segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Novo Ano

Imagem tirada daqui


No final do caminho, encruzilhada,
Há sempre mais que um sentido, uma opção.
Caminhos a seguir, sugestão,
Que pode ser, ou não, uma trapalhada.

Decidir é saber e ter coragem.
Aquele que se deixa ir pela aragem,
Pela moda ou apenas, omissão,
Corre o risco de ir contra a muralha.

P'ra direita, esquerda ou em frente,
Depende de quem é e da circunstância.
Mas, caminhar é preciso e é urgente,

Porque parar é morrer, pungentemente.
Só viver importa e é substância,
Novo Ano, para todos, é Esperança.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Natal (Aniversário)!

Para ateus, agnósticos e crentes é um facto, historicamente, incontestável que, em Belém de Judá, na Judeia, nasceu um menino a quem foi posto o nome de Jesus Cristo.
Já quanto ao dia do nascimento - 25 de Dezembro - há dúvidas sustentadas de que seja verdadeiro. Porém as convenções - e as convenções servem precisamente para isso, para dar corpo a determinado tipo de conceitos não evidentes - na circunstância, as convenções Cristãs, entenderam aproveitar as festas pagãs do Solstício de Inverno, para celebrar o nascimento do Menino Jesus no dia 25 de Dezembro de cada ano. E isso acontece em todo o Mundo Cristão, Católico, independentemente, da latitude ou longitude, desde que haja um seguidor de Cristo ou, pelos menos, alguém que professe a sua Fé nesta Personalidade histórica, para todos, e um Deus Filho, para os Cristãos Católicos.
Porém, esta efeméride, tem-se transformado numa festa, cada vez mais parecida com a festa pagã de outros tempos. Trocam-se prendas. Bebe-se, quase sempre, demasiado. Gasta-se exageradamente. Penduram-se em tudo quanto é sítio o Pai Natal - em regra, construído na China, por trabalhadores (muitas crianças) em regime de trabalho, quase, escravo - misturando as coisas, as datas e os factos. E assim fica comprometido o verdadeiro aniversário do nascimento de Jesus. Pior, faz-se uma festa em honra do aniversariante, onde participam muitas pessoas e fica sempre de fora a principal personagem, o próprio Jesus. Normalmente é esquecido este Jesus, na noite e dia de Natal.
Dir-me-ão que a tradição já não é o que era. Talvez seja isso. Mas de uma coisa tenho a certeza se, cada um de nós, recebesse de braços abertos o referido aniversariante e seguíssemos os seus ensinamentos, dia-a-dia, porventura não assistiríamos a tantos atropelos sociais, a tantas desigualdades, a tanta miséria e tanta fome, paredes meias com fortunas escandalosas, diria mesmo afrontosas, um pouco por todo o País e pelo Mundo.
Porque quero acreditar num Natal verdadeiro, autêntico, com Missa do Galo, onde faço tenção de participar, com uma passagem pelo Madeiro Beirão, que é suposto aquecer o Menino Deus. Reunir-me-ei com a minha família alargada: pais, filhos, cunhados, sobrinhos e até sobrinhos-netos, pondo a conversa em dia e com umas canções natalícias, acompanhadas à viola e com um solo de realejo, comendo as couves tronchas com o bacalhau cozido, regadas com azeite puro, fruto dos nossos próprios olivais, onde não faltará o bom vinho, a acompanhar.
Por tudo isto quero partilhar, aqui e agora, com todos os meus amigos, esta data festiva desejando que, efectivamente, todos possam passar um Natal muito, muito Feliz.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Incógnita!

Parece impossível, mas é verdade. Este Povo, que eu amo, não deixa de me surpreender, pelas melhores e piores razões. As melhores estão relacionadas com a solidariedade notória. As piores, são o espírito vigarista de alguns, que a todos mancham.
Vejamos: - Li ontem no SOL, que há gente que vai ao comércio comprar artigos, que paga com cartão de crédito. No dia seguinte regressa ao local da compra e devolve o artigo comprado, alegando que não serve para o que pretendia. Não escolhe mais nenhum artigo e o comerciante, coitado dele, reembolsa em dinheiro vivo, o cliente. Este, com o dinheiro no bolso faz dele o que entende e, já se vê, passa um mês com dinheiro sem pagar um tostão de juros.
Imaginativo! Criativo! Inovador!
Maravilha, e se estes "espertos" pusessem os neurónios a trabalhar em prol do desenvolvimento, da criação de riqueza, da distribuição, equitativa, da mesma? 
Será que somos, apenas, um povo de vigaristas?

