segunda-feira, 30 de julho de 2012

Bucólico



O periquito descansa. Descansa ou observa, atentamente, o que se passa na base da sua árvore?
Que importa? Afinal o que é mais importante? O que a ave está a fazer ou a harmonia existente num lar, num espaço onde se contempla a vida?
Tantas questões para definir uma imagem de paz, de tranquilidade, de saboreio e prazer.
Somos, por vezes, assim. Queremos pormenores, mesmo mesquinhos, pequenos, irrelevantes, sem importância, esquecendo o essencial, a profundeza da situação, da causa, do momento. Insensatez, se o que importa é o conteúdo, a essência, a raiz que dá sentido à vida.
Se tivéssemos presente a parábola das Sagradas Escrituras: - "olhai as aves do céu, não semeiam nem colhem, nem por isso o Pai lhes falta com o sustento" - talvez deixássemos o ar soturno tão português e brilhasse no rosto de cada homem, mulher, criança, jovem ou velho(a), um sorriso resplandecente de hino à vida. De celebração do hoje. Sim, porque o ontem já passou e amanhã não sabemos se lá chegaremos.
Viva a harmonia da vida. 

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Carta aberta ao Bispo das Forças Armadas Portuguesas

Com a devida vénia, por se considerar pertinente:


Senhor D. Januário Torgal Ferreira,


Se o dever de um bispo é «falar de tudo»* o senhor perdeu agora uma oportunidade tão boa de estar calado quanto de falar foram muitas e boas as que, durante o consulado do Partido Socialista de Sócrates e - pelos vistos - seu, deliberadamente perdeu. Se entende a sua missão de Bispo como dever de intercessão pelos «mais frágeis»* porque não falou contra Sócrates, o sanguinário, que tentou e conseguiu esmagar precisamente os mais frágeis de todos com a sua iníqua lei do aborto?  Não, o senhor não actua como um verdadeiro Bispo católico unido a Roma. Um "Episcopo", em obediência ao mandamento de Cristo "Vigiai!", olha em todas as direcções e adverte para os males que se aproximam, venham eles de onde vierem. O Senhor, pela maneira como há anos se posiciona, das duas uma: ou só tem olhos e ouvidos para o que lhe vem da direita - e é um mau vigilante - ou então vê e ouve à direita e à esquerda... mas cala-se selectivamente. Nesse caso, abusa gravemente da paciência e benevolência do povo cristão em nome do qual, querendo ou não, fala ou cala. Nós, cristãos, compreendemos que certos Bispos prefiram falar por palavras e outros por gestos; que uns se sintam mais à vontade no areópago e outros diante do Crucifixo. O que não podemos aceitar é que alguém prostitua a dignidade episcopal, a missão profética que lhe foi confiada... colocando-a não ao serviço do Evangelho ou da própria consciência, como pretende fazer crer, mas de agendas e solidariedades políticas de que um Bispo se deve manter livre.



Com franqueza e desgosto lhe digo aqui publicamente e direi pessoalmente se vier a ter o desprazer de o encontrar - não o procurarei, descanse! - que o considero mau Bispo e mau Militar, ao aventurar-se de forma tão desajuizada no terreno do comentário político. Estou à vontade relativamente ao actual governo cujos ministros tenho publicamente criticado por escrito de forma, penso eu, fundamentada. Mas se para o Senhor Bispo o anterior governo era de anjos, comparados com os "diabinhos negros" do actual, o Senhor D. Januário só pode estar fora da comunhão com o Papa Bento XVI para quem “os seres humanos mais pobres [ou frágeis] são as crianças ainda não nascidas”**, ou seja os tais seres cuja total total exploração, desconsideração e morte violentíssima, perante o seu silêncio e, por vezes, até com a ajuda da sua palavra cúmplice***, o PS de Sócrates promoveu.



Dito isto, termino com a única consequência positiva que se pode salvar de mais esta intempestiva intervenção sua. Eis que, à vista de todos, caiem por terra as desculpas de alguns Senhores Padres e Bispos que, hesitantes quanto a colaborar com a causa da Vida, a apodam de "política" e passam de largo sentenciando que "a religião não se mistura com a política". (Como se não conhecêssemos a Bíblia, como se nunca tivéssemos lido Jeremias...) O seu mérito involuntário, D. Januário, foi o de ter demonstrado à saciedade e até que ponto, sem complexos, a missão do homem Religioso pode - e porventura deve - levá-lo a atravessar áridos territórios da "política", na defesa da Justiça, da Verdade e da Vida. Com o filósofo, pode o religioso também dizer «nada do que é humano me é estranho». Se no resto o não posso louvar, nisto o louvarei esperando que o exemplo encoraje os grandes homens (e mulheres) que também temos na Igreja portuguesa e na Comunicação católica a tomar uma posição cada vez mais clara e desassombrada pro referendo Vida, a favor da Causa da Vida cujo Senhor prometeram servir.



