante, que até eu me admiro. Estou a tomar consciência do PODER e o SABER que tem este meio de comunicação. Não necessitamos de fazer nenhuma corrente, apenas necessitamos de nos interessarmos pelo que dizem, de diferentes formas e estilos, todos aqueles que seguimos e, sem darmos conta, veremos como tornaremos este povo mais culto, mais capaz, mais interveniente.
Pode ser que assim consigamos embevecer-nos com poemas, vídeos e prosas, lindíssimas que vamos vendo e lendo. Com alma, com razão, mas com coração. Não nos conhecendo pessoalmente, pelo menos alguns de nós, passamos a ser amigos virtuais que, com o tempo, talvez possamos a sê-lo de facto e realmente.
Como a Cidadania se conquista e se constrói no quotidiano, vamos exercê-la da forma que estiver ao alcance de cada um e não menosprezemos este MEIO.
Viva a blogosfera. Vivam os Bloguistas.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Por isso tenho medo

O estado do País é, no mínimo, preocupante e, no máximo, de falência técnica. O povo, coitado, tem andado distraído com o Futebol e nada mais faz do que, em conversa de café, lamentar a situação a que chegamos.
Quem acompanha, ainda que pela rama, a Comunicação Social, não pode deixar de se inquietar.
Assistimos, em nove meses da nova governação a uma verdadeira corrida à colocação dos "amigalhaços" em Empresas Públicas ou de capitais públicos. Uns, por terem deixado de ser ministros, outros por serem indispensáveis à propaganda. Vamos apenas referir os casos do Delegado Regional do IEFP do Norte - um professor de Castelo Branco ex-assessor do actual Secretário de Estado do Emprego e anterior Secretário de Estado da Educação - e o ex-Ministro Manuel Pinho. Não está em causa a competência ou a falta dela, dos nomeados. Preocupa o despudor com que se fazem nomeações sem concursos, sem testes de capacidades, para o desempenho de determinadas funções.
Não nos parece que uma pessoa com formação de base destinada ao Ensino, seja qualificado suficiente para gerir uma delegação do IEFP de uma zona, onde o desemprego é uma catástrofe que afecta muitos milhares da famílias, com todos os dramas pessoais e sociais que isso traz consigo.
Mas, como os amigos são para as ocasiões, cá temos um albicastrense a favorecer outro conterrâneo, sendo o critério geográfico de residência, bastante e suficiente.
Para os mais condescendentes dirão: - já que tem que lá estar alguém que coloquem lá um beirão do interior. Para mim, que sou um pouco mais exigente, digo com toda a frontalidade, que nós só devemos fazer favores com aquilo que é nosso. Que seja o resultado do nosso suor ou herança do nosso berço. O Dinheiro de todos os Portugueses não pode, sob pretexto algum, ser usado para este tipo de actuações. É que tal atitude mancha a imagem do nomeado e de quem nomeou. Cá, se fosse comigo, não aceitaria nunca, como nunca aceitei na minha vida profissional, este tipo de nomeações, por entender que seria humilhante.
Já agora e por estar na ordem do dia, não posso deixar de comentar a forma egoísta e usurária, como se comportaram muitos dos accionistas portugueses, da Portugal Telecom, na Assembleia Geral da mesma, e que, sem pudor, sem pensar no País, nem nos Empregados, queriam vender a VIVO - subsidiária da PT - por uns trocos que a Telefónica ofereceu. Sabendo que ninguém dá nada a ninguém, o que é que esses Senhores pensam acerca da oferta dos espanhóis?
Mas, ao mesmo tempo que acontecem estas pequenas, grandes, coisas, ninguém fala nas privatizações que estão a desenvolver, de Empresas que dão lucro entregando-as a privados para irem buscar os lucros sem risco algum e mantêm o "cancros" que dão prejuízos constantes e permanentes, sob a alçada do Governo. Dá-se como exemplo, apenas a ANA que dá lucros e a REFER que dá prejuízos.
Que classe política estamos a alimentar? Para que precisamos de 230 deputados se a Constituição da República prevê que possam ser, apenas, 180?
Para que precisamos de tantos Ministros, Secretários de Estado, Assessores se o Estado não funciona. Se os técnicos que estão no terreno se "esfarrapam" para demonstrar ao Público que, afinal, as coisas não são tão negras.
Apesar de me esforçar por não querer fazer paralelismos, até porque os tempos e as circunstâncias são diferentes, não posso esquecer o final da 1ª República (1926) e toda a vigência da mesma, desde 1910. Por isso tenho medo.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