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A Barragem da Meimoa


A nossa barragem é um lago de água de média dimensão que potencia os recursos de toda a Beira Interior. É um local aprazível ainda que pouco rentabilizado. Serve, quase só, para o abastecimento de água potável às populações, de todo o concelho e ainda se prolonga pelos arrabaldes do concelho, nosso vizinho, Fundão. Serve, também, para o, pomposamente designado, regadio da Cova da Beira. Poder-se-á dizer que já não é pouco e, é verdade.
Mas será que não poderia servir para mais alguma coisa?
Referimos atrás o regadio da Cova da Beira e aqui começa a frustração. Era suposto que em terras de minifúndio se fizesse um emparcelamento que pudesse por a render o pontecial agrícola desta região. Acontece que chegaram aqui técnicos - engenheiros técnicos agrários e outros - acabados de sair das respectivas escolas de formação e hoje, estão reformados ou à beira da reforma, e de emparcelamento nem sequer 5% foi efectuado. Pior, destes 5%, a esmagadora maioria, mesmo emparcelado, não está legalizado. A maior parte dos donos dos terrenos já faleceram e os seus herdeiros não podem legalizar a sua parcela. Irónico não? Seria, se não fosse trágico. Ninguém, que não conheça esta realidade, consegue perceber o alcance e a dificuldade desta tragédia.
Mas não vamos falar mais desta "portuguesinha" forma de trabalhar e olhar para a (res)pública e para os dinheiros públicos, e a forma desregrada como se delapida o património, económico, nacional.
Falemos do potencial turístico. Pela imagem acima não vos parece que seria possível um aproveitamento turístico, rural, com qualidade, e que pudesse ser alternativo ao super povoado litoral de praias, abarrotadas de gente? Não seria mais tranquilizante e repousante, não ter de passar duas horas, para cada lado, da residência para a praia, num trânsito infernal e extremamente stressante?
Se calhar até seria possível. Com pequenos investimentos, dinamizar este potencial que a Natureza nos dotou. Mas os "sábios" poderosos e endinheirados, acham que o Interior, não é necessário para a economia e o desenvolvimento, harmonioso, deste País. Eles lá saberão porquê.
Par mim tenho, que os vindouros, nos hão-de culpar a todos, por este desleixo e esta incapacidade.

domingo, 12 de dezembro de 2010

A Neve, beleza e consequência.

Imagem tirada da NET

Voltando à meninice,
às primeiras letras, conhecimento,
não se olvida do pensamento,
o poema sobre a neve
do poeta da moral da criancice.

Bate leve, levemente,
está na lembrança de toda a gente.
O que referia a história.
Faz bater o coração,
lembrando a privação,
 de tantas crianças de então.

Hoje leva-se as crianças à neve,
para se divertir,
correr, saltar, sorrir.
Em tempos pouco distantes,
a neve era fria, cruel,
p'ra pés descalços e nus,
de meninos que não brincavam,
mas todos os dias trabalhavam.

Crianças que, como homens,
iam à luta semear,
o que aspiravam colher,
quando tivessem idade.
Era tal a necessidade,
Não deixava tempo p'ra admirar,
a beleza ímpar,
de um nevão espectacular.

Mas a neve é uma bênção,
p'ra a terra e a lavoura,
a brancura é mais do que isso,
é água que, qual enguiço,
se infiltra no seio da terra,
dá às pragas sumiço,
aumentando a produção.

Fica contente o lavrador,
 adivinhar que o seu labor,
há-de dar frutos sem fim.
Beleza na Primavera,
com flores brancas e cores,
que serão os seus amores,
e recursos indispensáveis,
à vida que a gente gera.

Apesar das circunstâncias,
a neve tem semelhanças
antigas e agora.
Só muda a forma d'encarar,
de sofrer ou de brincar,
mas de beleza p'ra amar.

Estamos em tempo de frio,
quase chega o Natal,
a neve, qual postal,
que a todos impressiona,
mas inclemente,
p'ra pessoa sofredora.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Pontos de Vista...