Luís Botelho
Guimarães, 19 de Julho de 2012

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Canudo!

Estamos na época das aspirações, de encarar o futuro, de construir uma vida, de ser alguém. Pelo menos é isto que os nossos jovens projectam quando se candidatam ao Ensino Superior para obterem um Canudo e, simultaneamente, almejarem uma vida melhor, mais desafogada monetariamente, ascensão social correspondente. Depois... depois, vem muita frustração. Muita ilusão desfeita. Muita inocência perdida.
Porque, ou não se arranja emprego compatível com os anos de estudo e o Conhecimento adquiridos, ou porque se olha para o lado e se vê o "chico-esperto" que, sem fazer um chavo, alcança prebendas e estatuto social e económico.
Então, naturalmente, vem a revolta. Apetece romper com o Sistema. Bater em tudo o que se move neste lodaçal de interesses ilegítimos, por se alicerçarem em mediocridades, em trafulhices, em parasitas partidários, que se outorgam direitos de salvadores e representantes do povo.
Lastimamos pelos mais jovens. Esperamos que, na Universidade, aprendam ética e a pratiquem, pela vida fora. Não se tornem em:
Rapace;               Ou mesmo...          Sórdido;
Espúrio;                                             Obtuso;
Lúbrico;                                             Canhestro;
Valido;                                               Repugnante;
Asinino;                                              Anão;
Sanguessuga.                                     Trapaceiro;
                                                          Especulador;
                                                          Salafrário.

domingo, 8 de julho de 2012

País Medievo!

Era uma vez um País que adormecera e jamais acordara. Ficou parado no tempo. Petrificou. Mas o País é, em primeira linha, o seu povo, dirão vocês. Têm toda a razão. Mais importante que as fronteiras é a identidade do Povo. Então, só posso concordar que foi o Povo que se fixou no passado.
Quando falamos da época Medieval vem-nos à memória o Senhor Feudal e os Servos da Gleba. O Primeiro e o seu séquito é parasitário, prepotente, usurário, usurpador, déspota, canalha, algoz, salafrário, ladrão. Poderíamos continuar a adjectivar negativamente tais personagens, já que todos os significados existentes no dicionário não seriam de mais para qualificar ser tão hediondo. A outra classe social é trabalhadora, contribuinte, sofredora, sem direitos e com muitas obrigações. Muitas outras qualidades se poderiam enunciar. Esta é a classe social que produz. Que desenvolve. Que progride.
Num País que parou no tempo, ainda que se diga que vive em Democracia, Liberdade, Paz, Progresso, é falso. É mentira.
Se não vejamos: - não é possível renegociar as parcerias público-privadas. Não é possível eliminar Institutos, Fundações, Observatórios, Entidades Reguladoras, Televisões, Empresas Públicas e Municipais, Transportes ferroviários e aéreos, altamente deficitários, porém, é simples, é fácil, é imediato roubar salários e pensões a quem tudo faz e fez para tornar o País num modelo avançado, de progresso e de desenvolvimento. Numa palavra aos trabalhadores actuais e pensionistas da Função Pública.
Está interiorizado na cabeça dos (des) governantes que não é possível renegociar com os agiotas. Com a Banca, com o Capital, com a Construção Civil, com os ricos, numa palavra. Com os trabalhadores já é possível rasgar contratos, anular, unilateralmente, expectativas de vida, roubar sustento, casa e pão. Em consciência pode dizer-se que não estamos perante Senhores e Servos?
Quem trabalha tem que estudar forte, feio e profundo, para alcançar conhecimento e certificação. Para a clique parasitária da política é possível certificar analfabetos, ignorantes, dando-lhes equivalências por cartas de recomendação de partidários e apaniguados.
Será este um País contemporâneo? Será este um Povo capaz de se governar a si próprio sem depender de chicos-espertos?   Certamente que não. Porque se fosse, há muito que tinha corrido a pontapé esta ralé social. Esta mediocridade parasita, corrupta, ladra. 
Se esta análise é válida para os responsáveis políticos centrais não é menos válida para os responsáveis locais, concelhios e regionais.
Por tudo isto e muito mais, que seria fácil equacionar, é que julgamos que este País do faz-de-conta, não é mais que um País Medieval.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

O (des) Acordo Ortográfico

O fato é que o fato não é mais do que um fato do acaso ou do descaso português. Poderia ser um fato de uma cor qualquer mas o fato é que o fato é um daquele fato que o fato torna indefinível. 
Pelo fato do fato ser difuso é que eu não escrevo fato quando quero referir-me a facto e fato quando quero dizer facto. É uma questão de VELHICE.
Não estou de acordo com o Acordo porque o Acordo é o desacordo da Língua Portuguesa.
Mais não digo.