A (des) Educação

Falar da Educação que temos, ou que não temos, é um tema gasto e pouco estimulante mas é, em meu entender, um problema candente.
Saíram as notas da 1ª Fase das Provas de Acesso ao Ensino Superior e, como já se esperava, apesar do facilitismo reinante, as médias a Português baixaram, relativamente ao ano passado. Dizem que a Matemática subiram. Tenho dúvidas. Quem não sabe Português como poderá interpretar questões matemáticas?
Mas há mais. A Comunicação Social diz-nos que a MLR afirma que o PS ganhou as eleições devido às reformas efectuadas na Educação no anterior mandato (ver Revista Sábado do dia 8 deste mês).
O quererá dizer tudo isto? Que confusão é esta? Os meus neurónios esturricam com o calor deste debate.
Se nos lembramos do que tem sido a Escola a partir do século XV e, com maior impacto nos séculos XVIII e seguintes, somos levados a concluir que esta sempre viveu em sobressaltos e solavancos, ora em frente ora para trás, mais vezes para trás do que para a frente.
Se nos lembrarmos de Homens cultos como Voltaire, Ribeiro Sanches e outros de igual gabarito não nos podemos admirar que, nos nossos dias, surjam iluminárias que pretendam ficar na história pelo que fizeram, ou não, pela Educação. Voltaire dizia que "haverá sempre e é indispensável à Felicidade dos Estados que haja sempre miseráveis ignorantes". Ribeiro Sanches afirma que "o rapaz de doze ou quinze anos, que chegou a saber escrever uma carta, não quererá ganhar a sua vida a trazer uma ovelha cansada às costas, a roçar mato de manhã à noite, nem a cavar".
Ora se este tipo de pensamento fora apanágio de Homens Cultos e Ilustres do Iluminismo, que esperar de gente menor, no pensamento, no conhecimento e nos princípios?
A Escola é - deve ser - um local de trabalho, de esforço, de mérito, aprazível, lúdico, mas exigente e com regras, que se apliquem a todos os intervenientes.
Ao que assistimos? Passa tu que eu passarei. Trabalhar para quê, se o resultado final é o mesmo? E por aí adiante.
Há dias conversando com uma pessoa que de habilitações académicas não concluiu o antigo 5º Ano do Liceu - 9º ano de escolaridade - dizia, com toda a arrogância, que não permite que passem para o exterior da Instituição que tutela, relatórios ou simples ofícios elaborados por Sociólogos e/ou Assistentes Sociais sem os filtrar, devido a erros de ortografia, sintaxe e até de semântica.
Ficando escandalizado com estas afirmações e olhando para as classificações dos Exames Nacionais de Acesso ao Ensino Superior, conjugando tudo com as afirmações da MLR só me resta ficar atónito e descrente no futuro do País, devido à "Elite" que Educa.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