Todas as situações contém, em si, várias interpretações. As diferentes verdades. Sim, porque não há uma única verdade. Não há, mas devia haver, permitam-me a ousadia. Os antónimos são isso mesmo: verdade/mentira; bonito/feio; bom/mau; magro/gordo, honesto/desonesto, etc.,etc.
Quem for isento, de espírito livre e bem formado, sob o ponto de vista ético e moral, só pode ver estes conceitos da forma que se aproxime do modelo social, padrão. O mesmo é dizer, pela visão maioritária. Por muito controversa que seja esta afirmação é, para mim, um dado adquirido que, em Democracia, a maioria vence, mesmo que não lhe assista razão. Isto é uma questão de princípio. A não ser assim, sobreleva a anarquia e o caos. E por muito que se queira fazer parte dos contestários deste princípio, qualquer cidadão consciente, sabe que não pode ir por aí. Ainda que se respeite a opinião individual, esta não se pode sobrepor à colectiva. É uma linha de pensamento como outra qualquer e vale o que vale.
Vem isto a propósito do corte dos salários na função pública - sabem do que falo, não preciso esmiuçar - e a atitude de um tal senhor César que se julga dono de uma parte do País, da Nação.
Para mim esta atitude é inaceitável e nenhum argumento, por mais erudito ou ardiloso que se apresente, cai pela base. E porquê? Simples.
Sou, por princípio e formação, contra qualquer discriminação. Não aceito, por consequência, o corte dos salários da função pública, sejam eles de 1501€ ou de 5000€, mensais. Não que deixe de achar escandalosos alguns valores de salários e outras mordomias. Não que não ache criminoso o leque escandaloso de salários existentes e a "decalage" entre os que menos ganham e os que mais recebem. Não que aceite que haja aumentos percentuais. Nunca considerei essa política uma forma justa de actualização salarial. É óbvio que um trabalhador que ganha cem, se for aumentado 10%, recebe dez. Pelo contrário se outro trabalhador ganhar mil e for aumentado os mesmos 10%, recebe cem. Esta será, porventura, a forma mais injusta de atribuição de salários. As consequências, imediatas, são o fosso salarial exponencial, em poucos anos. Mas... há sempre um mas. Qualquer trabalhador estabelece com a sua entidade patronal um contrato que é assumido por ambas as partes, quer sejam justas ou injustas. É a Lei. E,"dura lex sed lex".
Partindo deste raciocínio não consigo compreender onde é que o tal sr. César foi buscar o dinheiro, para pagar suplementos aos trabalhadores, que sejam abrangidos pelos cortes, por determinação de uma Lei da República. Será que o dinheiro nasceu? Caiu do Céu? Geriu bem? Mesmo a última hipótese, não colhe, porque todos nós lhe pagamos para gerir bem os dinheiros públicos. 
Quando a República se farta de enviar milhões para as regiões Autónomas, algumas perguntas se impõem:
Porque não se faz o mesmo para Trás-os-Montes, Minho, Beiras, Alentejo, Estremadura, Algarve. Não farão parte do País, estas regiões?
E como é possível que indivíduos, ditos de esquerda, venham aplaudir a medida de um ditador, que nem aos Órgãos máximos da República obedece?
São estas visões e apreciações distorcidas, de acordo com as conveniências eleitorais, que me repugnam. 
Sejamos claros e verdadeiros, no sentido mais rigoroso do termo. As regiões autónomas fazem parte do País e, se acham que não, então conceda-se-lhes a independência, sem hesitações ou vacilações.
Não me venham com demagogia. O senhor César disse que "mais valia dar um suplemento aos funcionários do que ampliar um campo de futebol". Concordo. Mas também deve dizer isso ao PM de Portugal para, em vez de encomendar estudos de milhões em consultorias, por ajuste directo, construir estradas, que um quilómetro custa, qualquer coisa, como 9,2 milhões de Euros, por ajuste directo, continue a apostar num TGV que não é nem deixa de ser, mas que custa milhões, poupar esse dinheiro e não cortar os salários da função pública.
É que o dinheiro, seja ele qual for, vem sempre do mesmo sítio: o bolso dos contribuintes.
Goste-se ou não da minha opinião, sobre este assunto só posso dizer: o sr. César é um populista, demagogo, comprador de votos, um político sem ética, sem valores e sem princípios. Mete-me nojo a sua atitude. Causa-me náuseas a sua falácia e a dos seus apaniguados como o Louçã, o Alegre, o Lopes e outros menores, que querem fazer de nós uma cambada de patetas.
Oxalá o Tribunal Constitucional reprove tal procedimento e, se não reprovar, ficará, para sempre, refém do poder político e deixará de ser um Tribunal, passará a ser um grupelho sem credibilidade.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Estou triste

A lei da vida cumpre-se sem que possamos fazer o que quer que seja. Hoje recebi uma notícia dolorosa. Morreu o meu amigo Zeca Romão.
Eu sei que ele estava a sofrer imenso e isso ameniza a minha dor. Mas vi-o nascer. Convivi com ele desde adolescente e ele ainda uma criança. Mas 59 anos ainda são poucos para terminar uma vida.
Não sei o que dizer. Só posso afirmar que sinto uma dor interior. Uma tristeza profunda. Perdi um amigo e tenho a sensação que perdi um pedaço de mim.
Paz à sua Alma.
Condolências, em primeiro lugar ao filho e à mulher e, depois, aos irmãos cunhados, sobrinhos e primos, porque eram, todos, muito unidos.
Quanto a mim fico-me pela profunda tristeza.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Padroeira de Portugal

De crise em crise vai, andando, Portugal.
Nação valente e imortal, muitos séculos de História.
Com conquistas, derrotas e vitórias.
Uniões de conveniência,
Para a sobrevivência da Coroa e do Reino.
Através da sucessão do primogénito varão.

Da Europa a mais antiga, Nação
Vivia obstinada, com as regras da sucessão.
A morte prematura do desejado, D. Sebastião,
Teve de ser seu substituto, o velho tio, Cardeal,
Ainda que normal, não seria a solução.
Numa hierarquia definida, qual pirâmide invertida.

O Clero, Nobreza e o Povo.
Um a abençoar, outro a mandar o último a aceitar.
Por razões invariáveis e ainda insondáveis,
Chega sempre, um dia que, obedecer
Se torna insuportável e faz aparecer,
Raivas incontroláveis.

Quando um Filipe Castelhano,
Veio a assumir como soberano,
O reino de Portugal.
Foi assim por sessenta anos,
Com esperança e desenganos,
Até que o povo se fartou.

De ver o que já se adivinhava,
E tinha de acontecer,
Enriquecia Castela,
Portugal a empobrecer.
O País deixou de o ser,
E, a governação de Castela, aliada.

Na tarefa obstinada, de uma só penada,
Explorar, vender, património e o Ultramar.
Até ao pobre Povo, sofredor, subjugar.
Ninguém aguenta por muito tempo,
Tanto e tão grande sofrimento e daí o desalento,
Que leva ao levantamento e as armas usar.

Em vésperas de Natal, lá vão os vendidos,
Como se fossem validos,
Para a Corte vencedora,
Com mordomias recebidos.
Na regência e no comando foi ficando,
A duquesa de Mântua e seu protegido.

Foi então que quarenta patriotas, fartos dos agiotas,
Resolveram de uma vez, acabar com a altivez,
De quem se julga dono e senhor,
Doutro povo que, com fervor,
Não aceitava a aleivosia, e menos a teimosia,
De quem a desfaçatez, raiava  a heresia.

O palácio assumiram, prendendo a duquesa,
Matando, o déspota, valido.
E na varanda proclamaram, no dia um de Dezembro,
De mil seiscentos e quarenta,
De novo a Independência, desse Portugal sofrido.

Tiveram de convencer um Nobre indeciso,
Seu nome D. João, descendente dos Braganças,
P'ra assumir a liderança, da Nação que se erguia,
Sobre a ruínas construía, dignidade e esperança,
De voltar a ser quem era, mesmo na sua inconstância.

O novo Rei democrata, resolve naquela data,
Pedir aos súbditos opinião, sobre os desígnios da Nação,
Perguntando coisas simples: Se queriam ser portugueses,
E à Senhora da Conceição adorada,
Prestar desde ai a vassalagem,
À mãe de Jesus, Deus, que em Vila Viçosa, morava.

E em mil seiscentos e quarenta e seis
Obedecendo aos resultados,
Do plesbicito efectuado,
Ali foi depositar a sua coroa real.
E, doravante, em Portugal,
Jamais, rei algum, teve o símbolo usual.
Ficou para sempre, a coroa,
Na cabeça imaculada,
Da Rainha imortal.
Nossa Senhora da Conceição,
De Vila Viçosa "caleada",
Padroeira de Portugal.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Esplendor


O azul que se confunde
Seja da água ou do céu.
Leva-nos à plenitude,
Da beleza natural,
Que só a sensibilidade,
De um olhar sereno,
Consegue achar normal.
Este olhar, ainda que belo,
Remete-nos p'ra pequenez
Do humano Ser,
Perante a grandeza
Do mar imenso,
Do Céu pleno de incenso.