O TODO

O axioma matemático que nos faz enunciar que "o todo é a soma das partes", cá para mim está um tanto desactualizado ou, quiçá, nunca foi, inteiramente, verdadeiro. Se não vejamos: - Será que aquilo que designamos por "vazio" não ocupa um pedacinho de espaço no TODO?
No AMOR, por exemplo, não caberá muito mais do que é possível exprimir por palavras - os afectos, as emoções, a sexualidade, a amizade e muitos outros sentimentos - não farão parte integrante desse verdadeiro "motor" da humanidade?
No Humanismo não será necessário acrescentar aos direitos humanos, à liberdade, à igualdade, à fraternidade, conceitos puramente materiais, algo mais, no domínio Espiritual e Transcendente?
Dou por mim a pensar que há coisas que buscamos e jamais encontramos e outras que vêm ter connosco sem as procurarmos e isso, vai para além da matéria e até da substância.
Na circunstância e a ter alguma validade este tipo de raciocínio parece-me que o TODO é muito maior que a soma das partes.

domingo, 4 de julho de 2010

Convívio

Hoje, 3 de Julho deveria ter estado com os meus amigos de há cerca de 35 anos. Conversar. Reviver memórias. Contar anedotas. Voltar - se é possível - atrás no tempo. A organização falhou. Tenho pena. Mas a vida tem desta coisas, quando parece que tira dá e a inversa é, igualmente, verdadeira. A minha mulher acompanha-me sempre nos convívios com os meus amigos que, de tão frequentes, também se tornaram amigos dela. Hoje, coincidência ou nem tanto, resolveram fazer o terceiro encontro dos fundadores do colégio de Penamacor. Amigos de infância dela. Quase todos também meus amigos ou, pelo menos conhecidos. E foi uma festa onde a amizade mais pura, veio ao de cima. Fora de tal modo que nem fome havia apesar de se começar a almoçar quase às 14 horas.
A minha mulher estava radiante. Veio encantada e cheia de contentamento por rever amigos que não via há 50 anos.
Eu senti-me em casa. Como nos convívios com os meus amigos, da vida militar, da vida académica, da vida associativa e cultural. Até me dei ao luxo de cantar uns fados de Coimbra do meu tempo, que já tem barbas.
Vale a pena viver estes momentos. A Felicidade, se é que existe, sente-se nestes momentos. Sente-se que a vida é bela e vale a pena vivê-la, abraçá-la com força, todos os dias como se, cada um deles fosse o último.
A Vida é bela. Viva a vida. Abaixo a crise. Abaixo o pessimismo. Abaixo o desânimo. Apesar das mazelas próprias da idade.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

SCUT

Eu pagador, contribuinte, me confesso: - Circulo numa autoestrada de um País pobre e sem recursos, devo pagar os custos de construção e manutenção da mesma;
Recorro a um Hospital, a uma Escola Pública, à Justiça, de um País pobre e sem recursos, devo pagar os serviços prestados.
Vivo numa região deprimida e com os mais baixos rendimentos "per capita" deste País pobre e sem recursos, problema meu. Quem me mandou nascer neste rincão?
Se perguntar não ofende deixem-me questionar: - Então porque gastaram o dinheiro que eu paguei na construção de um CCB que cederam, gratuitamente, ao Berardo e não fizeram uma Estrada, digna desse nome no meu portugalprofundo?
Então porque gastam o dinheiro que eu pago em Fundações "Saramago, Mário Soares, FLAD" e outras que seria fastidioso enumerar que eu não frequento e nem tenho condições de frequentar?
Então porque gastam o dinheiro que eu pago numa Casa da Música do Porto, que teve uma derrapagem de mais de 300%, local de que eu não usufruo, nem posso usufruir?
Sendo a favor do princípio do utilizador pagador porque será que, no meu Meio, não há Lares para Idosos que tudo deram a este País, pobre e sem recursos, e morrem abandonados pela Família e pelo Estado?
Porque será que, para o meu Meio, o dinheiro que eu pago para o País, pobre e sem recursos, não é suficientemente solidário para que aqui os jovens tenham horizontes de vida e se fixem nesta Terra de recursos e paisagens naturais que podem fazer a felicidade de toda a vida e de várias vidas?
Perguntas, perguntas, perguntas? Respostas zero.