Cores várias,
Arco-Íris incendiado,
No negrume das nuvens,
De gotícolas de água,
Em Céu carregado,
Que se transforma em chuva,
Que rega os campos,
Floresce a Primavera,
De um coração atribulado.

Depende do ângulo de visão
E dos olhos de quem vê.
Pode ser de mansidão
Ou, quem sabe?
De olhares perdidos,
P'ra lá do horizonte,
Sem esperança e com revolta,
P'la triste vida, que de fronte,
Lhe aparece pela frente.

É, talvez, pela injustiça
Que sente no coração.
P'la vaidade, luxo, devassidão,
Paredes meias co'a pobreza,
A fome, a miséria, a falta de pão.

Só olhos limpos e claros,
Livres de todos os apegos,
Poderão sentir prazer,
Neste olhar de mar e céu,
Onde consegue vislumbrar
Obra magnífica de Deus.

Quem assim consegue olhar,
Ver, apreciar, beleza, enfim.
Talvez possa dar ao Mundo,
A ideia de que é possível
Viver em harmonia,
Criador e criaturas,
Natureza e seus elementos,
Floresta, arbustos e capim.


sábado, 4 de dezembro de 2010

Dia Fatídico

Faz hoje 30 anos que, de forma macabra, desapareceu Sá Carneiro, Adelino Amaro da Costa e outros companheiros, num Cesna bi-motor, que se despenhou, sem razão aparente, numa rua do Bairro de Camarate, arredores do Aeroporto da Portela, Lisboa.
Fizeram-se juras de que se apuraria toda a verdade. Se fora acidente ou atentado. À boa maneira portuguesa, este é um segredo que nem a História poderá desvendar.
Lembro-me como se fosse hoje. Viviam-se, à altura, dias conturbados, sob o ponto de vista social e político. A Democracia era criança com pouco mais de 5 anos. As emoções estavam, sempre, ao rubro e discutia-se política como se fosse o futebol do Estado Novo. A revolução de Abril - é melhor chamar-lhe Golpe de Estado. A revolução pressupõe outros requisitos - ainda se viviam dias de euforia e de confrontos, mais ou menos, acirrados por todas as partes em confronto. Por um lado, os Partidos Políticos, por outro as Forças Armadas, que ainda não estavam remetidas ao seu reduto natural, o quartel, com os simpatizantes de uns e de outros a tecerem armas (palavras) pelos que apoiavam.
A música, a literatura, as artes o espectáculo estavam no seu apogeu e, cada qual procurava afirmar-se, numa sociedade que se queria democrática, mas que desconhecia o sentido e o valor da Democracia. Um povo com índices de analfabetismo a rondarem os 30%, pouco poderia ajudar a consolidar um regime que desconheciam na sua totalidade.
Havia, por outro lado, uns grupos extremistas de extrema-esquerda e de extrema-direita que, pela via mais violenta, ia fazendo umas vítimas, por esse País fora.
Sá Carneiro  era um homem de roturas e conseguia congregar, com igual intensidade, amores e ódios. Apesar de uma doença que o retirou da ribalta, durante mais de um ano, para receber tratamento em Londres, regressou com forças e vontade de romper com interesses instalados. Consegue mesmo uma debandada de muitos notáveis do seu Partido. Mas nem isso fez com que a sua determinação o deixasse de ganhar as eleições legislativas com a Coligação Partidária AD, composta pelo PPD; CDS e PPM.
Estava, na altura, uma grande disputa para as presidenciais entre Eanes e Soares Carneiro. Eanes que fora eleito contra a Esquerda no primeiro mandato, foi depois apoiado por esta no segundo. Eram apenas visões de um povo pouco politizado.
À época todas as posições eram vividas com paixão. O então Primeiro Ministro e o Ministro da Defesa faziam parte de uma plêiade de políticos de alto gabarito e que viviam a política com sentido de serviço público e nunca servir-se do que era público para o partidário ou para o amiguismo.
Passados 30 anos fica a interrogação: - Como seria o Portugal de Hoje se não tivesse havido este dia fatídico de 4 de Dezembro de 1980? Respostas não há. Seria certamente diferente. Para melhor, para pior, só Deus o saberá.

O Altar

Altar da Sé do Porto


O Altar,
Símbolo de imolação e sofrimento,
De oração e de lamento,
De muito pedido, pouco agradecimento,
Lugar de repouso e de tormento.

Num mar, ora revolto ora chão,
Em ondas de chamamento,
Onde repousa o olhar,
E se espraia o sentimento.

Na cidade de correria, multidão,
Com pressa a correr ao empurrão,
Desconhecendo o destino
Ou o caminho, que nos leve à Estação.

E para quê tudo isso, se um dia,
Sem conhecer a hora ou o momento,
Se vai de nós todo o alento,
Ficando apenas pó e melancolia.

É nestes instantes de dor,
Que nos lembramos do Senhor,
Que nasceu p'ra nos Salvar,
Em tempo de Advento.

Fora a vida vivida em rectidão,
De apoio e respeito ao irmão.
Talvez o dia do chamamento
Fosse de menos tristeza e lamento.

 A consciência do dever cumprido,
Que o nascer teve sentido.
E nos fez Homens de verdade
Sem medo da Eternidade.
  






quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Os Conjurados

Ontem, dia 1 de Dezembro, não foi possível escrever, sabe-se lá porquê? Tinha vontade. Mais, senti necessidade, mas não consegui. Falta de inspiração, preocupações domésticas, ou sei lá o quê. De facto aconteceu. Não escrevi nada. No entanto, era importante. Comemorou-se um dia determinante para a Pátria portuguesa. Eu disse Pátria, não disse País. Cá tenho as minhas razões, que não são, por agora, para escalpelizar.
Vamos lá ao título da "crónica". Em 1 de Dezembro de 1640, o Povo liderado pelos Conjurados, tomou nas próprias mãos o seu destino. A incerteza, a aventura, foram mais fortes que os medos que durante sessenta anos sofreram e, tudo o que viesse a seguir, seria sempre preferível à falta de liberdade e à prepotência dos estrangeiros (Os Filipes de Espanha).
Quem acompanha, com algum discernimento, a crise que se viveu à época, conclui com facilidade, como os Governantes delapidavam, constante e sistematicamente, o património Nacional e destruíam, a pouco e pouco, a Pátria Portuguesa. E cá estou outra vez a falar de Pátria e não de País. Outro dia, vou dizer a todos os meus amigo(a)s qual a diferença que existe entre Pátria e País. Hoje falamos, apenas de Pátria.
A saudosa Natália Correia, poetisa e escritora de alto gabarito, até lhe chamava Mátria, dando-lhe um sentido feminino e maternal, próprio de quem apreciava a sensibilidade e o amor a uma Terra, a uma Nação.
Nos dias que vivemos precisávamos de outros conjurados, para derrubar um regime podre, um País de inaptos, de delapidadores do património comum, de insensatos, de incompetentes, de oportunistas e de abusadores, inqualificáveis,  da (res)pública.
Necessitamos, como pão para a boca, de  uma mudança total e absoluta. De, em linguagem corrente, uma nova revolução, antes que surja a revolta, o caos, a anarquia. A fome não é boa conselheira e o que está a acontecer à nossa sociedade é que, cada vez mais, há fome no País. Crianças que só comem refeições, quentes, na escola. Pais desempregados e com encargos que não podem cumprir. Desespero de vidas que já o foram e, de repente, deixaram de o ser.
Ninguém atento, poderá ser insensível a estes aspectos, que minam qualquer regime. Que trazem para as consciências inquietações adormecidas.
Ninguém de bom senso pode aceitar que o Partido do Governo e os outros Partidos da área governativa, chumbem uma proposta do PCP, na Assembleia da República, que faria arrecadar, em impostos, alguns milhões de Euros, pagos por especuladores endinheirados, com vidas faustosas. Ao contrário não tiveram pejo em aceitar cortes em salários dos funcionários públicos, congelamento de pensões de, mais ou menos, trezentos Euros mensais, de retirar abonos de família, de sacrifícios a todos os portugueses, com o aumento de IVA, e outros. 
Já viram como são imprescindíveis conjurados para mudar toda esta porcaria que emporcalha e destrói uma Pátria?
Vamos continuar a apreciar e a criticar o que vivemos. Hoje ficamos por aqui.